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Contextos Clínicos, 3(2):132-140, julho-dezembro 2010

© 2010 by Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2010.32.07

A heterogeneidade do Transtorno Obsessivo-Compulsivo


(TOC): uma revisão seletiva da literatura

Heterogeneity of Obsessive-Compulsive Disorder (OCD):


A selective review of the literature

Letícia de Studinski Ramos Brito Couto, Lidiane Rodrigues


Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Av. Ipiranga, 6681, Prédio 11, 90619-900,
Porto Alegre, RS, Brasil. leticiastudinski@hotmail.com, lidifrater@ibest.com.br

Analise de Souza Vivan


Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcelos, 2400, 2º andar, 90035-003,
Porto Alegre, RS, Brasil. anavivan@gmail.com

Christian Haag Kristensen


Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
Av. Ipiranga, 6681, Prédio 11, Sala 933, 90619-900, Porto Alegre, RS, Brasil. christian.kristensen@pucrs.br

Resumo. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um dos trans-


tornos mentais mais prevalentes. No entanto, há ainda a falta de re-
conhecimento dos sintomas característicos, e isso pode levar ao atraso
no diagnóstico e no tratamento. Não obstante, a variabilidade na ex-
pressão clínica e a diversidade dos sintomas são fatores complicado-
res no momento do diagnóstico. Atualmente, este é feito com base nos
manuais de classificação diagnóstica DSM-IV e CID-10 que descrevem
o transtorno como uma entidade única. Contudo, o TOC é muitas ve-
zes subdiagnosticado por ser um transtorno heterogêneo do ponto de
vista clínico e pelos fatores etiológicos e de resposta ao tratamento. As
comorbidades tornam o diagnóstico ainda mais complexo. Assim, o
diagnóstico diferencial acurado é de suma importância. Desse modo,
este artigo revisa a literatura científica sobre as diversas manifestações
clínicas do transtorno, as comorbidades que dificultam o diagnóstico e
os sintomas incomuns do TOC.

Palavras-chave: Transtorno Obsessivo-Compulsivo, psicopatologia, diagnóstico.

Abstract. Obsessive-Compulsive Disorder (OCD) is one of the most


prevalent mental disorders. In spite of this, the lack of recognition of its
characteristic symptoms can lead to delay in the diagnosis and treatment.
Moreover, the variability of clinical manifestations and the diversity of
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symptoms are confusing factors by the time of diagnosis. Currently, it


is made based on the manuals of diagnostic classification DSM-IV and
CID-10 that describes the disorder as one single entity. However, OCD is
underdiagnosed due to its heterogeneity from a clinical viewpoint and
considering etiological factors and response to treatment. Comorbidities
also make the diagnosis even more complex. Therefore, the accurate dif-
ferential diagnosis is extremely important. This paper intends to review
the available scientific literature regarding the diversity of clinical ex-
pression, the comorbidities that complicate the diagnosis, and the un-
common symptoms of OCD.

Key words: obsessive-compulsive disorder, psychopathology, diagnosis.

Introdução sintomáticas que coocorrem ao TOC comor-


bidades de fato? Ou, como defendem alguns,
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) seriam estas manifestações parte do próprio
é uma condição heterogênea nem sempre de TOC? Pesquisas nessa direção vão possibilitar
simples identificação. Obsessões são pensa- o entendimento mais apurado do transtorno e
mentos, imagens ou impulsos intrusivos que a conscientização da população geral de que o
causam ansiedade ou desconforto emocional. TOC é um problema de saúde sério, mas tra-
Compulsões são comportamentos repetitivos tável com abordagens específicas. Portanto, a
ou atos realizados voluntariamente para neu- oferta de profissionais e de serviços de saúde
tralizar ou amenizar um desconforto ou para capacitados para essa demanda é algo funda-
magicamente prevenir o evento temido. Os mental para a diminuição da gravidade dos
sintomas mais comuns são obsessões de con- casos, para o aumento da qualidade de vida
taminação, obsessões agressivas, sexuais e so- dos portadores e para o rápido acesso ao tra-
máticas e compulsões de lavagem, contagem, tamento adequado. Apresenta-se, assim, uma
verificação, ordem e simetria. Comumente, os revisão seletiva da literatura, visando explorar
pacientes apresentam simultaneamente múl- as teorias e discussões acerca da heterogenei-
tiplos sintomas, os quais mudam com fre- dade do TOC.
quência. Esta variabilidade na apresentação
acaba por dificultar a identificação, fazendo Da neurose obsessiva ao TOC
com que o transtorno seja subdiagnosticado e,
consequentemente, subtratado. O TOC é um A denominação TOC é de uso corrente na
transtorno de fenomenologia diversificada, psiquiatria atual. Porém, muito antes da ado-
considerado uma doença mental grave e que ção de tal nomenclatura, a patologia já havia
está, de acordo com a Organização Mundial de sido descrita em textos de Sigmund Freud
Saúde (2000), entre as dez principais causas de como Neurose Obsessiva. Anterior ao percur-
incapacitação das pessoas, acometendo um em so traçado por Freud no terreno da Neurose
cada 40 ou 50 indivíduos. Obsessiva está o Estudo das Obsessões pela
Inicialmente, o TOC era descrito como um Psiquiatria Clássica. Inicialmente associadas
transtorno “circular”, ou seja, homogêneo. No à loucura, as obsessões faziam parte do âmbi-
entanto, com o avanço das pesquisas percebeu- to das psicoses e, expressões como loucura da
se que o TOC se tratava de uma doença com ca- dúvida, loucura obsessiva, delírio de contato,
racterísticas heterogêneas, possivelmente devi- delírio de tocar e loucura lúcida eram utiliza-
do às comorbidades presentes nesse transtorno das para defini-las. A primeira alusão ao termo
que dificultam o seu diagnóstico. A característi- “obsessão” encontrada na literatura foi feita
ca heterogênea do TOC, além de trazer dificul- pelo psiquiatra francês Jules Falret (1824-1902)
dades diagnósticas, exige dos profissionais de (Falret, 1866 in Macedo, 2005) para designar
saúde habilidades e conhecimentos aprofunda- categorias de manifestações psíquicas deno-
dos a respeito do transtorno. minadas alienação parcial e hipocondria mo-
Atualmente, considerável esforço é colo- ral. Este autor descreveu ainda as obsessões
cado no estudo da heterogeneidade do TOC. como ideias ou atos compulsivos, ritualizados
Uma questão em aberto reside na manifesta- e repetitivos que provocavam, às pessoas aco-
ção de comorbidades. Seriam as manifestações metidas por este mal, intenso sofrimento com

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pensamentos sempre sobre os mesmos temas. partir desta década, surge o uso da abordagem
Tais indivíduos penavam pela convivência comportamental, descrita por Meyer, com as
contínua com dúvidas e medo de cometerem técnicas de dessensibilização sistemática para
atos impulsivos. Os pacientes eram situados o tratamento de obsessões e compulsões pro-
no campo da loucura pelos comportamentos postas por Wolpe (Cordioli, 2008).
apresentados, apesar da diferença entre as A partir dos anos 70, múltiplos estudos vêm
demais patologias e as obsessões. Contudo, sendo realizados a fim de comprovar a eficácia
estudiosos elucidavam tratar-se de delírios da abordagem comportamental no tratamen-
parciais, loucuras parciais ou monomanias, to do TOC, sobretudo utilizando a técnica da
uma vez que os acometidos por este mal não Exposição e Prevenção de Respostas. Mais
perdiam a razão. recentemente, as limitações observadas neste
Em 1886, Falret (in Macedo, 2005, p. 211) modelo, referentes às compulsões mentais e
definiu esta afecção: obsessões puras, têm dado lugar ao estudo do
papel das cognições no entendimento dos sin-
O verdadeiro transtorno desta enfermidade con- tomas obsessivos e compulsivos. Dessa forma,
siste, sobretudo, em envolver-se incessantemente surge o modelo cognitivo para complementar
sobre as mesmas ideias e sobre os mesmos atos,
o modelo comportamental, valorizando a ava-
experimentando uma necessidade de repetir as
mesmas palavras e de realizar os mesmos atos
liação das crenças distorcidas e propondo a
sem conseguir jamais satisfazer-se ou convencer- terapia cognitivo-comportamental (TCC) que,
se, nem sequer antes evidências. atualmente, é considerada o tratamento de
primeira linha para os sintomas obsessivos e
A diferença fundamental entre as formula- compulsivos (Cordioli, 2008).
ções de Falret e, posteriormente, de Freud está
na substituição que a psicanálise faz do termo Transtorno obsessivo-compulsivo:
loucura por Neurose. Na segunda metade do apresentação geral
século XIX, as obsessões faziam parte de um
quadro abrangente de disfunções mentais com Até a década de 80, o TOC era considerado
diversos sintomas em comum que não defi- raro, com estudos apontando uma prevalência
niam, entretanto, uma estrutura psicopatológi- de 0,05% da população. Mas, após a publicação
ca autônoma, dentre elas a neurastenia e a dege- dos dados de um importante estudo, o ECA
nerescência. Estas considerações da psiquiatria (Epidemiological Catchment Area Study), o TOC
acerca das obsessões permaneceram até a for- começou a receber mais atenção de pesquisa-
mulação do conceito de Neurose Obsessiva, dores. O estudo, desenvolvido em diferentes
termo que, posteriormente, seria empregado comunidades americanas, avaliou 18.500 pes-
como categoria exclusiva da clínica psicanalí- soas e encontrou taxa de prevalência de TOC
tica com a retomada do estudo das obsessões ao longo da vida de 1,9 a 3,3% (Karno et al.,
pelo campo da medicina (Macedo, 2005). 1988). Um estudo mais recente desenvolvido
Cabe ressaltar ainda que, divergente da nos Estados Unidos, o National Comorbity Sur-
compreensão médica, o olhar psicanalítico vey Replication, apontou estimativa de 1,6% na
proporcionou uma forma revolucionária de população geral (Kessler et al., 2005). No Bra-
entendimento das manifestações clínicas, da sil, a prevalência encontra-se entre 0,7 e 2,1%
origem e do funcionamento obsessivo. O ter- (Almeida-Filho et al., 1992).
mo Neurose Obsessiva é mencionado na obra A Associação Psiquiátrica Americana classi-
de Freud, pela primeira vez, em seu trabalho fica o TOC como um transtorno mental, incluin-
de 1894, intitulado As neuropsicoses de defesa, do-o entre os transtornos de ansiedade, ao lado
no qual expõe nosologia que une obsessões e das Fobias Específicas, Fobia Social, Transtorno
histeria. A partir de então, e até a década de 60, de Pânico, entre outros. Caracteriza-se pela pre-
a teoria psicanalítica forneceu o modelo para sença de obsessões e/ou compulsões. Obsessões
tratamento do TOC baseando-se na formula- são pensamentos, imagens ou impulsos intrusi-
ção teórica proposta por Freud (1970 [1909]) vos, repetitivos e recorrentes que causam ansie-
em O homem dos ratos. Entretanto, a formula- dade. Para aliviar o desconforto, a pessoa tenta
ção psicanalítica, postulando que a neurose suprimir ou neutralizar as obsessões através de
obsessiva seria uma manifestação de conflitos comportamentos repetitivos ou atos mentais,
inconscientes ligados à fase anal do desenvol- que são as compulsões (APA, 2002).
vimento, mostrou-se pouco eficaz para o tra- Outro sintoma que também pode estar pre-
tamento de casos resistentes do TOC. Assim, a sente são as evitações. Devido aos pensamen-

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tos obsessivos ou pelo medo de realizar atos influenciar para o agravamento e manutenção
compulsivos em público os indivíduos podem dos sintomas. O Obsessive-Compulsive Cog-
evitar determinados locais, objetos, pessoas nitions Working Group (1997), grupo compos-
ou situações (evitar tocar em trincos, tornei- to por especialistas, apresenta uma relação das
ras, talheres utilizados por outras pessoas ou principais crenças: (a) exagerar a responsabili-
de lugares públicos, sentar em ônibus, bancos dade, (b) valorizar de forma excessiva os pen-
de praças; encostar-se em outras pessoas, pi- samentos, (c) necessidade de controlar os pen-
sar em tapetes com sapatos da rua, pisar em samentos, (d) exagerar o risco, (e) necessidade
rejuntes de azulejos). Outros sintomas asso- de ter certeza, e (f) perfeccionismo.
ciados ao transtorno são a indecisão, senso de Em relação aos fenômenos sensoriais, mui-
responsabilidade supervalorizado, lentidão e tos pacientes relatam sensações corporais pre-
dúvida patológica (Calvocoressi et al., 1999). cedendo seus rituais (ao invés de obsessões).
É uma doença crônica, de evolução va- Elas se apresentam de forma focal ou genera-
riável e que pode aparecer abruptamente, lizada e ocorrem antes da realização do com-
desencadeada ou não por evento estressor. portamento repetitivo. Os fenômenos senso-
A sintomatologia é grave em 10% dos casos, riais dividem-se em físicos e mentais. Dentre
intensificando-se progressivamente, podendo os físicos estão os táteis (por exemplo: “eu uso
acarretar incapacitação para o trabalho, limi- um batom 20 vezes por dia para aliviar uma
tações e grande sofrimento aos portadores. A sensação de secura nos lábios”) e músculo-es-
possibilidade de remissão dos sintomas sem queléticos ou viscerais (por exemplo: “quando
tratamento é considerada extremamente rara, eu como sinto meu estômago aumentado e isto
assim como seu início após os 40 anos de ida- me incomoda. Eu tenho uma sensação estra-
de. Um estudo multicêntrico brasileiro apre- nha nele e tenho que checar várias vezes como
sentou a média de idade de início dos sintomas ele está para me livrar dessa sensação descon-
obsessivos de 13,6 anos e dos compulsivos de fortável”). As sensações mentais, por sua vez,
13,2 anos. No entanto, não é raro encontrar ca- são definidas como percepções que ocorrem
sos da doença ainda na infância, com pesqui- antes ou durante a realização de um compor-
sas apontando que mais de 50% dos pacientes tamento repetitivo. Dentre elas estão apenas a
referem o surgimento dos sintomas quando necessidade ou premência, o “ter de” realizar
crianças. Além disso, o tempo médio entre o (por exemplo: “eu não sei o motivo que me
início dos sintomas e a busca por tratamento leva a checar as portas. Eu não tenho nenhum
chega a 18,1 anos (Miguel et al., 2008; Diler e pensamento ruim, imagem ou medo, eu ape-
Avci, 2002). nas tenho de voltar e checar várias e várias ve-
Frequentemente, os sintomas do TOC são zes”), liberação de energia (por exemplo: “eu
vistos como egodistônicos e parecem absurdos sinto uma tensão mental crescendo se eu não
ou ridículos para a própria pessoa. Mas, mes- confiro os meus armários. Não é uma sensa-
mo com crítica a respeito das manifestações ção física, sinto uma energia na minha mente.
clínicas e marcados prejuízos nas atividades Eu tenho de checar para aliviar essa tensão”),
ocupacionais, sociais e rotinas diárias, ainda é incompletude (por exemplo: “pior que as ob-
baixa a procura por tratamento. Muitas vezes, sessões é o sentimento de que sempre falta al-
os pacientes apresentam receio de expor seus guma coisa em mim; muito raramente eu me
sintomas pelas crenças de que os pensamentos livro desde sentimento quando faço algumas
se tornem realidade ou por motivos relacio- coisas várias e várias vezes”) e percepções just
nados à vergonha, na tentativa de evitar pos- right (por exemplo: “eu levo horas para me
síveis humilhações. No caso de obsessões de vestir por que as coisas têm de parecer visual-
conteúdo sexual ou agressivo, alguns temem mente certas ou quando eu toco minha roupa
que possam ser vistos como loucos ou perigo- ela tem de ter uma textura certa; eu tiro e colo-
sos pelos outros (Heyman et al., 2001; Presta et co as roupas várias e várias vezes para que as
al., 2003; Torres e Lima, 2005). coisas pareçam certas”) (Hounie et al., 2001).
Atualmente, pesquisadores abordam de Apesar de ter sido descrito há mais de um
forma mais ampla a psicopatologia do TOC, in- século e dos vários estudos publicados até o
vestigando experiências subjetivas que acom- momento, o TOC ainda é considerado um enig-
panham os comportamentos repetitivos, como ma. Questões como a descoberta de possíveis
as crenças e fenômenos sensoriais. As crenças fatores etiológicos, diversidade de sintomas e
disfuncionais são descritas por diferentes au- como respondem aos tratamentos continuam
tores e entendidas como um fator que pode sendo um desafio para os pesquisadores. Uma

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dificuldade para encontrar essas respostas nação e compulsões de limpeza, (v) obsessões
deve-se ao caráter heterogêneo do transtorno. e compulsões de colecionismo; e (vi) obsessões
É devido a esta fenomenologia rica e diversifi- e compulsões diversas. A DOCS apresenta 20
cada, com múltiplas possibilidades de apresen- itens que contemplam quatro dimensões: (i)
tação, que ocorre a dificuldade de sua identifi- contaminação, (ii) responsabilidade por dano,
cação. Atrelado a isto, nem todos os pacientes (iii) pensamentos indesejáveis e (iv) simetria.
respondem ao tratamento (medicamentoso ou O colecionismo, frequentemente conside-
psicoterápico), a ponto de ainda hoje haver rado como uma dimensão do TOC, presente
o questionamento se existe de fato um único inclusive em alguns questionários sobre sinto-
transtorno ou se o TOC constitui um grupo de mas obsessivo-compulsivos (Rosário-Campos
transtornos (Castle e Phillips, 2006; Hounie et et al., 2006; Foa et al., 2002), vem sendo ampla-
al., 2001; Ravindran et al., 2009). mente discutido. Alguns pesquisadores suge-
rem que o colecionismo, em razão de suas ca-
A heterogeneidade do TOC racterísticas distintas, deveria apresentar seus
próprios critérios diagnósticos e definir-se
Os sintomas presentes no TOC, como ob- como um transtorno independente no DSM-V
sessões, compulsões e evitações, costumam (Pertusa et al., 2010; Leckman et al., 2010).
apresentar-se de diferentes formas, com conte- Além disso, a ideia do TOC como uma
údos diversos. Estudos propõem uma divisão entidade única tem sido substituída no pen-
dimensional dos sintomas, podendo alguns samento psiquiátrico atual pela noção de um
tipos de obsessões e compulsões ocorrerem de espectro obsessivo-compulsivo, considerando
forma concomitante (Abramowitz et al., 2010; a similaridade do transtorno com várias cate-
Calamari et al., 1999; Rosário-Campos et al., gorias nosográficas que, embora classificadas
2006; Van Oppen et al., 1995). Achados científi- como categorias distintas, podem se distribuí-
cos atuais apontam que as dimensões do TOC rem em um continuum (Castle e Phillips, 2006;
estão associadas a diferentes questões genéti- Lochner e Stein, 2006; Phillips, 2002; Ravin-
cas, neurobiológicas, comorbidades e resposta dran et al., 2009). O TOC possui características
ao tratamento (Schruers et al., 2005). clínicas que o tornam um transtorno de difícil
A mais consistente divisão em dimensões diagnóstico. Uma delas diz respeito às frontei-
de sintomas inclui: (a) obsessões de contami- ras com outros transtornos mentais, sendo que
nação e compulsões de lavagem/limpeza; (b) estas precisam ser consideradas na avaliação
obsessões sobre responsabilidade por causar de pacientes com TOC. A noção de um espec-
prejuízos ou erros e compulsões de checagem; tro considera ainda as comorbidades, a idade
(c) obsessões sobre ordem e simetria e com- de início dos sintomas, a etiologia, o curso clí-
pulsões de ordenamento e arranjo; e (d) pen- nico e a resposta ao tratamento. Fazem parte
samentos obsessivos repugnantes sobre sexo, deste espectro, além do TOC, os transtornos de
religião e violência com rituais mentais e ou- tiques, Transtorno Dismórfico Corporal, Trico-
tras estratégias de neutralização (Mataix-Cols tilomania, Jogo Compulsivo, Comprar Com
et al., 2005). pulsivo e demais transtornos de controle de
No entanto, a maior limitação para adotar impulsos (Miguel, 1996).
a abordagem dimensional tem sido a falta de Como proposta para a definição de sub-
instrumentos capazes de englobar a diversi- grupos mais homogêneos, leva-se em consi-
dade dos sintomas obsessivo-compulsivos de deração as comorbidades associadas ao TOC.
forma adequada e com dados precisos (Le- Miguel et al. (2008) encontraram em sua amos-
ckman et al., 2010). Algumas escalas, como a tra altos índices de comorbidade com Trans-
Dimensional Yale–Brown Obsessive–Compulsive torno Depressivo Maior (69,7%), Fobia Social
Scale (DY-BOCS) e a Dimensional Obsessive- (36,8%), Transtorno de Ansiedade Generaliza-
Compulsive Scale (DOCS), vêm sendo estuda- da (35,4%), Fobia Específica (32,4%) e Trans-
das (Rosário-Campos et al., 2006; Abramowitz torno de Estresse Pós-Traumático (15,6%). Os
et al., 2010). A DY-BOCS compreende 88 itens, transtornos de tique também se revelaram fre-
divididos em seis categorias: (i) obsessões so- quentes, com prevalência de 28,7% da popu-
bre agressão, violência, desastres naturais e lação estudada. Além disso, os transtornos do
compulsões relacionadas; (ii) obsessões sexu- controle dos impulsos aparecem comumente
ais e religiosas e compulsões relacionadas; (iii) associados ao TOC, mais especificamente as
obsessões e compulsões de simetria, ordem, grooming disorders (Tricotilomania, skin-picking
contagem e arranjo; (iv) obsessões de contami- e nail-biting) (Grant, 2006). Quanto aos trans-

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tornos de Eixo II, o Transtorno da Personalida- quais tem medo de se contaminar ou de se su-
de Obsessivo-Compulsivo, comumente con- jar (Torres, 2001).
fundido com o TOC, pode aparecer em até Outras condições consideradas dentro do
24,7% dos indivíduos (Pinto et al., 2006). espectro obsessivo-compulsivo são a Tricoti-
As fronteiras diagnósticas com outros lomania, o Transtorno Dismórfico Corporal e
transtornos mentais suscitam a grande dúvida a hipocondria. A Tricotilomania é um impulso
a respeito do TOC: são realmente comorbida- desencadeado por uma situação de tensão ou
des ou fazem parte do quadro clínico? A ocor- ansiedade, mas que também pode se manifes-
rência de sintomas obsessivos e de comporta- tar em momentos de relaxamento. Arrancar os
mentos compulsivos não é determinante no próprios cabelos e pelos, bem como o de ou-
diagnóstico. Pacientes diagnosticados dentro tras pessoas, de animais de estimação ou fios
do espectro dos transtornos de ansiedade, e de tapetes proporciona a sensação de alívio, de
que manifestam preocupações excessivas com liberação da energia, de prazer e satisfação. Já
doença, podem ter seus sintomas confundi- o Transtorno Dismórfico Corporal faz parte do
dos com o Transtorno de Pânico, por exemplo. espectro obsessivo pelo fato de os portadores
Além disso, os sintomas obsessivos também apresentarem preocupações excessivas com
podem fazer parte de quadros como Esquizo- defeitos na aparência. Demonstram incômodo
frenia, depressões e demências (Torres, 2001). exagerado com alguma característica e a cren-
Relativo à depressão, pode-se observar ça de que possuem deformações na aparência.
que, além de se apresentar como sintoma se- Os portadores têm uma distorção da autoima-
cundário ao TOC, revela aspectos em comum gem e veem a si mesmo como extremamente
com o transtorno, como a manifestação da cul- feios. No que concerne à hipocondria, consi-
pa, a preocupação excessiva, o medo, a baixa derada um transtorno somatoforme, há uma
autoestima, as ruminações obsessivas, a ava- preocupação exagerada e persistente com ter
liação exagerada dos riscos e o viés cognitivo uma doença grave. A preocupação não desa-
catastrófico (Heyman et al., 2006). Entretan- parece diante de evidências como exames clí-
to, no TOC, o paciente sofre para evitar que nicos (Cordioli, 2008).
algo de ruim ocorra no futuro, enquanto que No que diz respeito ao Transtorno da Perso-
na depressão o sofrimento se dá por algo já nalidade Obsessivo-Compulsivo, este se carac-
ocorrido. A lentidão também é comum a am- teriza por um padrão global de preocupações
bos os transtornos, porém na depressão há um excessivas com organização, perfeccionismo,
estupor pelo portador apresentar maior fatiga- escrupulosidade, inflexibilidade, autoritarismo,
bilidade e diminuição de energia. No TOC, a avareza, exigências exageradas, dedicação ex-
lentidão consiste em dificuldade para realizar cessiva ao trabalho, preocupações com regras,
tarefas corriqueiras como escovar os dentes, normas, valores e preceitos morais. O essencial
banhar-se, vestir-se pela demora que se dá é a rigidez, não se caracterizando pela presen-
tanto pela dificuldade de iniciá-las como por ça de obsessões e compulsões. O diagnóstico
serem realizadas de modo lento e meticuloso. diferencial em relação ao TOC deve levar em
Existem superposições entre as fobias e consideração os traços de personalidade dura-
as obsessões no que se refere aos medos irra- douros, estáveis, de início precoce e o atributo
cionais de situações ou objetos fobígenos. No egossintônico do Transtorno da Personalidade
TOC, não há a necessidade de exposição à si- Obsessivo-Compulsivo (APA, 2002).
tuação ou objeto temido, pois um pensamento Em alguns quadros, como Jogo Patológico,
ou uma dúvida podem desencadear compor- transtornos alimentares, cleptomania, com-
tamentos de esquiva. Nas obsessões, os estí- prar e comer compulsivos, o termo compulsão
mulos geradores de ansiedade são internos e não deve ser entendido no sentido de evitar
as cognições associadas são mais complexas, riscos ou aliviar riscos como no TOC e sim
evolvendo pensamentos mágicos. Um fóbico como atos impulsivos, não premeditados, sem
associa o estímulo externo (cachorro, altura, levar em consideração as consequências (Lo-
multidão) ao medo e à ansiedade, enquanto chner e Stein, 2006). Nesse contexto situa-se
no obsessivo o estímulo é associado a vários ainda a Anorexia Nervosa, que se aproxima do
sentimentos como nojo, desconforto, vergo- TOC pelos comportamentos ritualísticos para
nha. Como exemplo, a pessoa com TOC pode evitar ganhar peso, a consequência temida.
esquivar-se de entrar ou mesmo de passar na Alguns rituais do TOC implicam o compor-
frente de supermercados pela existência de tamento alimentar, fator que pode dificultar o
produtos de limpeza ou gosmentos com os diagnóstico diferencial (Torres, 2001).

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A heterogeneidade do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): uma revisão seletiva da literatura

Muito comum é o TOC associado a transtor- Em vista da heterogeneidade da apre-


nos de tiques e à Síndrome de Tourette. Os ti- sentação clínica do TOC, observa-se que o
ques são movimentos involuntários repetitivos, diagnóstico não se constitui em uma tarefa
rápidos e estereotipados de certos grupos mus- fácil, pois, recentemente vem sendo conside-
culares, podendo também se apresentar como rado mais do que uma unidade nosológica,
uma vocalização súbita. Na Síndrome de Tou- caracterizando-se como síndrome devido
rette existe múltiplos tiques motores tais como aos vários subgrupos de pacientes (Miguel,
piscar os olhos, fazer caretas, pular, agachar-se, 1996). Outro fator importante diz respeito ao
girar o tronco, tocar e vocais, como proferir pa- fato de que o TOC, por diversas vezes, não
lavras, sons como grunhidos, tosses, espirros, é visto, tanto pelos portadores quanto pelos
estalos e coprolalia. Quanto mais complexos profissionais da saúde como o quadro grave
os tiques motores, mais se assemelham a uma e crônico que é, revelando-se mais incapaci-
compulsão. A diferença está no fato de que as tante que outras doenças mentais (Torresan
compulsões são realizadas voluntariamente e et al., 2008). Assim, é indispensável que os
desencadeadas pela ansiedade ou medo e os profissionais estejam capacitados para re-
tiques buscam aliviar sensações incômodas físi- conhecer a heterogeneidade na apresenta-
cas. Entretanto, a maior dificuldade da diferen- ção do TOC, levando em consideração sua
ciação deve-se aos casos em que as compulsões complexidade, a riqueza e a diversidade das
não possuem obsessões associadas e os por- manifestações clínicas, além das comorbida-
tadores as realizam para obter a sensação just des associadas que podem fazer com que o
right ou para preencher a sensação interna de TOC permaneça como uma condição oculta,
incompletude (Hounie et al., 2001). impedindo a execução das abordagens tera-
Alguns indivíduos com TOC podem ter pêuticas adequadas.
como comorbidade a Esquizofrenia. O pensa-
mento mágico obsessivo e as características bi- Considerações finais
zarras dos comportamentos ritualísticos podem
complicar o diagnóstico. Não obstante, os pen- Apesar do crescente número de pesquisas
samentos delirantes e comportamentos bizarros na área, o TOC continua sendo um desafio
da Esquizofrenia são egossintônicos e não estão para os profissionais. Estudos apontam que
sujeitos ao teste de realidade (APA, 2002). nem todos os pacientes respondem ao trata-
Os transtornos de Pânico, de Ansiedade mento, fato que vem levantando questiona-
Generalizada e do Estresse Pós-Traumático mentos a respeito das diferentes apresenta-
envolvem, assim como o TOC, manifestações ções clínicas do transtorno. O TOC, em sua
patológicas de ansiedade. No Transtorno de diversidade, constituiria um único transtorno
Pânico, há um viés interpretativo catastrófico ou grupos distintos de transtornos? Assim, a
de sensações físicas e comportamentos evita- tentativa de buscar grupos mais homogêneos,
tivos, assim como no TOC. Aliado a isto, os no que se refere à sintomatologia, idade de
portadores do TOC podem ter crises de pâni- início, curso evolutivo, comorbidades e res-
co quando expostos a alguma situação temida posta ao tratamento poderia contribuir para o
ou como resposta a uma obsessão, o que con- desenvolvimento de tratamentos específicos,
funde o diagnóstico. No Transtorno de Ansie- visando uma maior eficácia nas intervenções
dade Generalizada, existem do mesmo modo psicoterápicas e farmacológicas.
as preocupações exageradas, porém referen-
tes a eventos do cotidiano, diferentemente Referências
do TOC, em que as preocupações excessivas
configuram-se como intrusões ego-distônicas ABRAMOWITZ, J.S.; DEACON, B.J.; OLATUNJI,
sob a forma de impulsos ou imagens e que le- B.O.; WHEATON, M.G.; BERMAN, N.C.; LO-
vam a uma ação neutralizadora ou de alívio SARDO, D.; TIMPANO, K.; MCGRATH, P.; RIE-
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