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“Os maias de Eça de queiros”

No romance Os Maias, Eça de Queirós, no propósito de elaborar um


retrato da sociedade, que se percebe no subtítulo Episódios da Vida
Romântica, e dentro do espírito naturalista, procura encontrar razões para
a crise social, política e cultural a partir da formação do indivíduo. Fator de
humanização, de socialização e de autonomia, a educação produz ou
reproduz modelos sociais e políticos que propõem um sistema de valores
e princípios que são a base de uma sociedade.

Através de "Os Maias", é possível retratar a "miséria portuguesa" dos finais


do século XIX.

De facto, o subtítulo "Episódios da Vida Romântica" remete para uma


crónica social que descreve os ambientes da alta sociedade lisboeta,
sob a forma de caricatura, focalizada pela visão de Carlos e completada
pela visão de Craft e Ega.

Assim, no "Episódio do Jantar no Hotel Central", desfilam as principais


figuras e problemas da vida política, social e cultural. Através de uma
estratégia naturalista, critica-se Portugal, personagem coletiva,
representada pelas várias personagens que percorrem o romance. São
ainda postos em confronto o ultrarromantismo e o naturalismo,
representados por Alencar e Ega, respetivamente. Assim, pode-se
constatar ainda uma censura à crítica literária em Portugal, que é feita
à base de ataques pessoais e de agressões físicas.

No "Episódio da Corrida de Cavalos", desmascara-se a aparência e o


verniz postiço de uma sociedade que se pretende cosmopolita e
civilizada. De facto, faz-se uma crítica ao provincianismo da capital que
pretende imitar o "chic" do "lá fora".

No "Episódio do Sarau no Teatro da Trindade", as críticas incidem sobre


a superficialidade e a ignorância da classe dirigente, a verborreia da
oratória política e a poesia ultrarromântica, mascarada de conotações
sociais.

Além disso, denuncia-se ainda o jornalismo incompetente e venal


(episódio do jornal "A Tarde"), a política económico-financeira ruinosa,
que arrastava Portugal para a bancarrota, e a educação tradicional
portuguesa, representada por Pedro da Maia e Eusebiozinho.

Em conclusão, podemos dizer que, aliada à história de uma família que


percorre três gerações, surge-nos a caracterização de uma sociedade
decadente, que se irá refletir, forçosamente, no destino da família
Maia.

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