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A TRADIÇÃO

RACIONALISTA PÓS-
CARTESIANA
A TRADIÇÃO RACIONALISTA PÓS-
CARTESIANA
• Pode-se considerar o pensamento de Descartes como influenciando de forma marcante o racionalismo moderno, se
caracterizarmos esta posição filosófica como enfatizando a centralidade da razão humana no processo de conhecimento, a
aceitação da existência de ideias ou princípios inatos, i.e., pertencentes à natureza da própria mente, e o pressuposto da
possibilidade de justificarmos ou fundamentarmos de modo definitivo e concludente nossos sistemas teóricos
Blaise Pascal
(1623-62)
Blaise Pascal
• Convertido em 1646 ao jansenismo, uma corrente religiosa católica inspirada no agostinismo do bispo Cornélio Jansen,
com sede na Abadia de Port-Royal, Pascal retira-se para essa abadia e dedica-se a uma apologia do cristianismo, que terá
sua principal expressão nos Pensamentos (Les pensées).
• Pascal foi um grande geômetra, escreveu um tratado sobre as seções cônicas (1639) e obras de física (sobre o vácuo) e foi
o inventor de uma “máquina de calcular”.
• Pascal foi um pensador e um cientista que não via oposição nem conflito entre a razão e a fé, o conhecimento e a
experiência religiosa, mas para quem, de certa forma, a razão leva à fé pelo reconhecimento de seus próprios limites,
embora sem demonstrar ou provar aquilo que a fé revela àquele que crê.
O poder da imaginação

Do ponto de vista de Pascal, a imaginação é a força mais poderosa nos


seres humanos e uma de nossas principais fontes de equívoco. A
imaginação, ele dizia, leva-nos a confiar nas pessoas, apesar do que
nos diz a razão.

“O coração tem razões que a razão desconhece.”


Argumento da aposta
• Pascal formula seu célebre argumento da aposta (le pari), de interpretação bastante controvertida (Pensées, fr. 233). Trata-
se de um argumento acerca da existência de Deus: diante da impossibilidade de decidirmos racionalmente sobre a
existência ou não de Deus, devemos, segundo Pascal, apostar em sua existência.
• Esta aposta é, diz Pascal, a atitude mais racional, pois aquele que aposta na existência de Deus não tem nada a perder e
tudo a ganhar, a salvação, a vida eterna.
Baruch (Benedito)
Spinoza (1632-77)
Deus é a causa de tudo.
Baruch (Benedito) Spinoza
• Deus não é o que Espinosa chamou de causa "transitiva" do mundo - algo externo que traz o mundo à existência.
• Em vez disso, Deus é a causa "imanente" do mundo. Isso significa que Deus está no mundo, que o mundo está em Deus,
e que a existência e a essência do mundo são explicadas pela existência e essência de Deus.
• Para Espinosa, apreciar esse fato é atingir o mais elevado estado de liberdade e salvação possíveis: um estado que ele
chama de "bem-aventurança“.
• A teoria de Espinosa, é frequentemente classificada como uma forma de panteísmo: a crença de que Deus é o mundo e
de que o mundo é Deus.
Gottfried Wilhelm
Leibniz (1646-1716)
Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716)

• Toda verdade deve ter uma razão segundo a qual ela é verdade. O projeto filosófico de Leibniz se caracteriza por seu
universalismo.
• A tarefa da filosofia consiste na integração da totalidade do conhecimento humano. Leibniz revela mesmo uma preocupação
em aproximar a tradição filosófica, o que denomina de philosophia perennis (as questões filosóficas permanentes, ou
“eternas”), das teorias dos filósofos (os “novos filósofos”, os pensadores modernos), procurando mostrar a sua integração.
• “O pensamento não pode existir sem a linguagem. Sem um signo ou outro. Basta nos interrogarmos se podemos fazer
algum cálculo aritmético sem usar um signo numérico. Quando Deus calcula e exerce seu pensamento, o mundo é criado.”
Dois tipos de verdade
Leibniz era um racionalista e sua distinção entre verdades de razão e verdades de
fato marca um desvio interessante do debate entre racionalismo e empirismo. Sua
alegação, revelada em sua obra famosa, A monadologia, é ,que, em princípio, todo
conhecimento pode ser acessado pela reflexão racional. No entanto, devido a
deficiências de suas faculdades racionais, os seres humanos também devem contar
com a experiência.
O Plano de Deus
• Ao explicar um plano no qual um Deus onipotente e onisciente cria o universo, Leibniz inevitavelmente enfrentou o problema de
explicar a noção do livre arbítrio.
• Como posso escolher agir de certa maneira se Deus já sabe omo vou agir? Logo, parece não haver nenhum lugar para contingência
genuína.
• A teoria de Leibniz só permite urna distinção: entre verdades cuja necessidade podemos descobrir e verdades cuja necessidade
somente Deus pode ver.
• Sabemos que o futuro do mundo é estabelecido por um deus onisciente e benevolente, que, portanto, criou o melhor mundo
possível. Mas chamamos o futuro de contingente, ou indeterminado, porque, como seres humanos limitados, não podemos ver o
seu conteúdo.
A FILOSOFIA POLÍT ICA
DO LIBERALISMO E A
TRADIÇÃO
ILUMINISTA
O LIBERALISMO POLÍTICO
• O liberalismo, no início da Modernidade, é o correlato, na política, do individualismo e do subjetivismo na teoria do
conhecimento que examinamos anteriormente em Descartes e nos empiristas.
• A concepção da existência de direitos naturais ao homem corresponde, do ponto de vista epistemológico, à concepção de
ideias inatas e de faculdades da mente que tornam possível o conhecimento.
• A valorização da livre iniciativa e da liberdade individual no campo da política e da economia equivale no campo do
conhecimento à valorização da experiência individual, tanto intelectual (racionalismo) quanto sensível (empirismo).
Thomas
Hobbes
(1588-1679)
O leviatã
• “A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de defendê-los [os indivíduos] das invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos
outros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que, mediante seu próprio labor e graças aos frutos da terra, possam alimentar-
se e viver satisfeitos, é conferir toda a sua força e poder a um homem, ou a uma assembleia de homens, que possam reduzir suas diversas
vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. O que equivale a dizer: designar um homem ou uma assembleia de homens como
representante de suas pessoas, considerando-se e reconhecendo-se cada um como autor de todos os atos que aquele que representa sua
pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo que disser respeito à paz e segurança comuns; todos submetendo, assim, suas vontades à vontade
do representante, e suas decisões à sua decisão. Isso é mais do que consentimento ou concórdia, é uma verdadeira unidade de todos eles,
numa só e mesma pessoa, realizada por um pacto de cada homem com todos os homens, de um modo que é como se cada homem dissesse
a cada homem: cedo e transfiro meu direito de governar a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condição de
transferires a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isso, à multidão assim unida numa só pessoa se
chama Estado, em latim, civitas.“(Leviatã, parte II, cap. XVII).
John Locke
(1632-
1704)
John Locke (1632-1704)
• Ao contrário de Hobbes, pode ser visto como um otimista em relação à natureza humana e ao convívio entre os
indivíduos, considerando como princípio básico da existência da sociedade o entendimento racional entre os homens.
Locke se contrapõe assim tanto à concepção de Hobbes de um soberano absoluto quanto à dos defensores dos direitos
divinos dos reis.
• Locke afirma que a função do estado é interferir o mínimo possível na vida dos indivíduos, atuando apenas na mediação
de conflitos e na defesa do direito à propriedade.
O ponto de partida de sua filosofia é uma concepção de natureza
humana representada pela famosa ideia segundo a qual “O homem
nasce bom, a sociedade o corrompe” (Contrato social, livro I, cap. l), à
qual se acrescenta a ideia de que “o homem nasce livre e por toda parte
se encontra acorrentado”.
Porém, não é toda e qualquer sociedade que Rousseau condena, mas sim
aquela que acorrenta e aprisiona o homem, chegando a adotar como
modelo de sociedade justa e virtuosa a Roma republicana do período
anterior aos césares.
É possível portanto formular um ideal de sociedade em que os homens
estariam livres e iguais, ideal este que servirá de inspiração à Revolução
Francesa.
O contrato social
• Segundo a teoria do contrato social, a soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade.
• O fundamento dessa soberania é a vontade geral, que não resulta apenas na soma da vontade de cada um.
• A vontade particular e individual de cada um diz respeito a seus interesses específicos; porém, enquanto cidadão e
membro de uma comunidade, o indivíduo deve possuir também uma vontade que se caracteriza pela defesa do interesse
coletivo, do bem comum.
• É papel da educação a formação dessa vontade geral, transformando assim o indivíduo em cidadão, em membro de uma
comunidade.
• O presente material foi elaborado
com base nas seguintes fontes:
HRYNIEWICZ, Severo. Introdução e
História da Filosofia. Rio de Janeiro:
Edição do Autor, 2001.
FONTES MARCONDES, Danilo. Iniciação à
história da Filosofia: Dos pré-
BIBLIOGRÁFICAS socráticos a Wittgenstein. Rio de
Janeiro: Zahar, 2007.
EDITORA GLOBO. O livro da filosofia.
São Paulo: Globo, 2011.

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