O documento discute traços da autoria na obra de Clarice Lispector, focando em três romances: A hora da estrela, Água viva e Um sopro de vida. A autora joga com silêncio e palavra, e com as funções de narrador, autor e personagem, levantando questões sobre a figura do autor e do sujeito moderno.
O documento discute traços da autoria na obra de Clarice Lispector, focando em três romances: A hora da estrela, Água viva e Um sopro de vida. A autora joga com silêncio e palavra, e com as funções de narrador, autor e personagem, levantando questões sobre a figura do autor e do sujeito moderno.
O documento discute traços da autoria na obra de Clarice Lispector, focando em três romances: A hora da estrela, Água viva e Um sopro de vida. A autora joga com silêncio e palavra, e com as funções de narrador, autor e personagem, levantando questões sobre a figura do autor e do sujeito moderno.
FICHAMENTO “NO LIMIAR DO SILÊNCIO E DA LETRA: TRAÇOS DA AUTORIA EM CLARICE
LISPECTOR” Maria Lucia Homem
I – O CAMPO E FOCO
Romances analisados: A hora da estrela, Água viva, Um sopro de vida.
O que seria passível de representação? P. 12 Jogo entre silêncio e palavra se revela nos romances contemporâneos. “Forma de compor” de Clarice nasce no embate entre o silêncio e a palavra. Clarice joga com as funções de narrador, autor e personagem. O que entendemos por silêncio? O que se faz com o que não se pode falar? A resposta de Wittgenstein seria: silencie: “Aquilo que não se pode dizer, deve-se calar”. No entanto Lacan se contraporia a esse enunciado afirmando que estamos fadados, justamente, a tentar falar sobre o que não se pode dizer. Tais saberes – filosofia, crítica estética e literária, epistemologia da psicanálise – abordam, cada qual a seu modo e a partir de certo olhar, um dos efeitos inescapáveis da nossa era: o sujeito não mais uno, idêntico e estável, mas dotado de inconsciente, ser pulsional e descentrado – esvaecimento que põe em xeque a individualidade moderna. Como pontos teóricos fundamentais destacaremos aqueles trazidos por Freud, a saber, Inconsciente, Desejo e Das Ding (A Coisa) – objeto a – e ainda os três registros estruturantes do psiquismo para Lacan: Real, Simbólico e Imaginário, bem como sua teorização da lógica do incs a partir da cadeia significante (de forma diversa da apontada por Saussure e Jakobson). Na obra de Clarice Lispector surge, com frequência, um conflito de base entre o Simbólico da escrita, do discurso, da palavra e o que Lacan denomina Real, aquilo que, em princípio, não sendo passível de apreensão significante, coloca-se do lado da não- palavra, do silêncio, enfim, de um vazio que justamente incita à escrita e a leva a se constituir. Quero relacionar essa não-palavra ao desamparo de significantes que a mulher moderna enfrenta e identificar os níveis de sofrimento psíquico decorrentes disso (talvez trazer alguma pesquisa com taxas de ansiedade/depressão/suicídio em mulheres – preciso diminuir as variantes – “em mulheres desempregadas”, “em mulheres divorciadas”, “em mães solo”...) Tais jogos especulares entre autor, narrador e personagem levantam a questão da figura clássica do autor como um observador localizado em algum ponto fora do enquadre, tal como o paradigma moderno de um sujeito da ciência com seu objeto a ser desbravado. Ao se dar conta de que o distanciamento sujeito-objeto não era tão fidedigno, o sujeito moderno se vê no vértice de uma instabilidade que não mais lhe abandonará, ser doravante movido pela pulsão e pelas tramas de representações inconscientes, num modo de olhar que doravante incorporará a não-transparência. O sujeito contemporâneo, aquele que trabalha com fios postos à trama no XX e XXI, é então, paradoxalmente, menos claro, menos distinto, e mais consciente, pois que carrega em si o saber do não-todo-saber. O necessário re-desenho da categoria de sujeito não tem como não construir um autor menos ingênuo e mais advertido de seus contornos híbridos, instância complexa espalhada inevitavelmente na formalização de suas criações e representações. Silêncio = solidão (?) *Mimesis: Mimese, mímesis ou mimésis, é um termo crítico e filosófico que abarca uma variedade de significados, incluindo a imitação, representação, mímica, imitatio, a receptividade, o ato de se assemelhar, o ato de expressão e a apresentação do eu.
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)