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Referências Bibliográficas Gergen, K. J., & Warhuus, L. (2001).

Terapia como
construção social: Características, reflexões, evoluções. In
M. M.
Schmidt, M. L. S. (2015). Aconselhamento psicológico
como área de fronteira. Psicologia USP.
Aconselhamento Psicológico como Construção
Social. Laura Vilela Souza
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto,
Brazil
White, M., & Epston, D. (1990). Médios narrativos para
fines terapéuticos. Buenos Aires: Paidós.

Aconselhamento psicológico como construção social


A partir das influências pós-modernas, como mencionam Strawbridge e Woolfe (2010),
Aconselhamento Psicológico assume-se, na actualidade, como uma disciplina que valoriza a
multiplicidade teórica, resiste à metanarrativas, se mantém crítica à racionalidade científica e
atenta às relações de poder e ideologias envolvidas na produção de conhecimento na área. Nesse
cenário, a perspectiva construcionista social, justamente por afinar-se a tais posicionamentos
pós-modernos, adentra esse campo de forma expressiva e inspira novas práticas sendo
considerada uma abordagem “fortemente emergente e grande aposta para desenvolvimentos
futuros significativos na área.
Como resgata Schmidt (2009), a presença em diferentes países e especialmente nos Estados
Unidos de centros de atendimento psicopedagógico aos estudantes nas Universidades permitiu
com que a área de Aconselhamento Psicológico fosse explorada a partir de diferentes práticas e
teorias.
Ao longo dos anos, as marcas desse histórico e a relevância das produções sobre
Aconselhamento Psicológico nessas universidades, manteve a predominância de pesquisas e
publicações sobre aconselhamento psicológico na abordagem centrada na pessoa, somando-se a
publicações na perspectiva fenomenológica-existencial, mas sem expressivo investimento no
estudo de Aconselhamento Psicológico a partir de outras teorias. (Santos, 2013)
Gergen (2009) apresenta as premissas de investigações construcionistas sociais:
1. Primeira premissa-Aquilo que consideramos como experiência do mundo não determina
por si só os termos em que o mundo é compreendido;
2. Segunda premissa- Os termos com os quais entendemos o mundo são artefactos sociais
historicamente situados de intercâmbios entre as pessoas (p. 303);
3. Terceira premissa- O grau com que uma dada forma de entendimento prevalece ou se
sustenta através do tempo não depende fundamentalmente da validade empírica da
perspectiva em questão, mas das vicissitudes dos processos sociais (p. 304);
4. Quarta premissa- As formas de compreensão negociadas são de uma importância crítica
na vida social, na medida em que estão integralmente conectadas com muitas outras
actividades das quais participam as pessoas (p. 306).

Para Rogers, a orientação básica de um psicólogo conselheiro de respeito pela integridade da


pessoa, manifesta-se através de atitudes específicas:
1. Respeito pela autonomia pessoal do cliente- o conselheiro sente que cada pessoa tem o
direito de tomar suas próprias decisões. Tem o direito de procurar apoio e utiliza-lo, mas
tem igualmente o direito de recusar ajuda. É responsável pela sua própria vida, e todas as
preocupações devem ser tomadas em conta para que se construa este sentido de
responsabilidade em vez de o destruir;
2. Crença na capacidade de ajustamento da pessoa- o conselheiro compreende que a maioria
dos indivíduos tem uma enorme capacidade de adaptação e reajustamento. É com a força
interior do cliente, e não com a força interior do terapeuta que o processo terapêutico
conta;
3. Respeito pela pessoa total- a atenção do psicólogo conselheiro está centralizada no
homem total, na pessoa inteira, não em fragmentos particulares.
Nomear uma teoria como construcionista social é um desafio na medida em que as propostas
construcionistas se propõem dentro de um movimento dinâmico e múltiplo em ciência (Souza,
2014). Reconhecendo esse desafio e suas razões é possível identificar a menção e uso de algumas
teorias terapêuticas como respondendo a uma sensibilidade construcionista social, sendo elas:
Terapia Narrativa, Terapia Focada na Solução e Terapia Colaborativa. São também essas as
teorias que têm inspirado as práticas no campo do aconselhamento psicológico em diferentes
países.
White e Epston (1990) entendem as construções narrativas como as formas pelas quais as
pessoas organizam suas experiências e dão sentido a elas por meio do relato. As narrativas têm
para os autores carácter constitutivo, modelam vidas e relações.
Ao estruturar essas narrativas, as pessoas fazem uma selecção de eventos que, segundo os
autores, podem acabar se tornado narrativas dominantes sobre quem são e sobre suas vidas,
deixando de lado uma riqueza não explorada de narrativas alternativas.

Comentário Um bom psicólogo conselheiro deve ser dotado de


técnicas que lhe permitam actuar de forma
enriquecedora na vida do cliente/paciente, e muito
mais do que aconselhar, este precisa criar uma
relação com este cliente, de modo que haja
confiança mútua e empatia neste processo.
Um bom conselheiro não esta no processo de
aconselhamento para dar ordens, mas, para guiar o
paciente a uma solução para o seu problema ou
inquietação, respeitando sem o poder de decisão do
cliente.
Narra um problema que nos aflige nunca foi, e
nunca será tarefa fácil, entretanto, para que o
paciente narre eventos muito íntimos de sua vida, o
quais podem estar relacionados com a origem de
seu problema, é necessário que ele se sinta seguro e
confie o suficiente no profissional, de modo que
este não seja censurado ou negativizado por conta
de seu problema, por mais grave que seja.

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