A Leitura é um direito de cada cidadão. É alimento do espírito. Todo
mundo precisa, igualzinho comida. Todo mundo deve ter sua disposição- de boa qualidade, variada, em quantidades que saciem a fome. Dessa forma, Ana Maria Machado destaca que a infância é uma fase extremamente lúdica da vida e que, nesse momento da existência humana, a gente faz a festa é com boa história contada. Partindo desse pressuposto, lembro-me da alegria contagiante em ganhar um livro quando criança. Esperava ansiosamente meu pai que, poucos minutos antes, ligava dizendo que tava chegando com vários livros que havia ganhado do seu patrão. Um mais lindo que o outro, rico em cores, desenhos e ilustrações. Eu adorava o fascínio de abri-los e sentir o cheiro que só os livros possuem.Era mágico. Com uma condição financeira baixa, não tínhamos dinheiro de sobra pra “gastar com livros” - era o que se pensava- eu apenas tinha os livros que meu pai ganhava. Porém, um livro sempre fez parte da minha infância até os dias atuais: a bíblia. Rica em histórias, podendo ser contadas para todas as faixas etárias, e sempre ganhando nova roupagem, essa foi a minha principal leitura. Na infância tive minha bíblia ilustrada, onde conheci os principais persongens bíblicos e suas características. Na adolescência ganhei a versão original que é minha leitura atual.
Nessa época, meus pais não tinham a concepção de incentivo à leitura.
Meu pai me dava os livros que ganhava, mas não sabia da importância e da mudança que é a prática da leitura. Minha mãe me incentivava a ler a bíblia, porque nela estava o nosso manual de vida e a fundamentação da nossa fé. No entanto, nenhuma dessas atitudes tinha o principal objetivo: desenvolver o senso crítico, a empatia, a conscientização e o estimulo à criatividade. Aliás, se tratando de criatividade, lembro, também, que nos livros eu encontrei o principal estímulo para o que eu amava fazer na infância: desenhar. Eu olhava para uma ilustração e logo em seguida queria criar algo. Era involuntário, mas era incrível. Fiz os melhores desenhos, sempre fazia os cartazes na escola, ajudava nas decorações das festividades escolares e amava criatividade produzida em mim através dos livros. E foi assim que eu aprendi a ler e dessa prática tive as experiências mais encantadoras da minha infância.