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O capítulo “O jantar no Hotel Central” é uma das partes mais emblemáticas do romance "Os

Maias", de Eça de Queirós, por apresentar diversas críticas sociais que revelam a
decadência da alta sociedade portuguesa do século XIX.

O jantar acontece num hotel de luxo em Lisboa e reúne algumas das figuras mais
importantes da sociedade lisboeta da época. Logo no início do capítulo, o narrador descreve
o ambiente como uma "orgia de luxo", com detalhes suntuosos da decoração e do menu,
que inclui pratos requintados e caros. Essa descrição serve como uma crítica à ostentação
e ao consumismo desenfreado da elite portuguesa, que valorizava mais a aparência do que
a essência.

Outra crítica social presente no capítulo é a hipocrisia e a falsidade das relações


interpessoais na alta sociedade. Os personagens demonstram uma cordialidade exagerada
uns com os outros, mas, na verdade, guardam ressentimentos e invejas em relação aos
seus colegas. Eles preocupam-se mais em manter as aparências e agradar uns aos outros
do que em cultivar amizades verdadeiras e honestas.

Por fim, a cena em que Carlos, protagonista do romance, se sente enojado com a falta de
higiene do garçom que lhe serve o café expresso é uma crítica ao preconceito e à
discriminação presentes na sociedade portuguesa da época. Carlos representa a nova
geração de portugueses, mais esclarecidos e críticos em relação às antigas tradições e
valores, mas ainda assim contaminados pelos preconceitos e pelas ideias conservadoras da
sua época.

Em suma, o capítulo “O jantar no Hotel Central” é uma crítica clara à elite portuguesa do
século XIX, que valorizava mais as aparências do que a essência, cultivava relações
superficiais e hipócritas e ignorava questões relevantes da sociedade. Eça de Queirós, por
meio da sua habilidade narrativa e da sua visão crítica, expõe as mazelas de uma
sociedade em decadência, contribuindo para a construção de uma literatura cativante e
comprometida com a realidade social do seu tempo.

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