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A Histeria
• Afecção bastante difundida no fim do século XIX -> Indagava-se sobre sua origem: orgânica ou psíquica?
• O quadro histérico se exprime de maneira teatral e sob a forma de simbolizações, através de sintomas
corporais transitórios/rápidos (ataques ou convulsões de aparência epiléptica) ou duradouros (paralisias,
contraturas, cegueira, afasias, distúrbios da memória). Quadros fóbicos. (Roudinesco & Plon, 1998).
• Derivada da palavra grega hystera (matriz, útero), a histeria é uma neurose caracterizada por quadros
clínicos variados.
• Teses da antiguidade: foi associada às doenças do aparelho genital feminino, sua cura passava pela
combinação de várias terapias que podia culminar com a extirpação do útero (Laplanche & Pontalis,
2001).
Jean Martin Charcot (1825-1893)
• Médico e professor de medicina, foi nomeado em 1862 como chefe de serviço na
Salpêtrière.
• Charcot observou que a hipnose permitia a evocação do sintoma histérico sob um estado de
alteração de consciência.
• A hipnose era uma sugestão que passava antes de tudo pela palavra.
“Dissociação do consciente”
(Laplanche & Pontalis, 2001)
A Formação do Sintoma Histérico
Recalque
Valores morais
Desejo Ics
Sob Hipnose (afrouxamento das defesas psíquicas) -> Sintomas desapareciam após a
evocação da lembrança traumática e vivência da emoção originária ligada ao
acontecimento “esquecido” (recalcado).
Visa uma “Ab-Reação” (catarse): “Descarga emocional pela qual o indivíduo se liberta do
afeto que acompanha uma recordação de um acontecimento traumático.”
Descarga normalmente acompanhada de choro, ansiedade, tensão.
Freud: “Uma lembrança livre de toda carga afetiva é quase sempre totalmente ineficaz”.
O caso Anna O.
O Caso Ana O.
• Caso Publicado em “Estudos sobre a Histeria” (1893-1895).
• Jovem de 21 anos
• Impossibilidade de beber água durante várias semanas, apesar de uma sede martirizante.
• Redução da faculdade de expressão verbal que chegou a impedi-la de falar a língua materna (alemão), só
falava inglês.
1. Breuer observava momentos de ausência: Ana O. dizia palavras durante a ausência -> auto-hipnose ou estado
hipnóide.
2. Breuer anotava as palavras e repeti-as para a paciente em transe hipnótico para incitá-la a falar mais sobre esses
conteúdos.
3. Breuer passou a hipnotiza-la: pedia para concentrar-se nos sintomas que estavam tratando no momento – tentar
lembrar as ocasiões em que surgiram.
4. Percebeu-se que os sintomas remontavam à época em que cuidava do pai doente, portanto uma fase com grandes
cargas afetivas.
5. Estando sob hipnose, ao retomar o momento em que os sintomas apareceram, ocorria uma exteriorização afetiva,
conduzindo ao desaparecimento dos sintomas.
http://significantess.blogspot.com.br/2009/01/anna-o.html
2) Colocou o braço direito sobre as costas da cadeira. Caiu
em estado de semi-sono (devaneio) e viu, como se visse da
parede, uma cobra que se aproximava do seu pai para
mordê-lo.
b) Velando à cabeceira do pai - não expressou emoção para que o pai doente não percebesse a
ansiedade e a penosa depressão.
• Em síntese: Anna O. não se permitiu experimentar as verdadeiras emoções, não podendo dar a elas
vazão por meio de palavras ou ações.
• Na impossibilidade de sentir as emoções seu destino era a via somática (sintomas histéricos).
• A hipnose permitia à paciente Ab-reagir seus afetos -> recordar a experiência com toda a emoção
associada, emoção que fora bloqueada e que conduzira a formação do sintoma.
O Caso Anna O.
1. Biógrafos discutem a real “cura” de Anna O.
• Freud, S. (1996). Estudos sobre a histeria. In: Edições Brasileiras das Obras Completas de
S. Freud. Volume XVIII. Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1895).
• Laplanche, J., & Pontalis, J.-B. (2001). Vocabulário da psicanálise (10a ed.). São Paulo:
Martins Fontes.
• Roudinesco, E., & Plon, M. (1998). Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.