Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé
ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL E PSIQUIÁTRICA
Profª. Ms. Daniela Ap. Salgado Targino
2018 CONCEITOS • O que vocês pensam quando falamos Saúde Mental? • Porque usar o termo Enfermagem em Saúde Mental ao invés de Enfermagem Psiquiátrica? • Saúde Mental foco em saúde • Psiquiatria foco na doença
Mais do que diagnosticar e tratar, liga-se à prevenção e
promoção de saúde, preocupando-se em reabilitar e reincluir o paciente em seu contexto social. • ASPECTO RELIGIOSO:
Conceito da doença mental relacionado a
explicações mágico-religiosas.
A “loucura” era aceita como uma imposição divina,
por consequência, o modo como a sociedade a encarava tornava-se ambíguo, pelo fato de que tanto poderia ser o enfermo um portador, ou intérprete da vontade divina, como também um castigado pelos deuses. • GRÉCIA ANTIGA:
Procurou-se causas somáticas a origem das doenças
mentais, a doença era causada pelo desequilíbrio interno, originado pelos humores corporais (substâncias líquidas).
A melancolia, por exemplo, era descrita como um quadro
de tristeza causado pela “bílis negra” do fígado.
A descrição da histeria, que curiosamente era atribuída ao
deslocamento do útero (histero), por falta de atividades sexuais. • GRÉCIA ANTIGA:
Acreditava-se que movendo-se pelo corpo, o útero
poderia atingir o cérebro, causando dispnéia, palpitação e até desmaios.
Recomendava-se então, como terapêutica, o
casamento para viúvas e moças, além de banhos vaginais com ervas para atrair o útero de volta ao seu local de origem. • IMPÉRIO ROMANO:
Defendiam uma maior relação individual entre o
médico e o portador de transtornos mentais, e se diferenciava as alucinações das ilusões, recomendando-se que o tratamento da primeira doença fosse realizado em salas iluminadas, devido ao medo que o portador de alucinações tinha da escuridão. • IMPÉRIO ROMANO:
Galeno, em Roma, afirmava que a retenção do
líquido feminino pela abstinência sexual causava envenenamento do sangue, originando as convulsões. Assim, a histeria não tinha uma causa sexual-mecânica, como afirmava o paradigma grego, mas uma causa sexual-bioquímica. • IMPÉRIO ROMANO:
Entretanto, não apenas a retenção do líquido
feminino era a causa dos distúrbios psíquicos.
O homem também tinha as suas alterações mentais
oriundas da retenção do esperma.
Desta forma, as relações sexuais e a masturbação,
para Galeno, serviriam de alívio para as tensões. • IMPÉRIO ROMANO:
Criaram leis em que se detalhava as várias
condições, tais como insanidade e embriaguez, que, se presentes no ato do crime, poderiam diminuir o grau de responsabilidade do criminoso. Outras definiam a capacidade do doente mental para contratar casamento, divorciar-se, dispor de seus bens, fazer testamento e até testemunhar. • IDADE MÉDIA/ “IDADE DAS TREVAS”:
A possessão da mente de uma pessoa por um espírito
maligno, e suas alterações verbais e de comportamento, retornou como a principal causa dos distúrbios mentais, como havia sido em épocas anteriores. Muitos dos portadores de alienações mentais encontraram a “cura” para seus males nas fogueiras. • IDADE MÉDIA/ “IDADE DAS TREVAS”:
Durante todo o período da Idade Média, as epidemias
como a “peste negra” aliadas à “lepra” causavam grande medo na população. Para uma sociedade que iniciava um processo de produção capitalista, a existência de indivíduos portadores de transtornos mentais, ou de alguma forma “inúteis” à nova ordem econômica (tais como os “loucos”, os criminosos e os mendigos), andando livres de cidade em cidade tornava-se uma ameaça. * Aspecto econômico (início dos manicômios) • PHILLIPE PINEL (médico francês):
Em 1789 ideias mais liberais e libertadoras passaram a
ser discurso constante.
Com uma proposta de tratamento humanitário para
os doentes, aliados à prática de docência, Pinel desenvolveu uma corrente de pensamento de médicos especialistas em doenças mentais, aprimorando as descrições detalhadas dos transtornos mentais através de longas observações. • SIGMUND FREUD (neurologista, pai da psicanálise):
Na Alemanha uma nova corrente com relação aos
transtornos mentais surgia: a psiquiatria.
Essa corrente seguiu os caminhos da medicina, recebendo
um reconhecimento internacional, e o estabelecimento de um sistema moderno de estudo dos transtornos mentais. Nesta nova corrente de pensamento do campo dos transtornos mentais, estava um médico de origem austríaca chamado Sigmund Freud. • SIGMUND FREUD (neurologista, pai da psicanálise): Freud, um neurologista com um grande censo de rigor experimental, conservou a ideia da importância de um método científico para compreender o psiquismo e sua estreita relação com os processos físicos e fisiológicos.
Tratava e considerava as doenças psiquiátricas como
causadas por fatores psicológicos. • EMIL KRAEPELIN (05/02/1856 a 07/10/1926) :
Psiquiatra alemão, comumente citado como o criador da
moderna psiquiatria, psicofarmacologia e genética psiquiátrica. Referia que as doenças psiquiátricas são principalmente causadas por desordens genéticas e biológicas. Suas teorias psiquiátricas dominaram o campo da psiquiatria no início do século XX e na sua essência, até os dias de hoje. Kraepelin contrariava a abordagem de Sigmund Freud que tratava e considerava as doenças psiquiátricas como causadas por fatores psicológicos. • EUGEN BLEULER (30/04/1857 a15/07/1939) :
Psiquiatra suíço notável pelas suas contribuições para
o entendimento da esquizofrenia. É conhecido por nomear a esquizofrenia,
Raízes gregas schizo (dividida) e phrene (mente).
Começa a diferenciar neurose de psicose. • GEORGE ENGEL (1913 a 1999):
Psiquiatra americano, em 1977 publicou um artigo
seminal que articulou o modelo biopsicossocial da doença, enfatizando uma abordagem integrada do comportamento humano da doença. Breve história da Saúde Mental no Brasil
O Brasil, por volta de 1800 vivia a vinda da família Real.
E sofria forte influência das ideias européias, primeiro porque o país era colônia de Portugal e muitos filhos de famílias bastardas iam estudar na Europa e traziam de lá novas ideias.
Em 1852 foi fundado o Hospício Pedro II que assim
como os outros que o seguiram, serviam de “depósito” de pessoas ditas “loucas”. Breve história da Saúde Mental no Brasil
1860 – 1ª Escola de Enfermagem – Próxima, anexa ao
hospício Pedro II, a qual se originou na necessidade de suprir a qualificação das pessoas que prestavam assistência, voltadas para o modelo de assistência da época. Como lobotomia, eletrochoques, choques insulínicos, entre outros. Breve história da Saúde Mental no Brasil • 1889 – Nessa época a tendência era abrigar e asilar pessoas consideradas loucas, alienadas e também escravos, imigrantes europeus como italianos que vinham trabalhar nas fazendas e ficavam sem rumo.
• Em 1890 com a proclamação da República, os
profissionais, médicos-psiquiatras que estudaram na Europa, começam a tomar conta dos hospícios, chamados alienistas. Após os hospitais, apareceram às colônias como Juqueri, Juliano Moreira, etc. Breve história da Saúde Mental no Brasil • 1889 – Nessa época a tendência era abrigar e asilar pessoas consideradas loucas, alienadas e também escravos, imigrantes europeus como italianos que vinham trabalhar nas fazendas e ficavam sem rumo.
• Em 1890 com a proclamação da República, os
profissionais, médicos-psiquiatras que estudaram na Europa, começam a tomar conta dos hospícios, chamados alienistas. Após os hospitais, apareceram às colônias como Juqueri, Juliano Moreira, etc. Breve história da Saúde Mental no Brasil Breve história da Saúde Mental no Brasil
• Na década de 20 e 30 – Os tratamento utilizados nos
hospícios e colônias psiquiátricas, eram lobotomia, eletrochoques, choques insulínicos. • Lobotomia: é uma intervenção cirúrgica no cérebro em que são seccionadas as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas. Foi utilizada no passado em casos graves de esquizofrenia. A lobotomia foi uma técnica bárbara da psicocirurgia que não é mais realizada Breve história da Saúde Mental no Brasil
• Década de 60, quando o Brasil vivencia a compra
de serviços psiquiátricos bem como de outros serviços do setor privado com credenciamento e convênios pela Previdência Social; acrescido a isto a dura realidade observada pelas situações de negligência e injustiça a qual se encontrava nos hospícios e as colônias psiquiátricas. Breve história da Saúde Mental no Brasil
• Após a II Guerra Mundial, por volta de 70 e 80 –
Começou haver um novo pensamento. Nos EUA, percebiam-se pensamentos preventivistas, era melhor setorializar com vários centros e unidades de saúde, para atender os pacientes em suas necessidades e estes serem reenseridos na sociedade. Apenas os casos mais graves teriam hospitalização. Breve história da Saúde Mental no Brasil
• Essas tendências da regionalização dos serviços de
saúde mental originaram na Itália, onde Franco Basaglia, começa a mudar um hospital psiquiátrico, baseado nas ideias que vinham de vários lugares do mundo. A partir de recursos locais faz uma grande reforma, a desinstitucionalização. Cria centros de atendimento psiquiátrico, onde os pacientes eram assistidos de forma global. Essas idéias se difundiram para outros países, inclusive para o Brasil. Breve história da Saúde Mental no Brasil Na década de 80 houve em Bauru um encontro que
visava acabar com os manicômios, o Movimento dos
Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), ator e sujeito da
Reforma Psiquiátrica Brasileira, reuniu várias categorias de
profissionais que denunciaram a falta de recursos,
precariedade dos serviços e a necessidade de
reestruturação, bem como, da garantia da cidadania dos
doentes mentais. Breve história da Saúde Mental no Brasil
Fortalecidos e inspirados teoricamente pelas
experiências da Psiquiatria Democrática Italiana, ocorreram intervenções no sentido de extinguir progressivamente os serviços hospitalares, caracterizando o início da luta antimanicomial, sob o lema “por uma sociedade sem manicômios” (AMARANTE, 1995). Breve história da Saúde Mental no Brasil
Entre 80 e 90 – Os Hospitais privados passam a ter
mais atuação na área de saúde mental. No Juquery há a desativação progressiva dos serviços, devido os novos rumos e tendências dos pensamentos em relação ao asilamento, por parte dos próprios profissionais de saúde, os quais não aguentavam mais tal situação, injustiça e negligência. Havia também muitas denúncias. Breve história da Saúde Mental no Brasil Resultante desses movimentos, o Projeto de Lei Paulo Delgado foi encaminhado ao Congresso Nacional, objetivando garantir legalmente a desospitalização e desenvolvimento de recursos assistenciais substitutos. Aprovada pelo senado, constituindo-se na Lei 10.216/2001 (BRASIL, 2001) a qual zela pela proteção e direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial, sendo vedada as internações com características asilares, art. 4, parágrafo 3º e as internações involuntárias devem ser comunicadas ao MPE (Ministério Público Estadual) em 72 horas (art.8). REFERÊNCIAS
ALEXANDER, F.G.; SELENICK, S.T. – História da Psiquiatria.
São Paulo, Ibrasa, 1968.
AMARANTE, P.(org.) Loucos pela Vida: a trajetória da
reforma psiquiátrica no Brasil. Rio de Janeiro, SDE/ENSP, 1995.