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“Os Lusíadas” e “Mensagem” – Intertextualidade

“Os Lusíadas” “Mensagem”


O HERÓI HERÓI ÉPICO HERÓI MÍTICO
Fundo O “peito ilustre lusitano”, anunciado na Proposição, Os heróis, embora representados
histórico concretiza-se, no plano da Viagem, na figura de Vasco maioritariamente por figuras históricas,
da Gama e, no plano da História de Portugal, nos reis funcionam como símbolos, como mitos que
e heróis construtores do reino e do império. É um configuram a essência de Portugal.
herói épico, coletivo, representativo dos
Portugueses (os Lusíadas)
Objetivo O herói épico realiza um trajeto de valor e heroísmo, O herói mítico é movido pelo sonho, pela
ultrapassa o medo, supera-se a si mesmo e loucura, pela “febre de Além”, procura
imortaliza-se, através da realização do seu objetivo: a utópica do impossível, do infinito, do Longe,
edificação do reino e do império, na luta contra os da Distância, do Absoluto.
infiéis. Ultrapassando todos os obstáculos, os
navegadores ultrapassaram-se a si mesmos,
ultrapassaram a sua condição de “bichos da terra tão
pequenos”, concretizando o lema renascentista da
crença nas capacidades do Homem.
Ação A ação central – viagem de Vasco da Gama – é o A ação converte-se em sonho, em
ponto de partida e de chegada na construção do contemplação, na procura de “uma Índia que
Império. É uma ação de coragem, heroísmo e não há”, da “Distância / do mar ou outra,
grandeza, típica da epopeia. A viagem empreendida é mas que seja nossa”.
a do caminho marítimo para a Índia, mas representa
muito mais do que uma viagem geográfica. É a
viagem do confronto com os limites, do
desvendamento dos segredos escondidos, a viagem
do conhecimento.
Obstáculos O Velho do Restelo anuncia os perigos e as mortes Nos poemas “O Mostrengo” e “Mar
enfrentados que os Portugueses enfrentarão e que o Adamastor Português” (2.ª parte) estão representados
simbolizará. os obstáculos às realizações do passado – os
Como em qualquer epopeia, o herói tem de vencer o perigos, “as lágrimas de Portugal”.
medo e pagar com a dor a perseguição do seu Mas na utopia proposta no presente, o
objetivo. grande obstáculo é a ausência do sonho, que
tem de ser vencida, para que do “Nevoeiro”
presente surja o “dia claro”, o futuro.
IMPÉRIO O Império Português é historicamente referenciável, O poeta propõe a construção de um império
(construção) pois foi edificado a partir dos Descobrimentos, é futuro – o Quinto Império – que é espiritual
terreno, territorial, material. e cuja edificação cabe a Portugal, o rosto da
Europa.
D. D. Sebastião é o Rei real a quem o poeta se dirige. D. Sebastião é o mito, o Desejado, o
SEBASTIÃO - Na Dedicatória, o poeta oferece o poema ao rei D. Encoberto. O Sebastianismo é uma das linhas
Sebastião, afirmando desde logo a esperança de que de sentido mais importantes de
ele prossiga a obra dos antepassados. “Mensagem”, que apresenta um caráter
- No final do Canto X, é a D. Sebastião que o poeta profético, visionário, messiânico, sendo D.
apela, para prosseguir os feitos dos heróis do Sebastião o mais importante mito e símbolo
passado. desta obra.

VOZ DO Do desencanto do presente ao apelo ao futuro Do desencanto do presente ao apelo ao


POETA No final dos cantos, o poeta faz ouvir a sua voz de futuro
crítica aos contemporâneos que estão mergulhados O poeta, investido da sua missão visionária,
no ócio, na ambição e na cobiça e são responsáveis exprime, ao longo da obra, uma reflexão
pela “apagada e vil tristeza” em que Portugal está pessoal, interiorizada, lírica, sobre a pátria
imerso. Por isso, no final do Canto X, desalentado, que, no presente, está mergulhada na noite,
apela ao rei e dele espera o ressurgimento da luta e a pátria que é “nevoeiro” e cuja identidade
da glória. perdida só pode ser recuperada através do
sonho utópico do Quinto Império e do
exemplo da loucura do Encoberto.

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