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Mensagem

Análise de textos

O dos Castelos

 Personificação da Europa como figura feminina cuja face é Portugal;


 Deitada, “jaz” numa atitude passiva, em espera, mas o rosto olha para o mar, o
futuro;
 Portugal é este rosto: Portugal como líder de uma nova Europa, Portugal
“esfíngico e fatal” (enigmático e marcado pelo destino), que irá conquistar o
Ocidente e trazer novo império (quinto império)

Ulisses

 Lenda da criação da cidade de Lisboa por Ulisses; “O mito é o nada que é tudo”:
apesar de fictício (apesar de ser nada), legitima e explica a realidade (é tudo);
Ulisses, “sem existir”, porque é mito, “nos bastou”, e “por não ter vindo”,
porque não é real, “nos criou”, ou seja, foi essencial para sermos hoje o povo
que somos.
 Mito de Ulisses: antecipa o destino de um Portugal voltado para a aventura
marítima, celebrada na nossa história. Ele representa o mito que, juntamente
com a história, dará vida a Portugal. Ele é o mito que fecunda a realidade,
dando sentido à vida – “A lenda se escorre a entrar na realidade/E a fecundá-la
decorre”.
 O mito está num plano superior à realidade, dada a sua intemporalidade
 Atenção às antíteses/natureza paradoxical;

D. Dinis

 Mitificação de D. Dinis pela sua capacidade visionária (plantou os pinhais que


viriam a ser úteis nos Descobrimentos, conseguia ouvir os pinhais que
“ondulam sem se poder ver”, ou seja, que ainda não existiam, conseguia ouvir
“a voz da terra ansiando pelo mar”);
 D. Dinis como construtor do futuro (“fala dos pinhais (…) / É o som presente
desse mar futuro”);
 Atenção a semelhança trigo/mar, e às referências auditivas;

D. Sebastião rei de Portugal

 A “loucura” como sintoma de desejar, ter iniciativa, sonhar ultrapassar o estado


de “cadáver adiado que procria” (simplesmente vive esperando a morte);
 Enquanto figura histórica, D. Sebastião morreu em Alcácer-Quibir (“ficou meu
ser que houve”) mas persiste enquanto lenda e exemplo de “loucura” (“não o
que há”);
 Convite a que outros busquem a grandeza para construir algo importante
(“Minha loucura, outros que me a tomem”) – lenda de D. Sebastião necessária
para impulsionar Quinto Império;

O Infante D. Henrique

 “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce” – ideia que missão portuguesa tem
origem divina, foi encomendada por Deus: justifica missão e dá-lhe força,
confiança; ideia do herói mítico, comandado por Deus;
 Objetivo é unir o mundo;
 O poema encerra num tom desencantado – “Senhor, falta cumprir-se
Portugal!” –, mas no qual se pretende a certeza de que é possível recuperar a
grandeza perdida e construir um Portugal novo, fazendo alusão ao mito do
Quinto Império.

O Mostrengo

 Mostrengo como representante dos perigos do mar, adversidades e medos; é


informe, pouco definido, pelo que representa acima de tudo o desconhecido;
 O homem do leme (aqui anónimo, representa todos os portugueses) treme
com medo do perigo, mas, apesar de fisicamente inferior ao Mostrengo,
enfrenta-o;
 Imposição progressiva do homem do leme ao mostrengo, representando a
vitória sobre obstáculos que mar oferecia;
 Atenção repetição do número três – importância para Pessoa e
especificamente na Mensagem;

Mar Português

 O mar (“sal”, “lágrimas”) é de origem portuguesa – mitificação de Portugal;


 Lamentação do “preço” dos descobrimentos e reflexão sobre a sua utilidade;
 “Tudo vale a pena/Se a alma não é pequena”: conclui-se que preço pago valeu
a pena; cumprir o sonho é ultrapassar a dor; faz-se de novo a apologia da
loucura, do sonhar demasiado alto;
 É no mar que se espelha o céu: ao conquistar o mar, os heróis portugueses
conquistam também o seu lugar entre os Deuses;

Prece

 Poema de transição da 2.ª para a 3.ª parte da obra: descrição negativa do


presente e consequente saudade do passado; poema dirige-se a “senhor”,
entidade divina e superior, no qual se deposita esperança de um futuro
redentor;
 Primeira quadra é escrita em tom de desencanto, mas poema recupera ideia de
que é possível restaurar grandeza; “O frio morto em cinzas a ocultou:/A mão do
vento pode erguê-la ainda.”: Debaixo das cinzas ainda resta alguma esperança;
Demonstração do desejo de novas conquistas;
 É necessário que a “mão do vento” erga a chama, basta apenas um golpe de
vontade e, uma vez levantado “o sopro, a aragem”, o esforço ganhará forma;
independentemente da conquista, interessa “que seja nossa” para recuperar a
identidade e glória passadas;
 Tom de apelo à ação, antevisão de novo Império;

O Quinto Império

 As primeiras três estrofes constituem uma reflexão sobre a condição humana.


Partindo de afirmações provocatórias e controversas (“Triste de quem é feliz!”),
pretende-se mostrar que a felicidade torna o Homem acomodado,
transformando-o num ser sem sonhos, que nada mais faz durante a sua
existência do que esperar a morte (“Ter por vida a sepultura”). A conclusão
deste momento reflexivo é a de que ser homem passa pelo descontentamento
que leva à realização de grandes obras.
 Nas duas ultimas estrofes, o poeta desvenda a “chave do poema”: o
desencanto do presente (“erma noite”) será ponto de partida para uma nova
era designada como “dia claro”.
 Nova era: distancia-se das glórias materiais, apresenta-se como a continuadora
das matrizes espirituais que moldaram a identidade europeia ao longo dos
séculos (Grécia, Roma, Cristandade, Europa ) mas ultrapassa-as, pois será
eterna e universal.
 Paradoxos e antíteses, ideia da loucura como necessária, descontentamento
como inerente à condição humana, carácter transcendental e espiritual do
Quinto Império;

Screvo meu livro à beira-mágoa

 Descontente face à situação do mundo, o poeta vive na ânsia do sonho e da


vinda do “Encoberto” para o despertar;
 O vocativo varia, assegurando apenas a vinda de um messias,
independentemente da sua identidade;
 Identificação do “sonho” no “senhor”;

Nevoeiro

 Metáfora do Portugal presente, na indefinição, obscuridade e incerteza; o país


vê-se perante uma crise de identidade e valores; ao contrário da nação, o
sujeito poético está inquieto, chorando a saudade do passado;
 No entanto, o nevoeiro que envolve Portugal traz em si o gérman da mudança,
indicia um outro tempo anunciado pela exclamação final – “É a Hora!” – e pela
saudação latina – “Valete fratres”. É o tempo do Quinto Império, que dará à
língua e cultura portuguesas uma dimensão eterna e universal. É chegada a
hora de preparar o futuro, despertar o reino e cumprir a missão;

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