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PSICANÁLISE: BASES E

FUNDAMENTOS
AULA 2
“CINCO LIÇÕES DE PSICANÁLISE – Lição 1” – FREUD, S (1909).
PRIMEIRA LIÇÃO
• Psicanálise como um processo semiológico
e terapêutico.
• Semiologia – estudo de um sistema de
signos. Em medicina, usa-se semiologia
para o estudo dos sinais e sintomas de uma
doença
• Dr. Joseph Breuer (1842 – 1925) escreve
com Freud “Estudos sobre Histeria (1895).
• Pg 14 – Freud afirma não ser necessário ser
da classe médica para acompanhar a
psicanálise. Psicanálise se separa da
medicina
Caso Anna O
• Jovem de 21 anos, de altos dotes intelectuais
• Sua doença durou mais de 2 anos, durante a qual manifestou
uma série de perturbações físicas e psíquicas mais ou menos
graves:

• Paralisia espástica de ambas as extremidades do lado


direito, com anestesia (às vezes se estendia para o lado
oposto)
• Perturbações dos movimentos oculares e várias
alterações da visão
• Dificuldade em manter a cabeça erguida
• Tosse nervosa intensa
• Repugnância pelos alimentos e impossibilidade de beber durante várias
semanas, apesar de muita sede
• Comprometimento da faculdade de expressão verbal (ficou sem falar ou
entender a língua materna
• Estados de absence, de confusão, de delírio e de alteração total da
personalidade
Anna O
• Apesar de o quadro de Anna O parecer muito grave, os médicos
assegurariam que:
• Quando tal quadro é encontrado em indivíduo jovem, do sexo
feminino, cujos órgãos vitais internos (coração, rins, etc) nada
revelam de anormal ao exame objetivo, mas que sofreu violentos
abalos emocionais, e quando, em certas minucias, os sintomas se
afastam do comum, os médicos não o consideram tão grave.
• Não se trata de uma afecção cerebral orgânica, mas sim deste
enigmático estado – histeria, que pode simular todo um conjunto de
graves perturbações.
• A afecção de Anna O apareceu quando ela estava tratando do pai,
que ela adorava e cuja doença conduziria à morte.
• Por causa de sua doença, Anna teve que abandonar a cabeceira do
pai enfermo.
• O diagnostico de histeria não melhora para o doente a perspectiva de
um auxilio medico. DIANTE DA HISTERIA, O MÉDICO NÃO SABE O QUE
FAZER (pg 15), posição nada agradável a quem tenha em alta estima o
próprio saber. Os histéricos ficam, assim, privados de sua simpatia.
TALKING CURE (cura pela conversação)
• Nos estados de absence, Anna O costumava murmurar algumas
palavras que pareciam ter relação com suas preocupações e
pensamentos.
• Breuer colocou Anna sob hipnose e repetiu essas palavras para
provocar associações. Sob hipnose a paciente começou a reproduzir
suas criações psíquicas
• Eram fantasias tristes que se relacionavam com o leito de morte do
pai. Depois de relata-las, Anna se sentia aliviada e reconduzida à vida
normal por um curto período de tempo.
• Breuer descobriu que a talking cure podia fazer desaparecer
sintomas, quando na hipnose a doente recordava (com exteriorização
afetiva), a ocasião e o motivo do aparecimento desses sintomas pela
1ª vez.
• Sintomas: precipitados, resíduos, de experiências emocionais que
foram denominadas traumas psíquicos
• Sintomas são determinados pelas cenas traumáticas cujas lembranças
representavam resíduos
• Era necessário reproduzir a cadeia de recordações patogênicas
“OS HISTÉRICOS SOFREM DE
REMINISCÊNCIAS”
• Seus sintomas são resíduos e símbolos mnêmicos de experiências
traumáticas.
• Histéricos: não apenas recordam os acontecimentos dolorosos que se
deram há muito tempo, como ainda se prendem a eles
emocionalmente – não se desprendem do passado e por isso
alheiam-se da realidade e do presente.
• Fixação da vida psíquica aos traumas patogênicos: um dos traços mais
importantes da neurose
Mecanismo da doença

• Anna O teve de subjugar uma poderosa emoção, em vez de permitir


sua descarga por sinais apropriados de emoção, palavras ou ações.
• Ao reproduzir as cenas diante do médico, a energia reprimida
manifestava-se intensamente, como se até então estivesse represada
• Além disso, os sintomas se intensificavam conforme ia-se chegando
mais próximo de sua causa, para desaparecer em seguida quando
esta se aclarava. Fundamental a exteriorizaçao afetiva para isso.
• Essência da doença – utilização anormal das emoções “enlatadas”
CONVERSÃO HISTÉRICA
• As emoções “enlatadas” se desviavam em parte para insólitas
enervações e inibições somádcas (corporais), que se apresentavam
como sintomas esicos.
• A conversão histérica exagera essa parte da descarga de um processo
mental invesddo emocionalmente – ela representa uma expressão
mais intensa das emoções, conduzida por nova via (corporal).
Questão dos estados de consciência
• Em estado de consciência normal, Anna O ignorava, desconhecia, as
cenas patogênicas. Sob hipnose era possível trazer tais cenas à
memória e, por este trabalho de EVOCAÇÃO, os sintomas eram
removidos
• Hipnose – demonstra como em um mesmo individuo há vários
agrupamentos mentais que podem ficar mais ou menos
independentes entre si, sem que um saiba do outro e que podem
alternar-se em sua imersão à consciência
• Pode acontecer disso se passar espontaneamente (sem hipnose)
Breuer - Histeria e estados hipnóides
• Breuer propôs que os sintomas histéricos apareciam em estados
mentais particulares, que chamou de hipnoides.
• Nestes estados, as excitações tornam-se facilmente patogênicas
porque não conseguem se descarregar normalmente
• Os sintomas emergem como produto anormal do processo de
excitação, se insinuando no estado normal de consciência como
corpo estranho
• Onde existe sintoma existe também uma amnésia, uma lacuna da
memória, cujo preenchimento suprime as condições que conduzem à
produção do sintoma
• Freud é crítico à explicação pelos estados hipnoides.

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