Você está na página 1de 14

Atividade sobre História da Praxe

1. Formação (Avisar os caloiros que têm um quiz no fim)


2. Dividir os caloiros em 4 Equipas e Fazer 3 postos de Trajados: Origem da Praxe; Tomada da
Bastilha e Crise de 1962; Crise de 1969
3. Postos: Os caloiros vão ter uma dinâmica para fazer, na qual o objetivo é ganharem tempo para
ter acesso a uma folha de informação sobre o posto em que estão.
4. Quiz: Os Caloiros voltam a fazer formação, explica-se a dinâmica. Juntam-se por equipa e fazem
um semi-círculo. Excelentíssimos trajados fazem perguntas sobre os temas abordados, sendo que
depois explicam um bocadinho o contexto. Esta parte é de cariz mais sério.
5. Conclusão em Formação

Posto das Origens

Dinâmica: “Até muito tarde, a tradição praxística passava de boca em boca”

Nesta estação, para terem acesso à informação jogam ao jogo “ler lábios”. Vamos dar 1 palavra ou
expressão a um elemento da equipa e este tem de fazer com que os restantes elementos percebam o que
este está a dizer. Repetem isto de modo que todos os elementos da equipa façam o desafio 1x. (Quem
tiver a fazer o desafio não pode sair som, é literalmente mexer os lábios, ou então meter os restantes
membros a cascar)

Cada vez que funcionar, têm 20 segundos de acesso à folha com a informação sobre a Origem da Praxe.

Posto da Tomada da Bastilha e Crise de 1962

Dinâmica: “No primeiro edificio onde foi cediada, a AAC tinha pouco espaço e estava rodeada pelo Orfeon,
a Tuna e o Teatro e outros. Todas estas organizações requerem ensaios, que por si só já são um bocado
barulhentos.”

Nesta estação, duas equipas lutam pela informação. Uma delas é a Tuna e o Orfeon, que vão estar a cantar
as músicas da praxe o mais alto possível. A outra equipa são os membros da AAC, que basicamente têm
de estar vendados a passar pelo caminho de um lado ao outro da bastilha, sem tocar nos obstáculos
(podem ser capas ou pinos). Estão todos vendados menos 1 elemento que vai estar a guiar os outros no
meio do barulho. Vai 1 elemento à vez fazer o percurso.

Por cada pessoa que conseguir passar o percurso, a equipa que está a fazer o percurso ganha 20 segundos
para aceder à folha com informação sobre a Tomada da Bastilha e Crise de 1962.

Por cada pessoa que não consiga passar o percurso, a equipa que estava a cantar e gritar ganha 20
segundos para aceder à folha com informação sobre a Tomada da Bastilha e Crise de 1962.
Posto das Crise de 1969

Dinâmica: “A crise começou quando a palavra não foi dada aos estudantes.”

Nesta estação, para terem acesso à informação os caloiros vão fazer o desafio das palavras proibidas.
Vamos dar 1 palavra ou expressão a um elemento da equipa e este tem de fazer com que os restantes
elementos adivinhem qual é sem dizer as palavras proibidas indicadas. Repetem isto de modo que todos
os elementos da equipa façam o desafio 1x.

Por cada caloiro que consiga fazer com que os seus colegas adivinhem, têm 20 segundos de acesso à folha
com informação sobre a Crise de 1969.

Perguntas:

1. Em que século começou a ser utilizado o termo “Praxe”?

O termo Praxe começara a ser usado a partir da segunda metade do século XIX, concretamente, algumas
fontes citam o ano de 1863 como a data da primeira referência conhecida ao termo “praxe”, e que era na
época identificado com o adjetivo “selvagem”, ou seja, um termo que invoca a natureza cruel e violenta
então atribuída a esses atos.

2. O que é uma trupe?

As Trupes são grupos de estudantes (pelo menos três) subordinados a um chefe, formalmente destinadas
a zelar pela observância da praxe, executar um Julgamento (a um caloiro) ou cumprir uma diretiva do
Conselho de Veteranos. Em épocas recuadas, as trupes eram o principal fator de controlo e de exercício
de violência sobre os novatos.

3. Em que ano surgiu o primeiro código de Praxe?

A primeira grande codificação foi em 1957 e antes disso, as praxes e os costumes estudantis transmitiam-
se oralmente, radicando a sua coerência no mito e na antiguidade.

4. Qual foi o Rei que criou a Charta Magna Privilegiorum (Magna Charta)?

D. Dinis na sua “Charta Magna Privilegiorum” estabeleceu um conjunto de medidas destinadas a


disciplinar, mas também a proteger os estudantes.

5. Quem estava sediado no primeiro andar da Bastilha?

Pelos idos de 1920, a Associação Académica encontrava-se miseravelmente instalada "n'A Bastilha", vulgo
Colégio de São Paulo Eremita na Rua Larga. Duas salas e um corredor bafiento e esburacado que não
serviam para as necessidades dos Estudantes. Esta situação contrastava com o piso superior, 𝘖 C𝘭𝘶𝑏𝘦 𝑑𝘰𝘴
𝐿𝘦𝘯𝘵𝘦𝘴 onde estavam instalados confortavelmente em sofás, e outras mordomias da altura, os mestres
da Universidade.
6. Para que data estava planeada a Tomada da Bastilha, e qual a data em que realmente se
realizou?

O Comité reuniu-se em segredo na Torre do Anto e agendou para o dia 1 de Dezembro o assalto, para
coincidir simbolicamente com o grandioso feito nesse mesmo dia em 1640. Porém, chegou ao Comité que
a Reitoria sabia dos seus planos e pretendia frustrar a tentativa com força policial e prisão Académica.
Uma reunião de emergência deliberou a antecipação do assalto para a madrugada do dia 25 𝑑𝘦
𝘕𝘰𝘷𝘦𝘮𝑏𝘳𝘰, onde efetivamente este se realizou.

7. Qual é o Dia do Estudante?

A crise académica de 1962 marca a viragem decisiva na politização da juventude estudantil e o seu
consequente aparecimento na cena política, juventude esta que, nos anos seguintes, viria a ser um dos
setores mais ativos da resistência ao Estado Novo.
Por essa luta, foi fixado em 1987 o Dia do Estudante no dia 24 de Março.

8. Quanto tempo durou a Crise de 1962?

Num país onde era proibido o direito de associação, de greve e de manifestação, os estudantes de 1962
criaram uma onda de revolta que durou quatro meses, com boicote às aulas, greve de fome, detenções e
que culminou na expulsão de vários alunos da universidade de Lisboa e Coimbra.

9. Quem é Alberto Martins?

A 17 de Abril de 1969, Alberto Martins, então presidente da Direcção-Geral da Associação Académica de


Coimbra (DG/AAC), levantou-se para pedir a palavra em nome dos estudantes na cerimónia de
inauguração do Departamento de Matemática.

10. Qual foi a percentagem de boicote aos exames na Crise de 69?

Em finais de Julho, a percentagem de exames boicotados era de 86,8%. Como facilmente se conclui, a
grande maioria adere à difícil estratégia da greve aos exames.

11. Para onde eram enviados os ativistas estudantis que foram presos?

Já no início do ano lectivo seguinte, quarenta e nove destacados activistas estudantis são incorporados
nas fileiras do exército, rumo à Guerra Colonial. No momento da despedida, na Estação de Coimbra-B,
gritam-se palavras de ordem contra a guerra.
Perguntas sobre a Praxe na Nova

12. Em que ano foi fundada a comissão de Praxe e por quem?

A Nova Summa Troika Facultatis foi fundada a 11 de setembro de 2011, por Duarte Azevedo e Miguel
Vale. Apesar de a terem fundado nunca fizeram parte da mesma, pois pertenciam à Tuna e a SU, criando
assim as suas bases e garantindo a independência da comissão das restantes organizações académicas.

13. Inicialmente quantas atividades eram realizadas?

Inicialmente apenas se realizavam 3 atividades (durante a primeira semana), ao que imediatamente a


seguir se juntava o batismo e no segundo semestre o traçar.
14. Em que ano se deu a primeira grande alteração ao código, por quem e ao que levou?

No ano letivo 2015/2016 deu se a primeira grande alteração ao código, levada a acabo por Tiago “Furtado”
Oliveira e Pedro “Saramago” Santos juntamente com a Troika. Graças ao Exmo. Dux Sardinha, Dux do ano
letivo em causa, foi possível aumentar substancialmente o número de atividades realizadas de forma
estável ao longo do ano.

15. Em que ano o/a Exmo. Dux foi uma mulher? Como se chamava a Exma Dux em questão?

Em 2017/2018 Sara Rocha é eleita como Dux, tornando-se assim a primeira mulher Dux da nossa
academia.

EM BAIXO VÃO ENCONTRAR A FOLHA QUE SERÁ DADA AOS CALOIROS CONSOANTE O TEMPO QUE
GANHAM NOS DESAFIOS.
Origens da Praxe

Pouco depois da fundação da Universidade (em 1290), a mesma seria instalada pela primeira vez em
Coimbra em 1307, o rei D. Dinis mandou publicar, no ano seguinte, um decreto instituindo horas de estudo
e de recolher obrigatório para os estudantes, estabelecendo que os infratores fossem vigiados e
sancionados pelos estudantes mais velhos (de acordo com a sua própria hierarquia, baseada
exclusivamente na antiguidade de cada membro). É claro que, subjacente a estes regulamentos iniciais
estava o estatuto exclusivista de que era depositária a estrita elite que, nesta primeira fase, beneficiava do
protetorado da monarquia, visível logo na viragem dos séculos XII-XIII, quando a Universidade se sediou
pela primeira vez em Coimbra. É nessa altura (1309) que D. Dinis na sua “Charta Magna Privilegiorum”
(versão atualizada da Carta fundadora da Universidade, de 1290) estabeleceu um conjunto de medidas
destinadas a disciplinar, mas também a proteger os estudantes.

Poucos anos depois, em 1312, D. Dinis ordena punições aos estudantes que permanecessem na rua após
o terceiro toque do sino da Sé, enquanto a polícia académica assegurava a vigilância e lhe eram dadas
ordens para prender os estudantes e que fossem sujeitos a “penas pesadas” aqueles que infringissem tal
regra.

Parece claro que as disposições iniciais da “Magna Carta” do Fundador já promoviam, na prática, uma
situação privilegiada para os universitários, o que viria a confirmar-se com a formalização de um sistema
jurídico-judiciário exclusivo da Universidade de Coimbra. O Foro Académico (também designado Juízo da
Conservatória da Universidade de Coimbra), criado por D. João I em 1408, garantia aos membros do corpo
universitário um estatuto de exceção, permanecendo resguardados das exigências da justiça civil. A ele se
liga a generalização do uso do traje académico – que se tornaria obrigatório durante longos períodos –
destinado a distinguir o corpo universitário da restante sociedade civil.

Com a extinção do Foro Académico, abolido em 1834, foi criada em 1836 a Polícia Académica, na sequência
de pressões corporativas que exigiam a preservação da autonomia universitária, a que D. Maria II acedeu.
A conduta desta polícia junto da comunidade estudantil e da população de Coimbra seria no entanto objeto
de controvérsia e contestação culminando, já no período da I República, com a sua extinção. Fontes
consultadas referem que em 1854, o patrulhamento da cidade era organizado em 3 rondas, tendo os
archeiros ordem para obrigarem os estudantes a recolherem a casa após o toque vespertino da ‘Cabra’.
Cada turno era assegurado por 6 soldados e um a dois archeiros”

De acordo com a mesma fonte, a partir de 1883, ocorreu uma redução de competências e privilégios da
Polícia Académica, devido à pressão de sentido inverso que a sociedade vinha exercendo contra a situação
vigente, visto que “existia uma cada vez menor tolerância aos desacatos estudantis, pois que ainda muitos
dos mesmos eram resolvidos internamente (à luz do regulamento disciplinar da Universidade),
considerando-se, por exemplo, que muitas infrações mereciam penas mais duras do que o encarceramento
na prisão académica (que, na verdade, nessa altura, era algo já pouco duro – os presos recebiam visitas,
víveres, e até estudantinas vinham tocar à janela dos presos – e era antes visto como um feito heróico”

A referência às Trupes remonta a meados do século XIX e supõe-se que o surgimento das mesmas esteja
associado não diretamente ao fim do Foro Académico, mas à redução de funções e competências atribuídas
à Policia Académica, a partir de 1883. As Trupes são grupos de estudantes (pelo menos três) subordinados
a um chefe, formalmente destinadas a zelar pela observância da praxe, executar um Julgamento (a um
caloiro) ou cumprir uma diretiva do Conselho de Veteranos. Em épocas recuadas, as trupes eram o principal
fator de controlo e de exercício de violência sobre os novatos. No caso de ser apanhado fora de casa após
o toque vespertino da Cabra, o caloiro “tresmalhado” (apanhado na rua fora de horas) podia ser caçado
por estes grupos de estudantes mais velhos, armados de mocas, tesourões, palmatórias, pistolas. Nestes
casos poderia ser vítima de “tonsura” parcial ou completa e palmatoadas mãos ou nas unhas.

O termo Praxe começara a ser usado a partir da segunda metade do século XIX, concretamente, algumas
fontes citam o ano de 1863 como a data da primeira referência conhecida ao termo “praxe”, e que era na
época identificado com o adjetivo “selvagem”, ou seja, um termo que invoca a natureza cruel e violenta
então atribuída a esses atos.

“As referências escritas aos rituais estudantis para trás de 1850 são rarefeitas, tendo em conta os processos
dominantes de transmissão oral, passados aos mais novos através dos veteranos, de antigos estudantes
para filhos e de futricas para Caloiros, num processo onde intervinham barbeiros, alfaiates, taberneiros,
engomadeiras, criadas domésticas, funcionários da UC e proprietárias de bordéis. Aliás, até à emergência
da primeira grande codificação de 1957, as praxes e os costumes estudantis transmitiam-se oralmente,
radicando a sua coerência no mito e na antiguidade”

Há no entanto passagens reveladoras da persistente contradição que definiu ao longo dos tempos a relação
entre os estudantes e a restante população de Coimbra. Num período em que o associativismo académico
(e também nos meios artesãos e operários oitocentistas) começava a ganhar força, surgiram na cidade
diversas instituições, tais como a Academia Dramática de Coimbra (1852), que estaria na génese, ao fundir-
se com o Clube Académico (1861) da fundação da Associação Académica de Coimbra (1887). Ainda
anteriormente nascera a Sociedade de Instrução dos Operários (1851), mas como contraponto de
iniciativas beneméritas dos estudantes chegou a formar-se uma designada Liga Académica, visando
“sustentar o afastamento de todas as relações dos estudantes com os filhotes da terra, fazer a ronda
nocturna pela cidade para a proteção dos estudantes e organizar uma cooperativa de consumo em que por
conta dos associados mandassem vir de fora de Coimbra os géneros alimentícios”
TOmADA DA BAstILhA E crIsE DE 1962

Pelas 6 e 30 da madrugada do dia 25 de Novembro de 1920, rebentava um morteiro lançado da varanda


da ‘Bastilha’. Estava assim Tomada a nova sede da Associação Académica de Coimbra. Este evento,
conhecido pela Tomada da Bastilha, é hoje celebrado como uma das maiores conquistas dos Estudantes.

O Colégio de S. Paulo Eremita foi um colégio edificado com as reformas Pombalinas no Séc. XVIII. Este ficava
na Rua Larga, onde está actualmente o Departamento de Química. O seu rés-do-chão foi cedido à
Associação Académica em 1913, ficando esta refém de uma convivência litigiosa com o Clube dos Lentes
situado no 1º andar. O edifício era composto por dois pisos e umas águas-furtadas. Nos vários salões
Académicos conviviam os Estudantes, o Orfeon, a 𝐓𝐮𝐧𝐚 𝐀𝐜𝐚𝐝𝐞́𝐦𝐢𝐜𝐚, o 𝐓𝐞𝐚𝐭𝐫𝐨 𝐝𝐨𝐬 𝐄𝐬𝐭𝐮𝐝𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬
(T.E.U.C), o 𝐅𝐚𝐝𝐨, a 𝐅𝐢𝐥𝐚𝐧𝐭𝐫𝐨́𝐩𝐢𝐜𝐚 e até alguns Bichos.

No átrio de entrada ficava a Secretária do 𝑺𝒓. 𝑿𝒊𝒄𝒐, zelador permanente da Bastilha, amigo dos estudantes
e com uma certa sede constante. Havia também um cubículo para o engraxador, o Sr. Henrique que tinha
a alcunha carinhosa de '𝑂 𝐵𝑎𝑡𝑎𝑡𝑎𝑙' devido aos quistos constantes que lhe assolavam a careca. À direita do
átrio ficava o bar semi-circular de bancos altos, uma salamandra de lenha e um piano desafinado.

O rés-do-chão contava também com duas salas de bilhar e de pingue-pongue -muitas vezes assolados pela
Bicheza dos Liceus- e de um refeitório/biblioteca onde os estudantes alimentavam o corpo e a alma. Ao
subir as escadas para o primeiro andar havia um busto de gesso de Senefelder inventor da litografia, e
consequentemente, das sebentas mas na altura ninguém sabia de quem se tratava.

O primeiro andar era governado por um corredor central que dobrava muitas vezes como sala de ensaios
ou sala de reuniões à pressa. O Salão Nobre era certamente o menos nobre de todos. Um vazio de cimento
sem mobília e era lá onde decorriam as variadas assembleias da Academia e alguns ensaios do Orfeon. Para
além das paredes, em tempos vermelhas, havia só a notar três quadros onde estavam destacados o rei D.
Dinis, Luís de Camões e o Marquês de Pombal.

O segundo andar era intitulado de '𝐺𝑎𝑙𝑖𝑛ℎ𝑒𝑖𝑟𝑜'. O acesso dava-se por uma íngreme escada rangente e
dava acesso aos quartos do Sr. Xico e dos jogadores de futebol que eram subsidiados pela própria
Associação Académica. Nalguns desses quartos, o telhado era uma incógnita. Mas havia uma dependência
que não tinha acesso directo por este corredor, pelo que se tinha que recorrer a uma outra escada mais
íngreme do que a primeira e que era um verdadeiro “Adamastor” a vencer para se conseguir chegar à sala
de ensaios da Tuna. Os Tunos lá ‘trepavam’ com o credo na boca, o pé cauteloso e os instrumentos sob o
braço. Nesta sala ficava guardado meramente o contrabaixo, que devido à sua dimensão, não era levado a
superar o ‘Adamastor’, salvo se houvesse alguns Caloiros por perto...
O edifício permaneceu sede dos Estudantes até 1949, quando foi vítima do 𝑪𝒂𝒎𝒂𝒓𝒕𝒆𝒍𝒐 durante a
destruição da Alta.

Pelos idos de 1920, a Associação Académica encontrava-se miseravelmente instalada "n'A Bastilha", vulgo
𝑪𝒐𝒍𝒆́𝒈𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝑺. 𝑷𝒂𝒖𝒍𝒐 𝑬𝒓𝒆𝒎𝒊𝒕𝒂 na Rua Larga. Duas salas e um corredor bafiento e esburacado que não
serviam para as necessidades dos Estudantes. Esta situação contrastava com o piso superior, 𝘖 C𝘭𝘶𝑏𝘦 𝑑𝘰𝘴
𝐿𝘦𝘯𝘵𝘦𝘴 onde estavam instalados confortavelmente em sofás, e outras mordomias da altura, os mestres da
Universidade. Já várias tinham sido as diligências junto da Universidade por melhores condições mas da
Porta Férrea não saíam senão ecos de boas intenções.

Resolveram então, alguns estudantes mais revolucionários da época, resolver a situação pela própria mão.
O apelidado C𝘰𝘮𝘪𝘵𝘦́ C𝘦𝘯𝘵𝘳𝘢𝘭, constituido por personalidades relevantes da altura, conseguiu reunir cerca
de quarenta 𝑪𝒐𝒏𝒋𝒖𝒓𝒂𝒅𝒐𝒔 para tomarem de assalto o Clube dos Lentes e apoderarem-se dele. Numa das
reuniões, o Comité reuniu-se em segredo na Torre do Anto e agendou para o dia 1 de Dezembro o assalto,
para coincidir simbólicamente com o grandioso feito nesse mesmo dia em 1640. Porém, chegou ao Comité
que a Reitoria sabia dos seus planos e pretendia frustrar a tentativa com força policial e prisão Académica.
Uma reunião de emergência deliberou a antecipação do assalto para a madrugada do dia 25 𝑑𝘦 𝘕𝘰𝘷𝘦𝘮𝑏𝘳𝘰,
onde efectivamente este se realizou.

Os Conjurados dividiram-se em dois grupos. Um dos grupos ficaria escondido e em silêncio no rés-do-chão
dentro do Colégio, à espera da hora certa para arrombarem a porta do Clube dos Lentes e um outro grupo
assaltaria a Torre da Universidade. Nessa noite chovia imensamente o que ameaçava a coragem dos
Conjurados. Após ultrapassado a Porta de Minerva com o auxílio de uma escada o próximo desafio era
arrombar a porta medieval reforçada da Torre. No entanto, um dos presentes, tranquilo e sorridente
afirmou '𝐴 𝘛𝘰𝘳𝘳𝘦 𝘦́ 𝘤𝘰𝘯𝘯𝘰𝘴𝘤𝘰!' e manifestou do bolso uma chave ao qual abriu o portão. Sucede-se que,
na altura, a conjectura política atiçava uma solidariedade junto de todas as classes sociais para com os
estudantes. Alfredo Garoto, serralheiro da Baixa, ao ser interpelado para fazer uma cópia da chave do
portão, e apercebendo-se de que se tratava de algo sério, interrogou: "É contra os talassas? Se é, faço tudo
de graça!". (talassa=monárquicos).

À hora planeada o outro grupo, qual cavalo de Tróia, entrou de rompante no Clube e fez-se facilmente em
casa sem pouca resistência. Às 6 e 45 da manhã o rebentamento de um morteiro acordou a cidade
seguindo-se o toque a repique dos sinos da Torre assim como uma girândola de 101 tiros, lançados da
varanda do Clube dos Lentes tornado naquele momento sede da Associação Académica de Coimbra. Os
Estudantes em festa enviaram telegrama ao Presidente da República onde lhe informaram da "aquisição"
da nova sede da 𝑨𝒔𝒔𝒐𝒄𝒊𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝑨𝒄𝒂𝒅𝒆́𝒎𝒊𝒄𝒂. António José de Almeida, então o sexto Presidente da
República, desconhecendo das condições violentas desta aquisição, congratulou os Estudantes e
legitimizou a sua nova sede para gáudio popular e troça dos Estudantes. Nessa mesma noite, deu-se um
cortejo 𝘢𝘶𝘹-𝘧𝘭𝘢𝘮𝑏𝘦𝘶𝘹 da Alta até à Baixa, com direito a uma greve às aulas não autorizada.

Num ano típico, a efeméride é celebrada com um cortejo noturno com archotes que segue desde a Porta
Férrea à porta da sede da AAC. Este ano, limitado mas não esquecido, o acontecimento que se tornou
pedra basilar para as conquistas vindouras dos Estudantes completa o seu primeiro Centenário e é
celebrado com o descerramento de uma placa e mural comemorativas e do lançamento de um selo da
Associação Académica de Coimbra.

O 25 de Novembro de 1920 ficaria lembrado como mais do que um simples acto de contestação. Nos anos
seguintes, a data era celebrada com pompa e circunstância, com grandes cortejos luminosos guiados por
𝑍𝑒́𝑠-𝑃𝑒𝑟𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 que reuniam toda a cidade e em certas ocasiões, festejos que se estendiam por vários dias.
O 25 de Novembro era considerado Feriado Académico pela Praxe. A data chegou a ser reconhecida
oficialmente pelas academias de Coimbra, Porto e Lisboa como o 𝐃𝐢𝐚 𝐝𝐨 𝐄𝐬𝐭𝐮𝐝𝐚𝐧𝐭𝐞, o que
eventualmente forçou a Universidade a declará-lo como um dia efectivamente sem aulas.

Nas celebrações da Tomada em 1949, em plena destruição da alta, o Presidente da Direcção da Associação
pede ao Engenheiro de Obras para que a Bastilha não fosse demolida antes das comemorações do 25 de
Novembro, realizando uma serenata de despedida ao velho edifício.

A '𝑞𝑢𝑎𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑛𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑎 𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑡𝑟𝑜', com a Associação já albergada no Palácio dos Grilos, dá-se
a 𝑺𝒆𝒈𝒖𝒏𝒅𝒂 𝑻𝒐𝒎𝒂𝒅𝒂 𝒅𝒂 𝑩𝒂𝒔𝒕𝒊𝒍𝒉𝒂 que conquistou a construção do edifício actual da Associação
Académica.

No entanto, durante a ditadura, os festejos eram olhados com desconfiança. A partir dos anos 60 as festas
Académicas começaram a adoptar uma forte componente politizada e assumiram uma vertente mais
solene. Os estudantes passaram a participar no cortejo embuçados, para não serem reconhecidos pela
PIDE, e as Repúblicas de Coimbra saiam com os seus símbolos e Caloiros vestidos com um lençol na cabeça.

Na Tomada da Bastilha de 1961 o 𝐷𝑢𝑥 𝑉𝑒𝑡𝑒𝑟𝑎𝑛𝑜𝑟𝑢𝑚 𝑱𝒐𝒂𝒒𝒖𝒊𝒎 𝑪𝒂𝒏𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 𝑮𝒂𝒓𝒄𝒊𝒂 e mais 15 membros
do Conselho de Veteranos publicaram um 𝑑𝑒𝑐𝑟𝑒𝑡𝑢𝑠 contestatário que é considerado político pela PIDE e
que levou à prisão de todos os signatários, despoletando uma sucessão de eventos que culminou com a
𝐂𝐫𝐢𝐬𝐞 𝐀𝐜𝐚𝐝𝐞́𝐦𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐞 𝟏𝟗𝟔𝟐.

Mais tarde, em 1968, o 𝐷𝑢𝑥 𝑉𝑒𝑡𝑒𝑟𝑎𝑛𝑜𝑟𝑢𝑚 𝐌𝐚𝐧𝐮𝐞𝐥 𝐂𝐚𝐫𝐯𝐚𝐥𝐡𝐨 𝐝𝐨𝐬 𝐒𝐚𝐧𝐭𝐨𝐬 presente na Comissão
Nacional de Estudantes Portugueses, organiza com o Conselho de Repúblicas aquela que é tida como a
maior e mais simbólica celebração da Tomada da Bastilha. Com o apoio de todas as secções da casa, da
massa estudantil, e beneficiando do clima político da altura, organizam-se celebrações de 3 dias contando
com a participação das Academias de Lisboa e do Porto culminando num cortejo com cerca de 2,500
participantes e várias cenas de pugilato pelo meio.
A 'Bastilha' era assim chamada precisamente devido ao paralelismo simbólico que era feito entre o Clube
dos Lentes e a Revolução Francesa. Estes últimos representavam o poder absolutista, distante e despótico.
A conquista da Bastilha representa não só a aquisição de uma sede digna, mas sim a coragem inabalável
dos Estudantes em lutarem pela causa mais nobre de todas. A da 𝐀𝐬𝐬𝐨𝐜𝐢𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐀𝐜𝐚𝐝𝐞́𝐦𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐞 𝐂𝐨𝐢𝐦𝐛𝐫𝐚.

Crise de 62
Num país onde era proibido o direito de associação, de greve e de manifestação, os estudantes de 1962
criaram uma onda de revolta que durou quatro meses, com boicote às aulas, greve de fome, detenções e
que culminou na expulsão de vários alunos das universidade de Lisboa e Coimbra. Desautorizado, Marcelo
Caetano apresentou a demissão. E nesses "cem dias que abalaram o regime", nas palavras dos seus actores,
a sociedade civil, da esquerda à direita, não ficou indiferente. A crise académica de 62 pode ser considerada
uma das expressões mais notórias e massivas de resistência estudantil ao regime do Estado Novo sendo
também a primeira das grandes lutas dos estudantes que varreram a europa na década de sessenta.

A ignição da crise de 62 deu-se em Lisboa após o Governo ter proibido as comemorações do Dia do
Estudante entre 24 e 26 de março sob o pretexto de não ter respondido ao pedido das associações e
comissões pró-associativas de Lisboa não tendo deste modo autorizado as mesmas, nesse mesmo dia a
polícia de choque invade a Cidade Universitária carregando sobre centenas de estudantes espancando e
prendendo alguns, e as instalações universitárias são sitiadas, a juventude universitária reage à proibição
com a ocupação da cantina da Universidade Clássica de Lisboa e sendo declarado o luto académico em
Lisboa e em Coimbra, caracterizado mais notoriamente pela greve às aulas, com as exigências de que as
comemorações do Dia do Estudante possam ser realizadas, que seja reaberta a cantina universitária e que
sejam libertos os estudantes presos.

A 27 de Março a normalidade parece retornar, os estudantes são libertados e o ministro da educação,


Manuel Lopes de Almeida, recebe uma delegação estudantil e marca as comemorações para 7 e 8 de abril,
contudo, a 5 de abril uma nota do Ministério da Educação é publicada: “aos reitores de duas Cidades
Universitárias não foi dado conhecimento, como cumpria, de qualquer projeto de programa [do Dia do
Estudante]. Nestas circunstâncias, e uma vez que não se realizaram as condições de que o ministro da
Educação fizera depender a autorização, desde já se declara que não é autorizado o Dia do Estudante na
data em que os seus organizadores o têm anunciado”. Marcelo Caetano, na altura reitor da Universidade
Clássica de Lisboa, após ter sido abruptamente desautorizado através dos jornais e por discordar da forma
de atuar da polícia por ter violado a dignidade dos "órgãos de governo” da Universidade e a autonomia da
mesma, pede a demissão.

Após a demissão de Marcelo Caetano a Associação Académica de Coimbra, por discordarem das práticas
do seu atual reitor, Braga da Cruz, exigem a sua demissão também. Lopes de Almeida riposta a esta
exigência a poucos dias das férias da Páscoa com um discurso no Diário de Notícias que, entre várias coisas,
reforçava o poder do Estado Novo face aos estudantes: "O poder não pode ser desafiado porque o poder
não pode ser vencido (...) Não tenho dúvidas de que nunca o Governo vos poderia apoiar”, os estudantes
decidem levantar a greve a dia 30 de Abril para que as celebrações do dia do trabalhador decorram sem
percalços, esta medida é acompanhada de um comunicado sublinhando a maturidade da decisão, as razões
da mesma e, a 1 de Maio, de um apelo ao reconhecimento do protesto como sendo puramente académico.

A dia 4 de Maio, ainda com o luto suspenso, a resposta ao comunicado chega, Lopes de Almeida anuncia a
suspensão das Direções de todas as Associações de Estudantes das universidades portuguesas tendo em
especial atenção a revogação de todos os estatutos da AAC no funcionamento da Assembleia Magna. A
mando da polícia de choque, poucos dias depois, após serem cercados nas suas instalações, os estudantes
vêm-se obrigados a entregar as chaves da sede da AAC às autoridades, sendo assim privados da
comemoração da Queima das FItas.

Após este acontecimento os estudantes da Universidade de Lisboa demonstram-se solidários para com a
academia coimbrã, a 9 de maio é declarado o luto académico, greve às aulas, frequências e exames, e
ainda, no interior da cantina, é iniciada uma greve de fome por parte de 86 estudantes. A 11 de maio o
Senado mostra-se intolerante à situação e impõe um prazo à situação: uma hora, a partir daí a situação fica
entregue ao Governo com a ressalva que não haverá violência na detenção dos intervenientes após
negociações de Lindley Cintra, nessa noite entre 800 e 1200 estudantes foram detidos na que é considerada
a maior operação policial realizada pelo Estado Novo.

Os dias entre a detenção e 14 de junho são marcados pela incerteza e descontentamento, vários
estudantes são interrogados pela PIDE e levados para Caxias, um estudante, é raptado e levado num táxi
por desconhecidos, desencadeia uma luta estudantil contra a repressão policial, manifestações e
barricadas ocorrem em Lisboa e Coimbra marcadas pela agressão de Lindley Cintra à bastonada, e os
estudantes vêm se obrigados a ceder à pressão governamental, um plenário é marcado no Instituto
Superior Técnico e a greve aos exames é cancelada.

O fim de junho é marcado pela expulsão de 21 dos estudantes, integrantes da greve de fome em Lisboa,
de todas as faculdades de Lisboa e, em Coimbra, 34 estudantes são expulsos, durante um período de dois
anos e meio, de todas as universidades de Portugal, é libertado também o estudante raptado e, já em
outubro, Salazar despede Lopes de Almeida, é emitido também um comunicado: “os acontecimentos que
durante o ano findo perturbaram a vida nas Academias de Coimbra e de Lisboa fizeram sentir vivamente a
necessidade de se definirem normas legais para regular a instituição e atividade das organizações circum-
escolares”.

Finda o ano letivo 1961/1962, os estudantes derrotados, o Governo vitorioso, contudo a amplitude dos
acontecimentos transcende Lisboa, Coimbra e Portugal, acordando uma geração inteira para a atividade
política; A crise académica de 1962 marca a viragem decisiva na politização da juventude estudantil e o seu
consequente aparecimento na cena política, juventude esta que, nos anos seguintes, viria a ser um dos
setores mais ativos da resistência ao Estado Novo.

Por essa luta, foi fixado em 1987 o Dia do Estudante no dia 24 de Março.
crIsE DE 1969

O episódio é conhecido: a 17 de Abril de 1969, Alberto Martins, então presidente da Direcção-Geral da


Associação Académica de Coimbra (DG/AAC ), levantou-se para pedir a palavra em nome dos estudantes
na cerimónia de inauguração do Departamento de Matemática. Na mesa, Américo Tomás dá a palavra,
balbuciante, ao ministro das Obras Públicas, e encerra depois a sessão de maneira abrupta. À saída, a
comitiva é vaiada pela multidão de estudantes que decide fazer a sua própria inauguração após a retirada
das autoridades. Havia começado a “crise”.

Nessa mesma noite, Alberto Martins é preso. No dia seguinte, após a sua libertação, realiza-se uma
Assembleia Magna na qual se exige a participação dos estudantes no Senado Universitário. A 22 de Abril,
quando a situação parecia tender para a normalidade, alguns dos principais dirigentes são informados da
sua suspensão da Universidade. Logo nesse dia, uma Assembleia Magna decreta luto académico,
exortando-se os estudantes a transformar as aulas em debates sobre a actual situação. No dia 30 de Abril,
o ministro da Educação Nacional, José Hermano Saraiva, vai à televisão apontar o dedo à “onda de anarquia
que tornou impossível o funcionamento das aulas”, dando estranhamente a conhecer a agitação que os
jornais, a rádio e a televisão estavam impossibilitados de mostrar.

A 6 de Maio a Universidade de Coimbra é encerrada por decisão ministerial, sendo mantido o calendário
de exames. No dia seguinte, a Queima das Fitas é anulada. A DG/AAC publica então a “Carta à Nação”,
numa estratégia de abertura do movimento ao exterior. Aí se afirma que “a nossa luta só poderá fazer
tréguas quando tivermos atingido uma Universidade Nova num Portugal Novo”.

Nos círculos de discussão e convívio que então substituem as aulas, a greve aos exames é equacionada. A
nova opção táctica é problemática, pois a sua viabilidade dependeria de uma vasta adesão. Caso falhasse,
a proposta teria efeitos desgastantes, desde logo a título pessoal: a reprovação dos faltosos e um possível
passaporte antecipado para África. A 28 de Maio, uma concorrida Assembleia Magna ratifica por ampla
maioria a proposta de “abstenção aos exames”. Com a zona da universidade militarmente ocupada, os
estudantes organizam um esquema de piquetes de greve e accionam uma série de iniciativas em sintonia
com o “espírito do tempo”: soltam balões na Baixa coimbrã, distribuem flores à população, difundem
cartoons humorísticos, armadilham com tachas as zonas por onde os carros da polícia circulavam.

A 22 de Junho, na Final da Taça de Portugal, numerosos estudantes deslocam-se a Lisboa para assistir à
partida que oporia Académica e Benfica. De Coimbra levam cartazes e comunicados que distribuem à
população da capital, por entre palavras de ordem entoadas em coro. No final, a equipa da Luz venceria
por 2-1 com um golo marcado por Eusébio já no prolongamento. O encontro não é televisionado e, pela
primeira vez, o presidente Américo Tomás não está presente para entregar a Taça.
Em finais de Julho, a percentagem de exames boicotados era de 86,8%. Como facilmente se conclui, a
grande maioria adere à difícil estratégia da greve aos exames. Aqueles que rompiam – muitos por pressão
familiar – viam o seu nome inscrito em listas públicas de “traidores” e eram alvo das mais variadas formas
de ostracismo. Entretanto, a polícia vai efectuando dezenas de prisões que se prolongariam pelos meses
de Verão.

Já no início do ano lectivo seguinte, quarenta e nove destacados activistas estudantis são incorporados nas
fileiras do exército, rumo à Guerra Colonial. No momento da despedida, na Estação de Coimbra-B, gritam-
se palavras de ordem contra a guerra. O tema havia estado ausente do catálogo explícito das reivindicações,
mas a partir daí segue-se um caminho que em Lisboa já se havia começado a trilhar: contestar a guerra e
contestar o regime tornar-se-iam faces da mesma moeda.

Você também pode gostar