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Espaços sociais
«Falou-se logo do crime da Mouraria, drama fadista que impressionava Lisboa, uma
rapariga com o ventre rasgado à navalha por uma companheira, vindo morrer na rua em
camisa, dois faias esfaqueando-se, toda uma viela em sangue […] e o Alencar
imediatamente, limpando os bigodes dos pingos de sopa, suplicou que se não discutisse,
à hora asseada do jantar […]. Ali todos eram homens de asseio, de sala, hem?»
A oposição ser/parecer:
O romance realista privilegia os espaços sociais para melhor analisar e retratar o real.
Burguesia lisboeta
Diplomacia Política
Banqueiros Jornalistas
Espaços sociais
A oposição ser/parecer:
O espaço mais importante é Lisboa, no entanto, há outros espaços que são descritos e analisados,
ocorrendo neles diferentes eventos sociais, culturais e lúdicos:
«D. Maria achava ridícula a música, dando às corridas um ar de arraial… […] Era
uma desordem!» (capítulo X)
Espaços sociais
Espaços Físicos
Espaços Sociais
A casa do Conde
As redações dos O Teatro da
O Hotel Central O Hipódromo de Gouvarinho
jornais Trindade
Espaços Físicos
Temas abordados:
(Ultrarromantismo versus
Realismo/Naturalismo);
«Pobre Alencar! O naturalismo; esses livros poderosos e vivazes, tirados a milhares de edições; essas rudes análises
[…]. Craft não admitia também o naturalismo, a realidade feia das coisas e da sociedade estatelada nua num livro. […]
Ega, horrorizado, apertava as mãos na cabeça […]. O Cohen colocou uma pitada de sal à beira do prato, e respondeu,
com autoridade, que o empréstimo tinha de se realizar «absolutamente». Os empréstimos em Portugal constituíam hoje
uma das fontes de receita […]. À bancarrota seguia-se uma revolução, evidentemente. […] E passada a crise, Portugal,
livre da velha dívida, da velha gente, dessa coleção grotesca de bestas… […] − Portugal não necessita reformas, Cohen,
Portugal o que precisa é a invasão espanhola.» (capítulo VI)
Espaços sociais
Corridas no Hipódromo:
«No recinto em declive, entre a tribuna e a pista, havia só homens, […] a maior parte à vontade, com jaquetões claros, e de
chapéu-coco; outros mais em estilo, de sobrecasaca e binóculo a tiracolo, pareciam embaraçados e quase arrependidos do seu
chique. […] Debruçadas no rebordo, [...] estavam ali todas as senhoras […]. A maior parte tinha vestidos sérios de missa. […] El-
Rei apareceu na tribuna, sorrindo, de quinzena de veludo e chapéu branco. […] D. Maria achava ridícula a música, dando às
corridas um ar de arraial… […] De repente, fora, houve um rebuliço, e vozes sobressaltadas gritando: «Ordem!» Uma senhora,
que atravessava com um pequenito, fugiu para dentro do bufete, enfiada. Um polícia passou, correndo. Era uma desordem! […]
Porque o que havia naquele hipódromo era compadrice e ladroeira! […] Todo o mundo ria. E a corrida do Prémio de El-Rei
terminou assim, grotescamente.» (capítulo X)
Espaços sociais
«E o conde, que a admirava também, gabava-lhe sobretudo o espírito, a instrução. Isso, segundo o Ega,
prejudicava-a: porque o dever da mulher era primeiro ser bela, e depois ser estúpida... O conde afirmou
logo com exuberância que não gostava também de literatas: sim, decerto o lugar da mulher era junto do
berço, não na biblioteca... […] Enfim, uma senhora deve ser prendada. Não lhe parece, Neto? Neto, grave,
murmurou: – Uma senhora, sobretudo quando ainda é nova, deve ter algumas prendas... […] A mulher só
devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem.» (capítulo XII)
Espaços sociais
«– É isto, em quatro palavras. O Carlos da Maia foi ofendido aí por um sujeito muito conhecido.
Nada de interessante. Um parágrafo imundo na “Corneta do Diabo”, por uma questão de
cavalos... O Maia pediu-lhe explicações. O outro deu-as, chatas, medonhas, numa carta que
quero que vocês publiquem. […] – E tu querias que eu publicasse isso, homem? O Dâmaso,
nosso amigo político!... […] uma carta em que um homem se declara bêbedo! Tu estás a
mangar! […] Um maganão que nos entalou na eleição passada, fez gastar ao Silvério mais de
trezentos mil réis... Perfeitamente, às ordens... Ó Pereirinha, olhe aqui o sr. Ega. Tem aí uma
carta para sair amanhã, na primeira página, tipo largo.» (capítulo XV)
Espaços sociais
«O Cruges... O nome correu entre as senhoras, que o não conheciam. E era composição dele, aquela
coisa triste? – É de Beethoven, sra. D. Maria da Cunha, a «Sonata Patética». Uma das Pedrosos não
percebera bem o nome da sonata. E a marquesa de Soutal, muito séria, muito bela, cheirando devagar um
frasquinho de sais, disse que era a «Sonata Pateta». […] No entanto, por toda a sala, o sussurro crescia.
Os encatarroados tossiam livremente. Dois cavalheiros tinham aberto «A Tarde». E caído sobre o teclado,
com a gola da casaca fugida para a nuca, o pobre Cruges, suando, estonteado por aquela desatenção
rumorosa, atabalhoava as notas, numa debandada.» (capítulo XVI)
Espaços sociais
Consolida
Espaços sociais
A Em Os Maias, Eça critica a burguesia e a aristocracia lisboeta através do retrato dos diferentes espaços sociais.
O espaço mais importante é Coimbra, no entanto, há outros espaços que são descritos e analisados:
B jantares, corridas, saraus e espaço público.
Solução
Espaços sociais
A No Jantar no Hotel Central, organizado por Ega em homenagem a Cohen, discute-se literatura e finanças.
Verdadeira
O Rei e toda a alta sociedade lisboeta assistiram, com grande entusiasmo, às corridas do hipódromo, um
B evento revelador do cosmopolitismo da cidade de Lisboa.
Falsa
D No Sarau Literário do Teatro da Trindade expõe-se a falta de cultura das classes favorecidas.
Verdadeira
Solução