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Questionário de Validação das Categorias da Narrativa

A INAUDITA GUERRA DA AVENIDA GAGO COUTINHO

Questionário:
1. Identifica a ação central do conto em análise.
2. Classifica a ação quanto à sua delimitação.
3. Identifica o tempo cronológico e histórico em que a ação decorre. Justifica a tua
resposta.
4. Identifica o espaço em que se desenvolve a ação central. Justifica a tua resposta.
5. Analisa o narrador quanto à presença, à ciência e à posição. Fundamenta a tua
resposta e justifique-a devidamente.
6. Verifica os modos de expressão presentes no conto de Mário de Carvalho.
Justifica a tua resposta com citações textuais.

Respostas-modelo:
1. A ação central corresponde ao ”inaudito” confronto entre os árabes (século XII) e os
automobilistas (século XX), provocado pelo adormecimento da deusa Clio enquanto esta
tecia a imensa tapeçaria milenar. Justifico a minha resposta com a seguinte citação
textual: “Amalgaram-se então as datas de quatro de junho de 1148 e 29 de setembro de
1984.”
2. Em “A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho” a ação é fechada, uma vez que se
conhece o desenlace definitivo da ação que se traduz no destino das personagens: Clio
foi privada de ambrósia por um período de quatro séculos e tanto os árabes como os
automobilistas foram borrifados com águas do rio Letes para que se esquecessem do
sucedido. Justifico a minha resposta com os seguintes segmentos textuais: “A Ibn-
Muftar não foi muito gravoso o acontecimento, pois aproveitou o caminho de regresso
para talar os campos de Chantarim”; “Quanto à deusa Clio, foi privada da ambrósia por
quatrocentos anos.” e “Pior foi para o comissário Nunes, o capitão Soares e o coronel
Rolão explicarem em processo marcial, o que se encontravam a fazer naquelas zonas à
frente de destacamentos armados.”
3. No que diz respeito ao tempo cronológico, a ação do conto em análise decorre na
manhã do dia 29 de setembro: “Os automobilistas que nessa manhã de setembro
entravam em Lisboa (...)”. Relativamente ao tempo histórico, afere-se que o enredo
decorre na década de 80 do século XX: “1984”.
4. A ação central desenvolve-se na avenida Gago Coutinho. Justifico a minha resposta na
seguinte citação: “eram milhares de mouros, a maior parte dos quais a cavalo, que se
apartavam na Gago Coutinho, por entre automóveis e o tráfego da hora de ponta.”.
5. O narrador, no que diz respeito à presença, é heterodiegético, considerando que se
limita a contar a história, sem nela intervir enquanto personagem. Como tal, utiliza a 3.ª
pessoa ao longo da narrativa: “Entretanto, Ibn-el-Muftar via pela frente uma grande
multidão apeada que apostrofava os seus soldados.”
Relativamente à ciência, o narrador é omnisciente uma vez que tudo sabe sobre a
história e sobre as personagens: “Ibn-el-Muftar […] soltou um suspiro de alívio e
resolveu arrepiar caminho, desistindo de atacar Lixbuna (…)”.
No que concerne à posição, o narrador é subjetivo pois à medida que vai narrando a
história emite um discurso valorativo sobre o que narra: “Quanto à deusa Clio, foi
privada de ambrósia por quatrocentos anos, o que, convenhamos, não é seguramente
castigo dissuasor de novas distrações.”
6. No conto de Mário de Carvalho, a narração é predominante – “Desprezivamente, Ibn-
Muftar deu uma ordem e logo vinte archeiros enristaram os arcos, apontaram aos céus, e
expediram, com um zunido tenso, uma saraivada de setas (...)” – todavia verificam-se
também momentos de descrição – “Uma multidão indeterminada de indivíduos do
sexo masculino, a maior parte dos quais portadores de armas brancas e outros objetos
contundentes, cortantes e perfurantes, com bandeiras e trajos de carnaval, montados em
solípedes, tinham invadido a Avenida Gago Coutinho e parte do Areeiro em
manifestação não autorizada.” Ainda neste conto, se verificam períodos de diálogo
entre as personagens – “– Salam aleikum. (...) – Aleikum salam. ” e um momento de
monólogo: “– Estas coisas só me acontecem a mim! – lamentava-se o capitão para
consigo(...)”.

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