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JOVENS NO CVV
O CVV nasceu no século passado, em 1961, no auge da Guerra Fria, época de incertezas, ambições,
conflitos, muita violência e aniquilamento humano. Mas também era um mundo de esperanças, utopias
e de entusiasmo juvenil, da contra-cultura que resistia à destruição do planeta. O ano que o CVV nasceu
foi o mesmo em que o astronauta Yuri Gagarin pronunciou sua famosa fala vinda do espaço: “ A Terra é
azul”.

De lá para cá, nesse período de seis décadas, formamos mais de 30 mil voluntários, pessoas capacitadas
para compreender e multiplicar a nossa visão de mundo e as nossas práticas humanitárias.

Aprendizes do CAMP Rio Branco durante a Caminhada Pela Vida.

Nossa missão sempre foi valorizar a vida, já que vivíamos numa sociedade que cultivava a morte em
todos os aspectos. Como uma contra-corrente, escolhemos lutar contra o suicídio, não pela repressão
e sim com a prevenção. Nossa principal forma de ação sempre foi a oferta de amizade, base natural das
relações humanas.

Atualmente o CVV recebe mais de 2 milhões de chamadas telefônicas por ano. São pessoas em busca
de ajuda para suas dores íntimas, fugindo da solidão, da tristeza e das angústias do dia a dia. Elas
procuram o CVV para desabafar e encontram em nós um alívio, para descansar e recompor suas forças.
Essas chamadas deverão ser ampliadas gradualmente com o número gratuito 188, cedido pela Anatel e
Ministério da Saúde. Precisamos ampliar também o nosso quadro de voluntários – hoje composto de
2500 membros - para oferecer apoio emocional para as pessoas que procuram esse atendimento 24
horas por dia.

E agora temos um novo projeto de vida: ter jovens parceiros atuando como voluntários do CVV.
Diferentes, em parte, das gerações anteriores de voluntários que ingressam em nossos quadros

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somente aos 18 anos de idade, hoje entendemos que podemos ter jovens conosco, para realizar tarefas
muito importantes em diversas frentes de atuação do CVV. Dessa forma, eles ajudam na prevenção do
suicídio e também se preparam para a vida, se tornando adultos mais conscientes e atuantes para
formar uma sociedade mais fraterna solidária.

Queremos dizer aos jovens que eles não são um problema para o mundo e sim a solução dos problemas
que mundo criou antes que nascessem; problemas que ficarão cada vez mais difíceis nos próximos
anos, por conta das intensas transformações já em andamento.

Quem herda equações herda também a responsabilidade de equacioná-las.

Os jovens são o melhor exemplo da cultura desse novo século de diferentes e mais complexas
equações. Isso porque eles já nasceram com potencialidades diferentes dos adultos do século passado e
mais adequadas a esse novo tempo. Eles podem nos ajudar a conhecer melhor essa nova realidade, nos
ensinando como vivem, o que pensam e sobretudo sobre as suas necessidades e sofrimentos.

Sejam bem vindos ao CVV!!!

Aprendizes do CAMP Rio Branco durante a Caminhada Pela Vida.

O PROGRAMA
CVV JOVENS- Estação Amizade é um programa educativo dirigido para adolescentes entre 11 18 anos.
Foi criado para funcionar em escolas e ambientes que reúnem jovens nessa faixa etária, oferecendo
informações e capacitação voluntária sobre prevenção do suicídio:

- Palestras informativas sobre o suicídio, sobre o trabalho do CVV e outros grupos de prevenção;

- Difusão do livro-ficção “Estação Amizade, dez jovens lutando contra o suicídio”, base de sensibilização
do Programa.

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- Minicurso Saber Ouvir, síntese do curso do CVV, para jovens e todos os segmentos que atuam com o
público.

- Rodas de Conversa – trocas de impressões sobre temas humanos por meio da expressão de
sentimentos e emoções.

- Formação de Jovens Multiplicadores do programa – para aplicar o Minicurso, Rodas de Conversas e


atuação em campanhas e eventos, como o Setembro Amarelo. .

O Programa CVV JOVENS-Estação Amizade foi testado em dois diferentes ambientes escolares -
escolas públicas de ensino fundamental e médio , abrangendo cerca 2 mil alunos ; e um centro de
aprendizagem profissional , para 400 jovens.

Aprendizes do CAMP Rio Branco celebram a Amizade em desfile cívico em São Vicente.

COMO SURGIU O PROGRAMA


Atuar entre os jovens e trocar experiências com o setor educacional já fazia parte das metas
do CVV há alguns anos, porém a oportunidade de efetivar essa idéia surgiu quando nossos
voluntários da Baixada Santista foram abalados por notícias de suicídios de crianças e jovens
naquela região. Ao receber solicitação de ajuda e esclarecimento aos órgãos de imprensa, os
voluntários decidiram dar início a algumas ações práticas e formatar um programa acessível,
que pudesse ser utilizado por escolas e grupos que reúnem crianças e adolescentes. O
trabalho começou com palestras e debates em ambientes escolares, seguido de
experimentação com as rodas de conversa e aplicação adaptada dos princípios e práticas do
CVV.

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Notícia do jornal A Tribuna, de Santos, denúncias que motivaram a criação e organização do CVV JOVENS-
Estação Amizade.

SUICÍDIO E PREVENÇÂO

O suicídio entre crianças e adolescentes não é assunto estranho para os pesquisadores e profissionais
de saúde mental. Também não é novidade para os voluntários que atuam na prevenção por meio da
relação ajuda humanitária, existente em muitos países há mais de meio século.

Entretanto, especialistas e voluntários admitem que o aumento de casos nessa faixa etária nas duas
últimas décadas tem sido algo assustar e preocupante. Se o suicídio de adultos já é algo que foge aos
nossos padrões de entendimento e compreensão, a morte de crianças e jovens por esse meio violento
é sempre chocante e muito entristecedor.

OUVINDO AS PESSOAS

O CVV aprendeu com a experiência que, como voluntários, não devemos dar ênfase ao problema que
atormenta o suicida em potencial - ou qualquer ser humano em dificuldade - e sim conversar
abertamente com ele – de igual para igual - ouvindo os sentimentos e emoções que o atormentam.
Para nós o que pesa mais nessa relação é a pessoa e não a sua condição e expressão social. É uma
relação espontânea e informal que muito se assemelha aos laços de amizade.

Esse procedimento humano simples de ouvir e compreender tem ajudado milhares de pessoas, de
todas as idades, no mundo inteiro.

Sé é tão simples e natural como a amizade, por que não explorar essa experiência com crianças e
jovens nos primeiros contatos de ajuda? Porque crianças e jovens não podem conversar entre si, como
amigos, nos momentos de crise e desespero, aliviando a dor e o sofrimento antes que sejam tomadas
as decisões adultas – muitas vezes tardia - de pedir ajuda especializada?

Na América do Norte e Europa já é comum a atuação de ONGs voltadas exclusivamente para prevenir
suicídios entre crianças e jovens.

No Brasil algumas experiências já foram feitas nesse sentindo encorajando jovens a ajudar outros
jovens. Em 2016 voluntários especialistas do CVV já haviam criado o CVV JOVENS e o PROGRAMA
ESTAÇÃO AMIZADE, voltados especialmente para o público em idade escolar.

BALEIA AZUL

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Em 2016 o fenômeno midiático mundial da Baleia Azul estava se alastrando e causando danos em
algumas regiões no Brasil. No Estado de São Paulo, a Secretaria de Estado da Educação soube que, em
uma das suas unidades, já estava em funcionamento um projeto experimental de prevenção ao
suicídio e procurou imediatamente os organizadores. A ideia era conhecer e divulgar essa experiência
sugerindo sua aplicação em toda rede estadual de ensino. Era o Programa Estação Amizade, testado
pelos nossos voluntários na E.E. Margarida Pinho Rodrigues, com mais de 1500 alunos; e também em
um núcleo de aprendizagem profissional – CAMP Rio Branco, com 400 jovens aprendizes, ambos na
cidade de São Vicente.

Gravação do vídeo da Secretaria Estadual da Educação de SP na EE Margarida Pinho Rodrigues, em


São Vicente.

Além do registro em vídeo e divulgação na rede oficial de ensino, a Secretaria de Estado da Educação
de São Paulo concedeu ao programa Estação Amizade o selo “BOAS BRÁTICAS”, reconhecimento que
vem gerando interesse por parte de muitas escolas de todo o País.

LIVRO-BASE E NOVAS AÇÕES EDUCATIVAS

Dessa experiência de contados e relatos entre jovens e educadores surgiu nesse mesmo período a idéia
de produzir um livro de ficção contando em formato de trama literária alguns desses relatos.

Surgiu então “Estação Amizade – Dez jovens lutando contra o suicídio”, do educador Dalmo Duque ,
em parceria com sua filha adolescente Verônica Esquive Duque dos Santos.

O livro passou a servir de base para aplicação do programa e alguns trechos da obra passaram a ser
encenados em enquetes de teatro, como pretexto para as reflexões nas rodas de conversa.

As atividades nas duas escolas citadas, por meio de palestras e rodas, foram seguidas de novas ações
como a ocupação de espaços públicos através eventos de sensibilização da opinião pública.

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CULTURA ACOLHEDORA E ESCUTA FRATERNA

Em 2017, iniciou-se nesses espaços escolares citados a capacitação de jovens para acolher e ajudar
outros jovens por meio de conversas de ajuda, de forma simples e amiga, sem pretensões de
aconselhamento. Era uma adaptação do PSV- Programa de Seleção de Voluntários do CVV. Foi criado
então o “Minicurso Saber Ouvir”, ministrado pelos voluntários educadores a pequenos grupos de
estudantes com a intenção de transformá-los em agentes multiplicadores. Jovens ensinando jovens
as primeiras noções de prevenção do suicídio.

Para a surpresa dos educadores, assuntos complexos e procedimentos de difícil assimilação


comportamental – no campo da abordagem e prevenção entre os adultos - foram rapidamente
compreendidos e aplicados pelos jovens. Experiências didáticas que levavam até oito semanas para
serem transmitidas aos voluntários do CVV passaram a ser expostas aos jovens em apenas algumas
horas, simplificadas em alguns vídeos e slides que eles mesmos passaram a interpretar e explicar com
suas próprias vivências.

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Aprendizes do CAMP Rio Branco atividade de vivências emocionais.

Os jovens atuam sozinhos, duplas ou em grupo, para expor ideias e conceitos sobre oferta de amizade e
prevenção do suicídio. Realizam também as rodas de conversa, com regras específicas para exploração
e reflexão sobre seus sentimentos e emoções. Dessa forma, um assunto que é tabu e um processo
complexo de abordagem pessoal foram simplificados para abranger o maior número possível de
estudantes, sem comprometer a qualidade da aprendizagem ou a banalização dos temas.

SIMPÓSIO INTERNACIONAL E PARCERIA COM A UNICEF

Em 2018, a experiência do CVV JOVENS-Estação Amizade foi comunicada no VIII Simpósio


Internacional de Prevenção do Suicídio, realizado em Belo Horizonte-MG, evento que teve a
participação de vários segmentos da sociedade civil e também de órgãos oficiais relatando suas
experiências de prevenção. Nessa ocasião os organizadores do CVV Jovens participaram de uma mesa
redonda fazendo balanço histórico da abordagem da prevenção do suicídio.

Em 2019 a UNICEF- núcleo da Organização das Nações Unidas para proteção da Infância e Juventude-
convidou o CVV para patrocinar e divulgar no Brasil seu material midiático sobre prevenção do Suicídio,
em evento público realizado em São Paulo, no dia 28 de junho. Nesse mesmo ano o CVV participa
novamente como expositor de experiências do CVV JOVENS- Estação Amizade no IX Simpósio
Internacional de Prevenção do Suicídio e 40° Congresso Nacional do CVV, na cidade de Ribeirão Preto-
SP.

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Comunicação do CVV JOVENS–Estação Amizade no III Simpósio Internacional de Prevenção do
Suicídio, em Belo Horizonte-MG, 2018.

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O MINICURSO SABER OUVIR
Treinamento para Multiplicadores do CVV JOVENS e Programa Estação Amizade

Exposição do Minicurso Saber Ouvir nos eventos do Setembro Amarelo em São Vicente, em 2018.

A experiência voluntária do CVV

O CVV- Centro de Valorização da Vida foi fundado em São Paulo em 1962 por um grupo de 17 jovens
dispostos e empenhados a combater o suicídio. Eles se inspiraram nos Samaritanos, um grupo de
escuta fraterna de Londres. Nessa mesma década apareceram na Europa outros grupos semelhantes,
na França (SOS L’Amitie) e Itália (Telefono Amico), todos realizados por voluntários.

Ao longo de quase 60 anos o CVV se expandiu e hoje tem mais de 90 postos de atendimento
espalhados nas principais capitais e várias cidades do Brasil. Os voluntários atendem de forma
presencial nos postos físicos e também pela internet, voip, skype; e principalmente pelo telefone 188
Gratuito.

Nessas seis décadas de funcionamento adquirimos a preciosa experiência de lidar com o sofrimento
humano, conversando com pessoas tristes, solitárias e angustiadas que nos procuram, dia e noite, para
falar dos seus problemas, desabafando e se aliviando dessas dores intimas. Recebemos mais 2 milhões
de chamadas telefônicas por ano e , mesmo tendo somente 2.000 voluntários treinados, sabemos que
este não é ainda um número suficiente para acolher tanto sofrimento e que , muitas vezes, leva essas
pessoas ao desespero e ao suicídio. Por isso sempre estamos de plantão, dentro ou fora do CVV. Não
somos especialistas nem profissionais. Somos voluntários ouvintes.

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Treinamento de jovens aprendizes do CAMP Rio Branco- São Vicente.

COMO AJUDAMOS AS PESSOAS

Pode parecer simples e fácil a nossa atividade de ouvir, mas não é. Vivemos numa sociedade que não
tem o hábito da escuta. Falamos muito e ouvimos pouco ou quase nada. Somos ansiosos e impacientes,
porque pensamos muito e reprimimos os nossos sentimentos e emoções. Assim, não conseguimos
compreender uns aos outros. Como dizia um dos nossos fundadores, "Somos uma sociedade de
surdos”. Queremos resolver todos problemas por meio de sistemas e métodos racionais ou soluções
muitos simplistas e isso nos causa mais problemas ainda, pela insatisfação permanente. As Figuras 1 e 2
mostram como somos mental e originalmente e depois com ficamos em desequilíbrio no cenário da
sociedade atual.

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COMO AS PESSOAS CHEGAM ATÉ NÓS

Além desse desequilíbrio nas três vivências (Pensamento, Sentimento e Ação), as pessoas que nos
procuram se apresentam sob três diferentes aspectos ( Figura 3): o Indivíduo, o Problema e a Pessoa.
Os indivíduos são todos diferentes (RG, endereço, profissão, classe, etc). Os problemas também são
inúmeros e diferentes nas suas origens e características, como os nossos pensamentos e formas de
refletir, embora muitos pareçam ser iguais. Já as pessoas em si (os sentimentos e emoções) são
muitos semelhantes. E isso nos torna iguais, sem distinção de classe, cor, crença, etc. Todos sentimos
medo, raiva, solidão, rimos, choramos, simplesmente porque essas são emoções humanas.

IMPORTANTE

Não temos condições de resolver os problemas nem mudar a condição social das pessoas, mas
podemos entender e compreender como elas se sentem e porque estão sofrendo. Essa capacidade de
ler os sentimentos se dá pela nossa pré-disposição de acolher e ouvir. É a disponibilidade. Paramos um
pouco o que estamos fazendo para prestar atenção no que está acontecendo com o outro. Fazer isso já
é algo incomum num mundo como o nosso, competitivo e frio. Quebramos um paradigma e afastamos
um tabu, dois obstáculos que impedem que as pessoas sejam ajudadas nos momentos de desespero e
que cometam ações insanas como o suicídio.

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Treinamento de alunos da E.E. Margarida Pinho Rodrigues, em 2018.

TREINANDO OS MULTIPLICADORES

Para formar e treinar MULTIPLICADORES do Minicurso é preciso realizar um ou mais encontros de


pelo menos 2 horas e dividir esse tempo em 5 etapas:

1. Explicar o motivo do Encontro e fazer uma pequena palestra sobre o suicídio, a necessidade urgente
de prevenção e um pouco da experiência dos voluntários do CVV, pessoas comuns que lidam com essa
atividade de forma simples e prática.

2. Desenvolver um repertório pessoal sobre os temas do Minicurso, escrevendo e dissertando sobre


cada um deles. (Os passos da Relação de Ajuda)

3. Expor o Minicurso para os presentes.

4. Expor novamente e explicar como cada um dos slides deve ser apresentado: qual o objetivo de cada
slide.

5. Formar duplas ou trios para simular as apresentações, pedindo que eles organizem a exposição.
Iniciar e repetir as apresentações diversas vezes, até que as dificuldades de comunicação sejas
superadas. A ideia é perder o medo e ficar seguro durante a exposição. Não interrompa as
apresentações. Se der branco, ajude e peça sempre para seguir em frente até concluir. As falhas serão
corrigidas naturalmente durante o treinamento.

OS PASSOS DA RELAÇÃO DE AJUDA

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APROXIMAÇÃO – ACEITAÇÃO – COMPREENSÃO - RESPEITO.
Resumimos a seguir como realizamos a abordagem daqueles que buscam a nossa ajuda, muitas vezes
em situações complicadas e constrangedoras, desafiando a nossa própria condição de pessoa e a
capacidade de nos colocarmos à disposição.

1. CONTROLAR A ANSIEDADE DE RESOLUÇÃO

Não temos condições nem o poder de resolver todos os problemas. Alguns deles nem têm solução nas
circunstâncias em que se apresentam. Nosso foco principal é sempre a pessoa e seus sentimentos.

2. ACOLHIMENTO FRATERNO

Ameaça zero. Aceitação plena. Quando acolhemos, deixamos às pessoas numa posição tranqüila,
confortável, causando um alívio nas suas tensões, medos e nas suas dores.

3. NOSSAS TRÊS FACES

Nossas experiências nos mostram basicamente em três faces ou aspectos da personalidade: o


Indivíduo: identidade, RG, endereço, profissão, gênero, status; o Problema: ou situação em que nos
encontramos; e a Pessoa: nosso jeito de ser, o temperamento, os sentimentos e emoções. Somos
assim e quem nos procura para pedir ajuda também. No primeiro aspecto somos socialmente
diferentes e essas diferenças são acentuadas pelas aparências. No segundo aspecto também somos
diferentes porque os problemas podem até ser semelhantes, mas não temos soluções prontas para
dificuldades que não vivenciamos; podemos ser solidários e compreensíveis, mas não podemos buscar
soluções para eliminar os problemas da alçada dos especialistas; e finalmente o terceiro aspecto, no
qual somos muito semelhantes, diríamos até iguais: somos humanos e temos sentimentos e emoções
idênticas: raiva, alegria, tristeza, medo, etc. Assim, devemos focar o diálogo com a pessoa ( a face que
está sofrendo) e deixar de lado naquela instante o indivíduo e o problemas.

Importante: não somos profissionais especialistas, mas podemos ajudar nos momentos de crise,
conversando e refletindo abertamente com o outro sobre os sentimentos e emoções que o afligem
nesses momentos de solidão e isolamento. Como reagimos diante das coisas? Medo, ansiedade,
indiferença, raiva, ironia? Esse deve ser o foco da nossa atenção para com o outro. Ouvir as
inquietações e dores íntimas. Isso alivia a angústia, a tristeza, a ansiedade, o medo e muitos outros
sentimentos. Se a pessoa insistir em nos cobrar conselhos e soluções lembre-se que num outro
momento ela pode buscar ajuda profissional, mas que naquele instante ele pode se abrir, desabafar e
reorganizar suas emoções.

4. SE COLOCAR NO LUGAR DO OUTRO

Quando fazemos isso imediatamente somos percebidos como amigos e ampliamos a nossa capacidade
de compreensão.

5. SE DESARMAR DOS PRECONCEITOS

Não julgar e nem condenar. Todos temos valores e visões de mundo diferentes, mas a tolerância e o
respeito pode nos ajudar muito a aceitar as coisas que não concordamos e não podemos modificar.
Aceitar não significa que devemos concordar e aprovar, mas apenas reconhecer as diferenças e a
diversidade.

6. RESPEITAR OS “SILÊNCIOS”

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Muitas vezes em uma conversa surgem momentos que cessam os assuntos e os barulhos externos,
porém dentro de cada um existem e persistem os barulhos internos. Nesses momentos refletimos
sobre as coisas, recapitulamos nossos passos, remoemos nossas ações, limitações e buscamos
respostas que estão somente dentro de nós. É o tempo íntimo de cada um, que precisa ser aguardado e
respeitado. Permaneçamos também em silêncio.

6. CONFIAR NA NATUREZA HUMANA

Todo ser humano na sua essência transformadora tem um sentido positivo que o faz refletir e
questionar sua condição e as coisas que se passam no seu entorno. Ele tem a capacidade de entender e
resolver suas próprias dificuldades. Quando essas dificuldades parecem ser insuperáveis, ainda assim,
ele pode desenvolver a capacidade de aprender a conviver com elas, sem comprometer sua vida e seus
compromissos. Estar ao lado dele e com ele nesses momentos é altamente confortante e de grande
auxílio, sem nos preocuparmos somente em oferecer soluções, porque elas não existem como modelos
prontos e sim algo que é construído na experiência de cada um.

7. HONRAR A CONFIANÇA

Ao compartilhar conosco suas impressões, seus sentimentos e eventualmente os seus segredos e


particularidades, as pessoas contam naturalmente com o nosso respeito e sigilo.

VAMOS MUDAR O MUNDO OUVINDO AS PESSOAS


Pode parecer apenas mais uma frase utópica, mas é exatamente isso que nós do CVV e de muitas
outras ONGs de ajuda emocional pensam sobre o que está acontecendo ao nosso redor e ao redor do
nosso planeta.

Somos quase 8 bilhões de seres humanos que foram educados numa época em que falar era a principal
marca da presença humana nas suas inúmeras atividades.

A comunicação racional falada tornou-se prioridade como posicionamento e disputa de posse dos
espaços humanos. Nesse universo confuso de “falantes mecânicos” e “surdos funcionais”, procuramos
desesperadamente ouvintes para as nossas falas discursivas e de convencimento, que esquecemos e
evitamos ouvir o que os outros querem falar.

Somos apenas ouvintes formais e funcionais. Só escutamos pensamentos. Ou fingimos que escutamos.
Não conseguimos ouvir os sentimentos das pessoas. Eles tentam falar de experiências emocionais,
porém somos bloqueados para ouvir coisas sentimentais.

Só prestamos atenção em ideias. Se a ideia é considerada útil e de valor econômico, ganha


rapidamente a atenção dos ouvintes práticos e funcionais. O mesmo não acontece com as expressões
emocionais, reservadas só para os artistas.

Prova disso tudo é a pobreza e escassez no nosso vocabulário de sentimentos e emoções, praticamente
restrito aos poetas. Pessoas comuns são praticamente proibidas de expressar emoções comuns. Elas
são geralmente rotuladas de “bobagens” passageiras e caladas pelas soluções superficiais.

Ora, mas é exatamente o contrário. As ideias é que são efêmeras e morrem pelo desgaste, logo depois
dos seus usos múltiplos. As emoções não são efêmeras. Elas permanecem conosco, principalmente
quando suas causas não são identificadas e seus efeitos não são equacionados.

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As emoções e sentimentos não comunicados geram dores e angústias que os remédios não curam e as
fugas não preenchem os vazios íntimos deixados por elas. Elas só passam quando são ouvidas e
compreendidas por meio da escuta e atenção afetiva.

O volume de queixas emocionais e sentimentais vem se acumulando e aumenta a cada dia em nosso
mundo. E como uma grande represa com poucas e pequenas válvulas de escape. Se essas queixas
fossem ouvidas elas evaporariam desse imenso lago cinzento de medo, angústias, tristezas e
ansiedade. Não secaria, porém ficaria em nível suportável e até normal.

É por isso que a nossa proposta inicial não é apenas uma utopia. É uma ideia com proposta de ação e
multiplicação. Falar e ouvir de forma emocional e sentimental recíproca. Isso até melhoraria a nossa
comunicação racional, muitas vezes frustrada pelas rejeições e que se transformam em sentimentos
ruins e emoções doentes.

É muito simples. Parar e ouvir por alguns instantes. Ouvir com o coração e não somente com o cérebro.
Isso pode mudar as pessoas e também o mundo.

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AS RODAS DE CONVERSA

Rodas de conversa são encontros de uma ou duas horas, com temas de autoconhecimento e trocas de
experiências. Os encontros devem hora e local pré-determinado: hora para começar e hora para
terminar. Por alguns instantes deixar de falar somente o que pensamos e para também falar o que
sentimos.

A prática é rotativa, em QUATRO ESTAÇÕES CONTÍNUAS; e sempre começa quando chegamos.

COMO FUNCIONA.

O mediador propõe os temas (COMO ESTAMOS) e pergunta se alguém gostaria de falar sobre o
assunto. “Ao falar ofereça sua própria experiência; fale sempre olhando o seu interior. Isso acontece de
forma mais tranquila quando falamos o que sentimos e não as nossas opiniões”.

Refletindo sobre os temas e as colocações verbalizadas no grupo, é possível desenvolvermos uma


melhor compreensão das coisas que acontecem conosco e ao nosso redor, facilitando o nosso auto-
conhecimento.

REGRAS SIMPLES

Nas Rodas de Conversa não tem professores, sacerdotes, dirigentes. Há um moderador, escolhido
pelos participantes, que facilitará a aplicação das regras de comunicação e convívio. Não há vínculos
doutrinários com religião ou política.

FALAR MAIS O QUE SENTE E MENOS O QUE PENSA. Evite discussões competitivas e estimule as falas
compreensivas e cooperativas, O espaço é de reflexão para que você fale de si e compartilhe sua
experiência.

Cada participante comenta apenas suas próprias impressões e não as dos outros.

O SIGILO é uma importante e essencial forma de respeito e convívio. Com o devido respeito às leis e
costumes, tudo que falamos e ouvimos deve permanecer no local das reuniões e não deve ser
compartilhado com quem não esteve presente.

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O que é a Vida? Como gostaria que fosse a minha vida?

RTEIRO DO O PROGRAMA
VERÃO - Estação Início
COMO ESTAMOS

Infantilidade, inconsequência, fantasias e fragilidade. Viver é brincar, fazer de conta. Não


percebo a mim mesmo e nem questiono minha existência.

Ponto de mutação: baixa capacidade de mudança porque não há preocupações nem planos.
Extroversão pela quebra do silêncio. Barulhos.

TEMAS DAS RODAS DE CONVERSA

Semana 1: Quem sou eu? Como me vejo?

Semana 2: Como gostaria que fosse minha vida?

Quem sou eu? Como eu me vejo? Aceito-me?

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OUTONO - Estação Dúvida
COMO ESTAMOS: ousadia e atrevimento, ilusão, auto-suficiência, força física, ironia e
crueldade, intolerância.

Viver é uma aventura, perigosamente. Atração pelo desconhecido. Dificuldade de tomar


decisões e fazer escolhas. Auto-percepção pela auto-afirmação.

Ponto de mutação: média capacidade de mudança, pois já há preocupações e planos.


Alternância entre extroversão e introspecção. Intensidade e exagero de emoções.
Comunicação intensa.

RODAS DE CONVERSA

Semana 3: Aceito-me. Estou satisfeito comigo? Uso máscaras?

Semana 4: Dia a dia estamos mudando. Estou mudando para melhor?

INVERNO - Estação Medo


COMO ESTAMOS

Auto-percepção pela autocrítica. Viver é fazer conquistas. O guia é o relógio que marca com
rigor o passar do tempo. Planos e busca a de sucesso. Responsabilidade.

Autodeterminação. Intensidade provas e desafios. Racionalização. Desilusão e desencanto


por causa dos fracassos e decepções.

Ponto de mutação: crises intensas e alta potencialidade de mudanças. Pouca extroversão e


busca da introversão como auto-análise e repouso. Comunicação moderada e contida.

Semana 5: A morte é fim? Como entendo a vida?

Semana 6: O sucesso do outro me traz alegria? Sou solidário?

Dia a dia estamos mudando. Tenho mudado para melhor?

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PRIMAVERA - Estação Recomeço
COMO ESTAMOS: resignação e redução do ritmo da produção e da extroversão. Prudência.
Acentuação da introspecção e busca do silêncio. O guia é a bússola que aponta um Norte.
Perda da força física e busca da força espiritual. Preparação para uma transformação profunda
ou renascimento.

Ponto de mutação: a mudança é natural e as crises são menos doloridas. Não há mais
ansiedade e sim serenidade.

RODAS DE CONVERSA

Semana 7: Aceito o outro como ele é? Sou moderado ou impulsivo?

Semana 8: Sou melhor do que ontem? Consigo ajudar sem exigir ajuda?

RELEMBRANDO

As Rodas de Conversa são contínuas e podem ser renovadas com novos temas, sempre
voltados para reflexão, de fala interior e emocional, evitando as discussões intelectuais,
polêmicas e dispersivas. Sempre que isso ocorrer, é necessário interromper os desvios e
retomar as finalidades originais do programa.

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LISTA DE TEMAS PARA RODAS DE CONVERSA

Quem sou eu? Como me vejo?

Sou conduzido pelo instinto ou pela razão? Estou melhorando interiormente?

Aceito-me? Estou satisfeito comigo? Uso máscaras?

Como que gostaria que fosse minha vida? Como seria viver de forma plena?

Quem semeia ventos colhe tempestade?

Como vejo a existência e o tempo? A morte é o fim?

Dia a dia estamos mudando? Mudando para melhor?

Deus ajuda quem cedo madruga?

Existe justiça? Deus dá o frio conforme o cobertor?

Quem com ferro fere com ferro será ferido? Tenho facilidade para perdoar?

A dor é um castigo, veículo de aprimoramento ou uma injustiça?

Quais são as virtudes que eu gostaria de conquistar? O meu mau humor modifica a minha vida?

À noite os gatos são pardos? Percebo meus preconceitos?

Procuro descobrir os valores que o outro certamente possui? Como eu reajo quando as pessoas
interferem na minha vida?

Vícios e defeitos. Reconheço os que tenho? O que faço para controlá-los O que eu sinto quando sou
criticado?

Humildade, Desprendimento, Coragem, Disciplina. Procuro cultivar uma dessas virtudes? O que sinto
quando ajudo alguém?

Tenho hábito de fazer auto-análise? Como eu me sinto quando sou desvalorizado?

Cultivo o silêncio? Como uso a palavra e o olhar? Como eu convivo com as perdas?

Quando um não quer dois não brigam? Sou apaziguador ou impulsivo?

Tenho um plano de renovação interior? Ou nunca pensei nisso? Eu vivencio a caridade?

Mais vale acender uma vela ou maldizer a escuridão?

Como é a felicidade para mim?

Consigo ajudar sem esperar recompensa?

Aceito o próximo como ele é?

De que forma me ligo a Deus?

Hoje sou melhor do que ontem?

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ANEXOS

O que fazer após um suicídio de um aluno


TRADUZIDO E ADAPTADO DE SUICIDE PREVENTION CENTER -
ALBERTA – CANADÁ

Um suicídio na comunidade escolar é devastador para funcionários,


estudantes e famílias. Alguns alunos podem ser incapazes de lidar com isso
e a comunidade, em estado do choque tende a reagir com indiferença e
ficar incerta sobre os passos a seguir.

CONJUNTO DE FERRAMENTAS

Este conjunto de ferramentas fornece informações práticas para as escolas depois que um estudante
morreu por suicídio.

GERENCIAMENTO DE CRISE

A estratégia de resposta a crises da escola precisa incluir um plano de ação para depois da ocorrência de
um suicídio. Desenvolva o seu próprio plano. Aqui estão alguns itens essenciais:

Formar equipe e identificar pessoas dispostas e capazes de buscar resposta a crises, incluindo
professores e outros profissionais ligados a escola;

Estabeleça onde acessar o suporte de aconselhamento e como ele pode ser implementado (incluindo
onde os conselheiros da escola, para atender e conversar com pessoas);

Atribua papéis aos membros da equipe de crise para que eles possam gerenciar todos os aspectos da
intervenção;

Organize uma reunião de planejamento para a equipe de crise e assegure que todos estejam cientes de
seu papel;

Discutir e comunicar claramente quais serviços de saúde mental podem ser fornecidos e como a
comunidade escolar pode acessá-los;

Designe um representante da escola para responder a todos os pedidos de mídia e prepare uma
mensagem de mídia apropriada (Não mencione o método de suicídio, detalhes negativos, e use
linguagem neutra e não diretiva para falar do ocorrido).

(Fundação Americana de Prevenção do Suicídio, 2011; Erbacher, Singer e Polônia, 2015)

CARTEIRA VAZIA NA SALA DE AULA- O QUE FAZER

Imediatamente após a morte por suicídio de um aluno, os gestores escolares devem:

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Entrar em contato com a família do estudante que morreu por suicídio para oferecer suas condolências
e informá-los de que existe suporte de aconselhamento disponível;

Informe as autoridades escolares e os membros do conselho da escola para que estejam preparados
para quaisquer reações e perguntas que possam receber;

Informar e preparar o pessoal da escola e professores para quaisquer reações e perguntas que possam
receber;

Com o consentimento dos pais do estudante falecido, envie uma carta para casa a todas as famílias da
escola para alertá-los de que um estudante em sua comunidade morreu por suicídio;

Incentive-se a operar a escola o mais normalmente possível - manter um ambiente estável é a chave; e
organize serviços de aconselhamento na escola. Disponibilize estes serviços para toda a comunidade
escolar.

(Erbacher, Singer e Polônia, 2015, The American Foundation of Suicide Prevention, 2011, Center for
Suicide Prevention, 2014)

COMO FALAR COM OS PAIS ENLUTADOS

Falar com pais enlutados é difícil. Se a morte de um aluno foi declarada como suicídio, é crucial
determinar se os pais do falecido querem essa informação divulgada e, em caso afirmativo, o quanto
informação pode ser revelada.

Recomenda-se que a causa da morte seja declarada, pois rumores e potenciais falsidades em relação à
morte se dissolverão à luz de informações precisas. Divulgar a causa da morte pode permitir que os pais
do falecido, bem como estudantes e funcionários, evitem situação de aflição e constrangimento.

Identificar claramente serviços de aconselhamento para a família na comunidade e / ou na escola


(Administração de Serviços de Abuso de Substâncias e Saúde Mental, 2012).

Ao falar com os pais do estudante falecido, mantenha uma abordagem culturalmente sensível sempre
que possível. Estar ciente dos antecedentes da família do falecido e suas crenças e atitudes em relação
ao suicídio ajudará a promover uma conversa aberta (Fundação Americana para o Prevenção do
Suicídio e Centro de Recursos para Prevenção do Suicídio, 2011).

COMO FALAR COM PAIS DOS OUTROS ALUNOS

Se a decisão é reconhecer publicamente a morte como um suicídio, informe todos os pais com uma
comunicação oficial do diretor. Tranquilize os pais de que a escola está retornando a uma rotina normal.
Informe-os sobre os serviços disponíveis de aconselhamento para eles e seus filhos. Uma lista de sinais
de alerta e fatores de proteção e risco para o suicídio, bem como informações sobre provedores de
saúde da comunidade, devem ser incluídas na comunicação (Centro para Prevenção de Suicídio, 2014,
Fundação Americana para Prevenção de Suicídio e Centro de Recursos para Prevenção de Suicídio,
2011).

COMO FALAR COM ESTUDANTES

Discutir a doença mental e sua conexão com o suicídio com os alunos. Além disso, descreva os sinais de
aviso típicos de comportamento suicida para que eles estejam mais conscientes.

Certifique-se de que alguns funcionários da escola são treinados em intervenção suicida;

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Oferecer aconselhamento em pequenos grupos para os alunos que necessitem;

Use linguagem sensível (não sensacionalista, não julgadora) para descrever o suicídio e o
comportamento suicida;

Incentive aqueles que estão lutando para buscar acesso a outros apoios de saúde mental;

Conheça os amigos mais próximos do falecido. Enfatize para eles que eles não são responsáveis pela
morte do aluno. (Brook, 2002; Erbacher, et al, 2015)

Recurso - As 5 coisas que desejamos que todos os professores conheçam sobre a série Webinar
Suicídio, os tópicos incluem:

Como acolher de volta um aluno que experimentou suicídio;

O que fazer depois de um suicídio;

Programas de prevenção de suicídios na escola;

Media social, contágio e suicídio.

PRÓXIMAS ETAPAS – PÓS-ATENDIENTO

Os cuidados de pós-atendimento após um suicídio são críticos. Aqueles que foram expostos ao suicídio
são um risco maior de suicídio. As ações de prevenção ajudam a reduzir o risco de futuros suicídios. A
prevenção é baseada em educação, planejamento, comunicação e implementação. Forneça
aconselhamento de perda no grupo para membros da comunidade escolar. Observe e vigie
atentamente os outros jovens vulneráveis: uma morte suicida em sua comunidade pode se
desencadear o suicídio deles (Erbacher, Singer e Poland, 2015).

Um estudante que morre por suicídio pode afetar outros que estão em risco de suicídio. Esses alunos
devem ser identificados imediatamente.

A prevenção é a melhor prevenção!

ESTUDANTES COM PROFESSOR EM SALA DE AULA

Sinais de alerta para pessoas em risco:

Perda de interesse em atividades sociais.

Declínio no desempenho acadêmico.

Auto-mutilação.

Tentativas de suicídio anteriores.

Falar sobre ser um fardo para os outros.

Mudanças nos padrões de sono

Mudanças de comportamento

Retirada da atividade de mídia social

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(Fundação Americana para Prevenção do Suicídio e Centro de Recursos para Prevenção do Suicídio,
2011)

MEMORIALIZAÇÃO

A memorização envolve um ato de equilíbrio sensível tanto em homenagem ao falecido quanto em


proteger as pessoas atualmente em risco de suicídio. Aqui estão algumas práticas recomendadas:

Responda ao sofrimento de uma forma que considere as vulnerabilidades de outros alunos como
resultado do suicídio;

Trate todas as mortes em um ambiente escolar da mesma maneira para não glamurizar ou romantizar
uma morte suicida;

Permitir oportunidades de luto planejadas e temporárias;

Recomenda-se que os serviços funerários sejam realizados fora do horário escolar;

Desalentar memórias oficiais, em toda a escola, pois eles têm o potencial de glamurizar a morte e
comunicar a mensagem errada aos jovens vulneráveis;

Construa qualquer memorial físico fora da escola.

(Center for Suicide Prevention 2004, The American Foundation of Suicide Prevention, 2011, Kerr, et al.,
2010)

MÍDIA SOCIAL

As mídias sociais são os meios preferidos de comunicação entre os jovens. No caso de um suicídio na
escola, as mídias sociais serão inevitavelmente usadas para transmitir notícias da tragédia. Se usado
efetivamente, esses meios de comunicação podem ser ferramentas importantes para promover o envio
de mensagens orientadas para a prevenção do suicídio.

Estabelecer protocolos e procedimentos de redes sociais para promover o compartilhamento de


informações precisas e benéficas sobre a morte;

Utilize as mídias sociais para oferecer apoio aos alunos que possam estar vulneráveis a lutar para lidar
com o problema;

Monitorar sites para promover mensagens seguras e positivas;

Comunique-se com os pais e membros da comunidade através das mídias sociais, quando apropriado;

Evite glamurizar a morte em homenagens nas redes sociais.

(Fundação Americana de Prevenção do Suicídio, 2011, Erbacher, Cantor e Polônia, 2015)

CONTÁGIO

O contágio suicida refere-se a um cluster ou múltiplos incidentes de suicídios ou comportamentos


suicidas que podem ocorrer em um período acelerado ou área geográfica definida. Embora raro, os
adolescentes parecem ser mais vulneráveis do que qualquer outro grupo etário ao contágio. Aqueles
que podem estar em risco incluem:

Amigos íntimos da pessoa que morreu;

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Testemunhas da morte;

Estudantes que tiveram contato com a pessoa pouco antes de morrerem;

Aqueles que estão experimentando pensamentos de morte e morte ou ideação suicida;

Aqueles que sofreram outras perdas ou suicídios no passado.

Os esforços de prevenção para conter possíveis contágios suicidas incluem:

Rastreio psicológico e atenção para aqueles identificados como em risco;

Aconselhamento individual e grupal aos colegas afetados;

Reportagem de mídia responsável pelo contágio do suicídio;

Promoção da saúde mental positiva.

(Cox, et al., 2012; American Foundation for Suicide Prevention, 2011)

Como falar com um adolescente suicida


Comunicar-se com um adolescente que pode estar pensando em suicídio é
difícil, mas pode salvar sua vida.
Garanta que a ajuda esteja disponível e que você esteja à disposição deles.

Fique calmo, seja compassivo e não julgue. Ouça e deixe que eles se expressem. Faça perguntas com
cuidado até ter uma compreensão clara do que está sentindo. Seja paciente se as coisas não forem
imediatamente aparentes ou razoáveis para você.

Inicie a conversa com as declarações "eu":

Eu ouvi você dizer que não quer estar aqui ou que todos estariam melhor sem você. Estou realmente
preocupado e quero falar mais sobre isso com você. ”

Use perguntas abertas e diretas para fazê-las falar. Quando necessário, incentive-os a elaborar ou
esclarecer.

Me diga mais…"

"Eu não estou certo do que você quer dizer…"

Lembre-se da perspectiva deles e valide os sentimentos deles.

Deve ter sido difícil para você quando seus amigos não o convidaram para sair com eles. Dói sentir-se
excluído. Identifique os pontos positivos e lembre-os de que eles têm motivos para viver.

“Você falou muito sobre seu amigo, parece que eles são realmente importantes para você e você se
diverte juntos. ”

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Preste atenção à sua linguagem corporal; mesmo que eles digam que estão bem, eles podem mostrar
seus verdadeiros pensamentos e sentimentos através de seus gestos e expressões faciais.

Confie nos seus instintos. Não reaja com raiva, choque ou frustração com o que você pode ouvir.

Como perguntar se eles são suicidas

Primeiro, é importante aceitar a possibilidade de o adolescente estar em risco de suicídio.

Eles podem ficar envergonhados, assustados ou envergonhados. O estigma associado ao suicídio e à


doença mental é de longo alcance e pode representar uma barreira à busca de ajuda.

Adolescentes muitas vezes vivem no momento; pode ser difícil para eles enxergarem além do que
estão sentindo agora. Cabe a você mostrar a eles que a ajuda está disponível e que a vida deles pode
melhorar. Você pode precisar ajudá-los a identificar seus sentimentos; Em momentos de crise, pode ser
difícil para qualquer um se expressar.

Se você acha que não pode ter essa conversa, procure ajuda de uma fonte externa - um professor, um
conselheiro, um profissional de saúde mental - ou ligue para uma linha de crise para obter conselhos
sobre como proceder.

Conseguindo ajuda

Entenda que você não é o único a "resolver" o problema. Você e o adolescente precisam de ajuda para
lidar com as questões envolvidas no suicídio.

Você acredita que seu filho adolescente pode estar em perigo imediato de suicídio?

Seu filho adolescente tem um plano específico de como eles vão se suicidar e os meios para completar
o plano?

Como eu sei se alguém é suicida?

Há certas coisas que as pessoas que são suicidas podem dizer ou fazer? Fique atento a esses sinais de
aviso.

MITOS E FATOS

Mito: Falar de suicídio dará à minha amiga a ideia de tentar o suicídio.

Fato: Falar de suicídio não faz com que as pessoas pensem em se matar. Perguntar sobre o suicídio dá a
eles a oportunidade de falar abertamente sobre o que está acontecendo e mostra ao seu amigo que
você se importa com eles!

FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO

Há certos fatores que podem colocar uma pessoa em risco ou menos em risco de suicídio do que outra,
embora seja importante lembrar que qualquer pessoa pode estar em risco de suicídio.

Fatores de risco - Doença mental (depressão, ansiedade, etc.). História familiar ou pessoal de suicídio.
Abuso físico ou sexual. Sentimentos de desesperança. Auto-mutilação. Acesso a meios letais (por
exemplo, uma arma, medicamentos prescritos). Luta com identificação de gênero. Eventos
estressantes recentes (divórcio, perda de um membro da família). Desconexão familiar.

Ter “visão de túnel”, não conseguir enxergar além das dificuldades atuais e futuras

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Fatores Protetores - Um ambiente escolar positivo. Uma forte conexão familiar. Relacionamentos de
apoio com amigos. Um relacionamento positivo com um adulto de confiança que não é um membro da
família (por exemplo, um professor ou treinador). Boa auto-estima. Esperança no futuro, e não são
excessivamente focados em suas emoções do dia a dia. Envolvimento em atividades positivas fora do
horário escolar regular (por exemplo, voluntariado, participação em atividades culturais, esportes).

Construa fatores de proteção

Ajude o adolescente a construir conexões com a família e outros adultos e jovens. Ajude o adolescente
a identificar seus pontos fortes fazendo perguntas como: Em situações difíceis anteriores, como você
lidou, o que você fez?

Com quem você conversa quando está com estresse? Como eles ajudam? Eles podem ajudá-lo agora e
no futuro? Quem mais pode ajudar?

Você pode usar o que aprendeu em outras situações para ajudá-lo agora e no futuro?

Ajude o adolescente a criar uma rede de apoio.. Desenvolva ou fortaleça seu relacionamento com o
adolescente. Fornecer apoio, comunicar expectativas positivas e convidar a participação. Demonstrar
atitudes e mensagens de otimismo, força e superação de dificuldades

Depois de uma tentativa de suicídio

Uma tentativa de suicídio é um sinal de que um adolescente precisa de você e de seu apoio mais do que
nunca. Você deve primeiro acreditar que o incidente foi realmente uma tentativa de suicídio. Você deve
superar seu próprio choque, raiva e desamparo e dar ao adolescente a ajuda de que ele precisa.

Depois de uma morte por suicídio

A perda repentina de um jovem é um evento chocante e traumático que afetará muito a você e sua
comunidade. Não é incomum sentir-se oprimido pela tristeza, fisicamente doente e com raiva. Você
também pode experimentar descrença, choque, sentimentos de fracasso, perda de auto-estima,
sensação de inadequação, medo de outros adolescentes e culpa.

O luto é um processo longo: uma jornada que é mais bem percorrida com pessoas que o apoiam.
Lembre-se de que você se curará e, com o tempo, a dor de sua perda diminuirá.

Como Lidar

Procure e aceite o apoio de amigos, familiares e colegas de confiança. Junte-se a um grupo de apoio ao
luto. Permita-se muito tempo para reflexão e cura. Pratique o autocuidado: com atividade física, sono
suficiente e alimentação adequada.

Tente ser aberto sobre o suicídio. Isso dará aos outros permissão para falar sobre sua perda. Manter o
suicídio em segredo pode aumentar o fardo da vergonha que alguns sobreviventes podem sentir.

Procure informações sobre suicídio e tristeza.

Para os pais

Você não está sozinho. Perder um adolescente para o suicídio é uma perda incrível. Ninguém está
preparado para isso. O resultado é muitas vezes obscurecido pelos equívocos e estigmas que envolvem
a doença mental e o suicídio.

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Participar de um grupo de apoio entre pares com outras pessoas que estão passando pela mesma
experiência será um passo importante para administrar seu luto. Você pode encontrar grupos de apoio
disponíveis e mais apoio para sobreviventes de suicídio em: Associação Canadense de Prevenção ao
Suicídio - Enfrentando a Perda Suicida

Para educadores

Como falar com os alunos sobre uma morte suicida. Os jovens experimentarão uma variedade de
emoções após a morte de um colega de classe, semelhante aos sentimentos que você possa ter. No
entanto, eles podem não expressar seus sentimentos da mesma maneira. Eles também podem rever
sua dor à medida que amadurecem e têm novas respostas ou novas perguntas sobre o suicídio em
diferentes momentos de suas vidas.

Como ajudar os alunos a lidar com o sofrimento

Lembre-se de que você não pode tirar a perda, mas pode ajudar enquanto ela explora e expressa sua
dor.

Deixe-os falar sobre sua dor.

Compreender e fazer concessões para o seu nível de desenvolvimento e maturidade.

Reconhecer suas suposições sobre o controle e sua segurança pessoal pode ser desafiada ou perdida.

Respeite as diferenças no luto. Deixe-os sofrer como eles querem ou precisam. Os jovens não podem
controlar onde, quando ou como serão afetados pela sua dor.

Responda às perguntas com honestidade, fornecendo informações factuais sobre o suicídio.

Fale sobre a pessoa que morreu. Lembrar a pessoa que morreu é uma parte da jornada de cura. O
compartilhamento de memórias dará aos outros permissão para falar sobre seus pensamentos e
sentimentos.

Volte para as rotinas normais o mais rápido possível.

Importante: Procure ajuda profissional para um aluno, se estiver preocupado com o fato de ele estar
lutando para lidar com o problema, pois seu sofrimento está interferindo na capacidade de funcionar
por um longo período.

Cuidando de você mesmo

O suicídio pode ser uma jornada desafiadora. Cuidar de si é fundamental se você vai cuidar dos outros.

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BIBLIOGRAFIA

CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA. CVV- Como Vai Você. 50


anos ouvindo pessoas. Editora Aliança, 2011.

Cartilha Falando Abertamente sobre suicídio. Download gratuito: www.cvv.org.br

SANTOS, Duque Dalmo. “Estação Amizade, dez jovens lutando


contra o suicídio”. Editora do Conhecimento, 2017.

LINKS DE REFERÊNCIA

www.cvv.org.br

http://caminhoderenovacaocontinua.blogspot.com/

https://www.facebook.com/suicidioevida/

https://www.facebook.com/livroestacaoamizade/

CVV JOVENS

https://programaestacaoamizade.blogspot.com/

https://minicursocvv.blogspot.com/

Professor cria projeto que oferece apoio emocional aos alunos

https://www.youtube.com/watch?v=CPonPj4OddA

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APRENDIZES DO CAMP RIO BRANCO. OCUPAÇÃO E CAMINHADA PELA VIDA PONTE PÊNSIL– PRAÇA TOM
JOBIM -SÃO VICENTE-SP. 10 DE SETEMBRO – DIA MUNDIAL DA PREVENÇÃO DO SUICÍDIO

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