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Atividades de pré-leitura

“Começo por dizer que todas as histórias têm um princípio, todos os livros têm uma razão de
ser, enfim, não me parece que nada aconteça inteiramente por acaso quando várias circunstâncias
concorrem para o seu acontecer."

Maria Alberta Menéres

1. Observa a capa da versão da obra da Porto Editora. Descreve o que observas.


2. Lê a sinopse da contracapa. Descreve Ulisses numa frase, com base no que leste.
3. Antes de começares a ler a obra, vamos organizar uma pesquisa sobre alguns aspetos relacionados com a
mesma. Vamos começar por organizar a turma em grupos e atribuir a cada um, uma tarefa, usando uma
escolha aleatória com uma Roda da Sorte.

https://app-sorteos.com/wheel/K2YEZO

Temas:

 Quem foi Homero.


 Quem foi Ulisses.
 Quem foi Maria Alberta Menéres.
 Quem foi Circe.
 Quem foi Atena.
 Quem foi Minerva.
 Quem foram os deuses gregos.
 Quem foram os deuses romanos.
 Descobre mais sobre Ítaca.

3.1. Os grupos que ficarem com os deuses gregos e romanos devem juntar-se após a sua pesquisa e verificar
que nome tinham os mesmos deuses nas duas civilizações: grega e romana, apresentando o trabalho à
turma em conjunto e relacionando cada um dos deuses.
3.2.Os restantes grupos também devem fazer a apresentação à turma.
3.3.Cada um dos elementos dos restantes grupos, enquanto ouvem a apresentação dos colegas, devem
escrever uma pergunta para lhes fazer, no final da apresentação.
3.4.O grupo três pesquisou sobre Maria Alberta Menéres. Diz se o texto que apresentaram é biografia ou
autobiografia.

4. A capa de um livro deve conter o título e ser apelativa e a contracapa deve conter uma sinopse. Explica que
dados deve conter a lombada e para que serve.
5. Lê o texto seguinte.

A escritora responde
Em criança, quais foram os livros que a marcaram?
Os livros de Aquilino Ribeiro para crianças, a coleção Arca de Noé, 3." classe: gostava da maneira de escrever, das
palavras que empregava. Adorava ler também umas revistas que vinham do Brasil, o Ti-co-Tico.

Lembra-se do primeiro livro que leu?


Foi um livro de Aquilino Ribeiro chamado O Mestre Grilo Cantava e a Giganta Dormia.

Foi-lhe oferecido?
Foi, pelos meus pais, O meu avô paterno oferecia a cada um dos netos mais velhos os Clássicos da Sá da Costa. Os
meus preferidos eram a Ilíada e a Odisseia, de Homero. Gostava muito de ler poesia, também.
Que livro sugeriria a um amigo?
Os livros de dois escritores de quem gosto muito: António Lobo Antunes, porque tem um poder de escrita fantástico, é
muito lúcido e ao mesmo tempo sensível, um tipo de sensibilidade que tem a ver comigo; o outro autor é Mia Couto,
com quem me espanto pela riqueza das suas descobertas linguísticas, que ficam a fazer parte, da minha imaginação.

Porquê'?
Porque adoro descobrir coisas novas e porque acredito que a escrita deles enriquece o "meu" mundo.

E o que anda a ler?


Neste momento, estou com tanto trabalho que não tenho tempo para ler, estou empenhada em
escrever.

Complete a frase: Um livro lê-se sempre ...


… que apeteça, por todos os motivos, é mais do que uma companhia, é uma presença muito fecunda.

in Noticiosa, maio 2002


5.1.Indica o tipo de texto que acabaste de ler.
5.2.Vais, novamente, ler um texto. Depois de leres, diz se é um texto biográfico ou autobiográfico.

O QUE ME LEVOU A ESCREVER «ULISSES»

Começo por dizer que todas as histórias têm um princípio, todos os livros uma razão de ser, enfim,
não me parece que nada aconteça inteiramente por acaso quando várias circunstâncias concorrem para o
seu acontecer.

Assim à distância, posso garantir-vos que foi o Ulisses quem me salvou de uma aflição muito grande!
Mas eu conto:
Em 1971, era eu professora de Língua Portuguesa e História na Escola Preparatória Pedro de Santarém,
em Lisboa, quando fui confrontada com o horário que me foi atribuído: sem ter turmas definidas às quais
deveria dar aulas, como normalmente, a minha tarefa era substituir os professores que faltassem nesta
ou naquela turma, a fim de assegurar a permanência dos alunos dentro das respetivas salas de aula e,
assim, evitar uma certa barafunda pelos corredores e pátios ...
Digam-me só: já imaginaram o que é, para os alunos de uma turma, faltar o professor que lhes ia dar
uma determinada disciplina, e quando se preparavam para aproveitar o inesperado «furo» a jogar uma
partidinha de futebol, ou noutro divertimento qualquer até tocar para a entrada na aula seguinte, lhes
aparecer à frente uma professora que nem sequer conhecem porque não é professora deles, a dizer: -
«Ora vamos lá a ficar aqui todos dentro da sala, que sou eu agora quem vos vem dar aula?»
Calculo a desilusão que deve ser.
Pois foi precisamente isto que me aconteceu. Faltou um professor de Matemática e lá fui chamada
para «entreter» a turma! Quando lhes apareci à frente, nem queriam acreditar que eram obrigados a
conservarem-se dentro da sala, quando lhes surgia inesperadamente uma oportunidade tão boa de se
escaparem para os campos de jogos ...
Como não era professora de Matemática, não lhes podia ensinar Matemática, e a hora passou-se
lentamente, conversinha para cá, conversinha para lá, à espera que o toque da campainha anunciasse o
fim daquele «sofrimento» mútuo!
Jurei a mim própria que tinha sido a primeira e a última vez que tal coisa me acontecia. Quando, logo na
hora seguinte, me vieram chamar à sala de professores para ir substituir a professora de Francês de uma
turma qualquer, foi com passo firme que me dirigi à referida turma e anunciei, em voz bem alta, perante
o espanto geral:
- «Tudo sentado, que eu vou contar-lhes uma história: uma história muito bonita que eu sei, e que,
tenho a certeza que vocês vão adorar, porque está cheia de aventuras, de coisas estranhas, de medos e
mistérios:
É a história de Ulisses!»
Foi um momento mágico. Em menos tempo do que leva a contar, fecharam as pastas e mochilas e
sentaram-se, ansiosos, de grandes olhos abertos à espera da história que lhes prometera; na sala, um
silêncio grande, uma expectativa enorme. Era tudo o que eu mais queria: aquele era o meu público
predileto. E comecei a contar a história de «Ulisses», ora com voz baixinha e misteriosa, ora fazendo
realçar os pontos fortes que sentia serem de realçar. O meu amor pelo teatro estava todo ali e, como
sabia a história de cor e salteado, não me custou nada transmiti-la. O certo é que, quando tocou a
campainha para a saída, ninguém queria ir embora e só me pediam para acabar a história ... Como não
era possível, prometi:
«Continuo esta história quando vos faltar outro professor!
Ora o que é que aconteceu? Aí a meio do ano letivo, era rara a turma de toda a escola que não
tivesse estado comigo e com a história de «Ulisses»: E como queriam ouvir a história até ao fim,
passavam a vida a pedir aos professores para faltarem ...
Na sala de professores, isto era, também entre nós, motivo de conversa e de brincadeira.
Ou seja: O Ulisses passou a ser o herói da escola.
Do contar para o escrever, foi só um pulinho: escrevi-a tal e qual como a contei a
centenas de alunos. Por isso, ela surge com tanta oralidade, tanto «teatro», tanto entusiasmo.

Maria Alberta Menéres in, manual Viver e Aprender

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