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ROMANTISMO

• ALEMANHA
• INGLATERRA
• FRANÇA
• PORTUGAL
• BRASIL
Surgiu na Europa no
século XVIII, mais
especificamente na
década de 1770, e
durou até o século XIX.

Romântico – do francês
romaunt designava as
expressões artísticas que
contivessem aspectos da
cavalaria e da Idade
Média.
Os romancistas tinham
a intenção de retratar o
drama e as emoções
humanas, os amores
trágicos e os ideais
utópicos.
CONTEXTO HISTÓRICO

•Revolução Francesa (1789-1799);


•Invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte (1807);
•Chegada da Família Real ao Brasil (1808);
•Independência do Brasil (1822).
•Revolução industrial inglesa;
• Abolição da Escravatura (1888)
DELACROIX, VESTIDO DE ARTESÃO BANDEIRA E ARMA = PATRIOTISMO E LUTA

JOANA D’ARC = LIBERDADE TORRE DE


NOTREDAME =
SÍMBOLO DO POVO

O POVO AOS PÉS DA MUSA

ANTI-MONARQUIA

EUGÈNE DELACROIX – A LIBERDADE GUIANDO O POVO – 1830 – MUSEU DU LOUVRE – PARIS


ROMANTISMO NO MUNDO
Obras
⇒ Inglaterra
As principais obras do Romantismo, em cada país,
•Lord Byron
são:
Don Juan (1824)
⇒ Alemanha
•Goethe
Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774)
⇒ Portugal
•Almeida Garrett
Viagens na minha terra (1846)
⇒ França
•Camilo Castelo Branco
•Victor Hugo
Amor de Perdição (1861)
Os Miseráveis (1862)
Notre-Dame de Paris (1831)
OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER
Em 1774, Goethe publicou The Sorrows of the Young Werther, romance que marcou o início do
Romantismo no mundo e se tornou um grande sucesso editorial, mas também gerou grande polêmica
por seu protagonista tirar a própria vida quando rejeitado pela mulher que amava, Charlotte.
Vários casos de suicídio por amor à imitação de Werther levaram à proibição da obra em alguns países,
pois foi considerando um livro de "incitamento ao suicídio" e que poderia "impressionar jovens e
mulheres fracas".

DO QUE TRATA

Romance epistolar em que o jovem Werther conta ao amigo Wilhelm a história de seu amor
impossível pela bela Charlotte, prometida em casamento para Albert. De temperamento sensível e
artístico, ele não consegue esquecê-la e no final acaba se suicidando com um tiro de pistola na cabeça.
Quando lançado na Europa, o livro inspirou uma leva de jovens leitores, que passaram a se vestir e a
viver como o protagonista. Atribui-se a ele uma onda de suicídios na época. Dizem que a história
surgiu a partir de uma paixão não correspondida de Goethe, que afirmou ter matado Werther para
poder sobreviver.
PÁG. 30
O ROMANTISMO INGLÊS
A Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra entre os anos de
1798 e 1832, determinou o surgimento do proletariado.
O aparecimento dessa nova classe social e a incorporação da
figura da mulher no mundo cultural favoreceram o nascimento
do Romantismo, porque deram origem a um novo público
leitor, que buscava nos romances um pouco de realismo,
humor, emoções e, sobretudo, novas ideias.

Merecem destaque também: William Blake, Percy Shelley, John


Keats, Mary Shelley, Emilly Brontë, Jane Austin e Bram Stoker.

TEMAS: classes desfavorecidas, desejo e morte, ficção e ciência


e ficção, o amor extremo e antissocial, horror.
LORD GEORGE NOEL GORDON BYRON
Byron foi o mais importante poeta inglês do século XIX. Nasceu em Londres, 23 de janeiro
de 1788 e morreu aos trinta e seis anos de idade de uma febre contraída em Missolonghi,
em 19 de abril de 1824.

Foi um gênio poético, apaixonado, louco, exagerado, ultrarromântico, pessimista, egoísta,


egocêntrico, excêntrico, líder da 2ª geração romântica de todo o mundo.
Seus poemas de inspiração exaltada, crítica social, impetuosa e violenta, apresentam
temas ligados à tristeza, solidão, infelicidade, insaciedade e morte.
Seu primeiro livro foi “Horas de lazer”, de 1807. Porém os de maiores popularidades
foram A Peregrinação de Childe Harold (contos) e o inacabado DON JUAN.

Byron foi festejado e criticado em vida pelos excessos aristocráticos, altas dívidas,
inúmeros casos com homens e mulheres (como a meia-irmã de Mary Shelley, Claire
Clairmont, com quem teve uma filha), além de boatos de uma relação incestuosa com sua
própria irmã, Augusta. Foi também um dos primeiros escritores a descrever os efeitos da
maconha.
Seus personagens apresentam comportamento autodestrutivo, passado obscuro, aversão
social, rebeldia, talentos marcantes e grande exibição de paixões, violência, crimes e
maldição. 43
Don Juan
Don Juan foi um personagem que apareceu pela primeira vez no
drama espanhol de 1630, de Tirso de Molina, "El Burlador de Sevilla",
em tradução para o português significa "O Sedutor de Sevilha".

Mas o que mais popularizou a imagem e história do personagem foi


sua fama de sedução e forma de como lidar com as mulheres.

Acredita-se que Byron inspirou-se em Molina que teria se baseado em


histórias sobre libertinos da época.

Don Juan é demoníaco, seduz para a destruição moral ou a morte.


Considerado como um símbolo literário da libertinagem e um anti-
herói, acabou recebendo o título de vilão por ser um personagem com
características de um mulherengo, além do instinto de psicopata e
assassino.
AUTORES DE DESTAQUE NO ROMANTISMO FRANCÊS

Alexandre Dumas (Villers-Cotterêts 1802- Puys


1870), filho de um general do exército de
Napoleão e de uma escrava negra.
OBRAS: A Rainha Margot, O Conde de Monte
Cristo, D'Artagnan e os três mosqueteiros, O
Homem da Máscara de Ferro e Os Irmãos Corsos.

Alexandre Dumas Filho (Paris, 1824 - Marly-le-


Roi, 1895), escritor que seguiu os passos de seu
pai. Foi reconhecido principalmente por suas
obras La Dame aux camélias (1848).

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Jules Verne - autor da região da Bretanha considerado como
um gênero pioneiro da ficção
científica, tendo feito predições em seus livros sobre o
aparecimento de novos avanços científicos, como os
submarinos, máquinas voadoras e viagem à Lua.
Principais obras: Volta ao Mundo em 80 dias; Vinte Mil Léguas
Submarinas; Viagem ao Centro da Terra.

Victor-Marie Hugo nasceu na cidade de Besançon (França) em


26 de fevereiro de 1802 e morreu aos 83 anos na cidade de
Paris (França) em 22 de maio de 1885.
Importante escritor romântico, foi também dramaturgo, poeta
e político. Em suas obras abordou, principalmente, questões
políticas e sociais.
OBRAS: Os miseráveis, 1862 - Os trabalhadores do mar,
1866 - O Corcunda de Notredame, 1831.

Inspirou todos os autores da 3ª Geração Romântica com sua


poesia social e libertária.

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ROMANTISMO EM PORTUGAL
O Romantismo português teve início em 1825 com a
publicação da obra CAMÕES de Almeida Garrett e pode ser
compreendido em três fases:

Primeiro momento: autores como Almeida Garrett e


Alexandre Herculano tematizam, em suas obras, questões
pessoais e amorosas, históricas e políticas que envolviam
Portugal na época.

Segundo momento: autores como Camilo Castelo Branco


aproximam o Romantismo em Portugal do tom mais
sentimental e egocêntrico, ampliando os traços
ultrarromânticos da estética.

Terceiro momento: fase de transição para o realismo, os


autores já apresentavam um romance de temática mais
crítica, como As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis.
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ROMANTISMO NO BRASIL

- Chegada da família Real (1808 – fugia das tropas


francesas de Napoleão Bonaparte);
- Abertura dos portos;
- Fundação do Banco do Brasil;
- Criação dos tribunais das Finanças e da Justiça;
- Implantação da imprensa;
- Permissão para instalação de indústrias;
- Inauguração da Biblioteca Real com mais de 60 mil
volumes;
- Independência do Brasil – 1822.
CRONOLOGIA DO ROMANTISMO
NO BRASIL
Período: século XIX
• Início:1836
- Suspiros poéticos e saudades, de Domingos
José Gonçalves de Magalhães.

• Término: 1881
- Publicação de “Memórias Póstumas de Brás
Cubas”, de Machado de Assis, em 1881, que
inaugura o realismo.
CARACTERÍSTICAS
• Subjetivismo

• Sentimentalismo

• Idealização

• Evasão

• Natureza

• Liberdade

• Nacionalismo

Romantismo: assume e exprime a ideologia burguesa.


Principais autores

Poesia
Gonçalves Dias
Álvares de Azevedo
Castro Alves
Sousândrade

Prosa
Joaquim Manuel de Macedo
José de Alencar
Bernardo Guimarães
Manuel Antônio de Almeida
POESIA ROMÂNTICA - (1836-1853)
Primeira Geração
Traços: nacionalismo, indianismo e
cor local.
Autores: Gonçalves Dias e
Gonçalves de Magalhães.
GONÇALVES DIAS: UM INDIANISTA
AMOROSO – 1ª. GERAÇÃO
Principal representante da primeira geração, Antônio Gonçalves Dias
nasceu no Maranhão, no ano de 1823.
Em 1846 publicou seu primeiro livro de poesia Primeiros Cantos.
Em sua poesia Gonçalves Dias abordou os três temas românticos
fundamentais: Natureza – Pátria – Religião – Indianista.
CANÇÃO DO
EXÍLIO
M I N HA T E R R A T E M P R I M OR ES ,
Q U E TA I S N Ã O E N C O N T RO E U
CÁ;
E M C I S M AR — S O Z I N HO, À
M I N HA T E R R A T E M PA L M EI R AS ,
NOITE —
O N D E C A N TA O S A B I Á;
M A I S P R A Z ER E N C O N T RO E U L Á ;
A S AV E S , Q U E AQ U I G O R J E I AM,
M I N HA T E R R A T E M PA L M EI R AS ,
N Ã O G O R J E I AM C O M O L Á .
O N D E C A N TA O S A B I Á.
N O S S O C É U T E M M A I S E S T R E L AS ,
N Ã O P E R M I TA D E U S Q U E E U
N O S S A S V Á R Z E AS T Ê M M A I S F L O R E S ,
M O R R A,
N O S S O S B O S Q U ES T Ê M M A I S V I DA ,
S E M Q U E E U VO LT E PA R A L Á ;
N O S S A V I DA M A I S A M O R E S .
S E M Q U E D E S F RUT E O S
P R I M OR E S
E M C I S M AR , S O Z I N HO, À N O I T E ,
Q U E N Ã O E N C O N T RO P O R C Á ;
M A I S P R A Z ER E N C O N T RO E U L Á ;
S E M Q U ' I N DA AV I S T E A S
M I N HA T E R R A T E M PA L M EI R AS ,
PA L M EI R AS ,
O N D E C A N TA O S A B I Á.
O N D E C A N TA O S A B I Á.

G O N Ç A LV E S D I A S . C O I M B R A - J U L H O
1843.
CANÇÃO DO TAMOIO (GONÇALVES DIAS)
I III V
Não chores, meu filho; O forte, o cobarde E pois que és meu filho,
Não chores, que a vida Seus feitos inveja Meus brios reveste;
É luta renhida: De o ver na peleja Tamoio nasceste,
Viver é lutar. Garboso e feroz; Valente serás.
A vida é combate, E os tímidos velhos Sê duro guerreiro,
Que os fracos abate, Nos graves concelhos, Robusto, fragueiro,
Que os fortes, os bravos Curvadas as frontes, Brasão dos tamoios
Só pode exaltar. Escutam-lhe a voz! Na guerra e na paz.
II IV VI
Um dia vivemos! Domina, se vive; Teu grito de guerra
O homem que é forte Se morre, descansa Retumbe aos ouvidos
Não teme da morte; Dos seus na lembrança, D'imigos transidos
Só teme fugir; Na voz do porvir. Por vil comoção;
No arco que entesa Não cures da vida! E tremam d'ouvi-lo
Tem certa uma presa, Sê bravo, sê forte! Pior que o sibilo
Quer seja tapuia, Não fujas da morte, Das setas ligeiras,
Condor ou tapir. Que a morte há de vir! Pior que o trovão.
[...]
POESIA ROMÂNTICA - (1853-1870)
Segunda Geração - Ultrarromantismo
Traços: mal do século, excessos do
Subjetivismo e do emocionalismo
romântico, culto da morte e pessimismo.

Autores:
Álvares de Azevedo,
Casimiro de Abreu,
Junqueira Freire
Fagundes Varela.
ÁLVARES DE AZEVEDO – 2ª. GERAÇÃO

A TEMÁTICA DO AMOR E DA MORTE

Expressão máxima da segunda geração romântica


brasileira.
Não publicou, contudo, nenhum de seus livros em
vida. Aos 21 anos (1852), foi surpreendido pela
morte, cuja causa é, ainda hoje, um mistério.
Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos


Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!


Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva


Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora


A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
SONHANDO (ALVARES DE AZEVEDO) Aqui no meu peito vem antes sonhar
Na praia deserta que a lua branqueia, E o pálido mimo da minha paixão
Que mimo! que rosa! que filha de Deus! Num longo soluço tremeu e parou, Nos longos suspiros do meu coração:
Tão pálida... ao vê-la meu ser devaneia, Sentou-se na praia, sozinha no chão, Eu quero em meus lábios teu seio aquentar,
Sufoco nos lábios os hálitos meus! A mão regelada no colo pousou! Teu colo, essas faces, e a gélida mão...
Não corras na areia, Que tens, coração Não durmas no mar!
Não corras assim! Que tremes assim? Não durmas assim.
Donzela, onde vais? Cansaste, donzela? Estátua sem vida,
Tem pena de mim! Tem pena de mim! Tem pena de mim!

A praia é tão longa! e a onda bravia Deitou-se na areia que a vaga molhou. E a vaga crescia seu corpo banhando,
As roupas de gaza te molha de escuma... Imóvel e branca na praia dormia; As cândidas formas movendo de leve!
De noite, aos serenos, a areia é tão fria... Mas nem os seus olhos o sono fechou E eu vi-a suave nas águas boiando
Tão úmido o vento que os ares perfuma! E nem o seu colo de neve tremia... Com soltos cabelos nas roupas de neve!
És tão doentia... O seio gelou?... Nas vagas sonhando
Não corras assim... Não durmas assim! Não durmas assim...
Donzela, onde vais? O pálida fria, Donzela, onde vais?
Tem pena de mim! Tem pena de mim! Tem pena de mim!

A brisa teus negros cabelos soltou, Dormia: — na fronte que níveo suar... E a imagem da virgem nas águas do mar
O orvalho da face te esfria o suor, Que mão regelada no lânguido peito... Brilhava tão branca no límpido véu...
Teus seios palpitam — a brisa os roçou, Não era mais alvo seu leito do mar, Nem mais transparente luzia o luar
Beijou-os, suspira, desmaia de amor! Não era mais frio seu gélido leito! No ambiente sem nuvens da noite do céu!
Teu pé tropeçou... Nem um ressonar... Nas águas do mar
Não corras assim... Não durmas assim... Não durmas assim...
Donzela, onde vais? O pálida fria, Não morras, donzela,
Tem pena de mim! Tem pena de mim! Espera por mim!
PRINCIPAIS OBRAS
Lira dos Vinte Anos (1853) – poemas que
mostram um Álvares de Azevedo adolescente,
piegas, meigo, cantor de virgens pálidas e um
Álvares de Azevedo mórbido, macabro e satânico.
É o principal poeta representante do “mal do
século” ou “ultra-romantismo”.
Noite na Taverna (1855) – série de contos
fantásticos narrados por um grupo de amigos
reunidos em torno de uma mesa de bar (taberna).
São narrativas sobre corrupção, incesto, necrofilia,
traição, antropofagia, satanismo, assassinatos por
vingança e por amor.
Terceira Geração
Pré-Realismo - Condoreirismo
Traços:Aprofundamento do nacionalismo,
temas sociais e políticos, tom retórico e
exaltado e desejo de liberdade.
Autores: Castro Alves e Sousândrade.

o condor, ave da Cordilheira dos


Andes capaz de voar em
altitudes bem altas, é escolhido
como símbolo da liberdade, daí a
origem da denominação
Condoreirismo.
TERCEIRA GERAÇÃO: CONDOREIRA
Castro Alves – o cantor dos escravos
• Poesia sobre os escravos – campanha
Abolicionista.
Obra: Navio negreiro,Tragédia no lar e A
canção do africano.

• Poesia Lírica – erotização feminina, sensualidade


explícita e a mulher real, lasciva e sedutora.
Obra: O “adeus” de Teresa
O NAVIO NEGREIRO
Era um sonho dantesco... o tombadilho No entanto o capitão manda a manobra,
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
E após fitando o céu que se desdobra,
Tinir de ferros... estalar de açoite... Tão puro sobre o mar,
Legiões de homens negros como a noite, Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
Horrendos a dançar... "Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Negras mulheres, suspendendo às tetas Fazei-os mais dançar!...“
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães: E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
E da ronda fantástica a serpente
Em ânsia e mágoa vãs! Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
E ri-se a orquestra irônica, estridente... Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ... E ri-se Satanás!...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,


A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
Senhor Deus dos desgraçados! São os filhos do deserto, Ontem a Serra Leoa,
Dizei-me vós, Senhor Deus! Onde a terra esposa a luz. A guerra, a caça ao leão,
Se é loucura... se é verdade Onde vive em campo aberto O sono dormido à toa
Tanto horror perante os céus?! A tribo dos homens nus... Sob as tendas d'amplidão!
Ó mar, por que não apagas São os guerreiros ousados Hoje... o porão negro, fundo,
Co'a esponja de tuas vagas Que com os tigres mosqueados Infecto, apertado, imundo,
De teu manto este borrão?... Combatem na solidão. Tendo a peste por jaguar...
Astros! noites! tempestades! Ontem simples, fortes, bravos. E o sono sempre cortado
Rolai das imensidades! Hoje míseros escravos, Pelo arranco de um finado,
Varrei os mares, tufão! Sem luz, sem ar, sem razão. . . E o baque de um corpo ao mar...

Quem são estes desgraçados São mulheres desgraçadas, Ontem plena liberdade,
Que não encontram em vós Como Agar o foi também. A vontade por poder...
Mais que o rir calmo da turba Que sedentas, alquebradas, Hoje... cúm'lo de maldade,
Que excita a fúria do algoz? De longe... bem longe vêm... Nem são livres p'ra morrer. .
Quem são? Se a estrela se cala, Trazendo com tíbios passos, Prende-os a mesma corrente
Se a vaga à pressa resvala Filhos e algemas nos braços, — Férrea, lúgubre serpente —
Como um cúmplice fugaz, N'alma — lágrimas e fel... Nas roscas da escravidão.
Perante a noite confusa... Como Agar sofrendo tanto, E assim zombando da morte,
Dize-o tu, severa Musa, Que nem o leite de pranto Dança a lúgubre coorte
Musa libérrima, audaz!... Têm que dar para Ismael. [...] Ao som do açoute... Irrisão!...
ROMANTISMO NO BRASIL – A PROSA

O Romantismo teve uma boa aceitação entre os


brasileiros leitores de literatura por ser um gênero que
aborda temas comuns da vida cotidiana. O romance, bem
mais que a poesia, empenhou-se em definir uma
identidade cultural do Brasil.
PROSA INDIANISTA
• Considerando que o branco era tido como colonizador europeu, e o negro,
como escravo africano, o índio foi considerado como o único legítimo
representante da América, sendo ele a expressão da nacionalidade
autêntica, de amor exacerbado à terra e defesa do território.

Características
→ Traz à tona a vida, cultura, crença e costumes indígenas;
→ Índio surgiu como herói, representando o Brasil e os brasileiros, sendo
corajoso, heroico, forte e idealizado;
→ Valorização da natureza;
→ O espeço onde ocorre a narrativa remete ao natural, à paisagem brasileira.

José Martiniano de Alencar (1829-1877) – autor de Iracema, O Guarani e


Ubirajara.
O trecho seguinte é um fragmento do capítulo 11 de Iracema, no qual Alencar
descreve fisicamente a heroína índia.

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema,
a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e
mais longos que seu talhe de palmeira. O favo de jati não era doce como seu sorriso; nem
a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema
selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do ipu, onde campeava sua
guerreira tribo. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a
terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da
floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite.
Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os últimos cabelos. Escondidos na
folhagem, os pássaros ameigavam o canto. (José de Alencar )
PROSA URBANA
Retratou as experiências do cotidiano e a vida social dos habitantes da cidade. São os mais lidos até hoje.

Características
→ Grande maioria narrava uma história que ocorria nas capitais, na alta sociedade;
→ Fazia críticas aos costumes;
→ Heróis e heroínas desse período faziam ou não parte dessa alta sociedade e tinham
que superar várias barreiras para a felicidade e a realização do amor e do casamento.

Representantes
• José Martiniano de Alencar (1829-1877) – autor de Lucíola, Senhora, Diva, A
viuvinha, Helena.
• Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) – A moreninha, O moço loiro, O forasteiro,
A luneta mágica.
• Manuel Antônio de Almeida (1830-1861) – Memórias de um sargento de milícias.
PROSA REGIONALISTA
Marcado pela busca do redescobrimento do Brasil e sua diversidade regional
e cultural.
→ Passado em ambientes rurais, mostrando costumes, valores e cultura típica
de uma região.
→ Apresenta as especificidades do clima, costumes e língua diferentes entre
si em um país que tem impressa a diversidade.
→ Herói do campo, sertanejo, alguém que pertence à sua terra e é o retrato
dela. É bravo e honrado, preza a moral e os costumes de seu ambiente.

• José Martiniano de Alencar (1829-1877) – autor de O tronco de ipê, Til e O


Gaúcho.
• Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay - “Visconde de Taunay” (1843-
1899) – Inocência; Ouro sobre azul; Lágrimas do coração.
• Bernardo Joaquim da Silva Guimarães (1825-1884) – O Seminarista; A
escrava Isaura; O garimpeiro.

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