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“Os Lusíadas” e a “Mensagem”

Ambas as obras estabelecem um laço entre o geográfico e o histórico, ou seja,


divergem na maneira de tratar o mesmo tema, a História de Portugal e os portugueses. “Os
Lusíadas” em forma épica e a “Mensagem” em forma épica e mítica.

Camões escreveu os “Lusíadas” esta que é considerada a epopeia portuguesa por


excelência, sob a forma de uma narrativa épica, com um estilo elevado, contando uma ação
heroica passada, celebrando vários acontecimentos marcantes e históricos dos portugueses.
Sendo assim, um herói épico, coletivo e de “carne e osso” representativo do povo português.

A “Mensagem” é um texto místico pois depende das leis divinas e da


sobrenaturalidade, sendo herói escolhido por Deus, um eleito, a quem foi conferida uma
missão que deve ser cumprida: “DEUS QUER, o homem sonha, a obra nasce.” O poema
pessoano manifesta-se através de um discurso épico-lírico, por um lado, através da
importância atribuída a acontecimentos marcantes da História, e numa outra vertente
existindo a expressão de emoções, sentimentos e subjetividade.

Pessoa, em “Mensagem” narrou o fim do império territorial e procurou incentivar o


aparecimento de um império de língua, de cultura e de valores. O objetivo do poeta é
recuperar o sonho e a loucura, através de um Império Espiritual – O Quinto Império.

D. Sebastião emerge como figura central em ambas as obras. Em “Os Lusíadas”,


D. Sebastião é o rei real a quem o poeta se dirige e apela ao heroísmo do passado. Na
“Mensagem”, Pessoa considera o Rei D. Sebastião como um símbolo de esperança e fé para
Portugal voltar ao seu auge.

Em ambas as obras, os poetas apresentam o seu desencanto face ao presente e


apelam ao futuro. Em “Os Lusíadas” deseja-se o ressurgimento da luta e glória. Na
“Mensagem” há o sonho utópico do Quinto Império.

Loucura/Sonho, D. Sebastião e O Quinto Império

O “sonho” referido no poema “O Quinto Império” é aquele que poeta deseja que
todos os portugueses tivessem, esta ambição de recuperar o sonho e a loucura, procurando o
infinito através deste tal Imperio Espiritual.

Este sonho remete para a “loucura” explorada no poema “D. Sebastião, Rei de
Portugal”, que de acordo com Pessoa, esta figura inspiradora do Rei, com o seu carácter
visionário e profético, foi a principal mola impulsionadora a par do sonho e da poesia, na
construção de um novo Portugal, aquele que encabeçará o Quinto Império.

Visto que, é essa “loucura” que possibilita aos homens a realização dos sonhos. Sem
ela, temos a quietude e a tranquilidade do lar, a ausência de riscos, mas não alcançaremos a
glória.

Em suma, para atingir um império de grandeza espiritual, é essencial que se tenha


loucura e sonho. Pois sem esta ambição o homem é só “cadáver adiado que procria”, que
espera apenas pelo o seu destino inevitável – a morte. D. Sebastião é assim, um exemplo para
os portugueses do século XX, um verdadeiro mito.

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