Você está na página 1de 9

Capítulo I

1.1. Introdução
O presente trabalho pretende compreender a perturbação obsessiva-compulsiva, através da revisão
de literaturas do tema, tendo em conta manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-
V)e procurando encontrar algumas das formas terapêuticas que têm sido utilizadas no tratamento
desta perturbação.
A Perturbação Obsessivo-Compulsiva encontra-se no espectro neurótico, é uma perturbação
relativa ao stress sofrido pelo sujeito e é somatoforme, tanto é comum em homens e mulheres,
contendo aspectos anancásticos proeminentes na personalidade base, sendo o seu início na
infância ou começo da vida adulta, e sendo as obsessões mais comuns relativas à sujidade ou
contaminação, à violência, ao sexo e organização

1.2. Objectivos

1.2.1. Geral

 Abordagem generalizada do conceito perturbacao obcessivo-compulsiva.

1.2.2. Específicos

 Definir o conceito perturbacao obcessivo-compulsiva;


 Caracterizar a perturbacao obcessivo-compulsiva;
 Identificar o possivel tratamento da perturbacao obcessivo-compulsiva.

1.3. Metodologia

Pesquisa bibliográfica: desenvolvida quando elaborada a partir de material já publicado,


constituído principalmente de livros, artigos periódicos e actualmente com material já
disponibilizado na internet (Gil, 2004).
Capítulo II

2. Fundamentação teórica

2.1. Perturbação obsessivo-compulsiva

A perturbação obsessivo-compulsiva, conhecido popularmente pela sigla POC, é um distúrbio


psiquiátrico de ansiedade descrito na quinta edição do manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais (DSM-V) e na décima edição da classificação internacional de doenças
(CID-10). Sua principal característica é a presença de crises recorrentes de pensamentos
obsessivos, intrusivos e em alguns casos comportamentos compulsivos e repetitivos.

As obsessões são definidas como pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes e


que provocam ansiedade ou mal-estar. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir estes pensamentos
com algum outro pensamento ou através da realização de uma compulsão ou ritual.

O medo da contaminação, de prejudicar os outros acidental ou intencionalmente, de cometer um


erro grave (como deixar um fogão ligado, uma porta aberta ou atirar algo importante para o lixo)
e de contrair uma doença são alguns exemplos das obsessões mais comuns.

As compulsões são comportamentos repetitivos geralmente executadas em resposta a obsessões.


As compulsões mais frequentes são:

 Limpar (para reduzir o medo de contaminação por germes, sujidade ou produtos


químicos);
 Repetir (nomes, frases ou comportamentos para dissipar a ansiedade);

 Verificar (para reduzir o medo de fazer mal a alguém por se ter esquecido, por exemplo,
de desligar o gás do fogão);

 Ordenar e organizar (para reduzir o desconforto, algumas pessoas alinham livros por uma
determinada ordem, por exemplo).
São também frequentes as compulsões mentais, como:

 Rezar silenciosamente;
 Repetir frases, uma vez mais para reduzir a ansiedade.

Todas as pessoas sentem necessidade, em algum momento, de verificar se as portas ficaram bem
fechadas por exemplo. É, por isso que torna-se fundamental estabelecer alguns critérios de
diagnóstico para diferenciar um comportamento normal de algo que poderia ser considerado uma
doença. Só pode ser considerado POC quando as obsessões ou compulsões interferem
significativamente com as rotinas normais do indivíduo e quando as mesmas ocupam uma
considerável parte do dia (pelo menos uma hora por dia).

2.1.1. Causa

A causa do POC ainda é desconhecida. A POC é provavelmente resultante de factores causais


diferentes. Os estados ansiosos, gerados por algumas experiências traumáticas do passado,
podem provocar obsessões constantes e repetitivas que obrigam a agir e executar determinadas
tarefas para minimizar esse estado. Chama-se a este transtorno perturbação obsessivo-
compulsiva, na medida em que só é possível baixar o nível de ansiedade cedendo ao pensamento
e executando tarefas repetitivas.

Na sua maioria, as obsessões são iniciadas com um ataque de pânico. Estas situações, ao criarem
um medo extremo, desenvolvem um mecanismo mental de defesa perante o que provocou o
ataque de pânico, e o medo inconsciente de que este evento ocorra novamente cria um estado de
ansiedade que provoca as obsessões.

2.1.2. Sintomas e características

2.1.2.1. Medo da insegurança

Leva a comportamentos obsessivo-compulsivos como fechar portas e janelas continuamente,


verificação de não ter perdido objectos, preocupação com as atitudes de pessoas mais próximas,
entre outras.
2.1.2.2. Medo de doenças ou morte

Conduz a comportamentos obsessivo-compulsivos como verificação da pulsação cardíaca,


intensa vigília sobre sensações anormais do corpo, preocupação excessiva sobre o desconforto
físico, lavagem frequente do corpo com medo de contaminação, não tocar em determinados
objectos, entre outras.

2.1.2.3. Medo de ter determinados pensamentos

Leva a comportamentos obsessivo-compulsivos como não sair de casa, não querer falar com
ninguém, loucura e desespero, entre outras.

2.1.2.4. Rituais

As pessoas que sofrem de pensamentos obsessivos podem desenvolver um processo mental de


ritualizar acções como forma de minimizar a ansiedade, pensando: “se não fizer isto, vai
acontecer aquilo”. A ansiedade inconsciente é, nestes casos, diminuída pelos rituais, mas os
próprios rituais são, por si só, perturbações obsessivas e compulsivas.

Alguns rituais provocados pelas obsessões podem ser:

 Dizer determinadas palavras ou contar coisas;


 Tocar em objectos um determinado número de vezes;

 Não realizar determinadas tarefas;

 Ter rotinas diárias bem definidas.

2.1.3. Tipos

Existem dois tipos de POC: o transtorno obsessivo-compulsivo no qual predominam os


pensamentos obsessivos, mas a pessoa sem necessariamente ter comportamentos compulsivos e
o transtorno obsessivo-compulsivo, caracterizado pelas obsessões e rituais que se repetem com
frequência, cuja ansiedade só pode ser aliviada e controlada por meio dos rituais, que são
repetidos compulsivamente e que chegam a atrapalhar directamente na vida de quem sofre com a
doença e de pessoas próximas.

2.1.4. Factores de risco

Os principais factores capazes de aumentar o risco de uma pessoa desenvolver o transtorno


obsessivo-compulsiva incluem histórico familiar, como ter algum membro próximo da família
com diagnóstico positivo de POC ou outras doenças psiquiátricas, e acontecimentos traumáticos
e estressantes que tenham ocorrido na vida da pessoa, como a morte de um ente querido ou um
acidente grave.

POC atinge a mulheres e homens na mesma proporção e, na maioria dos casos. A doença surge
durante a infância ou nos primeiros anos da adolescência, mas também pode iniciar na vida
adulta.

2.1.5. Perturbações associadas

A POC pode estar associado com a perturbação depressiva major, outras Perturbações de
ansiedade (fobia específica, fobia social, perturbação de pânico), perturbações alimentares e
perturbação obsessivo-compulsiva da personalidade.

2.1.6. Diagnóstico

Para ajudar a diagnosticar uma pessoa com POC, o médico ou especialista em saúde mental pode
solicitar a realização de determinados exames e testes, incluindo:

2.1.6.1. Exame físico

O exame físico é feito no próprio consultório médico e serve, principalmente, para excluir
possíveis outras causas dos sinais e sintomas que a pessoa manifestou – além, é claro, de
complicações de saúde de um modo geral.

2.1.6.2. Testes de laboratório


Estes exames podem incluir, por exemplo, um hemograma completo, triagem para detectar a
presença de álcool e outras drogas no organismo, além de um check-up geral, principalmente
para medir a função da tireóide e para poder iniciar tratamento medicamentoso com segurança.

2.1.6.3. Avaliação psicológica

O médico ou profissional de saúde mental poderá fazer perguntas específicas sobre pensamentos,
sentimentos, sintomas e padrões de comportamento. O especialista pode, também, querer falar
com familiares e amigos próximos, a fim de entender melhor o que se passa.

2.1.7. Critérios de diagnóstico

Para ser diagnosticada com POC, a pessoa deve atender a determinados critérios estabelecidos no
manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-V). Este manual é usado por
profissionais de saúde mental de todo o mundo para diagnosticar doenças mentais e também por
companhias de seguros para reembolsar pacientes e familiares pelos gastos com tratamentos.

Critérios gerais necessários para o diagnóstico de POC incluem:

 Apresentar obsessões, compulsões ou ambos;


 Perceber ou não que as obsessões e compulsões são excessivas e irracionais;

 Crises de obsessões e compulsões são longas e persistentes e interferem no


funcionamento geral da rotina e na qualidade de vida, assim como nos desempenhos no
trabalho e na vida social.

2.1.8. Tratamento

2.1.8.1. Psicofarmacológico

O tratamento deve ser individualizado, dependendo das características e da gravidade dos


sintomas que o paciente apresenta. Em linhas gerais, contudo, utiliza-se a psicoterapia de
orientação cognitivo-comportamental associada com tratamento farmacológico às vezes, em
doses bem mais elevadas que as utilizadas no tratamento da depressão. Entre os fármacos
preconizados, destacam-se os inibidores da recaptação de serotonina (IRS), tanto os selectivos
como os não selectivos com destaque para a clomipramina e inibidores selectivos da recaptação
da serotonina (ISRS), como fluoxetina, sertralina e paroxetina, utilizados com boa eficácia.

2.1.8.2. Psicoterapêutico

A psicoterapia que mostrou mais eficácia na POC foi a terapia cognitivo-comportamental (TCC).
Os objectivos do tratamento são a redução dos sintomas alvo e a aprendizagem de estratégias
para lidar com obsessões e premências compulsivas no futuro. A TCC visa ajudar o doente a
aprender a controlar a ansiedade provocada pelas obsessões sem recorrer às compulsões.
Capítulo III

3. Conclusão

A perturbação obsessivo-compulsiva pode causar grande sofrimento e angústia no quotidiano


dos seus portadores, quer através do aparecimento abrupto de pensamentos obsessivos, quer pelo
controlo de rituais necessários para acalmar os pensamentos.

Para conseguir compreender a mutidimensionalidade desta perturbação, é preciso conhecer as


suas características, saber que pontos aproximam Perturbação Obsessivo-Compulsiva da
Perturbação da Personalidade Obsessivo-Compulsiva, indagar as suas comorbilidades,
características fisiológicas e ainda quais os psicofármacos mais comuns para o tratamento da
mesma.

Procurando este trabalho compreender o sucesso das terapias cognitivo-comportamentais na


perturbação obsessivo-compulsiva, foi necessário compreender a relação da perturbação com a
aprendizagem.
Capítulo IV

4. Referências bibliográficas

 GIL, A.C., métodos de elaboração de trabalho científico, 2004.

 Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-V), Editora Masson,


Lisboa, 2002.

 Ruiloba, V. (1995): Estados Obsessivos. 2ª Ed. Masson: Barcelona.

 Gonçalves, O. (2000): Obsessões e compulsões. Quarteto: Coimbra.

Você também pode gostar