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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

CAMPUS: PROFESSOR ALEXANDRE ALVES DE


OLIVEIRA
CURSO: LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
COMP. CURRICULAR: LEITURA E PRODUÇÃO DE
TEXTO
PROFESSORA: IRAMÍ SOARES MINEIRO
ALUNO(A): ELIANA MACHADO DA SILVA Nº____

ATIVIDADE

MINHA HISTÓRIA DE SUJEITO


LEITOR

Nossa história de leitura não tem fim, ela pode ser trabalho, obrigação, lazer. O texto: A
criança e a leitura: da obrigação ao lazer, de Maria Lúcia Zoega de Sousa, nos revela
vários aspectos polêmicos e deslocamentos durante o processo de formação do sujeito
leitor, pois cada indivíduo possui sua própria história de sujeito leitor. Tendo como
base a leitura desse texto e dos textos: “A importância do ato de ler”, de Paulo Freire,
“O que é ler? Por que ler”, de Ezequiel Theodoro da Silva, relate a sua história de
sujeito leitor, destacando os aspectos polêmicos e deslocamentos. (DUAS LAUDAS)

Não tenho muitas lembranças da minha experiência de leitura quando criança, antes
dos cinco anos, mas lembro-me de fazer um certo tipo de leitura na infância. Ao assistir
desenhos animados e DVDs da Xuxa na televisão. Aquilo era para mim, como se fosse
uma leitura de mundo, ficar em frente a TV, tão pequena, começando a entender as
cores, as formas, os sons… Era o início da minha leitura de mundo.

Até os cinco anos de idade morei em Brasília, onde fiz o Jardim de Infância. Lembro-
me que a escola ficava bem longe de casa então sempre pegava o ônibus escolar com
minha irmã mais velha que estudava em um colégio ao lado do meu, mas ao chegar,
quando ela me deixava no portão e ia para a sua escola, eu sempre sentava-me no chão
junto aos outros alunos na porta da sala de aula onde esperávamos a professora, e
chorava até a mesma chegar, mas parava de chorar depois que me distraia com a aula e
com meus colegas. Lembro-me de uma professora que tive nessa época, chamada
Soraia. Ela sempre mandava recadinhos coloridos no final da agenda, como: “Um
grande abraço, querida!” ou “Um beijo, flor!”. Não sabia ler na época, mas sempre
chegava em casa ansiosa para que minha mãe lesse o recadinho deixado, pois gostava
de ouvir as palavras carinhosas que a professora escrevia.
No final dos meus cinco anos, quase chegando aos seis, no ano de 2010, me mudei
com minha família para o interior do Piauí, onde moravam meus avós. Novo lugar,
nova casa e uma nova etapa na vida escolar, pois iria começar o 1º ano do ensino
fundamental. Confesso que fiquei apreensiva, mas logo me adaptei. Fiz novos amigos e
o fato da minha nova professora ser minha tia ajudou nessa adaptação. Já no 3º ano do
fundamental, foi que minha experiência como leitora realmente começou.

O acesso a livros de literatura infantil era muito difícil, ainda mais em escolas
públicas no interior. Minha professora na época – não me recordo seu nome -, com
muita dificuldade, conseguiu montar em nossa sala de aula, uma pequena prateleira
com alguns poucos livros, para que todo final de semana pudéssemos levar um para ler
em casa. Recordo-me que o primeiro que ela leu para nós em sala de aula foi “O
Grande Rabanete”, e esse então, se tornara o livro mais disputado pelos alunos para ler
em casa, pois todos queríamos mostrar que líamos aquele livro tão bem quanto a
professora leu.

Em 2013, houve um projeto de leitura na escola da minha irmã e ela ganhara um kit
de leitura, no qual vinha um livro recheado de histórias de todos os tipos e gêneros.
Lembro-me de dois cordéis que de tanto ler, acabei por decorar boa parte deles que
eram, “O velho que enganou a morte”, de Rouxinol do Rinaré e “Aquela dose de
amor”, de Antônio Francisco. Achava fascinante como as palavras se encaixavam tão
bem nas frases e os versos rimados que formavam.

No 6º ano, a professora Antonieta, de português, fizera um trabalho conosco em sala


de aula e depois elegeu qual trabalho havia ficado melhor e meu grupo acabou
ganhando. Ela então, colocou o número da chamada de todos os integrantes do grupo
no quadro e pediu para que os alunos escolhessem um. A maioria da turma escolheu o
número 07, que era meu número de chamada. Com isso a professora me presenteou
com um livro de adaptação em cordel do clássico de Shakespeare, “Romeu e Julieta”,
escrita pelos cearenses Sérgio Magalhães e Kátia Castelo Branco, que inclusive nasceu
em Cocal, onde moro. O livro trazia também xilogravuras de Abraão Batista. Fiquei
semanas entretida com a leitura do livro, lendo repetidamente várias e várias vezes.

Esses acontecimentos me fizeram gostar bastante da literatura em cordel, até mais do


que me interessava por ler poemas e poesias. Os cordéis sempre me chamaram mais
atenção.
Quando minha irmã ganhou seu celular, eu sempre a via lendo algo no mesmo,
perguntei o que era e ela dizia-me que estava lendo fanfics. E então, eu peguei o hábito
de ficar ao lado dela sempre que ela lia, para poder ler também. Foi assim que peguei o
gosto por ler romances - algo que levo comigo até hoje -, através da leitura de fanfics
no facebook, o que anos mais tarde, quando finalmente ganhei meu próprio celular,
descobri ser ficções criadas por fãs, que podiam ser baseadas em filmes, séries ou até
mesmo criadas com seu artista favorito.

E esse foi o contexto que me levou a ser uma leitora assídua de romances. O que
começou com fanfics, levou-me a sempre ir mais longe, procurando aplicativos de
leitura gratuita no celular e baixando os próprios livros digitais para ler, pois o preço
alto dos livros físicos deixava-os longe da minha realidade. “A Seleção”, da autora
Kiera Cass, foi a primeira série de livros que li, seguida pela leitura de outras autoras
internacionais como Sarah J. Maas e Colleen Hoover. Algum tempo depois descobri o
aplicativo Kindle de livros digitais, e então, comecei a valorizar mais as leituras
nacionais de autores brasileiros sem muito reconhecimento que escrevem e-books com
preços bem acessíveis.

Até então, a grande maioria de minhas leituras eram por prazer, um fato que mudou
recentemente com meu ingresso na faculdade, onde muitas das leituras passaram a ser
obrigatórias, no entanto essa é a realidade do sujeito leitor, as leituras estarão sempre
propensas a mudar de contexto. Ora ler por prazer, ora ler por obrigação.

Contudo, a melhor parte da leitura para mim será sempre aquela em que posso fugir
da realidade e ser absorvida por um mundo diferente do que vivo. Viajar para diferentes
lugares sem nem mesmo sair de onde estamos e sentir na pele as emoções dos
personagens, chorar junto com eles e sentir suas alegrias. Uma fuga da realidade pode
ser algo que precisamos de vez em quando.

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