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TEXTO NARRATIVO (ANÁLISE DA DIEGESE)

Os formalistas russos definiram dois planos do texto narrativo,


interligados, solidários e funcionalmente contrapostos:

 Plano da diegese, ou seja a trama, o acontecimento, o


enredo, a história ou a intriga;

 Plano do discurso.
PLANO DA DIEGESE (1)

• O romance aberto: quando a história da narrativa não


tem um fim;

• O romance fechado: quando a história da narrativa tem


um fim;

• Personagens:
– Quanto a relevância: Protagonista (em torno do qual se centra
a história); secundária (co-adjuvante do protagonista e com
menos acções que este ); figurado (que completa as accões do
protagonista e sem acções na história); antagonista (que
contracena com o protagonista com acções contrárias a ele).
PLANO DA DIEGESE (2)

- Quanto a composição: planas ou desenhadas e modeladas ou redondas;


- Quanto a caracterização: física (aspectos visíveis, como feição, roupa,
estatura, peso, etc); psicológica (aspectos sentidos e interiorizados, como
pensamento); directa (autocaracterização - feita pela própria personagem;
heterocaracterização - feita pelo narrador ou outra personagem);

• Formas de discurso: descrição (momento de pausa - em que o


narrador pára de contar a história e faz comentários e apreciações
sobre as personagens, o espaço, o tempo e o ambiente); narração
(momento de avanço – em que o narrador conta a história
propriamente dita, ou seja faz progredir a história narrada).
PLANO DA DIEGESE (3)

• Organização do discurso:
– As anacronias: a analepse e a prolepse não são recursos estilísticos,
mas sim processos de representação narrativa abrangidos pelo conceito
de anacronia. Por conseguinte, a simultaneidade de analepses ou
prolepses é um caso de uso de anacronias.
– Por anacronia refere-se às alterações entre a ordem dos eventos da
história e a ordem em que são apresentados no discurso. Assim, o
narrador pode antecipar acontecimentos ou informações (prolepse) ou
recuar no tempo (analepse). O uso de anacronias pode ter vários
motivos, como por exemplo a caracterização retrospectiva de
personagens, a reintegração de acontecimentos que não foram focados
no devido tempo ou manter a expectativa do leitor ao fornecer
informações.
PLANO DA DIEGESE (4)

• O tempo:
– um aqui, uma agora, um depois;
– O tempo na narrativa é o período que assinala o percurso cronológico
(tempo de um acontecimento) que vai do início ao fim da história.
Muitas histórias se passam em um curto período de tempo; outras têm
um enredo que se estende por muitos anos. O tempo em um conto,
geralmente é mais curto em relação ao romance e a novela; nestes o
transcurso do tempo é mais dilatado. No romance, novela e conto o
tempo é fictício, ou seja, correspondem aos eventos da história. Por
isso, o tempo da história nem sempre coincide com o tempo em que ela
foi escrita ou publicada. Um dos mais comuns exemplos desta não
coincidência temporal está no romance "O Nome da Rosa" de Umberto
Eco, cuja narrativa se desenrola na Idade Média, embora tenha sido
escrito há pouco tempo.
PLANO DA DIEGESE (5)

- Tempo objetivo: visível ao leitor mais desprevenido: este vê a


história desenrolar-se à sua frente, obediente a uma cronologia
histórica;

- Tempo cronológico: sucessão cronológica dos


acontecimentos, medido pelos milénios, séculos, estações,
anos, meses, dias, horas, minutos, segundos;

- Tempo psicológico: é um tempo subjetivo, vivido ou sentido


pela personagem, que flui em consonância com o seu estado de
espírito. Ex.: infância, viagem, etc.

- Tempo histórico: refere-se à época ou momento histórico ou


público em que a ação se desenrola. Ex.: tempo colonial, tempo
de guerra, massacre, etc.
PLANO DA DIEGESE (6)

• O espaço da narrativa
O espaço na narrativa é o lugar físico onde as personagens circulam, onde
as acções se realizam. Primeiramente, podemos analisar o espaço como
interno e externo.
No primeiro caso, as acções se dão dentro de um lugar fechado (casa,
quarto, igreja, hospital, etc.), já no segundo caso, as personagens circulam
em ambientes abertos (praia, rua, quintal, etc.).
É claro que numa narrativa muitas vezes os espaços são variados, vão
desde um lugar fechado (interno) a lugares abertos (externo). Nestes
casos, o que iremos observar é a predominância de um ou outro espaço.
Em muitos casos o espaço onde transcorrem as acções adquire grande
importância para o desenvolvimento da narrativa, passando, às vezes, a
ser fundamental dentro da trama, elemento essencial, intimamente ligado
ao tema abordado ou até mesmo pode se tornar personagem da história.
PLANO DA DIEGESE (7)

- Físico: lugar real onde se desenrola a acção, ou seja, é onde os


personagens de fato vivem a história, estão presentes nele no
momento dos fatos. Ex.: na casa, na floresta, na escola, no bairro,
etc;

- Social: meio ambiente onde a acção decorre. Ex.: colonialismo,


apartheid, racismo, tribalismo, etc;

- Psicológico: refere-se ao espaço interior das personagens; pode


ser o espaço nas memórias do personagem, nas lembranças de
determinado período ou fato passado. Ex.: espaço vivido no sonho
ou na imaginação.
PLANO DA DIEGESE (8)
• Acção

– RELEVO: principal - constituída pelos acontecimentos principais;


secundária - constituída pelos acontecimentos menos relevantes.

– ESTRUTURA: encadeamento - as sequências encontram-se


ordenadas cronologicamente; encaixe - uma sequência é
encaixada dentro de outra; alternância - várias sequências vão
sendo narradas alternadamente.

– MOMENTOS: situação inicial - introdução, onde se apresentam


as personagens etc; peripécias ou ponto culminante -
desenrolar do enredo, conduzindo ao desenlace; desenlace -
conclusão.
PLANO DA DIEGESE (9)

• DELIMITAÇÃO: Aberta - quando não se conhece o


desenlace da história; fechada - quando se conhece o
desenlace, conhecendo-se o destino de todas as
personagens;
– Narração - o narrador

– Descrição - o narrador

– Diálogo - as personagens
FIM

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