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Jul. 2020
julho 2020 03
Sumário
06 Notícias 30 Obra
Breves “Solar da Música Nova” – Conservatório de Música
de Loulé
08 Segurança
Covid-19: Recomendações para a indústria 34 Made With Betão
do betão pronto Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa
24 Técnica 50 Internacional
Avaliação da classe de resistência à compressão Betonhuis Betonmortel: O betão pronto na Holanda
do betão – 1ª Parte
Associados da APEB: ABB, ABTF Betão, Alves Ribeiro, Betão Liz, Betopar, Brivel, Concretope, Ibera, Lenobetão,
Mota-Engil – Engenharia e Construção, Pragosa Betão, Sonangil Betão, Tconcrete, Tecnovia, Unibetão e Valgroubetão.
Membros Aderentes da APEB: BASF, Chryso Portugal, Gebomsa, Lusomapei, MC-Bauchemie e Sika Portugal.
Propriedade APEB – Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto – Av. Conselheiro Barjona de Freitas, 10-A, 1500-204 Lisboa
T. 217 741 925/932 • E-mail: geral@apeb.pt • www.apeb.pt
Diretor João Pragosa | Coordenação Editorial Jorge Reis | Publicidade Ana Diniz geral@apeb.pt
Design e Paginação Companhia das Cores – Design e Comunicação Empresarial, Lda. – Rua Sampaio e Pina, n.º 58, 2.º Dto., 1070-250 Lisboa
T. 213 825 610 • E-mail: marketing@companhiadascores.pt • www.companhiadascores.pt
Os artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores.
julho 2020 05
Notícias
Liebherr
lança primeiro camião-betoneira 100% elétrico
O primeiro veículo vai entrar ao pela Liebherr em conjunto com a ZF. lómetros, o que é suficiente para um
serviço na Suíça no outono de Ambos os motores são alimentados a dia de trabalho normal.
2020. partir de um único pack de baterias. Os camiões-betoneira 100% elétri-
A Liebherr lançou dois modelos de Os camiões-betoneira 100% elétricos cos permitem às empresas poupan-
camiões-betoneira completamente têm todo o sentido, uma vez que as ças elevadas em combustíveis fós-
elétricos: ETM 1005 e ETM 1205 com distâncias a percorrer são muito cur- seis. Além disso, estes veículos são
capacidades de transporte de 10 e tas. Depois de descarregar o betão mais silenciosos e não têm emissões
12 metros cúbicos de betão. em obra, os camiões-betoneira re- poluentes. Os custos de manuten-
Os novos veículos foram desenvolvi- gressam à central onde podem ser ção também serão menores do que
dos em conjunto com a Designwerk rapidamente recarregados. Contudo, nos camiões-betoneira movidos a
com base no chassis da Futuricum. o pack de baterias de 340kWh per- gasóleo.
O motor do balão foi desenvolvido mite autonomias entre 190 e 380 qui-
© Mota-Engil
O fim das cinzas volantes
Sessão técnica online
No dia 8 de junho de 2020, a APEB
organizou em conjunto com o Colé-
gio de Engenharia Civil da Ordem
dos Engenheiros – Região Norte
mais uma sessão de esclareci-
mento sobre o fim das cinzas volan-
tes. Desta vez, a sessão foi realizada do Governo para atingir os compro- fundou os problemas relativas à dura-
via internet devido às circunstâncias missos do acordo de Paris de 2015 bilidade. Arlindo Gonçalves referiu as
decorrentes da Pandemia COVID-19 de redução das emissões dos gases características pozolânicas que fazem
e contou com 200 participantes. com efeitos de estufa. A aposta do das cinzas volantes uma adição que
Bento Aires, Coordenador do Colé- Governo vai para as energias reno- tem um contributo importante para C
gio de Engenharia Civil – Região váveis e acabar com a produção de melhorar a durabilidade de certas
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Norte, abriu e moderou a sessão. Na energia através de combustíveis fós- estruturas, nomeadamente as que
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sua intervenção referiu que “este é seis, a começar pelo carvão. “Isto traz estão sujeitas ao ataque por clore-
um tema que tem passado ao lado da uma consequência: fechando as cen- tos e/ou ao ataque químico. Acres- CM
opinião pública e dos fóruns de refle- trais termoelétricas, deixa de haver centou que a falta de cinzas volantes MY
xão, mas que tem especial impacto cinzas volantes para o betão. Neste vai afetar igualmente “as estrutu- CY
na área da Engenharia Civil”. momento, em Portugal, não há alter- ras com agregados reativos graníti- CMY
João Duarte, Diretor de Operações nativa às cinzas volantes. O grande cos, nomeadamente as barragens,
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da APEB, apresentou na sua inter- impacto que identificamos é nas situação que é frequente no Norte
venção os impactos decorrentes do construções, porque o aumento no do país”. A terminar, Arlindo Gon-
fim das cinzas volantes. Lembrou que custo de fabrico do betão, vai ter um çalves apontou algumas soluções em
“o governo quer acabar com a pro- impacto direto no custo das constru- estudo para ultrapassar a falta de cin-
dução da energia elétrica até 2023 ções”, acrescentou João Duarte. zas volantes, como é o caso das argi-
a partir do carvão”. Esta meta anun- Arlindo Gonçalves, Diretor de Depar- las calcinadas.
ciada em 2019 é uma das medidas tamento de Materiais do LNEC, apro-
06
APEB
renova página na internet
e cria Fórum
A Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto
– APEB renovou a sua página na internet (www.apeb.
pt). A nova página tem um design mais apelativo e com
mais informação. É possível aceder aos vídeos, às noti-
cias relevantes para o setor e ainda informações sobre a
associação, os serviços que presta, às suas publicações
e às centrais de betão dos seus associados.
A renovação da página incluiu a criação de um fórum
de discussão sobre temáticas relevantes para o setor. O
objetivo é apoiar toda a comunidade técnica relacionada
com o betão, como os projetistas de estruturas, os pro-
dutores do betão e os construtores.
O fórum APEB arrancou com os seguintes artigos: O fórum APEB pode ser utilizado para deixar comentá-
• Especificação do betão; rios ou questões relacionadas com os temas dos vários
• Fim das cinzas volantes; artigos. A APEB compromete-se a dar resposta a todas
• Transporte e bombagem do betão. as questões colocadas.
Mota-Engil,
Engenharia e Construção
engenharia.mota-engil.pt
julho 2020 07
Segurança
Pandemia Covid-19
Recomendações para a indústria
do betão pronto
A pandemia de COVID-19 vai com certeza constituir mais um capítulo da nossa
história. Está a ter um impacto na saúde daqueles que nos são queridos, nas nos-
sas empresas, na saúde da economia global e na forma como vivemos o dia a dia.
O Coronavírus pode causar complicações de saúde sérias, mesmo fatais, especial-
mente em pessoas de idade avançada, com diabetes ou com doenças respirató-
rias. É altamente contagioso, seja por contacto próximo com uma pessoa infetada,
seja por contacto com objetos ou superfícies contaminadas.
PANDEMIA COVID-19
É importante que as empresas de betão pronto ajustem estas recomendações às suas práticas
e informem os seus clientes sobre a situação, tanto para a sua própria proteção como para a
proteção dos nossos colaboradores.
www.apeb.pt
A APEB preparou este documento para contribuir para a proteção dos trabalhadores da indústria do betão face à pandemia COVID-19, com base nas
recomendações das autoridades de saúde. Contudo, sendo um documento de orientação, a APEB não assume qualquer responsabilidade pelos seus efeitos.
8
Para apoiar as empresas no combate e na minimização dos impactos da COVID-19,
a APEB desenvolveu dois documentos-guia com as recomendações: um para pes-
soas que trabalham nas empresas (escritórios, centrais, etc.) e outro para os moto-
ristas. Os guias foram preparados tendo em consideração as orientações emana-
das pela DGS.
Atualmente, a COVID-19 continua ativa e pode vir a afetar cada um de nós. Qual-
quer pessoa que seja infetada pelo Coronavírus terá de ficar isolada em quaren-
tena. Isso tem um impacto significativo nas nossas empresas e na economia global.
Por isso, as empresas de betão pronto devem manter em vigor as medidas de pre-
venção da propagação enquanto não houver uma vacina ou um tratamento eficaz
contra este Coronavírus. É importante manter os colaboradores bem informados e
fornecer-lhes equipamento de proteção individual (máscara, viseira e desinfetante).
PANDEMIA COVID-19
NO INTERIOR DO VEÍCULO:
1. MANTER A CABINE LIMPA E HIGIENIZADA
Limpe e desinfete o volante, o manípulo das mudanças, o travão-
de-mão, os botões, os assentos e qualquer outro elemento que
costume tocar.
Esta recomendação é ainda mais importante em caso de turnos.
2. RENOVAR O AR
Ventile a cabine depois de
a limpar (10 minutos). 4. GEL DESINFETANTE
Tenha desinfetante para
as mãos no veículo
2. Utilize luvas para proteger as suas mãos e manusear as guias de remessa ou outra
documentação com os clientes, assim como qualquer instrumento ou ferramenta
que outra pessoa possa ter tocado. Lembre-se de não tocar a face enquanto usa
luvas e de lavar as mãos assim que tiver terminado.
3. Evite ajuntamentos em geral e respeite a distância mínima nas salas de espera, salas
de refeição e locais de trabalho. Utilize assentos não adjacentes com outros já
ocupados.
6. Não permitir que o cliente ou qualquer outra pessoa toque em qualquer parte do
veículo, incluindo mangueiras ou caleiras.
A APEB preparou este documento para contribuir para a proteção dos trabalhadores da indústria do betão face à pandemia COVID-19, com base nas
recomendações das autoridades de saúde. Contudo, sendo um documento de orientação, a APEB não assume qualquer responsabilidade pelos seus efeitos.
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Vida Associativa
Estatística Setorial
Como vai o setor do betão pronto
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Produção (milhões de metros cúbicos)
12
10
0
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
Porém, a pandemia COVID-19 pode vir a contrariar esta já foi noticiada pela AICCOPN que houve uma redução
tendência de recuperação, apesar de as informações no número de licenciamentos de edifícios no primeiro
que nos chegam das empresas de betão pronto indica- trimestre de 2020, vamos ter de esperar para ver como
rem que o setor tem estado a manter o ritmo de ativi- o ano evolui.
dade com que tinha começado o ano. Contudo, como
10
Vida Associativa
ABB, S.A.
Grupo Alexandre Barbosa Borges, S.A.
O Grupo Alexandre Barbosa Borges, S.A. nasceu em Aliado à constante melhoria do equipamento, nos anos
1968 como uma empresa vocacionada para o transporte de 2008 e 2017 os equipamentos de produção da Maia
rodoviário de mercadorias, especializando-se só mais e Braga foram totalmente substituídos passando a ter
tarde na Construção Civil e Obras Públicas. A estratégia capacidades de produção de 90 e 120 m3 /hora, respe-
do Grupo Alexandre Barbosa Borges, S.A. ao longo dos tivamente.
seus mais de 50 anos de existência tem sido a da vertica- O Grupo Alexandre Barbosa Borges, S.A. possui ainda
lização do negócio sempre assente em valores familiares. um vasto leque de equipamento de transporte e bom-
A produção de Betão Pronto surge inicialmente para dar bagem, composto por mais de duas dezenas de camiões
apoio às Obras Públicas e Construção Civil do Grupo betoneiras e três equipamentos de bombagem. Já em
Alexandre Barbosa Borges, S.A.. Em 1996 foi criado o 2020 adquiriu 4 autobetoneiras novas, bem como um
seu primeiro centro de produção de Betão Pronto em novo equipamento de bombagem de 42 metros de
Braga para dar resposta às solicitações internas e, no ano alcance de bombagem.
2000, expandindo o setor, montando-se de raiz o cen- Decorrente das necessidades de mercado e com os
tro de produção de Barcelos como forma de aumentar objetivos de melhoria contínua dos seus processos, pro-
a sua capacidade produtiva e responder às solicitações dutos e serviços prestados aos clientes, o Grupo Alexan-
do mercado, alargando-se assim o fornecimento a clien- dre Barbosa Borges, S.A. iniciou em dezembro de 2001 a
tes externos. Dada a presença territorial vincada no mer- implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade
cado do Grande Porto das obras do Grupo e inúmeras segundo os requisitos da norma NP EN ISO 9001:2000.
solicitações de clientes, o Grupo Alexandre Barbosa Bor- Em 2003 obteve-se a certificação para a “Conceção,
ges, S.A. decidiu montar o seu terceiro centro de Produ- Desenvolvimento e Produção de Betão Pronto e Betão
ção na Maia, em 2002. Betuminoso”, sem qualquer exclusão normativa.
12
Centro de estágios do S.C. Braga, Braga
Requalificação do canal ferroviário, Espinho
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Entrevista
“É necessário
garantir
a qualidade
do betão
e a segurança
© Pedro Bettencourt
Licenciado em Engenharia Civil, foi como gestor que Jorge Reis construiu uma sólida carreira
na indústria do cimento e do betão, em algumas das maiores empresas nacionais como
a Cimpor e a Betão Liz e que se estendeu a uma experiência internacional em empresas
como a Asment Temara, a Cimpor Yibitas, a InterCement e a Cimentos de Moçambique. No
seu regresso a Portugal, foi convidado para assumir o cargo de Diretor-Geral da APEB, onde já
tinha sido Presidente de 2007 a 2010. Em entrevista fala-nos dos grandes desafios que a APEB
encontra relativamente à atividade do betão pronto em Portugal.
Como caracteriza o atual panorama zation, é cerca de metade da média temos que em Portugal cerca de
da Indústria do betão pronto em europeia e também o valor mais metade do betão produzido não é
Portugal? baixo de todos os países que atra- feito por empresas de betão pronto.
Existe um indicador que é a “taxa vés das suas associações nacionais Ora analisando estes números facil-
de penetração do cimento no betão monitorizam e partilham esse valor mente concluímos que esta indústria
pronto” que mede a percentagem na ERMCO. tem um potencial de crescimento
do cimento consumido num país Sabendo que o cimento é usado enorme porque temos empresas
por esta indústria. Em Portugal, este basicamente para fazer betão, arga- muito bem apetrechadas de equi-
valor é de 30% e segundo as últi- massas e pré-fabricados, e que o pamentos e quadros técnicos que
mas estatísticas da ERMCO – Euro- betão representa aproximadamente cobrem integralmente todo o terri-
pean Ready Mixed Concrete Organi- 60% do total do cimento consumido, tório nacional.
14
Que causas é que contribuem para os vários players do mercado, desde Quem poderão ser os principais
que se produza quase tanto betão Associados, Universidades, Câma- agentes desta mudança e de que
em obra como de betão pronto, e ras Municipais, Ordens Profissionais, forma se podem sensibilizar para
quais as respetivas consequências? Autoridades, entre outros, em que esta atuação?
As grandes lacunas existentes na a mensagem principal é “garantir a Numa primeira fase há que atuar
legislação técnica, fiscal, laboral e qualidade do betão e a segurança junto de quem elabora as normas,
ambiental e a quase ausência de fis- das construções em Portugal é uma que é uma das atribuições da APEB,
calização e de informação, são as prática que beneficiará todos, pro- pois pertence a várias comissões téc-
principais causas. Não existe uma motores, projetistas, construtores e nicas consultivas que contribuem
legislação técnica atualizada e eficaz utilizadores finais”. com a sua visão e conhecimento téc-
que defina claramente quem pode nico para a elaboração de novas nor-
produzir, quais os requisitos neces- Os efeitos económicos consequen- mas, regulamentos e decretos lei,
sários para produzir e como pro- tes da pandemia não poderão alte- ou adaptação das mesmas quando
duzir. Falta também uma legislação rar a prioridade destes objetivos? são emanadas pela União Europeia,
ambiental que impeça a produção Pelo contrário, teremos mesmo que para serem posteriormente aprova-
de betão em obra onde não há qual- focar nestes objetivos. Se pensarmos das pelas entidades governamentais
quer controlo sobre o armazena- que a pandemia vai, segundo todos competentes.
mento e manuseamento das maté- os estudos e números, originar uma Numa segunda fase competirá à
rias primas e sobre o tratamento situação de crise económica, o setor APEB um papel importantíssimo na
dos efluentes que têm origem nessa da construção civil também vai inevi- divulgação das novas normas por
produção. E falta uma clara atribui- tavelmente ser afetado, como qual-
ção que indique quem deve fiscali- quer outro setor. Logo, não havendo
zar, como fiscalizar, o que fiscalizar possibilidade de crescimento alavan- “(...) a deficiente
e quando fiscalizar, sendo que a fis- cado pelo crescimento do mercado,
qualidade das
calização deve existir tanto ao nível a solução passa realmente pela apro-
do processo produtivo como do pro- vação de normas e leis, que reformu- construções
duto final. lem e atualizem a legislação em vigor compromete
Naturalmente que as consequên- no sentido de garantir a qualidade do
cias são a deficiente qualidade das betão e a segurança das construções
a prazo,
construções comprometendo assim, em Portugal. Fazendo este trabalho a a qualidade de
a prazo, a qualidade de vida, a situa- produção de betão pronto vai crescer, vida, a situação
ção económica e a segurança de pois há semelhança do que já se pas-
todos. Para além disso, o fabrico de sou por toda a Europa o betão feito económica
betão em obra propicia a existência em obra e sem qualquer controlo da e a segurança
de uma economia paralela, à mar- produção e da qualidade do produto
gem dos mecanismos de regula- final deixará de ter lugar.
de todos.”
ção e fiscalidade a que são sujeitos
os produtores em centrais de betão
pronto, promovendo-lhes uma con-
corrência desleal e com grave pre-
juízo para o Estado.
julho 2020 15
Entrevista
todos os stakeholders. Desde a inter- mento já está neste momento a ser tes. A APEB tem vindo a requerer a
pretação das mesmas, passando pela apreciado pelo Ministério das Infraes- atribuição de um regime especial ao
sua aplicação e posteriormente pela truturas e Habitação e estamos con- transporte de betão pronto, relati-
sua fiscalização teremos de atuar victos de que a sua publicação está vamente aos tempos de condução,
junto dos projetistas, dos produto- para breve. Além de atualizar o qua- pausas e períodos de repouso e a
res, dos construtores e das autorida- dro legal nacional e integrar as alte- alteração do peso máximo permitido
des que fiscalizarão quem produz e rações que, entretanto, têm ocorrido, para os veículos de quatro eixos, por-
verificarão a conformidade do pro- estabelece também um período tran- que com um maior peso de carga, o
duto final. sitório para a sua integral aplicação. número de viagens é reduzido e, con-
Muito importante é também o facto sequentemente, a emissão de CO2
E o que está previsto em termos de de definir muito claramente no seu também. A qualificação de recursos
legislação? artigo 10.º quais as entidades que vão tem sido outra grande bandeira da
Está já elaborado um projeto de fiscalizar o cumprimento do mesmo e APEB através da sensibilização para
diploma de revisão do Decreto Lei quais as competências de fiscalização a necessidade de um maior número
que revogará o DL 301-2007, já muito de cada uma dessas entidades. de formações para os profissionais do
ultrapassado e que estabelece as dis- setor, para aumentar as competên-
posições relativas à especificação, Que outros desafios tem a APEB no cias, o desempenho e a eficiência dos
produção e controlo da conformi- seu horizonte? mesmos. É também um dos desafios
dade do betão. Este futuro Decreto Destaco acima de tudo cinco áreas da APEB manter os seus laboratórios
Lei foi elaborado pelo LNEC e contou de atuação. Desde logo o da pro- como referências no setor, reconheci-
com a colaboração de diversas enti- moção de soluções construtivas em dos pelo seu know-how, idoneidade
dades como o IAPMEI, IPAC, IPQ e betão, evidenciando que é um mate- e competência. E, claro, aumen-
também a APEB, entre outras. Desta rial reciclável, resistente ao fogo, eco- tar o número de associados, por-
forma foi possível obter um docu- nómico e com uma boa eficiência que quanto mais representado for o
mento bastante bem elaborado e energética, podendo assumir qual- setor, mais a APEB será reconhecida
em linha com o que já se faz pratica- quer forma, textura e cor. Outros dos na defesa dos interesses dos seus
mente em toda a Europa. Este docu- desafios está na área dos transpor- associados.
A obra de construção da nova ligação de Mondim de Podemos considerar esta nova acessibilidade um estí-
Basto à EN210 em Celorico de Basto, num investimento mulo para os amantes do ciclismo, por se enquadrar
de 7,6 milhões de euros, teve início em janeiro de 2019 numa região com forte tradição ciclista desde o ano de
e a sua conclusão está prevista para junho de 2020. 1978, com a sua famosa subida da Senhora da Graça,
nome dado ao cume do Monte Farinha.
O atual traçado é condicionado pela morfologia aciden- É o momento mais esperado da volta a Portugal em Bici-
tada do terreno e principalmente pela cota prevista para cleta, pela dureza da mesma, pela moldura humana e
o nível de armazenamento de água da futura albufeira da pela beleza da paisagem possível de observar num
Barragem do Fridão. angulo de 360˚.
A construção desta ligação vai encurtar a extensão do atual Considerada uma obra de relevo pelo volume de betão
trajeto, de 8,6 quilómetros para 3,7 quilómetros, permitindo previsto de 15000 m³, sendo uma das grandes obras
assim uma redução em tempo de percurso de 15 minutos, publicas do género a decorrer em Portugal.
passando dos atuais 20 minutos para apenas 5 minutos. Os trabalhos de execução da obra estão a cargo da
A empreitada compreende a construção de uma estrada empresa RRC – Ramalho Rosa Cobetar, S.A.
alternativa à EN210 e EN304, duas pontes, uma sobre o O betão é fornecido pela Betão Liz, S.A. a partir da Cen-
Rio Tâmega, outra sobre o Rio Veade, e prevê ainda a tral de Felgueiras e Central de reserva situada em Vila Real.
requalificação do troço atual da EN304, com alargamento Trata-se de uma obra de Classe de Execução 3, que
desta via para incluir a ligação do centro urbano de Mon- requer uma Central com o controlo da produção certifi-
dim à Ciclovia do Tâmega (betão colorido fornecido pela cado conforme NP EN 206-1 de 2007.
Betão Liz em 2012 na requalificação da linha de caminho Foi da responsabilidade da Betão Liz a apresentação do
de ferro em ciclovia). estudo das composições dos betões, conforme com o
A ligação de Mondim de Basto à EN210, visa assim asse- especificado no encaderno de encargos, durabilidade de
gurar a manutenção das acessibilidades rodoviárias exis- projeto e normalização em vigor.
tentes, que são interferidas pela albufeira do Aproveita-
mento Hidroelétrico de Fridão.
18
Foram consideradas soluções técnicas para enquadrar
as caraterísticas do betão com:
• Tempo de transporte elevado, superior a 1 hora;
• Tempo de descarga;
• Resistência mínima definida para pré-esforço;
• Método de betonagem dos tabuleiros por Vigas
de Lançamento;
• Linha de bombagem;
julho 2020 19
Ambiente e Sustentabilidade
Isto é betão
– Parte 2
20
BREEAM, Home Quality Mark, CEEQUAL e LEED. A título A água é importante em muitos estágios da produção do
de exemplo, a BREEAM UK New Buildings prevê a atribui- betão. É essencial para a hidratação do cimento, o princi-
ção de até três créditos na secção relativa aos materiais pal ligante no betão. A montante é usada na extração dos
e o esquema HQM permite chegar até aos 28 créditos. agregados, seja para os lavar ou como medida de supres-
Houve também desenvolvimentos no que respeita aos são de poeiras, e para arrefecer a escória de alto forno.
aspetos sociais da cadeia de fornecimento. Em 2015, foi Durante a mistura e colocação do betão é também uti-
publicado o Modern Slavery Act cujo objetivo é garantir lizada para limpeza das instalações e dos equipamentos
que as práticas laborais no Reino Unido são justas e éti- (por exemplo: camiões-betoneira e auto-bombas).
cas. O uso de produtos certificados como de origem res- Em alguns elos da cadeia de fornecimento do betão a
ponsável é uma forma de garantir a transparência e o cum- utilização da água pode ser claramente definida. Não é
primento dos mais altos padrões éticos pelas empresas. o caso de outros, como a extração de agregados, onde
há muitas vezes a movimentação de grandes volumes de
VISÃO 4 – ÁGUA água – por exemplo, para lavagem dos agregados – que
A indústria do betão cortou quase não se configura propriamente como um consumo, uma
10% no consumo de água canalizada vez que a maior parte é reutilizada.
As mudanças climáticas e o crescimento da população A Estratégia da Indústria do Betão para a Construção Sus-
estão a aumentar a complexidade da gestão dos recur- tentável inclui o compromisso desenvolver uma estraté-
sos hídricos, a incidência de secas no verão e a ocorrên- gia específica para a gestão da água, assim como metas
cia de inundações em grande escala em qualquer esta- para a redução do consumo de água canalizada. Como
ção do ano. água de amassadura do betão, a água canalisada é a
Impulsionando a qualidade
na reciclagem. Fale connosco para saber
como pode também a sua
empresa aumentar a quali-
dade da reciclagem.
EXPERTISE
ADMIXTURES & ADDITIVES
MC-Bauchemie Portugal, Lda. · 2120-064 Foros de Salvaterra · Tel: +351 263 509 080 · geral@mc-bauchemie.pt · www.mc-bauchemie.pt julho 2020 21
Ambiente e Sustentabilidade
No Reino Unido, há cada vez mais organizações praticamente abandonada numa atração pela sua
a apostar em parceiros que partilham os mesmos arquitetura interior e exterior. “No que respeita à
valores de sustentabilidade e estão empenhadas nossa cadeia de fornecimento, é um dado adqui-
em reduzir a sua pegada ecológica. Estas são as rido que só utilizamos betão que esteja certificado
razões porque muitos promotores optam por for- pela BES 6001”, afirma Martin Gettings, Diretor de
necedores que atuam de forma responsável, tanto Sustentabilidade do Canary Wharf Group. “Quere-
ambiental como socialmente. Um caso concreto é o mos fazer muito mais no futuro para ajudar o país a
Canary Wharf Group que transformou as Docklands, cumprir os compromissos assumidos no acordo de
uma área degradada de Londres. Numa área com Paris. Vamos trabalhar em conjunto com os nossos
cerca de 40 hectares foram construídos, nos últi- fornecedores para explorar como podemos cons-
mos 10 anos, 37 edifícios que tornaram aquela zona truir em betão carbono-zero.”
22
fonte menos sustentável e a indústria tem procurado fon-
tes alternativas, como o aproveitamento da água das chu-
vas, a recuperação das águas de lavagem no processo de
fabrico e a captação direta dos recursos hídricos. O resul-
tado foi uma redução de quase 10% no consumo de água
entre 2008 (86 l/ton) e 2016 (78 l/ton). Os desenvolvimen-
tos recentes na tecnologia dos adjuvantes redutores de
água de amassadura e nos adjuvantes wash-water tam-
bém contribuíram para aquele resultado. Adjuvantes wash-water
Hierarquia das fontes de água Unidade de recuperação das águas de lavagem dos veículos
de transporte e dos equipamentos de fabrico do betão
A gestão da água só é possível se as empresas souberem de medição que permitam verificar se as medidas imple-
quanta água estão a consumir de cada uma das fontes de mentadas foram eficazes e comprovar a melhoria contí-
que dispõem. Para isso, é essencial implementar sistemas nua quanto à redução do consumo de água canalizada.
julho 2020 23
Técnica
24
Compactação com vibrador de agulha
alvo de análise para saber o local onde esse betão foi • após a remoção dos moldes, as amostras foram arma-
colocado. zenadas correctamente até imediatamente antes do
É importante verificar se, de acordo com a documenta- ensaio. Ou seja, na água a uma temperatura de (20 ± 2) °C
ção do controlo da produção, o betão estava em confor- ou em uma câmara de cura a (20 ± 2) °C com humidade
midade com a classe de resistência à compressão especi- relativa ≥ 95%.
ficada e reunir as evidências para apoiar esta posição. As
empresas cujos centros de produção se encontram cer- Relatórios de ensaios das amostras
tificados no âmbito do controlo da produção de betão Devem ser analisados os relatórios dos ensaios realiza-
(NP EN 206 -1) apresentam uma mais valia relativo a este dos ao betão em averiguação. Estes documentos devem
controlo. evidenciar:
Isso deve significar que o produtor terá toda a documen- • a amostragem em conformidade com a NP EN 12350-1;
tação que evidencia que o betão fornecido deve atingir • ensaio de consistência de acordo com a norma aplicá-
a classe de resistência especificada, desde que não haja vel consoante as características do betão (ex. abaixa-
um erro no pedido, na produção ou no processo. mento norma NP EN 12350-3);
• a execução, preparação e cura dos provetes de acordo
Amostragem de betão fresco e ensaios dos provetes com a NP EN 12390-2;
Podem surgir dúvidas devido a resultados de resistência • ensaio de resistência à compressão com os requisitos
à compressão dos provetes de ensaio abaixo do valor da NP EN 12390-3.
esperado. Os resultados dos ensaios do controlo da pro- A determinação da massa volúmica dos provetes de
dução a idades mais baixas (inferiores aos 28 dias) devem ensaio é importante para comparar se existe algum des-
estar na faixa do critério de aceitação da curva de cresci- vio significativo relativo ao critério de aceitação deste
mento da composição do betão. parâmetro.
Os resultados dos ensaios dos provetes do local em Verificar se o intervalo de variação dos resultados indi-
dúvida sobre a qualidade do betão devem ser rastrea- viduais dos ensaios de identidade não é superior a 15%
dos. É importante confirmar se: da sua média conforme requisito da norma NP EN 206-1.
• a amostragem foi realizada correctamente (no caso Se um ensaio de identidade estiver fora do intervalo e
de uma amostra composta de uma auto betoneira de se existir uma explicação aceitável para a sua ocorrên-
betão já misturado, recomenda-se no mínimo quatro cia, o betão poderá ser aceite com base nas evidências
tomas distribuídas pela carga); de conformidade fornecidas pelo produtor. Neste caso
• durante todas as etapas da amostragem, transporte e não existirá necessidade de realizar ensaios à estrutura.
manuseio, as amostras de betão fresco foram protegi- Nesta situação a acção correctiva não é devida à má qua-
das contra contaminação, ganho ou perda de água e lidade do betão, mas melhora todo o processo relativo
variações extremas de temperatura; aos ensaios de identidade.
• as amostras de ensaio foram mantidas em seus moldes No caso de o controlo de qualidade do betão ter sido
por pelo menos 16 horas, mas não por mais de 3 dias, realizado por um laboratório de ensaios acreditado a
protegidas contra choques, vibrações e desidratação, e competência técnica dos operadores e equipamen-
a uma temperatura de (20 ± 5) °C ou, para climas quen- tos está evidenciada. Nas outras situações, recomenda-
tes a (25 ± 5) °C; -se rastrear todo o processo, nomeadamente o pessoal
julho 2020 25
Técnica
envolvido nos ensaios, as condições de realização dos de resistência à compressão ou equivalente ao volume
ensaios e os equipamentos utilizados (p.ex. confirmação definido associado ao ensaio de identidade para a resis-
metrológica). tência à compressão. Uma zona de ensaio contém várias
áreas de ensaio.
26
Quadro 1 - Quantidade mínima de ensaios indirectos para a zona de ensaio
Quantidade aproximada
Quantidade mínima de ensaios Quantidade mínima de ensaios
de volumes de 30 m3
indirectos da área de ensaio indirectos para a zona de ensaio
na zona de ensaio
1 9 (1x30)/9 = 3.3
2 volumes: (2x30)/12 = 5
2-4 12
4 volumes: (4x30)/12 = 10
A frequência de ensaios indiretos deve ser suficiente gas das auto betoneiras seriam ensaiadas se o betão
para garantir que o betão de todas as cargas das auto for fornecido em volumes inferiores, ou seja, veículos
betoneiras de uma zona de ensaio sejam ensaiadas. com menos de 10m3.
O Quadro 1 indica que se realiza pelo menos um No caso de auto betoneiras com capacidade inferior a
ensaio para cada 10m3 . No entanto, nem todas as car- 10m3 e para 3 ou mais volumes, o número de ensaios
julho 2020 27
Técnica
indiretos deve ser aumentado para garantir que cada 𝒕𝒄𝒂𝒍 é calculado pela equação:
carga do veículo tenha pelo menos um resultado indi-
reto. Isto terá pouco acréscimo nos custos e ajudará a
garantir a aceitação dos resultados da pesquisa.
28
- FILLER (BRANCO) E - AREIAS
- AREIAS SILICIOSAS
FILLER BLACK - SEIXO LAVADO SILICIOSAS
- CARBONATOS DE - CAULINOS
CÁLCIO - FARINHAS DE SÍLICA
- BRITAS
Breve história do Edifício (1) de “Solar da Música Nova” pela ocupação do espaço
O Solar da família Barros e Aragão, ter-se-á fundado pela banda de música “Música Nova”, tendo sido adqui-
sobre construções preexistentes dos séculos XVI/XVII de rido pelo Município em 2008.
que ainda existem alguns vestígios, nomeadamente no O elevado estado de degradação em que se encon-
quadrante Norte/Nascente. A sua expressão arquitetó- trava o Solar, em virtude da sua profunda alteração nos
nica integra-se no movimento renovador dos solares e finais do século XIX, princípios do século XX, em conse-
pequenos palácios rurais e urbanos do período pós-ter- quência da sua recompartimentação e ampliação atra-
ramoto, alguns dos quais incorporaram campanhas de vés de um novo piso, e do seu progressivo abandono,
obras de enobrecimento. As datas inscritas na escada implicou uma abordagem técnica e cultural exigente.
de aparato, respetivamente 1812 e 1826, poderão reve- A reinstalação do anterior uso relacionado com a edu-
lar esta possibilidade. No Plano de Pormenor de Loulé cação musical, requereu dotar o edifício de uma rede
é proposta a sua reconstrução e reabilitação, estando de infraestruturas, indispensável para o adequado fun-
referenciado como “lamentavelmente degradado, nal- cionamento das respetivas entidades instaladas, cujos
guns locais em ruína, apresentando inúmeros acrescen- requisitos acústicos são determinantes, pelo que foram
tos tanto em altura como em largura” (Duarte e Lamas, cuidadosamente integradas na estrutura tipológica do
1986: p.75), pelo que a intenção da Câmara Municipal Solar e não o inverso.
de Loulé permitiu preservar ainda o que permanecia da Com esta iniciativa, o Conservatório de Música de Loulé,
identidade cultural do imóvel, classificado como Monu- passa assim a ser a primeira escola pública de ensino de
mento de Interesse Municipal. Assume a denominação música a Sul de Lisboa e Loulé o centro de referência
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Solar da família Barros e Aragões
julho 2020 31
Obra
Ficha técnica
32
Liberte o poder
da sua areia...
Soluções CHRYSO®Quad
Areias difíceis são um desafio crescente para a indústria do betão. Desde a lidar com areias de
granulometria única, finas ou com alto conteúdo argiloso, os adjuvantes para betão CHRYSO®Quad
permitem a produção de betões de excelente performance. As soluções CHRYSO®Quad são tornadas
possíveis por vários polímeros específicos desenvolvidos durante mais de dez anos de I&D, incluindo
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As gravuras rupestres de Foz Côa feitas há mais de O museu localiza-se numa encosta junto à confluência
20.000 anos, eram conhecidas há muito pelos pastores dos rios Douro e Côa, numa área de seis mil metros qua-
locais, mas só em 1994 foram descobertas pelos arqueó- drados e com um comprimento de 190 metros, proje-
logos, tendo em 1998 sido classificadas como Patrimó- tado pelos arquitetos Tiago Pimentel e Camilo Rebelo
nio Cultural da Humanidade pela UNESCO, a organi- que idealizaram um monólito com oito metros de altura,
zação das Nações Unidas para a Educação, Ciência e semienterrado e com janelas em frestas.
Cultura. Do ponto de vista arquitetónico e de acordo com a
Atendendo à importância do achado, foi decidido cons- memória descritiva: “Para a plasticidade da matéria do
truir o Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa, corpo interessa considerar três temas: a massa, a tex-
obra que custou 17 milhões de Euros e que seria inau- tura e a sua cor. Das possibilidades analisadas prevale-
gurado em 2010, com o objetivo de divulgar e contex- ceram duas; o xisto por ser um material local abundante
tualizar os achados arqueológicos do vale do Côa. e ainda o suporte escolhido no Paleolítico para o registo
Numa altura em que o Turismo de Portugal está a pro- das gravuras e o betão pelas suas características plásti-
mover no mercado interno os destinos de baixa den- cas e tectónicas, mas também por ser recorrente na pai-
sidade, parece-nos muito oportuno divulgar esta bela sagem do Douro em construções de médio e grande
obra em “betão aparente”, como contributo da indús- porte. Deste modo a proposta resulta numa massa
tria do betão na divulgação de um museu certamente híbrida – betão com textura e pigmentos do xisto.
desconhecido de muitos portugueses.
34
Para a interação pretendida interessa um corpo feito à Não se desejava uma pigmentação homogénea, na
medida do território, cujo volume e escala é concebido medida em que a pedra que se pretendia simular tam-
de fora para dentro e pela topografia. A intervenção bém não o é, assim foram usados pigmentos resistentes
procura estabelecer um diálogo com a encosta onde se aos raios UV de diversas cores em tons castanho, ama-
insere, conferindo-lhe uma nova e artificial silhueta que relo e verde para imitar as cores do xisto e sua hetero-
não a desvirtue mas antes complemente. geneidade.
A sua observação é possível de diferentes ângulos, Houve especiais cuidados nos moldes utilizados nas pla-
mas também de distâncias variáveis, surgindo como cas de cofragem de forma a que ficasse bem evidente
um monólito de xisto de diferentes expressões – pedra a textura irregular do xisto existente na região. Vários
recortada na montanha – enquanto na aproximação materiais constituintes dos moldes foram estudados e
ler-se-á um corpo complexo em betão texturado, cor- testados até se encontrar aquele que melhor replicava
tado por frestas de diferentes calibres, que denunciam um maciço de xisto local escolhido pelos arquitetos e
o carácter habitável do espaço e a sua composição." que foi tomado como modelo.
Do ponto de vista construtivo, esta obra constituiu um Todo o betão com relevo foi produzido com adjuvantes
desafio interessante relativamente à conceção, produ- superplastificantes para garantir uma consistência fluida
ção, aplicação e cura do betão, não devido às resistên- que permitisse uma correta aplicação do mesmo tendo
cias solicitadas em projeto, mas sobretudo devido à tex- em atenção os moldes utilizados. Foram também usa-
tura e pigmentação pretendida. dos retardadores de presa para evitar o rápido inicio de
Foram produzidos para esta obra cerca de 8000 metros presa e assim evitar defeitos superficiais não desejados
cúbicos de betão, sendo 5000 da classe C25/30 e 3000 no betão aparente.
da classe C30/37 para ficar aparente pigmentado e com Todos os pavimentos do museu são em microbetão tam-
relevo nas fachadas de contorno exterior e nas placas bém pigmentado.
prefabricadas sobre as coberturas não transitáveis.
julho 2020 35
Opinião
O betão pronto
e o European Green Deal Ursula von der Leyen,
Presidente da
Por João Duarte Comissão Europeia
A União Europeia quer que a Europa seja o primeiro lidade de vida. Para que isso se tornasse realidade, era
continente com impacto neutro no planeta até 2050. preciso apostar na investigação, na inovação e em tecno-
Este foi o objetivo anunciado pelo Presidente do Con- logias “verdes”. Surge assim o Plano de Investimento da
selho Europeu, Charles Michel, na Conferência das Europa Sustentável que vai envolver um trilião de euros
Nações Unidas sobre o Clima (COP25). de investimento durante a próxima década.
Ursula von der Leyen acrescentou que a transição devia
Como podemos nós, as empresas de betão pronto, con- ser socialmente justa. Por isso, tinha sido criado o Fundo
tribuir? As alterações climáticas já se fazem sentir e dão- Just Transition para ajudar aqueles que iam ter de dar um
-nos o sinal de que temos de mudar o nosso rumo. Os passo maior e para garantir que ninguém ficaria para trás.
níveis de dióxido de carbono e de outros poluentes na
atmosfera continuam a aumentar. A subida da tempera- O contributo do setor do betão pronto
tura média do planeta está a provocar a maior subida do A ambição anunciada pela União Europeia só é possí-
nível de água dos mares dos últimos três mil anos. A bio- vel se for acolhida por todos os cidadão e todas as cida-
diversidade está a diminuir drasticamente, com milhares dãs, assim como todas as partes interessadas. Por isso,
de espécies ameaçadas de extinção. as medidas do Pacto Verde Europeu têm de ser converti-
O reconhecimento destes sinais como alarmantes e amea- das em ações concretas para os diferentes setores indus-
çadores do futuro da humanidade é o primeiro passo da triais, entre eles o nosso.
mudança. A pandemia COVID-19 mostrou-nos que o A indústria do betão pronto é essencial para a sociedade
planeta tem uma enorme capacidade de recuperar. A e para a economia. O betão é o material de construção
cidade de Lisboa é exemplo disso: duas semanas depois mais utilizado a nível mundial. O nosso futuro susten-
de entrar em vigor o estado de emergência em Portu- tável só é possível com o betão. Trata-se de um mate-
gal, a cidade registava uma redução de 80% nas emis- rial que permite edificar as nossas habitações e construir
sões de dióxido de azoto. Mas o efeito foi ainda maior as infraestruturas vitais, como as escolas, os hospitais,
noutras cidades do planeta, com a consequente melho- as vias de comunicação e os campos desportivos. É um
ria da qualidade do ar, conforme reportado pela Agência material durável e económico. Pode ajudar o ambiente
Europeia do Ambiente. através das suas propriedades térmicas, já que contribui
O Coronavírus mostrou-nos que um futuro melhor para aumentar a eficiência energética dos edifícios, e da
depende de nós. Para o conseguir é preciso o contributo sua capacidade de absorver dióxido de carbono e assim
de que cada um e cada uma de nós. contribuir para a redução do efeito de estufa.
A indústria do betão pronto tem um papel fundamental
Pacto Verde Europeu na realização dos planos ambientais. Se a Europa atingir
Para alcançar o objetivo europeu até 2050, a Presidente a ambicionada neutralidade carbónica, depende muito
da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou do nosso setor.
que era necessário agir agora e definiu várias iniciativas Um dos aspetos que o Pacto Verde Europeu promove é a
como o Pacto Verde Europeu, a Lei Europeia do Clima e economia circular. Também aqui o betão tem um contri-
o Fundo Just Transition. buto a dar, uma vez que é 100% reciclável. No fim de vida
O Pacto Verde Europeu é a base do crescimento susten- das construções, o betão reciclado pode ser utilizado no
tado da Europa. No entender de Ursula von der Leyen, o fabrico de betão novo o que permite reduzir substan-
pacto vai permitir reduzir as emissões de poluentes e, ao cialmente a necessidade de matérias-primas primárias,
mesmo tempo, criar empregos e melhorar o nível de qua- como por exemplo agregados naturais.
36
Opinião
Outra vertente do Pacto Verde Europeu é o investimento menos viagens para transportar o betão e, com isso,
em tecnologias low-carbon. A indústria do betão pronto há uma redução do número de veículos pesados nas
é por natureza uma indústria de baixo consumo de ener- estradas e uma diminuição das emissões poluentes.
gia, pelo menos no que respeita ao fabrico do betão. No
entanto, o betão tem de ser transportado para a obra, o 3. Substituir os atuais veículos a gasóleo por veículos
que é efetuado com recurso a um tipo muito específico com reduzidas emissões, os híbridos, ou sem emis-
de veículos: os camiões-betoneira. sões, os elétricos ou a célula de hidrogénio.
A substituição dos cerca de mil camiões-betoneira em
Assim, há três ações que recomendo ao setor: utilização em Portugal deve ser uma prioridade. O mer-
1. Implementar sistemas de captura de energia reno- cado já disponibiliza modelos de veículos pesados híbri-
vável para utilização na operação dos centros de dos ou 100% elétricos que podem ser uma boa solução,
produção. porque as distâncias percorridas pelos camiões-beto-
A energia solar é uma opção com elevado potencial neira para entregar o betão são muito curtas.
em Portugal. A solução pode passar por associar pai-
néis fotovoltaicos a baterias em segunda vida, por Estas medidas têm o potencial de colocar desde já o
exemplo, baterias utilizadas previamente em auto- setor do betão pronto no rumo certo e fazer a transi-
móveis elétricos. A solução pode ainda ser majorada ção para a sua neutralidade carbónica. Claro que todas
com a inclusão de minitorres eólicas. estas ações exigem investimentos elevados por parte
das empresas. Aqui o Fundo Just Transition vai ajudar,
2. Aumentar o peso máximo permitido por lei para assim como outras medidas de apoio do Governo, como
os veículos de quatro eixos, os mais utilizados para o aumento do peso máximo dos veículos e a redução da
transportar o betão. carga fiscal sobre os veículos não poluentes.
O aumento do peso máximo dos veículos é possível É preciso agir para conseguirmos um futuro sustentá-
sem reduzir a segurança rodoviária ou a durabilidade vel. A APEB está empenhada em apoiar as empresas
das estradas. Os benefícios são claros: são necessárias de betão pronto.
julho 2020 37
Ambiente e Sustentabilidade
38
Estanquidade ao ar
O betão mantém os edifícios estanques ao ar, uma vez
que os edifícios em betão têm muito poucas juntas. Adi-
cionalmente, a sua estrutura estável faz com que menos
CALOR ABSORVIDO CALOR LIBERTADO falhas venham a aparecer ao longo do tempo.
Inércia térmica
A inércia térmica é uma propriedade única dos materiais
Os edifícios convencionais utilizam de construção mais densos: quando está calor no exte-
150-200 kWh/m2/ano. Por contraste, rior, o betão absorve o calor indesejado e assim ajuda a
os edifícios de hoje construídos em betão prevenir o sobreaquecimento do edifício. O calor absor-
podem ser projetados para utilizar vido é depois libertado durante a noite quando está mais
50 kWh/m2/ano ou menos, devido frio no exterior. Assim, as temperaturas interiores perma-
à inércia térmica, à durabilidade necem relativamente estáveis ao longo do ano e, como
e à estanquidade ao ar, do betão! resultado, menos energia é necessária para aquecimento
ou arrefecimento.
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Ambiente e Sustentabilidade
Desfasamento
Temperatura
temporal
Amortecimento
térmico
Tempo
Temperatura Temperatura
exterior interior
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Obra
Edifício Náutico
O mar no coração de Cascais
O Edifício A obra
O Edifício Náutico está inserido no coração da vila de O Edifício Náutico surge do projeto de substituição
Cascais, desde sempre ligada ao mar. É um edifício com de um edifício de cinco andares conhecido por “Hotel
localização privilegiada, no centro histórico de Cascais, Nau”, abandonado durante quase 20 anos. A recupera-
junto à estação. O projeto de arquitetura, da autoria do ção e transformação de um dos edifícios mais emblemá-
atelier Subvert Studio (Arq.º Tiago Rebelo de Andrade), ticos e problemáticos de Cascais por um projeto inova-
é inspirado pela proximidade ao mar, que se reflete nas dor, dando uma nova figura à entrada de Cascais, foi um
formas, materiais e cores. dos objetivos assumidos pelos autores do projeto, pre-
No Edifício Náutico destaca-se, como elemento mar- tendendo criar um edifício que transformasse a herança
cante, a fachada em filigrana cerâmica, que promove a da zona, privilegiando a qualidade do espaço público.
união do edifício ao movimento e dinâmica das ondas O novo edifício substituiu integralmente a estrutura do
do mar que lhe é próximo. Também no interior, a ligação edifício existente, que foi totalmente demolido com
ao mar está presente através, por exemplo, dos decks exceção das paredes de contenção das três caves. Em
da cobertura e pavimentos interiores. termos estruturais, o Edifício Náutico é composto por
Em termos funcionais, o Edifício Náutico é constituído três caves, piso térreo e três pisos elevados com cober-
por duas torres, a Torre Guincho e a Torre Estação, uma tura em terraço.
virada a nascente e outra a sul. No piso térreo localizam- A estrutura é constituída, na generalidade, por lajes fun-
-se espaços para lojas, estando distribuídos pelos pisos giformes que apoiam em muros em betão armado ao
superiores 28 apartamentos, com tipologias que variam nível dos pisos em cave e piso térreo; pilares em betão
entre T0, T2 e T3, com áreas entre os 50 e os 204 m2. armado em todo o interior das caves e das duas torres
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Ficha técnica
julho 2020 43
Técnica
44
Razão água / ligante do betão Resistência à compressão do betão [MPa]
Tal como já discutido na edição anterior da presente zas, especialmente no que diz respeito à dosagem de
revista, os requisitos de durabilidade do betão de estru- cimento e à resistência à compressão. As consequências
turas sujeitas à ação dos cloretos encontram-se estabe- imediatas da indisponibilidade de cinzas traduzem-
lecidos na Especificação LNEC E 464. Estes são mais exi- -se, portanto, no aumento do consumo de cimento, da
gentes para betões compostos por cimento CEM I ou classe de resistência a exigir aos betões e, consequen-
CEM II/A-L comparativamente aos dos betões com cin- temente, no custo do betão.
Ciclicamente húmido Betão diretamente afetado pelos sais descongelantes ou pelos salpicos
XD3
e seco de água contendo cloretos.
Submersão
XS2 Betão armado permanentemente submerso.
permanente
julho 2020 45
Técnica
Mínimo recobrimento
45 50 55 45 50 55
nominal** (mm)
Mínima dosagem
320 320 340 360 360 380
de cimento (kg/m3)
Mas serão os requisitos regulamentares sufi- dores do LNEC (Gonçalves et al., 2007) revelou que estas
cientes para garantir a vida útil das estrutu- duas metodologias podem conduzir a betões com qua-
ras construídas com betão sem cinzas, quando lidades significativamente diferentes. O estudo consis-
expostas à ação dos cloretos? tiu essencialmente em produzir betões com diferentes
Existe na regulamentação nacional, através da Espe- tipos de cimento e razões água/cimento, determinando-
cificação LNEC E 465, uma metodologia alternativa à -se a resistência à compressão e o coeficiente de difusão
metodologia prescritiva da E 464 para a especificação dos cloretos. Posteriormente, compararam-se, para cada
dos requisitos de durabilidade de betões sujeitos à tipo de cimento e classe de exposição, os coeficientes de
ação dos cloretos. Esta metodologia permite estimar o difusão dos betões que satisfazem os requisitos prescriti-
tempo de vida útil das estruturas com base em proprie- vos da Especificação LNEC E 464 com os limites máximos
dades de desempenho do betão medidas em laborató- deste coeficiente estabelecidos na Especificação LNEC E
rio, neste caso o coeficiente de difusão dos cloretos. Um 465, para os tempos de vida útil de 50 e 100 anos.
estudo comparativo publicado em 2007 por investiga-
46
Os resultados permitiram verificar que estes limites não
são satisfeitos em nenhuma das classes de exposição
relativas à ação dos cloretos, quando são usados betões
compostos por cimento CEM I ou CEM II/A-L, especial-
mente para as classes de exposição XS3 e XD3, suge-
rindo que as exigências regulamentares de composi-
ção podem não ser suficientes para este tipo de betões,
apesar da sua elevada classe de resistência. Note-se que,
para estes cimentos, as exigências de composição são
claramente superiores às do Anexo F da EN 206.
Uma das soluções poderá passar pelo aumento dos valo-
res mínimos da espessura do betão de recobrimento das
armaduras estabelecidos na Especificação LNEC E 464.
Com base nos dados do mesmo estudo, é possível esti-
mar esses valores mínimos. Corrosão das armaduras
50 anos 54 61 100
julho 2020 47
Técnica
Os requisitos prescritivos para a durabilidade (baseados ção Internacional de Betão (fib Bulletin No. 76, 2015),
em limites para a composição e resistência do betão) envolvendo 11 países (Portugal, Espanha, Grã-Breta-
foram desenvolvidos empiricamente com base na expe- nha, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Noruega, Austrá-
riência (ou expectativas) de cada país sobre o desempe- lia e Estados Unidos da América). No estudo são estima-
nho dos betões produzidos com materiais e métodos dos, para as diferentes classes de exposição e tipos de
de produção e execução locais. Estes não se encontram cimento permitidos, os coeficientes de difusão dos clo-
devidamente fundamentados do ponto de vista cientí- retos dos betões com base nos valores máximos da razão
fico, não só devido à elevada complexidade dos fenó- água/cimento estabelecidos por cada país. Recorrendo
menos de degradação do betão, como também à falta a modelos probabilísticos de previsão da vida útil, são
de dados do comportamento a longo prazo do betão de determinados os índices de fiabilidade associados à des-
estruturas expostas aos diferentes ambientes. passivação das armaduras com bases nesses valores do
Com o objetivo de avaliar os níveis de fiabilidade dos coeficiente de difusão (um valor negativo do índice sig-
requisitos prescritivos de diferentes países, foi publicado nifica que a probabilidade de o teor crítico de cloretos
em 2015 um estudo elaborado pelo TG 8.6 da Federa- atingir as armaduras é superior a 50%).
48
Os resultados mostraram, para cada classe de exposi- rosão (classes XS3 e XD3), como por ex. a utilização de
ção, uma elevada variação dos índices de fiabilidade dos sistemas de proteção superficial do betão, armaduras de
betões fabricados com os diferentes tipos de cimento, aço inox ou revestido, e sistemas de proteção catódica.
tendo-se obtido os menores valores nos betões com- Naturalmente, são necessários mais estudos para avaliar
postos com cimento CEM I. O mesmo estudo mostrou se é possível garantir, economicamente, a vida útil das
ainda que, para todos os países envolvidos no estudo estruturas sujeitas à ação dos cloretos, com betão com-
que permitem a utilização de CEM I, os índices de fia- posto com CEM I ou CEM II/A-L. Caso não seja possí-
bilidade dos betões com este cimento são sistematica- vel, será necessário procurar soluções compatíveis com
mente negativos para as classes de exposição XS2, XD2, a experiência e práticas comuns das nossas empresas de
XS3 e XD3, ou seja, é expectável que não garantam uma construção e de fabrico do betão, eventualmente através
vida útil de 50 anos. Estes reduzidos índices foram por do desenvolvimento ou viabilização de adições alternati-
fim confirmados através de dados obtidos de estrutu- vas às cinzas volantes.
ras em ambiente marítimo, com idades compreendidas A indústria da construção depara-se, assim, com um
entre 6 e 36 anos. No caso de Portugal, o estudo não novo desafio, onde a investigação científica pode e deve
teve em conta a classe de resistência exigida, mas ape- desempenhar um papel determinante de apoio à econo-
nas a razão A/C. mia nacional.
Existem atualmente países que já não permitem a uti-
lização de betões com cimento CEM I ou CEM II/A-L
em estruturas sujeitas à ação dos cloretos, como é o Referências
caso da Noruega (classes XS2, XS3, XD2 e XD3), ou que Gonçalves, A., Ribeiro, A., Ferreira, E. (2007), The new LNEC
obrigam a um estudo prévio de durabilidade, como é specifications on reinforced concrete durability. Internatio-
o caso da Espanha (classes XS3, XD2 e XD3). Em Portugal nal RILEM Workshop on Integral Service Life Modelling of
Continental, não temos disponibilidade de adições capa- Concrete Structures, Guimarães, pp. 131–140.
zes de substituir o papel das cinzas, pelo que, se assumir- CEN/TC 104/SC 1 N485 (2007), Survey of national provisions
mos a insuficiência das medidas prescritivas para estes for EN 206-1, CEN, 146 pp.
cimentos, a solução passa, à partida, pelo aumento fib Bulletin No. 76 (2015), Benchmarking of deemed-to-
da espessura do betão de recobrimento (classes XS1, -satisfy provisions iwn standards: Durability of reinforced
XD1, XS2 e XD2, conforme atrás referido) ou pela ado- concrete structures exposed to chlorides. State-of-the-art
ção de medidas adicionais de proteção contra a cor- report. fib, 191 p.
julho 2020 49
Internacional
Betonhuis Betonmortel:
O betão pronto na Holanda
A Betonhuis Betonmortel é a associação dos fabricantes de betão pronto
na Holanda que representa 120 centrais de betão pronto, sendo
também uma das associações setoriais integradas na Betonhuis. Paul Ewald,
Secretário para o setor
As empresas filiadas promovem a utilização do betão pronto do betão pronto
nos edifícios e nas estruturas. Betonhuis Betonmortel
As empresas filiadas na associação colaboram entre si Mais de 200 fábricas ligadas ao betão pronto estão filia-
para que o mercado holandês disponha continuamente das na Betonhuis e mais de 6000 pessoas trabalham
de betão pronto com qualidade garantida. nesta indústria.
As inovações no betão pronto estão alinhadas com os
desenvolvimentos no setor da construção e com as polí- São vários os temas que a Betonhuis definiu como
ticas e atividades da associação setorial determinadas estratégicos, dos quais se destacam:
pela Assembleia Geral, que é aconselhada por um con-
junto de grupos de trabalho. A Betonhuis Betonmortel Economia circular
funciona com base em sete pilares sob a liderança do Na Holanda, a indústria do betão está direcionada para
secretário para o setor do betão pronto, Paul Ewald. uma utilização otimizada das matérias-primas disponíveis.
Todas as atividades da Betonhuis Betonmortel visam forta- A Betonhuis está empenhada em manter ou mesmo
lecer a posição competitiva e sustentável do betão pronto. aumentar a sua disponibilidade, recorrendo às reservas
O sétimo pilar, acrescentado em 2017 é o serviço para naturais de areias e britas, mas também utilizando e pro-
terceiros, pois a associação assegura o secretariado a movendo os materiais reciclados e adaptando as regu-
outras associações industriais relacionadas com o betão. lamentações para que isso seja possível.
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Pilar Âmbito Atividades
II Lóbi, promoção do betão pronto Promoção do betão pronto através da internet, página setorial
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Internacional
Formação
A Betonhuis dá prioridade aos instrumentos digitais para
fazer chegar a informação pertinente e correta às par-
tes relevantes, a nível nacional (plataforma de conheci-
mento). Os membros têm acesso a material de apoio e
ferramentas adicionais em suporte digital.
As ações de formação necessárias estão a ser desenvol-
vidas em conjunto com a associação setorial do betão
pronto. O plano de desenvolvimento promove os inte-
resses dos membros da Betonhuis e dos setores que transporte e infraestruturas) e o NEN (Instituto Holandês
representa, com diferentes tipos de formações e de de Normalização) estão também envolvidos em conexão
vários níveis. com possíveis mudanças regulamentares. Podem exis-
As vagas difíceis de preencher são inventariadas com tir aqui oportunidades para a indústria do betão pronto.
regularidade e, quando o mercado de trabalho não as Os assuntos relacionados com o “consumo de água”,
consegue satisfazer, a Betonhuis desenvolve soluções são também aqui abordados.
personalizadas para as colmatar.
Estatística
Adaptação climática A Betonhuis Betonmortel recolhe as informações do mer-
A Betonhuis pretende acompanhar ativamente os desen- cado. Em cada trimestre, a informação de mercado sobre
volvimentos relacionados com a adaptação climática, os métodos de construção é projetada pelas empresas
principalmente devido à atenção que o Plano Delta de de pesquisa Build-sight e Bouwkennis, abrangendo os
Adaptação Climática, enquadrado na Estratégia Nacio- mercados mais importantes para o betão pronto.
nal de Adaptação (NAS), dá aos novos edifícios. Atual- A Betonhuis Betonmortel complementa esta informa-
mente, está em desenvolvimento o plano: “Planeamento ção com os dados estatísticos das empresas de betão
e desenvolvimento de habitações adaptáveis ao clima”. pronto. A agência de pesquisa R&M realiza um estudo
A CROW (Plataforma de conhecimento sobre tráfego, trienal sobre o consumo final e as aplicações do betão
pronto. São também utilizadas informações da Deloitte,
Statistics Netherlands e EiB.
Todos os relatórios estão disponíveis para as empresas
filiadas na Betonhuis.
FACTOS E NÚMEROS
Guia da Construção em Betão
Em média são consumidos 13 milhões Todo o conhecimento acerca da preparação e execução
de metros cúbicos de betão por ano de estruturas de betão moldadas in situ foi reunido numa
na Holanda. Isso corresponde única publicação de bolso. O guia é complementado por
aproximadamente a 0,75 m³ de betão animações digitais.
por habitante e por ano.
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O guia destina-se aos programadores de trabalho e aos
empreiteiros que podem utilizar a informação desde o
projeto até à entrega da obra acabada. Adicionalmente,
o Guia da Construção em Betão foi especialmente
desenvolvido para a formação e capacitação.
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Associados
Alexandre Barbosa Borges, S.A. Brivel – Britas e Betões Sonangil Betão – Fabricação
Rua do Labriosque, 70 de Vila Real, S.A. de Produtos de Betão
Martim S. Cosme, S. Tomé do Castelo para a Construção, Lda.
4755-307 BARCELOS 5000-371 VILA REAL Rua Marquês de Pombal
N.º 115, R/C
7520-226 SINES
Lenobetão, S.A.
PC Santa Catarina da Serra
Betão Liz, S.A. Apt. 1004 Unibetão – Indústrias
Avenida José Malhoa 2496-907 SANTA CATARINA DA SERRA de Betão Preparado, S.A.
n.º 22, pisos 6 a 11 Av. Duarte Pacheco, n.º 19 – 7.º
1099-020 LISBOA 1070-100 LISBOA
Mota-Engil – Engenharia
e Construção, S.A. Valgroubetão – Sociedade
Rua do Rego Lameiro, 38 de Betão Pronto, Lda.
4300 - 454 PORTO Z. I. Vale do Grou, R. Sta. Bárbara
BETOPAR – Indústrias 2525-791 ATOUGUIA DA BALEIA
e Participações, S.A.
Av. do Movimento
das Forças Armadas, 10 R/C Dtº
2710-431 SINTRA
Pragosa Betão, S.A.
Apartado 46
2440 - 901 BATALHA
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Associados
ABTF
António Branco Tavares & Filhos, Lda.
CENTROS DE PRODUÇÃO
LOCAL RESPONSÁVEL CONTACTO
CENTROS DE PRODUÇÃO
LOCAL RESPONSÁVEL CONTACTO
217 917 291
Camarate Jorge Galvão
jorge.galvao@alvesribeiro.pt
217 917 291
Porto Salvo Jorge Galvão
jorge.galvao@alvesribeiro.pt
56
Capital Social Sede Social Telefone: 213 118 100
22.000.000,00 euros Avenida José Malhoa Fax: 213 118 821
n.º 22, pisos 6 a 11 E-mail: betaoliz@cimpor.com
1099 - 020 LISBOA Website: www.cimpor-portugal.pt
Valença 962 525 295 btz.valenca@cimpor.com Figueira Foz 961 559 379 btz.ffoz@cimpor.com
P. de Lima 962 983 510 btz.plima@cimpor.com Coimbra 962 373 861 btz.coimbra@cimpor.com
Pedro Alves
Felgueiras 962 375 979 btz.felgueiras@cimpor.com V. N. Poiares 962 373 861 btz.coimbra@cimpor.com
Anibal Ferreira
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO
Guimarães 961 932 459 btz.guimaraes@cimpor.com Pombal 964 242 856 btz.pombal@cimpor.com
Mirandela 962 536 169 btz.mirandela@cimpor.com Leiria 962 714 627 btz.leiria@cimpor.com
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO
Vila Real 969 292 041 btz.vilareal@cimpor.com Entroncamento 962 721 916 btz.entroncamento@cimpor.com
Rio Tinto 962 374 398 btz.riotinto@cimpor.com Óbidos 962 374 401 btz.obidos@cimpor.com
Jorge Santos
Gaia 962 605 336 btz.gaia@cimpor.com Rio Maior 969 292 044 btz.rmaior@cimpor.com
Esmoriz 962 374 165 btz.esmoriz@cimpor.com Portela Sintra 962 723 525 btz.psintra@cimpor.com
Tábua 928 500 486 btz.tabua@cimpor.com Frielas 962 738 181 btz.loures@cimpor.com
Mangualde 962 738 620 btz.mangualde@cimpor.com Alfragide 962 723 524 btz.alfragide@cimpor.com
Guarda 928 500 485 btz.guarda@cimpor.com
Almada 962 738 184 btz.almada@cimpor.com
Paulo David
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Associados
CENTRO DE PRODUÇÃO
DEPARTAMENTO
LOCAL CONTACTO
COMERCIAL
CENTROS DE PRODUÇÃO
RESPONSÁVEL/DIRETOR
LOCAL CONTACTO
DE MERCADO
58
Concretope – Fábrica de Betão Pronto, S.A.
CENTROS DE PRODUÇÃO
RESPONSÁVEL/DIRETOR
LOCAL CONTACTO
DE MERCADO
Almada
Lagos Dr. João Jordão 966 597 846
S. Brás de Alportel
CENTROS DE PRODUÇÃO
LOCAL RESPONSÁVEL/DIRETOR CONTACTO
DE MERCADO
Évora 937 585 027
Montemor-o-Novo 937 585 028
Eng.º Ricardo Matias
Borba rmatias@cimpor.com 937 585 005
Reguengos
925 352 695
de Monsaraz
Sines 937 585 023
Eng.º Ricardo Matias
Beja rmatias@cimpor.com 937 585 021
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Associados
Lenobetão, S.A.
Lenobetão
NP EN 206-1
Processo Certificado
BUREAU VERITAS
Certification
CENTROS DE PRODUÇÃO
LOCAL RESPONSÁVEL/DIRETOR CONTACTO
DE MERCADO
*Centrais certificadas pela NP EN 206-1 Filipe Santos
Fátima* 96 210 81 88
filipe.a.santos@lenobetao.pt
Nuno Eusébio
Castelo Branco 96 210 81 95
nuno.m.eusebio@lenobetao.pt
Nuno Eusébio
Portalegre 96 210 81 95
nuno.m.eusebio@lenobetao.pt
Luís Ramiro
Montijo* 96 210 82 07
luis.b.ramiro@lenobetao.pt
ÁREA COMERCIAL
LOCAL RESPONSÁVEL/DIRETOR CONTACTO
DE MERCADO
*Centrais com capacidade para fornecer betão
Paredes*
Canelas* Eng.ª Marta Durães 919 448 593
Famalicão
Santa Iria da Azóia*
Eng.ª Margarida Morgado 913 642 133
Almada*
Alandroal* Eng.ª Fernanda Moreira 918 541 754
60
Pragosa Betão,
Betão S.A.
CENTROS DE PRODUÇÃO
LOCAL RESPONSÁVEL/DIRETOR CONTACTO
DO MERCADO
Batalha
Alenquer
Torres Vedras Pedro Silva 968 647 712
Montemor-o-Novo
Caldas da Rainha
Capital Social Sede Social Centro de Produção Telefone: 212 952 990
10.000,00 euros Rua Marquês de Pombal Quinta do Secretário Fax: 212 952 989
N.º 115, R/C Via Rápida da Caparica E-mail:geral@sonangilbetao.pt
7520-226 SINES 2810-116 ALMADA Website: www.sonangil.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO
LOCAL RESPONSÁVEL/DIRETOR CONTACTO
DO MERCADO
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Associados
CENTROS DE PRODUÇÃO
LOCAL COMERCIAL CONTACTO
Ricardo Henriques
Viseu 918 200 391
ricardo.henriques@tecnovia.pt
Rui Fidalgo
Coimbra 914 442 870
rui.fidalgo@tecnovia.pt
Nuno Gomes
Ourique 914 441 940
nuno.gomes@tecnovia.pt
LABORATÓRIOS
ACREDITADOS
Ensaios de Betão,
Agregados e Ligantes
Calibração de máquinas
de compressão, peneiros,
balanças, termómetros
e estufas.
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62
Unibetão – Indústrias de Betão Preparado, S.A.
GRANDE LISBOA
Centro Logístico 935 011 766
COORDENADOR PRODUÇÃO José Duarte / COORDENADOR DE VENDAS António Modesto
Coimbra 938 977 441 40°11’05’’N 8°29’02’’W Ferreiras – Escritório 289 571 371 37°07’37’’N 8°14’39’’W
Tondela 938 977 525 40°29’02’’N 8°50’08’’W Ferreiras 938 977 602 37°07’25’’N 8°14’39’’W
Elvas 930 413 006 38°53’20’’N 7°08’57’’W Olhão 938 977 603 37°02’15’’N 7°51’42’’W
Guarda 936 868 345 40°31’29’’N 7°13’46’’W Portimão 938 977 604 37°09’43’’N 8°37’50’’W
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