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IFBA – Turma 6912- Leitura e Produção Textual 2022.

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Professor: Ricardo Piera Chacón
Discente: Josué Ribeiro de Souza
Data de Entrega: 31.08.2022

Memórias de Leitura e Escrita

Meu gosto por leitura começou cedo. Antes mesmo de aprender a ler e
escrever. Não podia ver um livro, que já pegava e pedia para alguém ler. Até
tentava me arriscar na leitura, mas aos quatros anos de idade isso ainda não
era possível para mim.
Um dos dias mais felizes da minha vida foi quando tive a oportunidade de ir à
escola pela primeira vez. A escola era o caminho mais próximo dos livros e de
todas as aventuras que uma boa história poderia me trazer por meio da
imaginação. Sou daqueles que perco a parada do ônibus por estar vagando em
pensamentos.
Minha mãe, apesar de não estudar muito, foi minha principal professora, com
ajuda dela, eu, aos seis anos de idade, no dia 04 de março de 1992, li com total
consciência a primeira palavra: Professora. Daí por diante a leitura e a escrita
já eram concretamente parte da minha vida. Antes disso, já conseguia decifrar
algumas palavras, mas tratava-se mais de “decorebas” do que de uma leitura
propriamente dita. Com uma imaginação muito fértil, já criança, me imaginava
um Administrador ou Contador, pois era muito bom com números e sempre
tirava as maiores notas na disciplina de matemática na sala. Aos sete anos de
idade, a classe estava formada, ainda em fase de alfabetização, eram os
alunos, eu, e a professora. Divertia-me lendo os contos de livros cedidos pelo
colégio em que estudava, eles eram os principais materiais na brincadeira de
escolinha. Meus preferidos eram os livros com contos nordestinos, poemas
com rimas e revistas em quadrinhos como Zé carioca, Pateta e Tio Patinhas.
Meu poema preferido era Timidez, da autora Cecília Meireles. Esse poema foi
um tapa na cara. Retratava um sentimento que existia dentro de mim de ser
uma pessoa romântica e tímida ao mesmo tempo. O trecho que mais me
marcou foi o início do conto, que dizia: Basta-me um pequeno gesto, feito de
longe e de leve, para que venhas comigo e eu para sempre te leve. A partir daí,
comecei uma nova atividade: escrever poemas e recitar poesias. Minha
professora do primário, tinha o hábito de todas as aulas, praticar a leitura em
voz alta e quem lia precisava ficar de pé, para que todos pudessem ouvir sua
voz. Meus pais não tinham condição financeira para comprar livros, minhas
leituras, para além das obrigatórias nos livros didáticos da escola, eram os
meus próprios textos, tirinhas, revistas e livros emprestados da biblioteca do
bairro, além das enciclopédias enormes que ficava nas estantes.
Certo dia, uma professora, ao perceber meu fascínio pela leitura, me indicou
uma biblioteca de outra escola pública, localizada no bairro em que eu morava,
a escola em que eu estudava não tinha biblioteca. Como era muito novo,
dependia de algum parente para mim levar ou algum colega mais velho que
ficasse como responsável para visitar tal local, então, essas visitas ocorriam
apenas quando tinha algum trabalho escolar para fazer. Eu fazia o trabalho
bem rapidinho e aproveitava que estava ali para pegar alguns livros com os
contos e poemas de que gostava, mas não podia levar para casa. Para ampliar
minhas possibilidades de diversão, já que ler era uma diversão para mim,
qualquer trocadinho que eu ganhava, juntava e ia a uma revistaria comprar um
livro, que na época, por volta dos anos 1996, era comercializado pela revista
Recreio, que lançava em valor promocional pequenos livros com a história do
Brasil, a fauna e flora da Amazônia, entre outros. Nessa época, eu estava com
10 anos de idade.
Aos 11 anos, ganhei meu primeiro livro, esse não era cedido pela escola e nem
pela biblioteca, dessa vez, não teria que devolver. Era um livro voltado para a
saúde, chamado Medicina alternativa de A a Z. Um homem passou na rua com
vários exemplares vendendo e logo fiz um pedido para que minha mãe fizesse
a compra, que para minha sorte, me atendeu. Não sei se começou com a
leitura desse livro, ou se no meio do caminho algo aconteceu, mas a partir daí
comecei a ter gosto por livros que servisse de base para a vida humana e que
de certa forma fosse um manual para nossa existência. Minha escola depois
desse momento, já possuía uma pequena biblioteca e me lembro de que
gostava muito dos livros da Cecília Meireles e principalmente da Clarice
Lispector. Esse gosto perdurou até o término do Ensino Médio, quando já
trabalhava e podia comprar meus livros. No Ensino Médio, a coletânea
destinada ao vestibular das universidades públicas da Bahia ampliou meu
repertório literário e pude perceber que, além de poemas e contos nordestinos,
eu gostava muito de romances de suspense e mistério, percebi isso com a
leitura do livro A Confissão de Flávio Carneiro. Sem perder os gostos antigos,
outros dois livros que foram marcantes nesse período pré-vestibular foram O
Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, e uma aprendizagem ou o Livro dos
Prazeres, de Clarice Lispector.
Da faculdade até os dias atuais, como Administrador, pós graduado, e
estudante do curso técnico em Mecânica no IFBA, minhas leituras obrigatórias
e aquelas do pouco momento de lazer estão voltadas para obras de Paulo
Coelho o Alquimista para saber lidar com algumas situações do cotidiano, o
segredo de Luísa, Pai Rico e Pai Pobre e Teoria Geral da Administração de
Chiavenato. Às vezes, com uma frequência mínima em comparação às leituras
obrigatórias à minha profissão e escrita de alguns trabalhos acadêmicos, leio
livros um pouco diferentes das temáticas já citadas, mas que de uma forma ou
de outra são obras com base na realidade e na luta de classes. São obras
voltadas para a vida, nas quais as nossas atitudes podem nos levar ao
fracasso ou sucesso. Tudo depende da nossa escolha.
Após fazer esse relato, percebo que boa parte do que me constitui enquanto
Ser, dentre minhas crenças e subjetividades, dialogam com as leituras que
realizei. Sob esse ponto de vista, não sei dizer se sou aquilo que leio ou se leio
por aquilo que sou. Penso que seguirei sem saber

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