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Relatório do filme: O Outro Lado da Nobreza

Disciplina: História Moderna I


Prof. Ziliane
Aluna: Verônica Petersen

Baseado no livro de Rose Tremain, o filme de Michael Hoffman lançado em


1996 retrata o período medieval e suas nuances por meio de uma semiótica
marcante que delimita de forma precisa as divisões sociais e concepções da época.
Ambientado no século XVII, o longa retrata um pouco da vida na sociedade
monárquica europeia no período da peste. Embora a narrativa apresente a
romantização característica de sua natureza dramática, a mesma utiliza o meio
artístico para retratar a dinâmica social da época que consistia na figura do rei como
centro do universo.
A obra estrelada por Robert Downey Jr. conta a história de um médico
aprendiz que ascende socialmente por meio da intervenção direta do rei e se torna
seu amigo próximo. Enquanto faz parte da corte do real, o jovem médico ostenta os
privilégios de um nobre: veste as melhores roupas, bebe os melhores vinhos e se
deita com inúmeras mulheres enquanto o restante da população passa por
dificuldades.
Mais tarde, o protagonista vem a perder suas regalias, novamente por
intervenção direta do rei, e tem de recorrer a bondade de um velho amigo que
reside numa humildade propriedade rural utilizada como uma espécie de clínica de
reabilitação para enfermos mentais. Aquele ambiente é um contraste nítido e direto
com o apresentado anteriormente. Não há fartura e abundância de outrora, pelo
contrário, o cenário é de decadência, desamparo e o lazer é quase nulo.
No decorrer do longa-metragem é possível perceber mudanças pertinentes
ao retratar o luxo e a pobreza características do período das monarquias
absolutistas da Europa. Sendo assim, como resultado: a cenografia focada no rei e
sua corte é recheada de artigos, tecidos e cores que remetem à opulência da
realeza na época. Enquanto isso, quando voltados para a plebe, tanto as cenas
quanto os personagens adquirem paletas de cores cinzas e opacas, roupas lisas,
simplórias e sem muitos detalhes que remetem à miséria.
Além disso, a direção do filme se preocupa em mostrar um lado não tão
agradável da vida nas cidades medievalescas: a superlotação dos centros
urbanos,a falta de atenção médica e a poluição dos cursos de água já eram
problemas recorrentes do cotidiano medieval.
Apesar da narrativa ser fictícia e não ser baseada em fatos reais, o mesmo
retrata de forma bem gráfica um pouco da devastação e o sofrimento causados pela
peste nas cidades durante uma epidemia. Bairros inteiros sendo queimados por
medo de uma contaminação ainda maior, ruas repletas de corpos dos falecidos
além do tratamento precário prestado aos enfermos que faziam parte das classes
menos abastadas.
Em suma é possível dizer que o filme apresenta elementos históricos e
referências socioculturais que retratam muito bem a dinâmica social de uma parte
do período medieval retratando costumes, vestimentas e configurações sociais da
época. Mas é importante ter cautela ao analisar a obra, pois nem tudo o que é
retratado nela condiz com a realidade da época.

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