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THE PIGGLE – PSICOSE INFANTIL

WINNICOTT

Acadêmicas: Ana Clara Perdomo, Nathalia Cosmo.


Professora: Luciana Gomes.
THE PIGGLE
 O caso da pequena Gabrielle (Piggle), analisado por
Winnicott, houve uma grande participação dos pais no
processo terapêutico da criança de uma forma
incomum nos tratamentos psicanalíticos realizados na
época. Winnicott chamou essa participação de
psicanálise compartilhada (partagée), em que, além
de uma participação nas sessões, de forma real ou
transferencial, os pais trocaram com ele informações,
preocupações e discutiram hipóteses por meio de
cartas e telefonemas. Para o analista, o trabalho
realizado dessa maneira permitiu a retomada do
desenvolvimento de Gabrielle que havia sido
dificultado por falhas na provisão ambiental, uma vez
que possibilitou aos pais uma melhor compreensão e
condição de satisfazer as necessidades da criança.
(Serralha, 2009)
INICIO DA PSICOTERAPIA
 Winnicott atendeu Gabrielle durante três anos, de
Janeiro de 1964 á Outubro de 1965, totalizando cerca
de 16 consultas no total, durante o período a menina
estava com dois anos e quatro meses e terminou a
analise com cinco anos. A família de Gabrielle não
residia em Londres, sendo assim seu tratamento não
era por sessões regulares diárias, fez consultas que
variava de 1 a 3 meses, denominando como analise da
demanda.
 Primeiro contato de Winnicott com o caso se deu por
duas cartas escritas pela mãe de Gabrielle, nessas
cartas a mãe relatava que a menina tinha “
preocupações” que a mantia acordada durante a noite.
(Guizzo, 2011)
 “As coisas não melhoraram nada desde que escrevi para
você. Piggle, agora, quase nunca brinca com qualquer
concentração, dificilmente admite ser ela mesma, ela é ou
baba (bebe) ou, mais frequentemente a mamãe. “ A piga foi
embora, foi para o babacar. A piga é preta. As duas pigas
são más. Mamãe chora por causa do babacar.

 “ Contei a ela (Piggle) que tinha escrito para o Dr.


Winnicott, que entende de babacars e mamães pretas,
desde então ela parou com sua suplica noturna: Me fale
sobre o babacar, Duas vezes ela me pediu, como se
inesperadamente: Mamãe me leva ao Dr. Winnicott.”

(Deus, 2004)
SINTOMAS
 Passou a aborrecer-se e deprimir com facilidade.
 Tornou se inesperadamente consciente de seus
relacionamentos especialmente de sua identidade.
 Passou a ter angustias intensas.
 Ciúmes da irmã.
 Apesar de passar a demonstrar mais afeto com a mãe,
passou a mostrar ressentimento também.
 Começou a ficar reservada com o pai.
 Criou uma fantasia que se manifestava durante a noite na
qual uma mamãe preta que puxava seus seios mora dentro
de sua barriga e com quem se pode falar pelo telefone.
Junto a essa fantasia há também a fantasia bebe-car, uma
mamãe preta e um papai preto estão sempre juntos do
bebe-car ou algum homem sozinho.
 Passou a arranhar violentamente o rosto todas as noites.
 Perdeu a concentração nos brinquedos.
 Não admite ser ela mesma, ela é o bebe-car ou a mamãe. “
A piga preta” como ela diz.
(Guizzo, 2011)
DESENVOLVIMENTO

 Família como co-terapeuta  Terapia compartilhada.


 Winiccott não considerava como uma terapia familiar.
 Não era denominado o caso Piggle como um estudo de
caso.
 Analise do ambiente.
 A importância da transferência no caso Piggle para
Winnicott.
 Conclusão do caso.

(Guizzo, 2011)
PSICOSE PONTO DE
VISTA
INFANTIL PSICANALITICO
 Conceito: Segundo Ajuriaguerra e  Ao contrário de Freud e Melanie Klein, que
Marcelli (1991), a psicose infantil é um tinham como categorias conceituais a suposta
transtorno de personalidade dependente constituição da identidade e a relação com a
do transtorno da organização do eu e da realidade externa, Winnicott (1983) interessou-se
relação da criança com o meio ambiente e estudou profundamente as etapas de
 Tendo como características do psicótico desenvolvimento do sujeito em relação ao
infantil: (1) dificuldade para se afastar da ambiente. Para ele, quando o ambiente em que
mãe; (2) dificuldade de compreensão do vive o lactente é suficientemente bom, e isso
que vê, de gestos e linguagem; (3) significa que há uma mãe totalmente devotada
alterações significativas na forma ou aos cuidados do lactente, e que gradativamente
conteúdo do discurso, repetindo se reafirma como uma pessoa independente, o
imediatamente palavras e/ou frases lactente torna-se capaz de relacionar-se com
ouvidas (fala ecolálica), (4) alterações
objetos, inserindo-se no seu próprio corpo e no
marcantes quanto a altura, ritmo e
modulação da fala nas habilidades seu funcionamento, experimentando um
especiais, e conduta social embaraçosa. sentimento de "eu sou", tor-nando-se apto para o
que lhe pode devir.
 O objeto real (seio ou mamadeira) trazido
pela mãe, no seu desejo de amamentar  Winnicott: "de acordo com suas experiências e
essa criança, faz com que o que era capacidade de armazená-las, o indivíduo
necessidade (a fome) transforme-se em desenvolve uma capacidade de acreditar... ou
demanda, demanda de amor. confiar" (1983, p. 49)
 A criança psicótica não consegue  Lacan (1998) de Nome-do-Pai. Para Lacan, a
simbolizar, não faz metáfora, forma como o significante Nome-do-Pai opera
permanecendo numa posição de
alienação, prisioneira de uma palavra para cada sujeito, ou seja, a forma como este se
que é lei. defende do trauma, é o que determinará a sua
 estrutura psíquica: a neurose resultante do
recalque; a psicose, se houver foraclusão; e a
perversão, se a castração for renegada.
TRATAMENTO
 O diagnóstico psiquiátrico é feito pela observação de sintomas que possam
indicar alguma patologia para posterior classificação e conseqüente
orientação quanto à prescrição da medicação adequada, o diagnóstico em
psicanálise é norteado por hipóteses que se constroem durante o processo
psicanalítico que privilegia a escuta e compreensão do sujeito, num
contexto transferencial.
 A psicanalise não descarta a importância do diagnóstico psiquiátrico e
muito menos a prescrição medicamentosa quando necessária.
 Criança problema – maneira que a criança encontra para poder expressar a
sua verdade e de sua família.
 A direção de cura na clínica com crianças tem características específicas,
uma vez que a transferência, motor do tratamento analítico, constitui-se
em um campo múltiplo, que envolve a criança e seus pais.
 Pode-se perguntar que tipo de transferência se estabeleceria e qual o papel
do terapeuta na direção de cura quando se trata de crianças que, durante o
seu desenvolvimento, sofreram falhas na sua constituição subjetiva; falhas
que resultaram numa impossibilidade de simbolização. Ficaram, portanto,
fora do laço social.
 Não podemos considerar as crianças psicóticas como doentes que devem ser
curados por medicamentos ou medidas educativas, mas sim como sujeitos
que merecem ser escutados na sua singularidade. Assim, o terapeuta
precisa encarregar-se de forma real da criança psicótica, respondendo na
transferência a partir dessa posição em que é colocado por ela, exercendo
muitas vezes uma "potência tutelar do amor". Nas palavras de
Jerusalinsky (2002, p. 15), instalando "pequenos curativos" que funcionem
como bordas, abrindo possibilidades de subjetivação do corpo.
REFERENCIAS

 Bernadino, F. L. Vanoli, N. E. (2008). Psicose


infantil – uma reflexão sobre a relevância da
intervenção psicanalítica. Estilos da clinica. V.13
n.25 São Paulo.
 Deus, T. R. (2014). UM ESTUDO SOBRE A
TRANSFERÊNCIA EM WINNICOTT NO CASO
PIGGLE.
 Guizzo, C. D. (2011). O CASO PIGGLE E AS
DEPRESSÕES INFATIS NA PSICANALISE
WINNICOTTIANA. São Paulo.
 Serralha, A. C. (2009). Winnicott com Gabrielle e
seus pais. Natureza Humana. v.11 n.1 São Paulo.

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