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Baruch Espinoza

Ética (Espinoza)
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica_(Espinoza)

“O medo gera a superstição” – O Enigma de Espinosa p. 185


“Os fracos e os ambiciosos, diante da adversidade, imploram o auxílio de Deus com
orações e lágrimas de mulher” - O Enigma de Espinosa p. 185
“Não rir nem chorar, mas compreender” – Espinoza, Tratado Político
"Não é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos,
que a apetecemos, que a desejamos, mas, ao contrário, é por nos esforçarmos por
ela, por querê-la, por apetecê-la, por desejá-la, que a julgamos boa".
“Deus não é um mestre de marionetes”.
“Não há esperança sem medo, nem medo sem esperança”.
“Liberdade não é a possibilidade de dizer “não” àquilo que nos acontece, mas a
possibilidade de dizer “sim” e compreender por que as coisas acontecem”.
“Tenho evitado cuidadosamente rir-me dos atos humanos, ou desprezá-los; o que
tenho feito é tratar de compreendê-los” ou "Não rir nem chorar, mas compreender".
“Sendo todas as outras coisas iguais, o desejo que nasce da alegria é mais forte que
o desejo que nasce da tristeza”.

Propunha uma espécie de determinismo. A vida espiritual humana é tão pouco livre
quanto os processos corporais. Nosso comportamento é resultado das nossas
crenças e desejos, tal como o comportamento de um computador é o resultado do
seu programa (software). Até os filósofos que pensam que agimos livremente,
concedem que a compulsão nos priva do livre-arbítrio. A questão é saber se há
outras categorias de comportamento genuinamente livres. Serão todos os
comportamentos como os produzidos por compulsões? Para ele, o comportamento
humano é determinado, sendo então, a liberdade, a nossa capacidade de saber que
somos determinados e compreender por que agimos como agimos. Deste modo, a
liberdade para Spinoza não é a possibilidade de dizer "não" àquilo que nos
acontece, mas sim a possibilidade de dizer "sim" e compreender completamente por
que as coisas deverão acontecer de determinada maneira.
A filosofia de Espinosa tem muito em comum com o estoicismo, mas difere muito
dos estoicos num aspecto importante: ele rejeitou fortemente a afirmação de que a
razão pode dominar a emoção. Pelo contrário, defendeu que uma emoção pode ser
ultrapassada apenas por uma emoção maior. A distinção crucial era, para ele, entre
as emoções ativas e passivas, sendo as primeiras aquelas que são compreendidas
racionalmente e as outras as que não o são.
A unidade de substância de Spinoza: Substância: Há apenas uma única substância.
Tudo o que existe e constituído dessa substância que possui infinitos atributos. Essa
substancia é “Deus” ou “Natureza”.
Dos afetos primários, alegria e tristeza, nascem todos os outros. A ética de Espinoza
é a ética da alegria. Um afeto de alegria acontece quando uma afecção (o corpo
sendo afetado pelo mundo) nos leva para uma potência maior de ser e agir no
mundo e amplia nossa capacidade de afetar e ser afetado. Isso acontece quando
encontramos um corpo que combina com o nosso, que possui propriedades que se
compõem com as nossas. Ex. O corpo da mulher amada, o abraço de um grande
amigo, a água fresca quando temos sede, a comida quando temos fome, a música
que nos chega aos ouvidos. Espinosa chama isso de bom-encontro. Os bons
encontros são sempre um momento em que nos tornamos mais próximos do mundo
e de nós mesmos, ampliando a nossa capacidade de afetar e ser afetado. Por outro
lado, um afeto de tristeza acontece quando uma afecção nos leva para uma
condição menor de potência, ou seja, nosso conatus (potência do ser) diminui, nossa
força para existir e agir, afetar e ser afetado, diminui, passamos para uma perfeição
menor. Ex. o veneno que nos chega no sangue, encontrar-se com uma pessoa
desagradável, ser ferido por um objeto cortante, ser infectado por alguma doença.
Todos os encontros que nos afastam da realidade e de nós mesmos, nos limitando,
constrangendo, fechando o mundo. Lições de Espinosa: Os indivíduos devem se
esforçar em perseverar sua existência tanto quanto podem. Portanto, devem se
esforçar para ter alegria, isto é, para ter um aumento de sua potência de agir e de
pensar, de ser e agir no mundo e de ampliar sua capacidade de afetar e ser afetado.
Quanto ao determinismo de Espinoza, a lição é que, se não temos o controle sobre o
que nos acontece (seja por um determinismo mecanicista ou casualidade), ainda nos
cabe a possibilidade de dizer "sim" e compreender por que as coisas acontecem de
determinada maneira e tentar compreender por que agimos como agimos.

 Racionalismo: fundamento de todo o conhecimento humano residia na


razão e que há certas ideias inatas do homem, que existem no homem,
independentemente de qualquer experiência. E quanto mais clara é essa
ideia ou concepção, mais certo é que corresponda a um dado real. O conceito
de que seres humanos nascem com ideias inatas, e que elas podem nos
proporcionar conhecimento sobre a natureza do mundo,
independentemente de qualquer coisa que possamos experimentar por meio
dos sentidos, remonta ao início da filosofia. O racionalismo é em parte, a base
da Filosofia, ao priorizar a razão como o caminho para se alcançar a Verdade.
De Sócrates e Platão, através de S. Agostinho, há uma linha direta até
Descartes. Todos eles eram racionalistas convictos. Os principais
racionalistas do século XVII foram o francês “Descartes”, o holandês
“Espinosa” e o alemão “Leibniz”.
 O iluminismo procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a
sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval. Buscava-se um
conhecimento apurado da natureza, com o objetivo de torná-la útil ao
homem moderno e progressista. Foi contra a intolerância da Igreja e do
Estado. Originário entre os anos de 1650 e 1700, o iluminismo foi despertado
pelos filósofos Baruch Spinoza (1632-1677), John Locke (1632-1704), Pierre
Bayle (1647-1706) e pelo matemático Isaac Newton (1643-1727). Voltaire
(1694 — 1778) é considerado o porta voz dos iluministas (e precursor da
Revolução Francesa, 1789-1799). O iluminismo floresceu até cerca de 1790-
1800, após o qual a ênfase na razão deu lugar à ênfase do romantismo na
emoção, e um movimento contrailuminista ganhou força. O término do
período é, por sua vez, habitualmente assinalado em coincidência com o
início das Guerras Napoleônicas (1804-1815). Immanuel Kant foi um
iluminista. Empirismo e pragmatismo foram as tendências mais marcantes
do iluminismo escocês. Dentre os seus mais importantes expoentes
destacam-se David Hume e Adam Smith.

Baruch de Espinoza (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de


1677, Haia) foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada
Filosofia
Os principais racionalistas do século XVII foram o francês “Descartes”, o holandês
“Espinosa” e o alemão “Leibniz”

Poucos filósofos da época moderna foram tão escarnecidos e perseguidos por causa
dos seus pensamentos como este homem. Tentaram inclusivamente assassiná-lo, só
por ter criticado a religião oficial. Ele achava que apenas dogmas rígidos e rituais
exteriores mantinham o cristianismo e o judaísmo vivos. Foi o primeiro a fazer uma
interpretação “histórico — crítica” da Bíblia.
Contestou que a Bíblia fosse inspirada por Deus até à menor palavra. Quando lemos
a Bíblia, segundo ele, temos de levar em conta a época em que teve origem. Esta
leitura “crítica” permite-nos reconhecer uma série de contradições entre os diversos
Livros e Evangelhos da Bíblia. Sob a superfície dos textos do Novo Testamento
encontramos Jesus, o qual podemos designar por porta-voz de Deus. Jesus
anunciou uma “religião racional”, para a qual o amor era o valor mais elevado.
Espinosa refere-se aqui tanto ao amor a Deus como ao amor ao próximo.
Quando a situação se tornou mais grave, Espinosa foi inclusivamente abandonado
pela família. Queriam deserdá-lo por heresia. O paradoxo disto era que poucas
pessoas tinham defendido tão energicamente a liberdade de opinião e a tolerância
religiosa como Espinosa. As numerosas oposições com que teve de lutar levaram-no,
por fim, a escolher uma vida tranqüila, inteiramente dedicada à filosofia.
 Paradoxo: declaração aparentemente verdadeira que leva a uma
contradição lógica.
Era panteísta. Para Espinosa, Deus não é alguém que criou outrora o mundo e está
desde então junto à sua Criação.
 Panteísmo é a crença de que absolutamente tudo e todos compõem um
Deus abrangente e que o Universo (ou a Natureza) e Deus são idênticos.
Espinosa não tinha uma concepção dualista da realidade. Dizemos que é “monista”.
Significa que, segundo ele, toda a realidade se reduz a uma única substância. Como
substância, Deus ou a natureza, entende tudo o que existe, incluindo tudo o que é
espiritual.
 Monismo: "sozinho, único". Nome dado às teorias filosóficas que defendem a
unidade da realidade como um todo ou a identidade entre mente e corpo.
Segundo Espinosa, nós homens conhecemos duas das qualidades ou manifestações
de Deus. Espinosa designa estas qualidades por “atributos” de Deus: pensamento e
espaço (ou extensão). É possível que Deus possua ainda outras qualidades além do
pensamento e da extensão, mas os homens conhecem apenas estes dois atributos.
Tudo o que há na natureza, é ou pensamento ou extensão. Os fenômenos
particulares, com que deparamos na vida quotidiana — por exemplo, uma flor ou um
poema de “Henrik Wergeland” —, são modos no qual a substância, Deus ou a
natureza, se manifestam. Uma flor é um modo do atributo extensão, e um poema
sobre a mesma flor um modo do atributo pensamento. Mas no fundo, ambos são
expressão da mesma coisa: a substância.
Deus não é um “mestre de marionetes”, que mexe os fios e determina o que sucede.
Um “mestre de marionetes” dirige os fantoches de fora e é assim a “causa exterior”.
Mas Deus não dirige o mundo deste modo. Deus governa o mundo por meio das leis
da natureza. Assim, Deus — ou a natureza — é a causa ”imanente” (que faz parte de
maneira inseparável, inerente) de tudo o que sucede. Isso quer dizer que tudo na
natureza acontece necessariamente. Espinosa tinha uma concepção determinista
da vida natural.
Talvez tenhas uma espécie de liberdade de mover o teu polegar como desejas. Mas o
polegar só se pode mover de acordo com a sua natureza. Não pode saltar da tua mão
e correr pela sala. E deste modo tens o teu lugar no todo, minha filha. És a Sofia, mas
és também um dedo no corpo de Deus.
Nosso comportamento é o resultado das nossas crenças e desejos, tal como o
comportamento de um computador é o resultado do seu programa (software). Dado
o programa (software) nele instalado, o computador não pode agir de modo
diferente do que age. Suponhamos que um computador foi programado para
calcular a soma de dois números. Isto significa que se os dados de entrada são 7 e 5,
o computador não pode deixar de fornecer 12 como dado de saída. O computador
não pode agir de forma diferente.
Até os filósofos que pensam que por vezes agimos livremente, em geral concedem
que a compulsão nos priva de livre-arbítrio. A questão é saber se há outras
categorias de comportamento genuinamente livres. Serão todos os
comportamentos como os produzidos por compulsões?

 Baruch Espinoza: De acordo com as ideias de Baruch Espinoza, a vida


espiritual humana é tão pouco livre quanto os processos corporais. Nosso
comportamento é resultado das nossas crenças e desejos, tal como o
comportamento de um computador é o resultado do seu programa
(software). Até os filósofos que pensam que por vezes agimos livremente, em
geral concedem que a compulsão nos priva de livre-arbítrio. A questão é
saber se há outras categorias de comportamento genuinamente livres. Serão
todos os comportamentos como os produzidos por compulsões?

A filosofia de Spinoza tem muito em comum com o estoicismo, mas difere muito dos
estóicos num aspecto importante: ele rejeitou fortemente a afirmação de que a
razão pode dominar a emoção. Pelo contrário, defendeu que uma emoção pode ser
ultrapassada apenas por uma emoção maior.
Spinoza propunha uma espécie de determinismo. Para ele, até o comportamento
humano seria totalmente determinado, sendo então a liberdade a nossa capacidade
de saber que somos determinados e compreender por que agimos como agimos.
Deste modo, a liberdade para Spinoza não é a possibilidade de dizer "não" àquilo
que nos acontece, mas sim a possibilidade de dizer "sim" e compreender
completamente por que as coisas deverão acontecer de determinada maneira
 Determinismo: é a teoria filosófica de que todo acontecimento, inclusive
vontades e escolhas humanas, é explicado por relações de causalidade (não
casualidade), ou seja, a ideia de que uma descrição completa de todos os
fatores causais garante univocamente o que irá acontecer a seguir. Desta
forma, o homem é destituído de liberdade de decidir e de influir nos
fenômenos em que toma parte.
 Talvez a teoria de Espinoza se encaixe no Pré-determinismo: todo efeito está
completamente presente na causa, temos um determinismo mecanicista
onde a determinação é colocada no passado, numa cadeia causal totalmente
explicada pelas condições iniciais do universo.
Filósofos tais como Nicolai Hartmann, Deleuze, Espinoza e Nietzsche não
veem contradição alguma entre determinismo radical e liberdade. Para
Deleuze, liberdade não é livre escolha nem livre-arbítrio, mas sim criação.
Somos livres porque somos imanentes ao mundo determinista, mundo onde
não existe nada que seja singularmente determinado que não seja ao mesmo
tempo singularmente determinante. Se supuséssemos que somos exteriores
ao mundo determinista, cai-se num determinismo inerte passadista (pré-
determinismo), onde, segundo ele, só nos resta a liberdade empobrecida
chamada livre-arbítrio e livre escolha, que é pré-determinismo porque toda
escolha e arbítrio se dá entre duas ou mais entidades dadas, isto é, já
determinadas, já criadas.

Um leão na África. Será que escolhe uma vida de animal predador? É por isso que se
atira a um antílope fraco? Não, pois o leão vive de acordo com a sua natureza. Ou de
acordo com as leis da natureza. Nós, humanos, também o fazemos, porque somos
também natureza.
Espinosa afirma que apenas um único ser é totalmente “causa de si mesmo” e pode
agir com toda a liberdade. Só Deus ou a natureza apresentam este desenvolvimento
livre e “não-acidental”. Um homem pode ansiar por liberdade para poder viver sem
obrigação exterior. Mas nunca alcançará o “livre arbítrio”. Não determinamos tudo o
que se passa no nosso corpo, porque o nosso corpo é um modo do atributo
extensão. E também não “escolhemos” os nossos pensamentos. Logo, o homem não
possui uma alma livre. Ela encontra-se presa num corpo mecânico.
Os afetos - o desejo, a alegria e a tristeza
Espinosa achava que as paixões humanas — por exemplo, a ambição e a cobiça nos
impedem de atingir a verdadeira felicidade e harmonia. Mas, quando reconhecemos
que tudo acontece por necessidade, podemos obter um conhecimento intuitivo da
natureza como totalidade. Podemos ter uma experiência muito clara de que tudo
está relacionado, de que tudo é uno.
A ética de Espinoza é a ética da alegria. Para ele, só a alegria é boa, unicamente a
alegria nos leva ao amor e à convivência com os outros, e aumenta nossa capacidade
de agir de de pensar, enquanto que a tristeza sempre é má, intrinsecamente
relacionada ao ódio, a tristeza sempre é destrutiva para nós e para os outros. Os
indivíduos se esforçam em perseverar sua existência tanto quanto podem. Portanto,
sempre se esforçam para ter alegria, isto é, ter um aumento de sua potência de agir e
de pensar. O esforço por manter e aumentar a potência de agir do corpo e de pensar
da mente é o que Espinoza chama de desejo.
"Não é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos, que
a apetecemos, que a desejamos, mas, ao contrário, é por nos esforçarmos por ela, por
querê-la, por apetecê-la, por desejá-la, que a julgamos boa".

Descartes x Espinosa
Para Descartes, a própria razão é a alma. O pensamento pode elevar-se acima das
necessidades do corpo e proceder “racionalmente”. Deste modo, nossas pernas
podem ficar velhas e fracas, nossas costas tortas, e nossos dentes podem cair, mas
dois mais dois serão sempre quatro, enquanto ainda houver razão em nós. Para
Espinosa, a vida espiritual humana é tão pouco livre como os processos corporais.
Nosso comportamento é resultado das nossas crenças e desejos, tal como o
comportamento de um computador é o resultado do seu programa (software). Até
os filósofos que pensam que agimos livremente, concedem que a compulsão nos
priva do livre-arbítrio. A questão é saber se há outras categorias de comportamento
genuinamente livres. Serão todos os comportamentos como os produzidos por
compulsões? A alma de um homem é infinitamente mais complexa do que qualquer
programa de computador, mas há também quem pense que em princípio somos tão
pouco livres como esses programas.

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