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Juliana: Boa Tarde, caríssimo professor e caros companheiros de turma.

Hoje
vamos apresentar detalhadamente o jantar no Hotel Central (cap. VI).

O jantar no Hotel Central representa o primeiro contacto social de Carlos com a


sociedade lisboeta. Organizado por Ega, em honra do banqueiro Cohen, o marido da
sua amante, dá a conhecer a mentalidade retrógrada deste grupo elitista, que aborda
temas como a vida política e cultural, as finanças ou a decadência do país. A
discussão literária entre o representante do Ultrarromantismo (Alencar) e o do
Realismo/Naturalismo (Ega) mostra a incapacidade deste grupo de pessoas com
relevo na vida nacional se comportar com civismo.

Mariana:

João da Ega é o personagem que mais intervém neste episódio. Fortíssimo defensor
da ideologia Realista/Naturalista. Exagera nos argumentos que utiliza para defender
as suas ideias revolucionárias. As atitudes de Ega face aos temas criticados
traduzem uma vontade de inovar o país e de o tornar melhor para as gerações
futuras.

Jacob Cohen é o representante das Finanças, “respeitado diretor do Banco Nacional,


marido da divina Raquel”, homem de estatura baixa, “apurado, de olhos bonitos,
suíças tão pretas e luzidias” e com “bonitos dentes”. Neste jantar conheceu Carlos e
destacou a posição superior que toma perante a sociedade.

O poeta ultra-romântico Alencar é confrontado, no presente episódio, com os


princípios naturalistas/realistas de João da Ega. Eça de Queirós transmite-nos, no
decorrer do enredo, informações sobre este indivíduo.
Está no genially
Caracterização Física
“muito alto, com uma cara escaveirada (escanzelada), olhos encovados”; nariz curvado, bigodes
compridos; “calvo na frente”; “dentes estragados”; “testa lívida”.
Caracterização Psicológica:
Aparentava um ar “antiquado”, “artificial” e “lúgubre” “Camarada”, “inseparável” e “íntimo” de Pedro da
Maia. Considerado um “gentleman” , “generoso” e um “patriota à antiga”.

O novo-rico burguês (Dâmaso Salcede) é a súmula dos defeitos da sociedade:


provinciano, preocupado com a vaidade e futilidade, como revela a expressão
“chique a valer” diversas vezes proferida, é oportunista, pois louva Carlos da Maia
com o objectivo de assumir uma posição mais preponderante na sociedade.
Também sobre esta personagem é realizado um retrato físico, por sinal pejorativo:
“Um rapaz baixote, gordo, frisado como um noivo da província, de camélia ao peito e
gravata azul-celeste”.

Carlos apresenta-se pela primeira vez à sociedade, no entanto, distancia-se da


conversa, apenas comentando alguns aspetos. Afirma-se também como defensor
das ideias românticas, criticando que “o mais intolerável no realismo eram os seus
grandes ares científicos”, e talvez, também um pouco patriota quando defende que
“ninguém há-de fugir, e há-de-se morrer bem”.
Eça identifica Craft como o “homem ideal”. Neste episódio pouco se sabe sobre ele,
apenas que é inglês, e como tal, pressupõe-se que recebera uma educação à
inglesa. Não tem muita importância na ação, quase não participa nas conversas,
reage de forma “impassível”, contudo é a favor da resistência aos espanhóis,
quando concorda em organizar uma guerrilha com Ega.

Beatriz:

Durante a estadia no hotel, Carlos recebe a visita do seu amigo, João da Ega, que
traz consigo notícias sobre a situação política do país e discute com ele sobre
literatura e arte. Ega também revela a Carlos a verdade sobre a relação entre Maria
Eduarda e Dâmaso Salcede, o que desencadeia uma crise no relacionamento do
casal. Outro tema discutido são as finanças e a economia do país. Este assunto
espelha a crise financeira que o país passava nesta época (séc.XII). Eça descreve-o
de forma irónica através de Cohen, o representante das Finanças ao afirmar que os
“empréstimos em Portugal constituíam uma das fontes de receita, tão regular, tão
indispensável, tão sabida como o imposto”, aliás era «cobrar o imposto» e «fazer o
empréstimo» a única ocupação dos ministérios. Desta forma concordavam que
assim o país ia “alegremente e lindamente para a bancarrota”. No entanto, Ega não
aceitará baixar os braços e logo dará a solução revolucionária para o problema de
finanças que o país atravessava – a invasão espanhola!

Logo, o episódio do "Hotel Central" é importante na trama de "Os Maias" porque


mostra a vida mundana e sofisticada da alta sociedade lisboeta da época, assim
como as tensões políticas e as relações pessoais complexas entre os personagens.

Beatriz:

Outros personagens, como o político João da Ega e o crítico literário Vilaça, também
têm opiniões diferentes sobre arte e política. Ega é um republicano que defende
ideias progressistas e acredita que a arte deve ser uma forma de expressão política
e socialmente engajada. Vilaça, por outro lado, é um crítico literário conservador que
valoriza a forma sobre o conteúdo e acredita que a arte deve ser avaliada apenas
por seus aspectos estilísticos.

Em resumo, o jantar no Hotel Central é uma cena importante em Os Maias porque


revela as diferentes visões de mundo e valores das personagens. Eça de Queirós usa
essa cena para criticar a sociedade portuguesa da época, que estava dividida entre
conservadores e progressistas, e para mostrar como as visões de mundo das
personagens afetam suas escolhas e ações ao longo do romance.
Juliana:

O episódio "Jantar no Hotel Central" em "Os Maias" de Eça de Queiroz tem uma
intenção crítica explícita em relação à elite portuguesa do final do século XIX. Neste
episódio, Eça retrata uma reunião social da alta sociedade num hotel luxuoso em
Lisboa, onde os personagens discutem frivolidades e fofocas, enquanto ignoram
completamente os problemas reais do país e da população.

Eça de Queiroz usa o episódio para expor a hipocrisia e a superficialidade da elite


portuguesa da época, que estava mais preocupada em manter seu status social do
que em contribuir para o bem-estar da nação. O autor também critica a influência
negativa da cultura estrangeira sobre a sociedade portuguesa, representada pela
obsessão dos personagens por tudo o que é francês e pela falta de interesse na
cultura e tradições portuguesas.

Em resumo, o episódio "Jantar no Hotel Central" tem uma intenção crítica clara de
expor as falhas da elite portuguesa do final do século XIX, destacando sua falta de
preocupação com os problemas reais do país e sua adoração cega por tudo o que é
estrangeiro.

Tiago:

O episódio "Jantar no Hotel Central" em "Os Maias" de Eça de Queiroz é um


momento importante na história, pois revela muito sobre a vida social e cultural da
alta sociedade portuguesa do final do século XIX. Este episódio é uma crítica
mordaz aos costumes e à hipocrisia dessa sociedade, que se esforça para manter
as aparências e ignorar as realidades sombrias que estão escondidas sob a
superfície.

Em termos de atualidade, este episódio ainda é relevante porque a sociedade


portuguesa, assim como a sociedade em geral, enfrenta muitos dos mesmos
problemas que foram destacados na obra de Eça de Queiroz. A luta pela igualdade
de género, a desigualdade económica e a corrupção política ainda são questões
importantes que afetam a vida das pessoas hoje em dia.

Além disso, o episódio do jantar no Hotel Central também levanta questões sobre a
importância do indivíduo e da liberdade pessoal numa sociedade que valoriza muito
as convenções sociais e as expectativas da comunidade. Isso ainda é um problema
atual em muitos países, onde a pressão social pode limitar a capacidade das
pessoas de expressarem sua individualidade e seguirem seus próprios caminhos na
vida.

Portanto, a obra de Eça de Queiroz continua atual nos dias de hoje porque muitos
dos problemas que ele destacou ainda são relevantes e importantes para a
sociedade contemporânea.

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