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Enfermagem de saúde mental e Psiquiátrica

Alienado Louco

 Alheado  Que perdeu a razão,


 Louco  Doido,
 Man“aco  Alienado,
 Demente,
 Insensato,
 Imprudente,
Alienar

 Tornar alheio,  Doidivanas,


 Alhear,  Extraordinário,
 Afastar,  Exagerado
 Desviar,  Indiv“duo que perdeu a razão
 Transferir,
 Vender,
Manicómio

 Alucinar,  Hospital de loucos


 Perder o ju“zo  Hospital de alienados

Praticamente todas as culturas primitivas se serviam da hipótese demon“aca


para explicar a origem das doenças.

Casos de enfermidades mentais são referenciados na B“blia, em documentos


Gregos e Romanos, nos vest“gios das culturas eg“pcias, babilónicas, incas,
astecas e outras.

Na Grécia a doença mental era entendida de uma forma vaga… era atribu“da a
factores sobre humanos.

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Desde tempos remotos até Hipócrates (460 A.C.); a tese vigente era de que os
alienados eram influenciados e possu“dos pelos deuses do Bem e do Mal,
Eram tratados por sacerdotes em santuários com finalidade de aplacar a ira
divina.

Filósofos gregos começam a exercer influência a partir de 600 ( A.C.) e através


do seu racionalismo, auxiliam no avanço da medicina e negam que demónios e
deuses influenciam no surgimento/desenvolvimento das doenças

Hipócrates (Cós, 460 Tessália, 377 a.C.) ) é considerado por muitos uma das
figuras mais importantes da história da saúde, frequentemente considerado "pai
da medicina". Hipócrates era um asclep“ade, isto é, membro de uma fam“lia
que durante várias gerações praticara os cuidados em saúde , opõe-se à
concepção religiosa e faz referências ao del“rio violento; à melancolia; à
loucura da gravidez e à loucura do álcool.

A abordagem de Hipócrates, confere um estatuto médico-cientifico , pois


entendia a loucura como um desarranjo de natureza orgânica.

(150 d.C.), Neste per“odo há um grande impulso do que hoje é a psiquiatria.


Celso cria o termo insónia; Areteu da Capadócia pela primeira vez estabeleceu
a passagem da mania para a melancolia; Célio Aureliano luta por um
tratamento humano estabelecendo regras terapêuticas f“sicas e morais.

Sobre o per“odo romano não há conhecimento no que se refere à doença


mental. Com a queda da civilização greco-romana a medicina, como qualquer
ramo da cultura sofre um eclipse quase completo.

A partir de então, florescem todo o tipo de superstições, e o tratamento das


doenças mentais passou a ser entregue aos sacerdotes

 Açoitava-se,
 Algemava-se,
 Perseguia-se

E deixava-se morrer de fome os doentes, na crença de que, actuando assim,


afugentavam os demónios que os possu“am.

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Embora o tratamento dos doentes mentais durante a Idade Média não fosse
muito recomendável, o per“odo que se seguiu foi, em alguns aspectos muito
pior. Enquanto a Igreja a pouco a pouco foi deixando de se ocupar dos
doentes, estes ficaram a cargo de hospitais e asilos, os doentes mais violentos
eram enviados para cárceres e masmorras. A sociedade interessava-se
apenas pelo seu bem-estar e pela sua própria segurança, e não pelo bem-estar
dos doentes.

Os Hosp“cios eram um misto de prisão e asilo onde se amontoavam sem


discriminação, doentes e criminosos de pequenos delitos. Durante o SEC.XVI
E XVII, as masmorras de Paris eram os únicos lugares onde se podiam internar
os doentes violentos. No SEC.XVII acreditava-se que Deus e Satanás
travavam uma batalha constante pela possessão das almas.

As reformas pol“ticas que se operaram em França nos fins do SEC. XVIII


tiveram a sua influência na vida dos Hospitais e cárceres de Paris.
A comuna revolucionária (1772) autorizou Pinel (1755-1826) médico, a libertar
os reclusos dos dois maiores hospitais; alguns estavam acorrentados há mais
de 20 anos.

Estas reformas estenderam-se a Inglaterra com os irmãos Tuke, e na América


sobre a Direcção de Benjamim Franklim, terminou-se o Hospital da Pensilvânia
em 1786, onde apesar de se encerrarem os doentes em sótãos, pelo menos
cuidavam das camas, alimentação e os quartos mantinham uma temperatura
média.

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EM PORTUGAL

1780- Abertura da Casa Pia. Objectivo: A Recuperação pelo Trabalho

No per“odo setecentista, encarceravam-se os doentes em instituições asilares,


para protecção da sociedade.

Em Portugal os marginais são internados compulsivamente, durante o per“odo


de acção de Pina Manique (1733-1805) (Intendente geral da Policia no reinado
de D.Maria II)

Diogo Inácio de Pina Manique (3 de Outubro de 1733 30 de Junho de 1805


foi um magistrado português.

Formado em Leis pela Universidade de Coimbra, ocupou diversos cargos,


antes de ser designado Intendente-Geral da Pol“cia. Foi juiz do crime em
diversos bairros de Lisboa, superintendente-geral de Contrabandos e
Descaminhos, desembargador da Relação do Porto, desembargador dos
Agravos da Casa da Suplicação.

Homem da confiança de Sebastião José de Carvalho e Melo, só foi, no entanto,


nomeado Intendente-Geral da Pol“cia depois da queda do Marquês de Pombal.
Acumulou esse cargo com os de desembargador dos Agravos da Casa da
Suplicação, contador da Fazenda, superintendente-geral de Contrabandos e
Descaminhos e fiscal da Junta de Administração da Companhia Geral de
Comércio de Pernambuco e Para“ba.

Em 1781, começou a funcionar no Castelo de São Jorge, em Lisboa, a Casa


Pia, fundada por Pina Manique e destinada inicialmente a recolher mendigos e
órfãos.

Durante o reinado de D. Maria I, a sua acção como Intendente-Geral da Pol“cia


orientou-se para a repressão das ideias oriundas da Revolução Francesa,
designadamente através da proibição de circulação de livros e publicações, e
da perseguição a diversos intelectuais, especialmente se maçons de quem ele
culpava de terem conspirado a referida revolução. A pedido de Napoleão

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Bonaparte, o regente D. João viu-se "obrigado" a demiti-lo em 14 de Março de
1803.Faleceu dois anos depois de abandonar o cargo.

1800-Até esta data os problemas mentais eram atendidos em Hospitais gerais


ou cadeias.

1836-Um decreto de lei cria em Lisboa, um grande asilo para mendigos e


indigentes no Convento de Santo António dos Capuchos.

1848-Uma lei cria o 1º Hospital para alienados: Hospital de Rilhafoles (acção


do Duque de Saldanha) Entram as primeiras doentes vindas do Hospital Real
de São José.

1850- Transferidos os últimos doentes do sexo masculino para Rilhafoles.

1851- Lei que regulamenta o Hospital de Alienados. Após 15 anos, já o hospital


de Rilhafoles tinha entrado em decadência Projectado para 300 doentes, já
tinha na altura 500.

1881- Inaugurado o Hospital Conde Ferreira (Porto), organizado pelo primeiro


psiquiatra português António Maria de Sena.

RILHAFOLES

 1 Enfermeiro e 12 ajudantes
 Caderno do enfermeiro onde diariamente era registado o que se
observava nos doentes, assim como o seu tratamento. De acordo com a
legislação os meios usados inclu“am brandura , persuasão , e
vigilância activa por parte dos enfermeiros.

Existiam 4 tipos de alienados :

 Indigentes reputados curáveis


 Incuráveis_ que atentavam contra a segurança dos cuidadores ou
ofendiam a moral publica.
 Não indigentes (pensionistas)
 Militares (pensionistas)

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Em, Portugal a autonomização da psiquiatria, nasce com António de Sena,
Júlio de Matos e Miguel Bombarda.

1895-legislação que regula o processo judiciário em relação aos Reis suspeitos


de doença Mental.

SENA, António Maria de (1845-1890)

Professor da Faculdade de Medicina

Naturalidade - Seia, bapt. 12.1.1845 - Granja (Vila Nova de Gaia), 14.10.1890.

Filiação - António Maria de Sena e Ana Josefa.

Matr“culas - Teologia, 10.10.1863; Matemática e Filosofia, 15.10.1867;


Medicina 3.10.1870.

Graus Bacharel em Medicina, 1875; Licenciado, 22.1.1876; Doutor, 9.7.1876;


Bacharel em Teologia, 17.7.1867.

Cadeiras - Histologia e Fisiologia Geral (1877-1885), substituto; Anatomia


Humana Descritiva e Comparada (1877-1885), substituto; Anatomia Humana
Descritiva e Comparada (1885-1890), lente.

Cargos Secretário da Faculdade de Medicina (1877-1882); Director do


Gabinete de Anatomia Normal (1885-1890).

Publicações - Trabalhos em revistas cient“ficas, com destaque para Estudos


Médicos e Medicina Contemporânea e ainda: Teses de Medicina teórica e
prática (Coimbra, 1876); O del“rio nas moléstias agudas (Coimbra, 1876);
Análise espectral do sangue (Coimbra, 1876); Relatório da sua viagem
cient“fica... (Coimbra, 1879); Os atestados médicos param admissão de
doentes nos hospitais de alienados. A propósito da questão António Bessa .
História e cr“tica da questão (Porto, 1884); Os alienados em Portugal... (Porto,
1885).

Observações - Psiquiatra eminente, com notável esp“rito de observação,


destacando-se a sua acção humana e social no campo da terapia ocupacional
e contra o regime prisional celular. Estudou no Seminário de Coimbra e na

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Faculdade de Teologia, mas não chegou a ordenar-se. Redactor do jornal
quinzenal Estudos Cosmológicos em 1870-1871. Fundador do jornal Estudos
Médicos, de que foi presidente da Comissão de Redacção em 1878. Nomeado
em 7.8.1878 para estudar em França a histologia e fisiologia do sistema
nervoso; seguiu os cursos de Charcot e Brown-Séquard e publicou depois um
relatório desta actividade. Encarregado em 1881 da instalação do Hospital de
Alienados do Conde de Ferreira, no Porto, de que foi Director em comissão de
serviço. Deputado às Cortes por Viana do Castelo. Nomeado em 27.4.1886
para membro da Comissão encarregada da reforma do Hospital de Rilhafoles.
Par do Reino em 1887. Deve-se à sua intervenção na Câmara dos Pares a
aprovação em 4.7.1889 do novo regime prisional, conhecido por Lei Sena.
Presidente da Sociedade de Estudos Médicos de Coimbra. Sócio efectivo do
Instituto de Coimbra. O Hospital Psiquiátrico de Coimbra foi chamado
Manicómio Sena em sua honra. Em 1945, por ocasião do centenário do seu
nascimento, foi inaugurado em Seia um monumento à sua memória.

Nota: O excerto apresentado foi retirado da obra Memoria Professorum


Universitatis Conimbrigensis, com a autorização do Prof. Doutor Augusto
Rodrigues, editor literário.

Júlio Xavier de Matos

1856-1922

Psiquiatra e professor universitário

Júlio Xavier de Matos nasceu no Porto a 26 de Janeiro de 1856.

Era filho de Rita Xavier de Oliveira Barros e de Joaquim Marcelino de Matos


(1824-1868), jornalista, escritor e advogado que salvou da forca José Teixeira
da Silva, mais conhecido por "Zé do Telhado", e tirou da Cadeia da Relação o
escritor Camilo Castelo Branco. Era sobrinho de João Xavier de Oliveira
Barros, lente da Escola Médico-Cirúrgica do Porto e irmão de Eduardo, António
e Maria do Carmo Xavier de Oliveira Barros.

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Em 1865 ficou órfão de pai, tendo sido amparado pela fam“lia materna,
nomeadamente pelos tios que muito contribu“ram para a sua educação.

Em 1874, com quase 18 anos, brilhou na inauguração da associação estudantil


"Aliança Académica", ao discursar e ler poesia.

Estudou medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, tendo-se licenciado em


1880 com a defesa da tese inaugural intitulada "Patolhogenia das
Hallucinações", que dedicou à mãe, aos tios João e Júlio Xavier de Oliveira
Barros e ao Dr. José Carlos Lopes.

Durante o curso conheceu Teófilo Braga (1843-1924), que viria a casar com a
sua irmã Maria do Carmo e com quem viria a colaborar cientificamente.

Júlio de Matos começou a trabalhar como médico-adjunto do Hospital de


Alienados do Conde de Ferreira (actual Centro Hospitalar Conde de Ferreira),
pouco depois da abertura deste hosp“cio, em 1883, o qual era propriedade da
Santa Casa da Misericórdia do Porto. Após a morte do seu primeiro director,
António Maria de Sena (1845-1890), Júlio de Matos assumiu a chefia da
instituição.

Em 1892 participou no Congresso Pedagógico Hispano-Português-Americano,


por convite de Bernardino Machado, no qual apresentou uma comunicação
subordinada ao tema "O ensino da Filosofia nos liceus portugueses".

Em 1908 assinou o programa da Liga de Educação Nacional e no ano seguinte


assumiu a direcção do curso de Cl“nica de Doenças Mentais.

Em 1911, com a fundação da Universidade do Porto, tornou-se o 1.º professor


de Psiquiatria - cadeira introduzida pela reforma de 1911 - da Faculdade de
Medicina. Na eleição do primeiro reitor obteve 3 votos.

Pouco depois transferiu-se para Lisboa para dirigir o Manicómio Miguel


Bombarda (1911-1923) e ministrar a recém-institu“da cadeira de Cl“nica
Psiquiátrica na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Mais tarde,
leccionou Psiquiatria Forense no Curso Superior de Medicina Legal.

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Em Lisboa, apesar de centrar a sua vida profissional na modernização da
assistência psiquiátrica e na criação de um novo hospital com esta
especialidade, foi, também, membro do Conselho Superior de Instrução Pública
(eleito em 1911) e convidado a ocupar a pasta da Instrução Pública.

Historia Natural Ilustrada, I volume, Livraria Universal (capa da publicação)


Júlio de Matos foi escritor e cr“tico afamado. Co-fundador e director, com
Teófilo Braga, da publicação periódica "Positivismo: revista de philosophia", foi
membro do Conselho Médico-Legal, da Sociedade de Ciências Médicas, da
Academia das Ciências de Lisboa, da Société Médico-Psychologique de Paris
e da Société Clinique de Médecine Mentale.

Júlio de Matos, um dos primeiros leitores portugueses dos trabalhos de Darwin,


foi autor de uma "Historia Natural Illustrada: compilação sobre os mais
autorizados trabalhos zoologicos", considerada hoje uma raridade bibliográfica,
na qual compilou trabalhos de Buffon, Brehm, Figuier e Milne-Edwards. Entre
as suas obras podem destacar-se o "Manual de Doenças Mentais" (1884,
reeditado em 1911 sob o t“tulo de "Elementos de Psychiatria"), "A Loucura:
Estudos Clinicos e Medico-Legaes" (1889), "Allucinações e Ilusões" (1892), "A
Paranóia" (1898), "Estudos Cl“nicos e Médico-legais sobre a loucura" (1899),
"A Questão de Calmon" (1900), "Os Alienados nos Tribunais" (3 vols., 1902-
1907), "Assistance aux Aliénés" (1903) e "Amnésia Visual" (1906). Salientam-
se igualmente as comunicações apresentadas ao XIV Congresso Internacional
de Medicina (1903) sobre "Assistência aos alienados criminosos sob o ponto de
vista legislativo" e ao XV Congresso Internacional de Medicina (1906)
"Contribuição ao estudo da amnésia visual".

Júlio de Matos foi casado com Júlia Carlota de Araújo Ramos e teve uma filha,
Sara Xavier de Matos.

Este grande alienista, pioneiro do ensino da Psiquiatria e dos estudos cl“nicos e


médico-forenses de Psiquiatria em Portugal, reformador da assistência
psiquiátrica (por decreto de 11 de Maio 1911), morreu em Lisboa a 12 de Abril
de 1922, v“tima de tuberculose pulmonar crónica.

(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2012)

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Miguel Augusto Bombarda (Rio de Janeiro, 6 de Março de 1851 Lisboa, 3 de
Outubro de 1910) foi um médico, cientista, professor e pol“tico republicano
português, figura cimeira na sua época.

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1851, então capital do Império do


Brasil.Formou-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, tendo defendido uma
tese sobre o "Del“rio das Perseguições".

Empregou-se como lente naquela instituição em 1880, aonde ocupou, por


largos anos, a cadeira de Fisiologia e Histologia; em 1903, passou para a
cadeira de Fisiologia Geral e Histologia. Nestas funções, deu um importante
contributo para a reforma dos estudos médicos. Colaborou, igualmente, com
esta instituição, tendo contribu“do para a construção do seu edif“cio, e para a
aquisição de material cient“fico.

Dedicou-se, especialmente, às enfermidades do sistema nervoso, tendo, por


este motivo, sido convidado para dirigir o Hospital de Rilhafoles, posição que
começou a ocupar em 1892; reorganizou e melhorou esta instituição, tendo
iniciado um curso livre de psiquiatria em 1896,e promovido o alargamento do
Hospital, com a construção de notáveis edif“cios: Pavilhão de Segurança
(1892-1896) (precursor do modernismo e panóptico), Edif“cio de Enfermarias
em Poste Telefónico (1885-1894) (primeiro edif“cio do mundo com esta
tipologia), Edif“cio de Enfermarias em U (1900) (lajes em betão armado e
sistema de ventilação inédito), dois enormes Telheiros (1894) para o passeio
dos homens e das mulheres, Oficinas para Doentes (1894), nova Cozinha
(1904).

A“ exerceu igualmente as funções de cirurgião hospitalar, e ao reorganizar a


sua gestão acabou por o dirigir, desde 1892. Foi, igualmente, médico no
Hospital de São José.

Fez parte de várias instituições nacionais e estrangeiras, como o Conselho


Superior de Higiene, a Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, da qual foi
presidente, e o Conselho de Medicina Legal; também exerceu a posição de
secretário-geral da Liga Nacional contra a Tuberculose, tendo organizado
vários congressos. Presidiu, igualmente, à Academia Real das Ciências

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Médicas de Lisboa. Nas funções de secretário-geral, foi responsável por
organizar o XV Congresso Internacional de Medicina, que se realizou na cidade
de Lisboa, em 1906.

Publicou várias dezenas de volumes e cerca de meio milhar de ensaios, a


debruçar-se sobre os problemas cl“nicos terapêuticos e sanitários, e sobre a
Psiquiatria. Defensor do anticlericalismo e do monismo naturalista e
materialista, provocou polémica quando editou o livro, A Consciência e o Livre
Arb“trio, em 1897, e realizou várias conferências, como a Ciência e Jesuitismo,
e a Réplica a Um Padre Sábio.

Fundou, junto com Sousa Martins e Manuel Bento de Sousa, o jornal Medicina
Contemporânea; dirigiu este periódico até à sua morte, e colaborou
frequentemente, tendo publicado vários artigos sobre as ciências médicas.
Também colaborou na revista Brasil-Portugal (1899-1914).

1892 Nomeado o Dr. Miguel Bombarda, para director do Hospital de


Rilhafoles. A sua actuação foi das mais relevantes da época

1910-Assassinado o Dr. Miguel Bombarda, nesta altura existem em Portugal


mais duas instituições de doentes mentais Idanha e Telhal.

(Após a morte de Miguel Bombarda o Hospital de Rilhafoles passa a chamar-se


Manicómio Bombarda, cujo director é o professor Júlio de Matos).

Dr. Miguel Bombarda

Assume a direcção do hospital depois de manifestações públicas e de


deputados , acerca das condições deploráveis de decadência e abandono.

Procedeu a reformas a n“vel f“sico, terapêutico bem como das condições de


higiene e alimentação.

Os doentes perigosos foram colocados em segurança (Pavilhões de


Segurança).

Foram criados locais de recreio, passeio, oficinas e trabalhos agr“colas(


ergoterapia)

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Meios de contenção: foram inventados, os tratamentos mais extraordinário

Intimidação, castigo e tortura: correntes e cadeado, camisas de força (que foi


considerada um grande sucesso e uma descoberta sensacional).

Os tratamentos correspondiam às crenças da época tanto na perspectiva social


como cientifica. Considerava-se que o encarceramento, a fome e castigos eram
indispensáveis para controlar estes doentes.

Depois dos meios de contenção utilizou-se o isolamento, posteriormente


percebeu-se que esta medida afastava os doentes da realidade, constru“ram-
se então vastas enfermarias em detrimento das celas.

1911- Lei redigida pelo Prof. Júlio de Matos que prevê a criação de colónias
agr“colas.

(Júlio de Matos era também um pol“tico e um lutador).

Teve a preocupação de não responsabilizar criminalmente um acto levado a


cabo por um alienado .

1942- Inauguração do Hospital Júlio de Matos, que na altura foi considerado


um modelo hospitalar na Europa.

A lei 2006/45 de 11 Abril, reforma profundamente a assistência aos doentes


mentais.

Hospital Júlio de Matos

Os objectivos do hospital estavam direccionados para a assistência dos


doentes, profilaxia e higiene mental, ensino e investigação.

Tinhas as melhores instalações neurocirúrgicas da Europa. O seu serviço de


urgência viria a ser o primeiro no Pa“s.

1952- Aparecimento dos Psicofármacos.

1955- Dá-se a abertura dos hospitais gerais ao doente psiquiátrico.

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A Psiquiatria enquanto especialidade, surge em 1909, vinda no entanto de um
passado remoto com preconceitos e perseguições.

Em Portugal a autominização da Psiquiatria nasce com Júlio de Matos, António


Sena e Miguel Bombarda.

A corrente da anti psiquiatria surge no pós 2ª guerra mundial, dando ênfase ao


factor social e á importância da comunidade.

As doenças mentais foram sujeitas a classificações e os tratamentos tiveram


um percurso desde o isolamento, ao tratamento pela malária (1917),
electrochoque (1930) e aos psicofarmacos (1952).

1935- 1º leucotomia pré frontal ( tratamento de doenças obsessivas) Egas


Moniz (prémio Nobel em 1949).

1945- interesse nacional pela prevenção nesta área e definição do conceito de


Saúde Mental.

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APONTAMENTO…

O conceito de Saúde Mental, decorre do hospitalismo , institucionalismo e


consequente regressão que os doentes apresentavam, aliado por outro lado ao
desenvolvimento da psicofarmacologia e da divulgação de conceitos como
psicoterapias institucionais (psicoterapias de grupo, ergoterapia e
posteriormente T.O.) e comunidades terapêuticas que modificaram o panorama
da assistência psiquiátrica.

A desalienação ou desinstituição , levou à necessidade de criar cuidados


psiquiátricos primários, sobretudo a n“vel ambulatório, assim criaram-se
dispensários e serviços de psiquiatria em hospitais gerais a par da criação de
centros de dia, implementados nas comunidades.

Estabelece-se assim a transição do conceito de assistência psiquiátrica para os


conceitos de Saúde Mental_ transferem-se os centros de iniciativa do interior
do hospital para a comunidade o que origina o conceito de Psiquiatria
Comunitária, que defendia uma acção curativo profiláctica conjugada com
mobilidade social.

Dec.Lei 38884/52 de 22 de Agosto

Cursos de Especialização em Enfermagem, nos quais estava inclu“do o curso


de especialização em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica

A disciplina de Psiquiatria é introduzida no Curso Geral de Enfermagem, bem


como um estágio de 3 semanas. Era ministrada numa perspectiva médica e
com abordagem das patologias. No entanto… abandona-se o conceito de
louco e passa-se ao conceito de Doente. Hoje, o conceito tem evolu“do e a
abordagem deverá ser feita à pessoa que sofre de doença mental.

PORTARIA nº23335/68 de 25 de Abril

Escola de Enfermagem Psiquiátrica de Lisboa, Porto e Coimbra. Em Lisboa


funciona só a partir de 1969 com cursos de Enfermagem e de Auxiliares de
Enfermagem. Os cursos criados em 1942, com a duração de dois anos, deixam
de existir em 1968.

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1978-Começaram os curso de Especialização em Enfermagem de Saúde
Mental e Psiquiátrica de Lisboa, até 13-3-1984, data em que a comissão
instaladora da Escola Pós Básica de Lisboa toma posse.

Hoje, os problemas de Saúde Mental não são encarados com uma unidade ,
mas sim como factores dependentes do somatório de variáveis:

 Sociais
 Culturais
 Biológicas
 Ecológicas, etc.

O Homem é encarado nos seus múltiplos aspectos (bio psico cultural


económico - pol“tico), aparecendo assim várias técnicas de intervenção.

A Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica tem hoje, uma dimensão que


abrange estes múltiplos aspectos.

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ENFERMAGEM DE SAÚDE MENTAL

É portanto uma disciplina que se aprende na prática activa, em interacção com


o indiv“duo, a fam“lia, comunidade e em equipa multidisciplinar. Todavia é
extremamente importante o referencial teórico para ordenar os dados da
experiência e saber fazer uma cr“tica reflectida para a interpretação dos factos
observados, tendo em conta o diagnóstico de enfermagem e o plano de
intervenção.

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CONDIÇÕES E CONHECIMENTOS QUE O

ENFERMEIRO DEVE POSSUIR PARA ÁREA DE SAÚDE

MENTAL E PSIQUIATRIA

Com o objectivo de promover relações terapêuticas:

• Respeito e sensibilidade pelos outros;

• Conhecimento do comportamento humano;

• Capacidade de promover confiança.

Deve na sua prática diária ter sempre em conta os seguintes pressupostos:

• Todo o comportamento humano tem um significado, um objectivo e é

fruto de uma experiência;

• O Doente é um ser humano e, como tal, deve ser respeitado, por mais

estranho que o seu comportamento possa ser;

• O comportamento de um indiv“duo está relacionado com e é afectado

por: experiências passadas, bem como pelo ambiente e condições presentes;

• A comunicação do Doente, verbal ou não, sempre que compreendida é

lógica e racional;

• O enfermeiro deve sempre orientar a sua observação com o objectivo de

compreender as necessidades do doente e aceitar o seu comportamento como

uma expressão dessas necessidades;

• A Pessoa tem o Direito de ser tão doente quanto precisa ser, expressar

os seus sentimentos negativos e positivos, receber apoio para a solução dos

seus problemas. O enfermeiro deve continuamente encorajar-lhe


independência e um comportamento mais maduro ;

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• Todas as pessoas têm em si um potencial para crescimento e saúde; se

as suas necessidades forem compreendidas e satisfeitas, ficarão melhor

preparados para enfrentar a realidade e resolver os seus problemas;

• O Enfermeiro aprende a responder selectivamente, compreendendo que,

por vezes, é necessário apoiar a dependência e defesas da Pessoa Doente;

• Se a Pessoa é capaz, o enfermeiro deve ajudá-la a estabelecer limites

apropriados ou, se necessário, estabelecê-los por ele;

• Crescimento e modificação, num sentido positivo, são factores que se

esperam da inter-relação enfermeiro/Doente, sendo, por isso, importante que o

enfermeiro proporcione um clima de confiança e segurança, como meio

facilitador da aprendizagem.

Interessa-se pelos outros:

• Estima-os, atendendo aos seus interesses e opiniões;

• Respeita-os;

• Sente que faz parte de um grupo social e que, portanto, por vezes, tem

de sacrificar o seu bem pessoal;

• É sincero e leal nas suas relações;

• Sente-se responsável perante o grupo e não o choca;

• Admira a superioridade dos outros e não se ri da sua inferioridade;

• Procura aceitá-los tal como são e compreendê-los antes de tentar ajudá-

los.

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Corresponde às exigências da vida:

• Aceita as suas responsabilidades;

• Planeia o futuro e não o teme;

• Aceita, criticando construtivamente, as novas ideias ou experiências;

• Procura fazer render ao máximo as suas possibilidades;

• Decide e resolve por si, não desprezando, contudo, opiniões alheias;

• Encontra satisfação no que faz.

Observação do Cliente a partir do seu comportamento:

• Todo o comportamento resulta da tentativa de dar satisfação às nossas

necessidades básicas;

• Todo o comportamento é resposta de uma necessidade humana;

• Todo o comportamento tem um significado; explicações superficiais não

devem ser aceites e os porquês devem ser procurados;

• O que altera o comportamento são as vivências e não as racionalizações


(pois são as vivências e as experiências que determinam também os

comportamentos);

• O comportamento deve ser interpretado como sintoma. A tentativa de

compreensão do comportamento requer um conhecimento da história pessoal

e familiar do indiv“duo, assim como um conhecimento da sociedade a que o

mesmo pertença, como padrão de referência. A observação do comportamento

deve ser alargada por dedução e referência à experiência;

• Os cuidados que se prestam dirigem-se às pessoas e aos seus


comportamentos e não a rótulos ou sintomas.

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A relação terapêutica que assenta nos pressupostos atrás citados e tem a sua

evolução própria. A relação de ajuda é em regra lenta, sendo o ritmo marcado

pelo cliente.

1ª Fase:

• Relação um pouco social, o terapeuta mostra-se interessado;

• É mais activo que o assistido.

2ª Fase:

• O terapeuta mantém-se sempre dispon“vel e aceitante perante o que

demonstra o assistido;

• Em face disto, e em regra, o assistido torna-se mais confiante e com

mais iniciativa.

3ª Fase:

• O assistido é mais activo, tendo, em regra, certa dependência do

terapeuta;

• O terapeuta é facilitador, o próprio assistido começa a aceitar-se e às

suas atitudes, podendo até reformula-las e modificar comportamentos.

4ª Fase:

• O assistido vai ficando menos dependente, mais autónomo e seguro de

si;

• O terapeuta inicia a sua introdução;

• … em pequenos grupos (socialização).

20
Ambiente Terapêutico:

• Todos precisamos de saúde mental para podermos manter o nosso

equil“brio;

• Há factores que interferem na saúde mental das pessoas.

Ambiente:

• Para uma boa saúde mental é preciso: boa alimentação, boa higiene,

possibilidade de recorrer à educação; possibilidade de relações interpessoais;

mudar de ambiente, ter um ambiente diferentes faz parte da nossa saúde

mental.

A n“vel de Doentes: muitas vezes basta uma mudança de ambiente para uma

pessoa mudar de comportamento.

• É porque o ambiente tem influência nas pessoas que pode ser utilizado

como medida terapêutica.

O ambiente não é mais do que um facilitador do crescimento pessoal

• Quando o doente está muito tempo no Hospital, tem que haver

preocupação que deve partir da equipa que trata o doente.

• Sabendo que as pessoas da equipe que passam mais tempo com o

doente são os enfermeiros, é portanto a eles que compete transformar o

ambiente hospitalar em algo agradável e realmente terapêutico para o doente.

21
EQUIPA MULTIDISCIPLINAR
Este método começou a ser desenvolvido após os anos 50

• No meio hospitalar, este método de trabalho traduziu-se por equipas

compostas por vários elementos com formação diferente, as equipes eram

então compostas por enfermeiros, auxiliares, empregados de limpeza e copa

• A enfermeira ocupava o lugar de chefe de equipa, coordenava e

supervisionava o trabalho dos outros, assim como planeava os cuidados a

prestar, verificando a sua aplicação e consequentemente fazia a avaliação.

• A equipe não só é encarada como agente facilitador da comunicação e

de cooperação entre os seus membros, ou de mero ponto de referência, mas

sim o local onde se encontra a possibilidade de várias pessoas colocarem os

seus saberes e as suas competências profissionais especificas ao serviço de

um objectivo comum.

VANTAGENS:

• Permitir maior satisfação pessoal e realização profissional;

• Ser centrado no utente e fam“lia;

• Cada elemento participa segundo as suas competências;

• Formação cont“nua.

22
DESVANTAGENS:

• Necessidade de maior número de elementos que qualquer outro método;

• Existência de zonas cinzentas, o que pode originar conflitos.

Há uma responsabilização dividida pelos diversos membros da equipe, visto

que é esta que, na globalidade é responsável, porque é no seio da equipe que

se definem as estratégias de intervenção e se efectua a supervisão de toda a

actuação.

OBJECTIVO: os objectivos tem que estar expl“citos, de modo a poderem

orientar a participação dos membros da equipe.

LIDERANÇA PARTILHADA: implica que a liderança esteja difundida por entre

os membros da equipa, de maneira a que cada um possa assumir um papel de

liderança, dependendo da função que necessita de ser desempenhada.

Competição e Cooperação:

• A competição é fundamental para uma boa interacção grupal e pode

incentivar o progresso da equipe, apesar de poder criar conflitos; o importante

é a sua solução;

• A cooperação vai ajudar a lidar abertamente com o conflito.

COESÃO: Todos os membros têm que ter a sensação de pertença com o

grupo; este sentimento traduz-se no comparecimento às reuniões, o que por

sua vez reflecte a coesão do grupo.

SATISFAÇÃO:

• As pessoas gostam de sentir que contribu“ram para o sucesso do grupo;

estes sentimentos vêm das suas contribuições.

• Assim é através do desempenho individual que se atinge a satisfação.

23
ATMOSFERA:

A atmosfera ou ambiente deve ser construtiva e amistosa. Esta caracter“stica é

de dif“cil avaliação, mas traduz-se também nas reuniões. Considera-se que a

atmosfera é construtiva e amistosa se as reuniões são produtivas, e que,

quando acontece o contrário, estando o ambiente pesado as reuniões não

são produtivas.

24
MODELO EVOLUCIONISTA (HILDEGARD PEPLAU)

• A enfermagem é um processo terapêutico interpessoal entre

Enfermeira/Paciente que actua como força de maturação e como instrumento

formativo.

• Assim podemos concluir que a enfermagem está relacionada com o

crescimento e formação e é neste sentido que se produz a evolução.

A ansiedade e a comunicação são dois conceitos básicos no modelo de

Peplau.

A autora descreve quatro experiências psicobiológicas:

1. Necessidades

2. Frustração

3. Conflitos

4. Ansiedade

• Peplau vale-se de conceitos teóricos alheios á enfermagem para

identificar as respostas obtidas; que podem ser construtivas (desenvolvimento)

ou destrutivas (regressão) quer por parte dos pacientes quer por parte dos

enfermeiros.

• Este conhecimento proporciona uma base quer para afixação de metas

(objectivos) quer para as intervenções de enfermagem.

• Peplau diz-nos que a ansiedade é uma fonte de energia relacionada com

o crescimento sendo a sua força condutora.

25
• O individuo experimenta ansiedade quando através de uma

comunicação se sente ameaçado na sua segurança biológica ou psicológica.

• Um aumento de ansiedade pode interferir na capacidade de valorizar a

realidade e na interpretação adequada da comunicação.

• A comunicação é um elemento chave no desenvolvimento.

• A importância da comunicação é evidente se reconhecermos a sua

influência na percepção da realidade e na compreensão quer dos outros quer

de si próprio.

Homem/Pessoa: o Homem é um organismo vivo que procura realizar-se e que


luta para atingir um equil“brio que atingirá só na morte.

Saúde: é uma luta incessante com vista a atingir um equil“brio que só será

alcançado com a morte.

Ambiente: De modo impl“cito Peplau define ambiente como forças existentes

fora do organismo e as existentes no contexto da cultura de onde se obtém

costumes , crenças e hábitos. (no entanto as condições gerais suscept“veis de

conduzir á saúde incluem os processos interpessoais.)

Enfermagem: é uma relação terapêutica que facilita o crescimento e o

desenvolvimento quer do Paciente quer do Enfermeiro.

Cuidados de Enfermagem:

• São um processo interpessoal terapêutico e significativo, que funciona

em cooperação com outros processos humanos a fim de restituir a saúde aos

indiv“duos e sociedade.

• São uma força que ajuda à maturidade, que promove o desenvolvimento

da personalidade, para uma vida criativa, construtiva e produtiva para o


indiv“duo e sociedade.

26
Os meios que o enfermeiro utiliza: a relação interpessoal.

Intervenção: o doente e enfermeiro passam por várias fases e papeis á medida

que prossegue o processo interpessoal.

Doente Enfermeiro

Fase de Orientação Fase de ajuda

O doente precisa de reconhecer e Ajuda a clarificar a situação de modo a que a


compreender a sua dificuldade e a extensão experiência possa ser integrada pelo doente
da ajuda que necessita. como experiência com aprendizagem.

Fase de Identificação Planeamento

Alguns doentes identificam-se com os O enfermeiro tem que ter em conta o papel
enfermeiros que os ajudam na resolução do de leader, no qual o doente o coloca na sua
problema. relação de identificação.

Fase de Exploração Intervenção

Esta fase leva á identificação e Quando o enfermeiro intervém.


posteriormente á resolução. O doente utiliza
o que lhe é dado.

Fase da Resolução Avaliação

É um processo de libertação, mas o seu Quando o enfermeiro avalia.


sucesso depende da evolução anterior dos
O doente não se liberta sozinho desde que o
acontecimentos.
enfermeiro fixe barreiras.

Como consequência da actividade profissional do enfermeiro:

• Desenvolvimento da personalidade no sentido da maturidade, através da

relação interpessoal, nos per“odos de doença.

Quem realiza a acção?

• O Paciente e enfermeiro através da inter-relação pessoal.

27
Quem é o receptor da actividade?

• O paciente em primeiro lugar, e o enfermeiro, porque também

desenvolve a sua personalidade.

Em que contexto tem lugar a actividade?

• Qualquer lugar onde se possam estabelecer relações interpessoais.

Quando se pode considerar alcançada uma meta?

• Quando o paciente alcança o n“vel máximo de crescimento pessoal e de

saúde dentro dos seus limites.

Qual o procedimento que se segue para realizar a actividade?

• O processo de enfermagem, em relação com as fases que o indiv“duo

atravessa.

Qual a dinâmica que faz progredir a actividade?

• A capacidade de os indiv“duos (paciente e enfermeiro) para estabelecer

relações interpessoais, aprenderem e desenvolverem-se.

Objectivo do Enfermeiro:

• Ajudar o indiv“duo e a comunidade a alcançar a saúde, conseguindo

para o paciente e enfermeira o n“vel máximo de desenvolvimento pessoal.

Papeis do enfermeiro:

• Pessoa estranha: O doente deve ser tratado com cortesia e aceite tal

como é.

• Pessoa de recurso: Dá respostas espec“ficas a perguntas normalmente

formuladas. Professor: Combinação de todos os outros papéis.

28
• Leader: Os doentes identificam-se com os enfermeiros e esperam que

os dirijam nas dificuldades.

• Substituto: Figuras substitutas, ajuda na resolução de um conflito

interpessoal.

• Consultor: Facilitar acções auto dirigidas, as funções de consultor em

enfermagem são determinadas pelas relações Enfermeiro/Doente.

29
TRISTEZA E DEPRESSÃO

TRISTEZA

A tristeza é uma condição humana, caracterizada por uma perturbação no


humor, e é uma reacção normal, comum e necessária à perda de alguém ou de
um objecto de grande valor.

O enfermeiro pode ajudar a pessoa que sofre a lidar com o seu sentimento de
perda, culpa, encorajando-a a verbalizar sobre o que está a sentir.

O objectivo terapêutico será auxiliar o individuo a interligar esta reacção


emocional, com experiencias similares no seu passado e aprender com isso.

DEPRESSÃO

A depressão é uma perturbação profunda no humor, que compartilha algumas


caracter“sticas com a tristeza, diferindo no entanto de muitas maneiras. A
depressão não é tão comum como a tristeza, os enfermeiros deverão ser
capazes de diferenciar entre uma reacção normal (tristeza) e a elaboração
patológica da tristeza (depressão).

O enfermeiro deve reconhecer que a tristeza como sentimento normal deve ser
suportada e que geralmente desaparece dentro de alguns meses ou ano, sem
auxilio profissional. Ao contrário a depressão não é auto limitada, em geral não
melhora sem aux“lio profissional e é perigosa para o individuo, por causa do
seu potencial para o suic“dio.

30
DIFERENÇAS

31
INTERVENÇOES DE ENFERMAGEM EM

DOENTES DEPRIMIDOS

SINDROME DEPRESSIVO

Consiste numa alteração afectiva em forma de tristeza patológica,

manifestada por sintomas somáticos e sintomas ps“quicos.

SINTOMAS SOMÁTICOS

 Perda de peso e apetite (que pode aumentar nas depressões neuróticas

 Astenia

 Fadiga

 Cefaleias at“picas

 Algias diversas generalizadas, musculares ou poliartrites at“picas

 Alterações digestivas
 Secura da boca

 Sensação de instabilidade

 Vertigens

 Perda ou diminuição da libido

 Impotência

 Frigidez

 Alterações no ritmo card“aco

 Alterações no padrão de sono

32
SINTOMAS PSÍQUICOS

 Perda de gosto pelas coisas

 Perda ou diminuição dos interesses pessoais

 Ansiedade

 Mau humor

 Irritabilidade perante acontecimentos que antes eram tolerados

 Anestesia de sentimentos

 Apatia

33
O atendimento deve ser feito a partir do diagnóstico de enfermagem e inclui:

 Objectivos do atendimento
 Acções de enfermagem
 Critério para resultados

As sugestões seguintes devem ser vistas como orientações gerais, para serem
usadas se forem apropriadas às necessidades do doente.
Normalmente, os objectivos para todo o atendimento de enfermagem nestes
doentes, está vocacionado para o aumento da auto-estima.

ACTIVIDADE:

Devido á falta de energia, normalmente precisam de ajuda em todos os


aspectos da vida diária.

Deve-se estabelecer um quadro diário de horários que inclua, banho, penteado,


alimentação e actividade f“sica.

Será necessária muita calma e persistência para ajudar o doente a cumprir


esta rotina.

34
A enf.ª deve evitar perguntas como Quer tomar banho agora? , uma
abordagem mais positiva seria O banho já está pronto, ajudá-la-ei.

Estimular os doentes deprimidos a orgulharem-se da sua aparência pessoal é


fundamental:

 Supervisão dos cuidados de higiene


 Proporcionar roupas limpas e adequadas
 Ida ao cabeleireiro/ barbeiro sempre que necessário

Se houver recusa alimentar, descobrir a razão de tal comportamento

No caso de haver insónia:

 Banho de imersão quente á noite


 Leite morno ao deitar

EMOTIVIDADE

O relacionamento com um doente deprimido deve ser feito de uma forma


amigável, gentil, compreensiva e séria.

Proporcionar tarefas que ajudem a aliviar sentimentos de culpa.

Não tentar alegrar o doente deprimido com frases tais como: Vamos fazer um
sorriso , alegre-se , etc.

Não incluir no plano de tratamento tarefas menores como meio de compensá-


lo de pecados reais ou imaginários.

PROCESSOS FISIOLOGICOS

Estes doentes necessitam de mais roupa, devido á inactividade, tem tendência


a enregelar .

Infecções, problemas gastro intestinais e circulatórios.

A enfermeira deve estar atenta em termos de alimentação e hidratação assim

como fomentar a participação em actividades f“sicas.

35
QUADROS DEPRESSIVOS

Um doente com quadro depressivo passa por uma etapa de sofrimento e


desespero perante a vida, o que muitas vezes leva a pensar em suic“dio, como
única sa“da para a sua situação.

A maioria das vezes o paciente narra o seu desespero ligado a uma série de
factos frustrantes, que ocorreram na sua vida (DEPRESSÃO REACTIVA OU
EXOGENA), noutras ocasiões os quadros depressivos são acompanhados por
uma nula ou muito baixa auto estima, negação total face a tudo, deixando
mesmo de comer, abandonando hábitos de higiene e tudo sem causa
aparente, provocando uma ideia fixa e repetitiva de suic“dio, onde a
racionalidade de pouco serve (DEPRESSÃO ENDOGENA).

Em ambos os casos o risco de suic“dio é similar, sendo o tratamento médico


distinto.

Doentes depressivos geralmente falam pouco, mas é importante que se sintam


escutados.

 É importante não dramatizar a situação, bisbilhotando a situação ou


fazendo perguntas relacionadas com as suas ideias.
 É importante estabelecer uma relação normal, sendo comunicativos e
demonstrando disponibilidade de Escuta Activa.
 A prevenção de lesões é uma das actividades de Enfermagem mais
importantes, devemos controlar tudo o que possa resultar nocivo.
 O doente deve perceber o nosso respeito pelo seu estado, mas também
o respeito pela vida e que as nossas medidas se destinam a preservá-la.
 A unidade do doente não deve apresentar riscos para a sua segurança
f“sica.
 Existem mais formas de suic“dio do que medidas que possamos tomar,
assim a medida mais eficaz é a nossa presença a seu lado.
 Por vezes está indicado o compartilhar de quarto, porque a solidão pode
em muitas ocasiões potenciar o suic“dio

36
 É importante para o doente perceber que esta fase é uma etapa
passageira da sua vida.
 Não é conveniente o excesso de visitas, mas ajuda a presença de
pessoas significativas, sempre com o consentimento do doente.
 Deve-se controlar a ingestão de alimentos e potenciar hábitos de
higiene, que de alguma maneira vão estar diminu“dos ou anulados.
 Uma excessiva demonstração de vitalidade da nossa parte, piora a
situação, comentários como a vida é bela ou é uma cobardia matar-
se são contra producentes.
 É importante o reforço positivo para os pequenos avanços do doente,
para que se consciencialize dos seus progressos.

DIRECTRIZES PARA CUIDAR DE UMA PESSOA DEPRIMIDA

 Organizar uma pesquisa sobre a terapêutica institu“da.


 Observação do estado mental.
 Avaliar se desamparo ou o desespero da pessoa é indicador de
suic“dio.
 O fundo cultural de uma pessoa pode influenciar a forma como os
sintomas da doença mental são expressos ou entendidos.
 É essencial ter isso em conta na formulação de diagnósticos/planos de
enfermagem
 Encorajar a pessoa a falar sobre como se sente e responder com
respeito.
 Não fazer ou concordar com quaisquer comentários ou comportamentos
negativos que são auto -destrutivo e gentilmente desafiar suposições
negativas da pessoa, fornecendo alternativa às perspectivas.
 Por exemplo, você pode perguntar: " O que você diria a um bom amigo
nessas circunstâncias?
 Mostrar empatia e apoio. No entanto, evitar ser excessivamente
simpático, a pessoa pode sentir que você está a ser condescendente.

37
 Declarações como ' As coisas não podem ser assim tão más "e" Tudo
vai ficar bem ", são para evitar, a pessoa pode sentir que você realmente
não entende os seus problemas . Isso pode levar a que a pessoa seja
incapaz de partilhar/verbalizar outros sentimentos

 Encorajar a pessoa a participar nas actividades de vida e rotinas diárias.


Assegurar que o esforço extra vai valer a pena a longo prazo.
 Apontar eventuais melhorias na condição da pessoa (por exemplo,
padrões de sono e alimentação), se a pessoa não for capaz de
reconhecê-los.
 Reforçar os pontos fortes e atributos positivos, incentivando a pessoa a
valorizar as suas realizações, relacionamentos e saúde.
 Encorajar a pessoa a aumentar a auto-estima nomeadamente sendo
mais compassivo para consigo próprio (por exemplo, ajudá-lo a
identificar pequenos, mas importantes objectivos e celebrá-los quando
são atingidos)
 Ajudar a pessoa a identificar e desenvolver uma série de contactos para
apoio e socialização. Isso pode incluir ajudar a pessoa a escrever uma
lista de amigos que podem ser contactados quando necessitar de apoio
extra.
 Identificar interesses que poderiam ser expandidos nomeadamente para
adesão a um grupo de pessoas (por exemplo, grupos de artes, grupos
de desporto, etc)
 Monitorar a recuperação, a conformidade com medicação e saúde f“sica
em geral (incluindo nutrição, peso, tensão arterial, etc.)
 Fornecer educação sobre os poss“veis efeitos colaterais a qualquer
medicação (se for o caso) e trabalhar com a pessoa para desenvolver
acções adequadas para resolver quaisquer problemas.
 Fornecer aos familiares e cuidadores informações sobre a doença, se for
o caso , bem como assegurar e validar experiências com a pessoa.
 Encoraje os membros da fam“lia e cuidadores a cuidar de si mesmos e
procurarem apoio, se necessário.

38
 Esteja ciente de seus próprios sentimentos quando cuidar de uma
pessoa com depressão.

ATITUDE DA ENFERMEIRA PERANTE UMA


CONDUTA SUICIDA

SUICÍDIO

O suic“dio não é um diagnóstico ou uma perturbação é um comportamento

É um acto de autodestruição, cometido conscientemente, com resultado fatal.

Estima-se que 39% da população com mais de 65 anos tenta cometer suic“dio.

CAUSAS

 Perturbação psiquiátrica;
 Circunstâncias stressantes;
 Afastamento social;
 Doença f“sica;

 Pactos de suic“dio.

TENTATIVA DE SUICÍDIO

Autodestruição deliberada não fatal, ou seja, uma auto agressão sem


resultado fatal.

É 10 vezes mais frequente que o suic“dio.

39
MITOS E FACTOS

40
PROBLEMAS DE ENFERMAGEM

Risco de auto-agressão relacionado com ideação suicida.

Objectivo: Minimizar a possibilidade de ocorrência de automutilação.

 Vigiar de forma cont“nua e discreta o doente;

 Observar alterações bruscas de comportamento;

 Interpretar correctamente mensagens directas e indirectas das suas

intenções;

 Promover um ambiente calmo, seguro e securizante.

 Facultar actividades recreativas de acordo com o interesse do doente

Na medida em que toda a conduta suicida significa uma rotura, pelo menos

momentânea da relação com os demais, a conduta da enfermeira é

fundamental, razão da sua presença prolongada e quotidiana junto do doente.

O doente que faz uma tentativa de suic“dio, geralmente fala sobre o assunto

duma maneira directa ou indirecta, assim a atitude da enfermeira é importante


devendo vigiar os desejos e comportamentos dos doentes, que põem como

41
hipótese uma conduta suicida. Estas alterações de comportamento observam-

se sobretudo, como reacções a visitas de familiares/pessoas significativas,

cartas recebidas, etc.

Reacções depressivas em doentes hospitalizados podem traduzir-se por

intenções de suic“dio, são pois as atitudes depressivas que devem ser

reconhecidas, para vigiar melhor estes doentes, com o fim de prevenir a sua

conduta suicida.

A estreita vigilância do deprimido consegue-se melhor com a presença da

enfermeira do que com outra precaução.

É importante afastar estes doentes de medicamentos, objectos perigosos etc.

A enfermeira deve transmitir ao médico e à restante equipa, qualquer

observação referente a ideação suicida, expressas por um doente.

A enfermeira deve igualmente vigiar os comportamentos com desejo suicida,

tais como recusa alimentar, que pode ser discreta, mas pode acentuar-se

progressivamente.

Outros comportamentos como auto mutilações (queimaduras de cigarro, feridas

voluntárias, etc.) são mais dificilmente escondidas pelo doente

Após uma tentativa de suic“dio que tenha sido considerada muito leve na sua

modalidade a enfermeira não deve fazer ju“zos de valor assim como

minimizar a atitude suicida. Caso contrário poderá provocar uma recidiva.

ORIENTAÇÕES

Comportamento Suicida: É um acto deliberado de auto-agressão realizado na


expectativa de ser fatal (OMS). O suic“dio é a morte intencional auto-infligida.
Está entre as dez primeiras causas de morte no mundo.

42
Factores de risco para suic“dio:

 Transtornos do humor;
 Transtornos mentais e de comportamento decorrente do uso de
substâncias psicoactivas;
 Transtorno de personalidade (borderline);
 Esquizofrenia;
 Transtorno de ansiedade.

Sinais de Alto Risco de Suic“dio:

 História de tentativa suicida anterior


 Grau de letalidade do método utilizado nas tentativas suicidas;
 Controle deficiente de impulsos;
 Uso de álcool e outras drogas;
 Ausência de sistemas de apoio social;
 Recente perturbação familiar.

Abordagem:

 Acolher o utente, promovendo escuta activa;


 Focalizar nos sentimentos da pessoa;
 Receber o utente em um ambiente tranquilo, acolhedor e seguro;
 Obter o máximo de informação poss“vel dos acompanhantes sobre as
condições imediatas e mediatas e como ocorreu a tentativa;
 Trabalhar sobre os sentimentos suicida;
 Proteger a vida do utente e fazer registos;
 Orientar a fam“lia a procurar acompanhamento em saúde mental após
alta do utente para dar continuidade ao tratamento.

43
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM EM
DOENTES HIPERATIVOS
Os doentes excitados e hiperactivos exigem um atendimento de enfermagem
hábil e cuidadoso.

Normalmente os objectivos de toda a intervenção de enfermagem estão


relacionados com a protecção ao doente e dos outros, contra o comportamento
hiperactivo, até que a terapêutica prescrita faça efeito.

ACTIVIDADE

É inútil actuar com pressa junto de um indiv“duo excitado, pois a resposta será
raiva e hostilidade.

A persuasão feita com calma é uma das maneiras mais eficazes para que o
doente coopere. Todos os indiv“duos excitados e hiperactivos são estimulados
por factores ambientais.

A enfermeira deve simplificar o ambiente o mais poss“vel, tornando-o


acolhedor.

O quarto destes doentes deve estar afastado dos locais onde se realizam
outras actividades diárias, contudo, devem ser de fácil acesso, porque estes
doentes necessitam de supervisão constante.

As pessoas excitadas e hiperactivas têm muita dificuldade em se sentarem


para as refeições, deve a enfermeira proporcionar a estes doentes refeições
poss“veis de se transportar, como por exemplo sandes.

A alimentação destes doentes exige um alto valor calórico, acompanhada de


muitos l“quidos. Quando o doente está muito excitado as refeições devem ser
servidas no quarto.

Apesar de serem encorajados a fazer a sua higiene pessoal, devem ter uma
supervisão atenta durante a mesma

44
Devem ser mantidos aquecidos e com vestuário adequado, durante o inverno,
embora por vezes a roupa seja factor de irritação.

São aconselháveis jogos tais como ténis, futebol, andebol, desde que não
exista elemento de competição. Nos jogos competitivos geralmente o doente
torna-se super excitado.

EMOTIVIDADE

A euforia dos doentes hiperactivos transforma-se facilmente em raiva, que leva


a comportamentos destrutivos.

A enfermeira deve estar atenta a situações que precedem estes


comportamentos e empregar medidas que o ajudem a lidar com sentimentos
negativos sem uma exteriorização contra o ambiente.

Quando não é poss“vel prever esta situação, o doente deve ser isolado e
medicado até a situação estar controlada, não só para sua protecção, como do
meio que o rodeia.

PROCESSOS INTERPESSOAIS

A enfermeira deve usar um tom de voz firme, gentil e de baixa intensidade, pois
o contrário provoca geralmente um comportamento agressivo por parte do
doente.

É fundamental um senso de justiça e honestidade a lidar com estes doentes.As


explicações devem ser simples e honestas; longas explicações e discussões
devem ser evitadas. A enfermeira que aceita o comportamento dos doentes
excitados e se abstém de reprimendas, assim como de os envergonhar pelas
suas acções desinibidas e não fica zangada com as suas cr“ticas dilacerantes e
mordazes, é porque entende fazerem parte da sua doença.

45
PROCESSOS FISIOLÓGICOS

É fundamental a vigilância constante da enfermeira perante estes doentes no


que respeita á parte f“sica:

 Atenção á eliminação vesical e intestinal.


 Assegurar alimentação e ingestão apropriada de l“quidos
 Realizar exame f“sico pormenorizado ( são doentes que geralmente não
apresentam queixas de sintomas f“sicos ,ferimentos , etc.)

ACTUAÇÃO DE ENFERMAGEM EM DOENTES AGRESSIVOS E AGITADOS

 Comunicar de imediato ao médico.


 Isolamento e contenção mecânica se necessário, com prescrição
médica, que pode ser posterior
 No momento da contenção procurar não o magoar e em caso algum
magoá-lo deliberadamente
 Nunca pedir colaboração a outros pacientes.
 Quando se decide sujeitar mecanicamente um doente, esta acção deve
ser rápida e incluirá todos os membros da equipe inclusive o médico.
 Dizer ao doente o que se vai fazer de forma clara e simples e se
poss“vel antes de actuar.
 Se se está em presença de outros doentes deve-se falar com eles
depois de resolvida a situação, de forma a tranquilizá-los.
 Avaliação periódica do doente e libertação imediata da contenção,
quando responder ao tratamento.
 Controles periódicos dos parâmetros vitais por parte da enfermeira.
 Informação e registo dos procedimentos empregues nas notas de
enfermagem.
 Se for um caso de urgência (internamento) o doente deverá ser
informado dos motivos do mesmo, nunca devendo ser enganado.

É UM DIREITO DO DOENTE E FAMILIA, O DE SEREM DEVIDAMENTE


INFORMADOS!

46
AGITAÇÃO PSICO-MOTORA

Agitação psicomotora consiste num estado de inquietação com aumento dos


movimentos (hipercinésia), com experiencia de tensão interna importante, que
se pode manifestar de forma ligeira ou muito intensa.

o individuo agitado movimenta-se constantemente, grita e tenta afastar tudo o


que aprece no seu caminho.

PERTUGAÇÕES MENTAIS ORGÂNICAS

Habitualmente, nestas situações a agitação psicomotora insere-se num quadro


de estado de consciência (delirium). Que pode ter causas múltiplas, cerebrais
ou extra cerebrais. Quase sempre a intensidade da agitação, acentua-se para a
tarde e para a noite, acompanhando o agravamento também vespertino e
nocturno da alteração da consciência, da desorientação e das alterações
perceptivas

PSICOSES TÓXICAS

A agitação aparece em s“ndromas de abstinência (álcool) e intoxicações


agudas (álcool; coca“na e anfetaminas).

ESQUIZOFRENIA

A agitação esquizofrénica ocorre frequentemente no episódio esquizofrénico


agudo, relacionado com as ideias delirantes e em estado de consciência clara,
mas também nas crises de agitação catatónica.

ESTADOS MANÍACOS

A agitação man“aca é um quadro relativamente t“pico, inserindo-se num estado


de euforia patológica com aceleração do pensamento e expansão do Eu.

ESTADOS ANSIOSOS

A ansiedade é acompanhada de inquietação psicomotora.

47
DEPRESSÕES

Por vezes as depressões evoluem com agitação, em particular associadas a


ansiedade.

PERTUBAÇÕES DA PERSONALIDADE

Indiv“duos com perturbações da personalidade tipo histriónico, limite


(borderline) e anti-social tendem a desenvolver agitação em situações de
confronto com acontecimentos indutores de stresse.

48
AGRESSIVIDADE
A agressividade é a tendência ou o conjunto de tendências que se reflectem
em actuações reais ou fantasiosas, estas visando a prejudicar outrem, destru“-
lo, constrangê-lo, humilhá-lo, etc. (Laplanche e Pontalis, 1976 apud
Kapczinski, 2001).

O comportamento agressivo pode ser definido como aquele que inflige dano
f“sico a pessoas (auto ou heteroagressão) ou a objectos.

Tal comportamento é determinado por múltiplas causas, em que interagem


factores psiquiátricos, sociais e biológicos.

A violência , muitas vezes, pode estar presente em pacientes com diversos


transtornos psiquiátricos.

 Transtornos psicóticos: esquizofrenia (especialmente paranóide ou


catatônica), transtorno afectivo bipolar (fase man“aca ou misto),
transtornos delirantes paranóides e psicose pós-parto;
 Transtornos mentais orgânicos: delirium e intoxicação/abstinência de
drogas;
 Transtornos de personalidade: anti-social, paranóide, borderline;
 Transtornos cerebrais: epilepsia, alterações dos lobos frontal e temporal.

Deve-se dar atenção à fisionomia do paciente, às mãos, à tensão muscular, à


inquietude, ao tom de voz, ao conteúdo do discurso, ao humor, ao seu
posicionamento corporal, a situação de intoxicação por álcool ou drogas (e
abstinência).

49
ATITUDE DO TÉCNICO

 O profissional de saúde deve deixar o paciente falar abertamente, sem


pressioná-lo com muitas perguntas.
 Deve ser claro e conciso nas suas intervenções, mover-se calmamente
e manter suas mãos em local vis“vel pelo paciente.
 O profissional de saúde não deve negar a gravidade da situação, nem
ser confrontativo, e sim claro e firme.
 Não deve tocar o paciente ou realizar movimentos bruscos.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM DOENTES


AGITADOS

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM AO PACIENTE AGITADO

50
51
PAPEL DO ENFERMEIRO FACE A DOENTES
AGRESSIVOS, SUICIDAS E VIOLENTOS.

PREVENÇÃO; CAUSAS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Os modos de expressão de comportamentos agressivos podem manifestar-se


por:

 Formas evidentes
 Formas camufladas em condutas simbólicas ou fantasiosas

CONDUTAS A SEGUIR EM DOENTES AGRESSIVOS E AGITADOS:

1. MEIO AMBIENTE
 Deve ser não estimulante, desprovido de excitação e nunca deve
colocar o doente numa situação de competição.
 Deve-se proporcionar locais agradáveis e serem evitados os barulhos.
 A agressividade é a tendência ou o conjunto de tendências que se
reflectem em actuações reais ou fantasiosas, estas visando a prejudicar
outrem, destru“-lo, constrangê-lo, humilhá-lo, etc. (Laplanche e Pontalis,
1976 apud Kapczinski, 2001).
 O comportamento agressivo pode ser definido como aquele que inflige
dano f“sico a pessoas (auto ou heteroagressão) ou a objectos. Tal
comportamento é determinado por múltiplas causas, em que interagem
factores psiquiátricos, sociais e biológicos.
 O ambiente geral de calma que o doente necessita resulta

essencialmente duma boa organização na administração da unidade de

cuidados e de uma boa planificação de cuidados.

 É importante não dar nunca uma impressão de pressa, de improvisação

ou de surpresa em todas as actividades terapêuticas.

52
 O doente retira de uma situação programada (estruturada) uma

impressão de segurança, que lhe é dada através da satisfação das suas

necessidades.

 Todo o dispositivo de restrição de liberdade deve ser manipulado com

tacto nos doentes agressivos; é bom lembrar que a agressividade gera

agressividade e que é preciso fazer TUDO para que o circulo vicioso não

se mantenha.

2. ACÇÃO INTER PESSOAL E RELAÇÃO TERAPEUTICA

 O doente agressivo tem necessidade de pessoas que o aceitem


tal qual é e sem que lhe seja oposta uma atitude de contra
agressividade.
 O doente deve poder exprimir a sua agressividade num ambiente
calmo no qual todo o sentimento de culpabilidade (que se
acompanha sempre de agressividade) não seja reforçado.
 As cr“ticas destes doentes devem ser escutadas e não recusadas
sistematicamente.
 Os ataques ao pessoal não devem ser recusados, com o
sentimento de se estar a defender; devem ser aceites com
tolerância quer estes sejam justos ou injustos.
 A limitação da liberdade deve ser vivida numa atmosfera calma e

organizada, mais pelas palavras, assim o doente encontrará

segurança e consequentemente abandonará a sua agressividade

e a sua agitação.

 É muito importante vigiar atentamente e analisar todo o

comportamento de rejeição vindo do meio ambiente.

53
 A vida quotidiana deve ser mantida a um n“vel muito simples, o

doente não deve nunca ser confrontado com situações muito

complicadas. Não é vantajoso que o doente se veja solicitado por

pedidos que não pode satisfazer, o que aumentaria a sua auto

depreciação e agressividade.

 Se o doente é idoso ou muito debilitado, não pode cuidar de si


próprio, como vestir-se, comer, etc.... É necessário que a
enfermeira o substitua, mas de maneira a que o doente não sinta
essa dependência.

 Hostilidade e auto depreciação podem ser exprimidas


abertamente ou simbolicamente, mas devem ser aceites com
calma; toda a cr“tica ou rejeição aumentaria o sentimento de
culpabilidade do doente.
 O comportamento do doente deve consequentemente ser objecto
de uma análise atenta, porque certos elementos deste
comportamento podem traduzir hostilidade e outros
comportamentos podem traduzir a procura da necessidade de
auto punição e auto depreciação, quando por exemplo o doente
reserva para si trabalhos subalternos e domésticos.
 As grosserias, obscenidades ou qualquer acto praticado pelo
doente com intenção de chocar e consequentemente agredir,
devem ser acolhidos sem mostras de ofensas, mas também sem
dar a impressão de que se está a aprovar.
 É necessário saber rir com o doente, mas nunca do doente. O
doente é muito sens“vel a uma reacção desse tipo.
 É necessário evitar tudo o que é suscept“vel de encorajar o
doente a exprimir intenções agressivas, eróticas ou injuriosas.

54
 A livre expressão de hostilidade verbal deve ser tolerada pelo
pessoal. É frente a uma atitude neutra e não aprovadora que o
doente aprende a fazer uma certa avaliação da sua atitude e a
tomar consciência dela. O maior cuidado deve ser tomado para
que as respostas não tenham algo de rejeição.
 Não se devem fazer comparações entre o comportamento dos
diversos doentes, nem do comportamento actual e antigo do
doente.
 Os encorajamentos devem ser manejados com tacto, bem
entendido que as ameaças verbais de castigo são totalmente
proibidas.
 O doente deve poder verbalizar os seus sentimentos de

desvalorização e de culpabilidade e os cuidados de enfermagem

deverão corresponder. Ao ouvir estas verbalizações, estas não

devem ser ouvidas de forma ligeira, como se se tratasse de

fantasias que vão desaparecer rapidamente e esquecidas.

Devemos lembrarmo-nos que sentimentos assim expressos pelo

doente são profundamente inscritos na sua personalidade e

profundamente aceites por ele.

3. PROTECÇÃO DE DOENTES AGRESSIVOS

Esgotamento, desnutrição, ferimentos nos outros ou em si próprio e mesmo

suic“dio são eventualidades que devem manter a enfermeira constantemente

em estado de vigilância.

As condições f“sicas de tais doentes devem ser atentamente observadas e

deve-se intervir antes que se tornem alarmantes.

Os meios para evitar o esgotamento são a supressão cuidadosa de todo o

estimulo inoportuno e um isolamento relativo num ambiente calmo.

55
4. RELAÇÕES GRUPAIS

O doente agitado e agressivo tem muita dificuldade em fazer parte de um

grupo.

O perigo para ele reside no facto de que a sua agressividade dominadora

possa levar a uma reacção do grupo inteiro contra ele, ou a sua

hipersensibilidade torná-lo sens“vel á contra agressividade do grupo.

5. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

O enfermeiro não deverá esquecer que a agitação, como todo o sintoma


psiquiátrico é um comportamento que deverá ter como resposta uma atitude
terapêutica e ou simultaneamente uma terapêutica farmacológica.

Uma abordagem calma, firme, tranquilizadora, pode algumas vezes ser o


suficiente para parar a agitação, uma atitude contrária poderá alimentá-la.

A terapêutica consiste na administração de neurolépticos

A contenção mecânica é pouco usada.

É fundamental nestes doentes vigiar a hidratação, a quantidade de calorias


ingeridas e vigiar a eliminação.

56
CONTENÇÃO MECÂNICA
No campo da psiquiatria sempre foram empregues tratamentos somáticos. À
medida que avançam as investigações sobre a psicopatologia desenvolvem-se
novas modalidades de tratamentos somáticos mais perfeitos e sofisticados.

Ao mesmo tempo mantém-se modalidades terapêuticas como a contenção


mecânica ,que foi um dos primeiros métodos de assistência de enfermagem
psiquiátrica

Entende-se por contenção f“sica, (…), a restrição dos movimentos da pessoa


doente, em situações de agitação psicomotora, confusão mental ou
agressividade / violência em relação a si próprio e / ou a outros. - Circular
Normativa nº08/DSPSM/DSPCS de 25/5/2007 da DGS

A contenção mecânica consiste no emprego de sistemas de imobilização


mecânicos para o tórax, mãos e tornozelos, etc.
Actualmente estes métodos assim como o isolamento, só devem ser
empregues quando necessário e com a máxima garantia de segurança para o
doente.

INDICAÇÕES

 Conduta violenta de um doente que resulte perigosa para si próprio ou


para outros.
 Agitação não controlável com medicamentos.
 Quando representam uma ameaça á sua integridade f“sica, devido a
negação em descansar, beber e dormir.
 O doente deve poder verbalizar os seus sentimentos de desvalorização

e de culpabilidade e os cuidados de enfermagem deverão corresponder.

Ao ouvir estas verbalizações, estas não devem ser ouvidas de forma

ligeira, como se se tratasse de fantasias que vão desaparecer


rapidamente e esquecidas. Devemos lembrarmo-nos que sentimentos

57
assim expressos pelo doente são profundamente inscritos na sua

personalidade e profundamente aceites por ele.

 A n“vel psicodinâmico, estes doentes podem inclusive receber com

satisfação o controle dos seus impulsos, sendo que esta indicação deve

estar prescrita.

PRINCIPIOS GERAIS:
são aplicáveis em qualquer situação, não existem normas fixas de actuação
perante uma situação de violência

 Distrair o doente: intervém-se quando existe um número suficiente de


pessoas, quatro ou cinco.Entretanto deve-se vigiar e distrair a
atenção do doente, devemo-nos colocar a uma distancia adequada.
O doente deve ser informado de que está a perder o controle e que o
ajudaremos se ele o desejar, esta actuação deve ser feita num tom
firme, mas compreensivo.
 Deve existir um plano de actuação pré acordado.
 Preparação do pessoal: Devemo-nos despojar de todos os objectos
perigosos para a integridade f“sica do doente e também para a nossa
( óculos, relógios, pulseiras, etc.).
 A n“vel psicodinâmico, estes doentes podem inclusive receber com

satisfação o controle dos seus impulsos, sendo que esta indicação

deve estar prescrita.

 A n“vel psicodinâmico, estes doentes podem inclusive receber com

satisfação o controle dos seus impulsos, sendo que esta indicação

deve estar prescrita.

 Evitar público: quando existe público o doente tem tendência a


adoptar uma atitude mais heróica. Por outro lado aumenta a
ansiedade dos outros doentes e em particular nos doentes
paranóides.

58
 Momento da intervenção: no momento em que mostre sinais de
violência imediata; executa actos violentos contra objectos ou
pessoas. O momento indicado será entre a destruição de objectos,
quando se detém para recuperar forças.
 Número de pessoas: Será de quatro ou cinco, é importante o grupo
seja o mais numeroso, porque uma simples demonstração de força
pode ser suficiente para interromper a acção. Cada uma das
extremidades será contida por um membro da equipa.
 Atitude da equipe: vai-se conter mecanicamente um doente com
intenção terapêutica. Deve-se dispor de sedativos injectáveis, nunca
os administrando como castigo.
 A equipe será a todo o momento: Profissional, não mostrará cólera

ou atitudes punitivas, será uma atitude enérgica mas amável,

respeitosa evitando magoar o doente ou submetendo-o a posições

humilhantes. A actuação deverá impedir o movimento!

 Contenção: Cada membro de equipe terá a seu cargo uma

extremidade, devem evitar-se os ossos largos e tórax por risco de

lesões, as extremidades serão contidas nas zonas mais distais.

 Deve existir sempre prescrição médica.

TÉCNICA

 Explicar ao doente o porquê.


 Um membro da equipa deverá estar sempre vis“vel para o doente e o
seu papel será o de o tranquilizar durante a contenção , desta forma
ajuda a aliviar o temor, impotência e perca de controle, por parte do
doente.
 As pernas devem estar estendidas e ligeiramente abertas, assim como
os braços, que deverão estar ligeiramente afastados do tronco. Este
deve estar ajustadamente fixo á cama, de modo a que a respiração não
seja dificultada.

59
 A contenção deve permitir a administração de perfusões endovenosas
no antebraço, assim como permitir o receber de alimentos.

 A cabeça do doente deve estar ligeiramente levantada para diminuir

sentimentos de indefesa, assim como para reduzir a possibilidade de

aspiração pulmonar.

 Vigilância periódica das contenções, para segurança e comodidade do

doente.

 Depois do doente contido o tratamento deve iniciar-se mediante uma


intervenção verbal.
 Alguns doentes necessitam de medicação anti psicótica.
 A contenção mecânica deverá ser utilizada o menor tempo poss“vel, á
medida que o doente se vai tranquilizando devem-se ir retirando as
contenções .

TROMBOEMBOLIAS

Para evitar tromboembolias sobretudo em doentes idosos deve libertar-


se uma extremidade a cada 30 minutos.
Para imobilizações superiores a 24 horas ou em doentes com factores
de risco poderá ser necessário fazer profilaxia de trombos, com heparina
de baixo peso molecular.

CONTRA INDICAÇÕES: transtornos hemorrágicos, úlcera péptica,


hipertensão e hepatopatias gravem.

60
ACÇÕES DE ENFERMAGEM

MANTER A DIGNIDADE E AUTO ESTIMA DO DOENTE.

 Preservar a intimidade do doente.


 Explicar a situação a outros pacientes sem revelar informação que o
doente considere confidencial.
 Manter contacto verbal com intervalos regulares, sempre que o doente

esteja desperto.

 Implicar o doente em planos que possam finalizar a contenção

mecânica.

MANTER A INTEGRIDADE FISÍCA

 Avaliação periódica dos parâmetros vitais.


 Ajudar o doente na higiene pessoal.
 Proporcionar arrastadeira ou urinol.
 Regular e controlar a temperatura da unidade.
 Realizar posicionamentos regulares.

 Almofadar as zonas de pressão.

 Oferecer alimentos e l“quidos.

 Observação frequente, retirando objectos perigosos.

61
GLOSSÁRIO
Del“rios: crença falsa que é firmemente mantida; ainda que não seja
compartilhada por outros e seja contradita pela realidade social

Del“rios Persecutórios: O indiv“duo sente-se ameaçado e acha que outras


pessoas lhe querem fazer mal; ou persegui-lo de algum modo

"Não posso tomar um banho nessa casa de banho; as enfermeiras puseram


uma câmara lá para poderem ver tudo que eu faço".

Del“rios de Grandeza: O indiv“duo tem um sentimento exagerado de


importância, poder, conhecimento ou identidade (p. ex.. "Eu sou Jesus Cristo").

Del“rios de Referência: Todos os eventos no ambiente são vivenciados pela


pessoa psicótica como se referindo a ela própria

(p. ex., "Alguém está tentando me enviar uma mensagem através das matérias
desta revista [ou jornal ou programa de TV]; tenho de decifrar o código para
poder receber a mensagem").

As ideias de referência não são tão r“gidas quanto os del“rios de referência. Um


exemplo de uma ideia de referência seria pensar irracionalmente que outras
pessoas estão falando ou rindo do indiv“duo.

Del“rio de Controle ou Influência: O indiv“duo acha que alguns objectos ou


pessoas têm controle sobre seu comportamento (p. ex., "O dentista obturou o
meu dente; eu agora recebo transmissões pela obturação que controlam o que
eu penso e faço).

Del“rio Somático: O indiv“duo tem uma ideia falsa sobre o funcionamento de


seu corpo (p. ex.. "Tenho 70 anos e vou ser a mais velha pessoa a dar á luz; o
médico diz que eu não estou grávida, mas eu sei que estou").

62
Del“rio Niilista: O indiv“duo tem uma ideia falsa de que seu Eu, uma parte do
Eu, outras pessoas ou o mundo não existem (p. ex., "O mundo não existe
mais", "Não tenho mais coração ).

Religiosidade: Crença de que alguém é favorecido por um ser superior ou é um


instrumento desse ser

Paranóide: Os indiv“duos com paranóia têm uma extrema desconfiança dos


outros e de suas acções ou intenções percebidas (p. ex., "Não vou comer isso;
sei que isso foi envenenado).

Pensamento Mágico: A pessoa acha que seus pensamentos ou


comportamentos controlam situações ou pessoas espec“ficas.

Salada de Palavras: Uma salada de palavras é um grupo de palavras que são


reunidas ao acaso, sem qualquer conexão lógica (p. ex. "Muitas das acções
para a frente crescem a vida dupla brinca no c“rculo do uniforme").

Circunstancialidade: Na circunstancialidade o indiv“duo demora a atingir o alvo


de uma comunicação devido a detalhes desnecessários e cansativos.

Tangencialidade: A tangencialidade difere da circunstancialidade porque a


pessoa nunca chega de fato a atingir o alvo da comunicação. São introduzidos
tópicos relacionados e o tema original perde-se.

Mutismo: Esta é uma incapacidade ou recusa do indiv“duo em falar.

Perseveração: O indiv“duo que apresenta perseveração repete


persistentemente a mesma palavra ou ideia em resposta a perguntas
diferentes.

63
Alucinação: As alucinações, ou falsas percepções sensoriais não associadas a
est“mulos externos reais, podem envolver qualquer um dos cinco sentidos:

 Auditivas: Esta é uma falsa percepção de sons. as mais comuns são


vozes, mas o indiv“duo pode relatar estalidos, ru“dos de água corrente,
música e outros ru“dos. As alucinações imperativas podem colocar o
indiv“duo ou outras pessoas numa situação potencialmente perigosa. As
"vozes" que dão ordens de violência à própria pessoa ou a outras
pessoas podem ou não ser obedecidas pela pessoa psicótica. As
alucinações auditivas são mais comum nos distúrbios psicóticos.

 Visuais: Uma falsa percepção visual. Elas podem consistir em imagens


formadas, como de pessoas, ou de imagens sem forma, tais como raios
luminosos.
 Tácteis: Uma falsa percepção do sentido do tacto, com frequência de
algo sobre ou sob a pele. Uma alucinação táctil comum é a de que algo
se está arrastando sobre ou sob a pele.
 Gustativas: Uma falsa percepção do paladar. As alucinações gustativas
descritas como mais comuns são gostos desagradáveis.
 Olfactivas: Uma falsa percepção do sentido do olfacto.

64
Ilusões: As ilusões são percepções ou interpretações erróneas de est“mulos
externos reais (Kaplan, Sadock & Grebb, 1994 )

A afectividade descreve o comportamento associado ao estado afectivo ou ao


tónus emocional do indiv“duo.

Incongruência Afectiva: A incongruência afectiva ocorre quando o tonus


emocional do indiv“duo é incongruente às circunstâncias (p. cx., uma jovem
que dá uma gargalhada ao saber da morte de sua mãe).

Embotamento Afectivo: A afectividade é descrita como embotada quando o


tónus emocional é muito fraco. O indiv“duo com embotamento afectivo parece
carecer de tónus emocional (ou expressão franca de sentimentos).

Apatia: indiferença ou falta de interesse pelo ambiente. O embotamento


afectivo é uma manifestação da apatia emocional.

Fobia: medo mórbido associado a ansiedade extrema.

Obsessão: ideia, emoção ou impulso que forçam, de maneira repetida e


insistente, a pessoa á consciência, embora não seja bem vinda.

Hipocondria: excessiva preocupação somática e atenção mórbida a detalhes


de funcionamento do corpo.

65
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM EM
DOENTES PSICÓTICOS
As s“ndromes psicóticas caracterizam-se por sintomas como alucinações e
del“rios; pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro,
como fala e risos imotivados; distúrbios das relações pessoais e a
incapacidade de comunicar-se com clareza. Os sintomas paranóides são muito
comuns, como ideias delirantes e alucinações auditivas de conteúdo
persecutório.

Os objectivos das intervenções de enfermagem incluem apoio, estrutura,


consistência e segurança do doente

Conhecemos os traços gerais da personalidade da maior parte dos doentes


delirantes crónicos:

 Sentimentos de desconfiança
 Agressividade
 Insegurança
 Sobrestima em si próprio paradoxalmente associada a uma falta de
confiança em si

Apesar destes dados é necessário, sempre e em cada caso observar o doente


que nos é confiado e nunca rotular com dados que julgamos ser adaptados.

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM

 Ansiedade
 Déficit de auto-cuidado
 Alteração no padrão do sono
 Alteração nos processos do pensamento
 Alteração da senso-percepção
 Deterioração da comunicação verbal
 Isolamento social
 Deterioração da manutenção do lar
 Potencial de violência, consigo mesmo e com os outros

66
 Diminuição da auto-estima
 Não seguimento do tratamento
 Ajuste familiar ineficaz

Observação e anotação do comportamento que o cliente


manifesta. Deve ser completo e detalhado para auxiliar na prevenção de
agressões, fugas e suic“dio.

Fazer um levantamento das necessidades básicas afectadas

 Hidratação
 Alimentação
 Sono e repouso
 Eliminações
 Higiene e aparência pessoal
 Actividade Motora

Proporcionar ambiente terapêutico.

Ser sincero, cumprir promessas feitas.

Orientar sistematicamente para a realidade.

Estabelecer uma relação terapêutica baseada na confiança e


no reconhecimento de suas qualidades e capacidades, reforçando-
as. Ser coerente na comunicação verbal e não verbal servindo como
modelo para o cliente.

Na presença de del“rios e alucinações não criticar ou menosprezar as


ideias do cliente. Estar atento quanto à aceitação do tratamento.

Verificar se o cliente toma os medicamentos prescritos.

Encaminhar, mobilizar oportunidades para o cliente se ocupar e


recrear-se em tarefas adequadas. Estimular progressivamente a sua interacção
social.

67
Orientar cliente e familiares a respeito da doença, dos poss“veis
efeitos da medicação, da importância do tratamento e de segui-
lo correctamente.

Incentivar visitas e consequente observação da interacção entre eles.

AMBIENTE

O meio ambiente não deve conter nenhuma contra agressividade, para com o
doente e nenhuma rejeição ao seu del“rio, apesar de nunca reforçar-mos
alucinações, del“rios ou ilusões. É necessário manter o doente na nossa
realidade.

O enfermeiro deve compreender o quão assustador é uma alucinação,


devendo estar preparado para passar algum tempo com o doente para poder
ajudar a diminuir o n“vel de ansiedade.

Um ambiente de segurança é dado quando se permite ao doente a escolha de


actividades.

A boa organização da unidade de cuidados com o seu programa terapêutico e


um m“nimo de improvisação ( ambiente estruturado com o objectivo de
promover comportamentos saudáveis e minimizar a ansiedade ) provoca,
geralmente ,nestes doentes um sentimento de segurança.

A impersonalidade relativa do hospital e a regularidade do emprego do tempo,


dão em regra um certo afrouxar de tensão a este tipo de doentes ( é importante
proporcionar instruções escritas ou quadros informativos), visto que estes
levam á orientação para a realidade e à promoção de comportamentos
responsáveis.

Os doentes com sintomatologia paranoide , instalam-se ás vezes com grande á


vontade, tornando-se com rapidez o dono de tudo, é a sua cama; o seu lugar
certo á mesa.

68
Se os enfermeiros não estiverem atentos, toma posse de todo o seu sector,
dirigindo cr“ticas, propondo reformas e tentando mandar

É poss“vel com vigilância cuidadosa dar-lhes responsabilidades e permitir que


ajude outros doentes muito introvertidos, tendo em vista a satisfação da auto
estima.

O doente delirante pode necessitar de protecção , em relação a outros


doentes, contra a sua agressividade.

A enfermeira poderá ter que o separar do grupo ou dar-lhe outras actividades


que o distraiam, tendo no entanto sempre em atenção a possibilidade de
isolamento/ solidão.

É importante evitar qualquer situação que possa de alguma forma encorajar a


suspeição, sussurrar, rir ou virar-lhe as costas pode bastar para causar
comportamentos agressivos, que podem visar o enfermeiro, outro doente ou o
próprio doente.

RELAÇÃO TERAPÊUTICA

A finalidade desta relação será a de mantê-lo em segurança. Não nos


devemos opor ao seu del“rio. Aceitá-lo calmamente, a ideia delirante é sempre
revestida de afectividade e angustia. O facto de se aceitarem estas ideias sem
as negar ou rejeitar, mostra ao doente que esse fenómeno que o perturba , não
perturba os enfermeiros, nem lhes faz medo.

A enfermeira deve estar dispon“vel para ouvir o doente que delira. Sarcasmos e
agressividade escondem no doente a sua ansiedade/insegurança, reduzindo a
posição dos outros, para em comparação se apresentar superior

Esta agressividade deve encontrar uma atitude muito positiva e não atitudes de
defesa ou de explicação. Esta atitude é dif“cil de obter porque há poucas
pessoas capazes de sentir segurança e certo á vontade frente a ameaças
directas ainda que apenas verbais. Evite colocar o doente em situações de
competição ou embaraço.

69
Um delirante perseguido e agressivo é sempre potencialmente perigoso para
os outros, ideia que no entanto, convém não exagerar. Muitas vezes no in“cio
da doença ou no seu evoluir, pode o doente apresentar fases depressivas
durante as quais poderá apresentar perigo de suic“dio.

FUGA

A hospitalização é sentida como uma injustiça e o doente pode tentar evadir-


se, se tal facto acontece, quando o doente é reconduzido ao hospital a atitude
para com o seu acto deverá ser de neutralidade permissiva.

PSICOFÁRMACOS

Os neurolépticos reduzem os sintomas mais incómodos das psicoses crónicas:

 AGITAÇÃO
 ANGUSTIA
 AGRESSIVIDADE
 ALUCINAÇÕES
 IDEIAS DELIRANTES

Contribuindo também para tornar o doente mais cooperante.

O papel da enfermeira é fundamental, fazendo parte das suas observações o


efeito directo e secundário de cada medicamento. Motivar os doentes para o
seguimento em consulta externa. É frequente a reca“da pós a suspensão da
medicação feita pelo doente.

Muitas vezes a continuação do seu tratamento após a alta, depende da relação


que estabeleceu com a equipa de saúde.

Verifica-se que os doentes que são acompanhados no domic“lio pela


enfermeira, são mais ass“duos nas consultas e cumprem a terapêutica
prescrita.

70
ESQUIZOFRENIA

71
72
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NAS

DEMÊNCIAS
DEMÊNCIA

A demência é definida como uma perda de anteriores n“veis de funcionamento


cognitivo, execução e de memória num estado de alerta total.

A demência pode ser classificada como primaria ou secundária, as demências


primárias são aquelas como a DA, na qual a demência propriamente dita é o
principal sinal de doença orgânica cerebral não relacionada directamente a
qualquer outra doença orgânica.

As demências secundárias são aquelas causadas ou que estão relacionadas


com outra doença ou condição, como o v“rus da imuno deficiência humana ou
trauma cerebral.

Nas demências é evidente o preju“zo no pensamento abstracto, ju“zo cr“tico e


controle de impulsos. As regras convencionais de conduta social são
frequentemente abandonadas. O comportamento pode ser desinibido e
inadequado. A higiene pessoal e a aparência são frequentemente
negligenciados.

A linguagem pode ou não ser afectada. Alguns indiv“duos podem ter dificuldade
em nomear objectos ou a linguagem pode parecer vaga e imprecisa. A
alteração da personalidade é comum nas demências. A progressão dos
sintomas é lenta.

MEMÓRIA

 Deficits progressivos , perda de memória recente maior que a perda


remota, pode confabular para preencher falhas de memória, não
apresenta queixas de perda da mesma.

73
ORIENTAÇÃO

 Desorientação espaço temporal, pode vaguear em busca de coisas


conhecidas.

EXECUÇÃO DE TAREFAS

 Desempenho consistentemente pobre, mas luta para executar.

GRAVIDADE DE SINTOMAS

 Pior conforme o dia avança.

MAL-ESTAR AFECTIVO

 Parece despreocupado.

APETITE

 Inalterado

ATENÇÃO/CONCENTRAÇÃO

 Prejudicado

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NAS DEMÊNCIAS

 Orientação
 Comunicação
 Reforçar mecanismos de adequação
 Diminuir a imprevisibilidade e garantir segurança
 Diminuir agitação
 Terapêutica
 Envolver a fam“lia
 Usar recursos comunitários

74
ORIENTAÇÃO

 Identificar o quarto com nome do doente


 Manter os objectos pessoais
 Usar luz nocturna (presença)
 Fornecer relógio e calendário
 Fornecer jornais e discuti-los com o doente
 Reorientar com frequência para tempo local e pessoa

COMUNICÇÃO

 Apresentar-se
 Mostrar aceitação incondicional do doente
 Usar comunicação verbal precisa e concisa
 Modular a voz
 Evitar pronomes
 Evitar proporcionar escolhas
 Usar perguntas tipo sim/não
 Solicitar uma coisa de cada vez
 Garantir que a comunicação verbal coincide com a não verbal
 Fornecer uma sensação de liberdade protegida

REFORÇAR MECANISMOS DE READEQUAÇÃO

 Orientar o doente para respostas (comportamentos) adequados

DIMINUIR A IMPREVISIBILIDADE E GARANTIR SEGURANÇA

 Satisfação das necessidades fisiológicas

 Analisar o comportamento do doente para identificar as condições em

que ocorre, e intervir de forma preventiva

75
DIMINUIR A AGITAÇÃO

 Explicar claramente as expectativas

 Oferecer opções quando o doente puder geri-las

 Fornecer horário de actividades

 Evitar confrontações violentas , quando o doente recusa uma

solicitação, deixe e retorne após alguns minutos

 Envolver o doente no plano de tratamento sempre que poss“vel

TERAPÊUTICA

 Administração de terapêutica prescrita

• Inibidores da colinesterase ( perturbação cognitiva)


• Anti- psicóticos ( agitação, alucinação, agressividade, perturbação
do pensamento e deambulação)
• Anti depressivos ( depressão )
• Ansiolíticos (ansiedade)
• Sedativos / hipnótico ( insónia )

ENVOLVER A FAMÍLIA

 Ensino á fam“lia sobre natureza e tratamento da doença


 Envolver os membros da fam“lia
 (discutir recursos com a fam“lia, fazer planos de alta)

USAR RECURSOS COMUNITÁRIOS

 Identificar recursos comunitários


 Confirmar planos de alta com as instituições

76
PONTOS CHAVES

A demência é uma s“ndrome de preju“zo intelectual adquirida e persistente,


com o comprometimento da função em muitas esferas da actividade mental,
como memória, linguagem, capacidades viso-espaciais, emoção,
personalidade e cognição.

Os sintomas da demência são insidiosos e desenvolvem-se lentamente com o

tempo. Na maioria dos clientes a demência tem uma evolução progressiva e

irrevers“vel.

Pode ser causada por factores genéticos, doenças cardiovasculares, infecções,

perturbações neuro fisiológicas e outras condições médicas.

Os objectivos para o cuidado de um cliente que experiencia uma perturbação

crónica e progressiva, visa preservar a dignidade do individuo, promover a

desaceleração dos sintomas e maximizar as capacidades funcionais. As

intervenções de enfermagem visam também ajudar os familiares ou cuidadores

a saber mais sobre a perturbação cognitiva crónica e progressiva.

Deverá ser proporcionada educação sobre o processo de doença, expectativas

de alteração de comportamento, métodos para facilitar o cuidado e fontes de

auxilio e apoio, enquanto se debatem tanto f“sica como emocionalmente, com

as exigências trazidas por um processo de doença que lhes tira lentamente o

seu ente querido.

77
EDUCAÇÃO CLIENTE/CUIDADOR

Natureza da doença: causas poss“veis, o que esperar, sintomas.

Gestão da doença: Modos de assegurar a segurança do cliente, manter a

orientação para a realidade, prestar assistência com as AVD, informação

nutricional, Comportamentos dif“ceis, administração de terapêutica, higiene e

cuidado pessoal.

Serviços de apoio: assistência financeira, legal, grupos de apoio para

cuidadores, cuidados temporários e cuidados de saúde em casa.

DELIRIUM

O delirium é um estado mental caracterizado por uma perturbação da cognição,

manifestado por confusão, excitação, desorientação e turvação da consciência.

As alucinações e ilusões são comuns.

Um delirium é uma perturbação da consciência e uma alteração da cognição

que se desenvolve rapidamente num curto espaço de tempo. O n“vel de

consciência é frequentemente afectado e a actividade psicomotora pode flutuar

entre movimentos agitados e sem finalidade e um estado vegetativo que se

assemelha ao estupor catatónico.

Os sintomas do delirium tem geralmente um inicio bastante abrupto e são

frequentemente revers“veis e de curta duração. O delirium pode ser causado

por uma condição médica geral, intoxicação por substâncias ou abstinência ou

por ingestão de um medicamento ou toxina.

78
ATITUDES A TER FACE A UM DOENTE

SOMATOFORMO
As perturbações somatomorfas são estados em que ocorrem sintomas f“sicos
sem causas orgânicas conhecidas. Pensa-se que os sintomas f“sicos estão
relacionados com um conflito psicológico.

Uma vez que estes indiv“duos não controlam os sintomas, considera-se que
estes tem origem num qualquer mecanismo inconsciente.

HIPOCONTRIA

Por vezes estes indiv“duos são referidos como doentes profissionais .


Manifestam preocupação em ficar doentes , independentemente da doença.
Sentem muito medo de ficar doentes.

Vivem obcecados com a ideia de estarem gravemente doentes, sem


possibilidade de cura. Preocupam-se igualmente com o facto de não serem
levados a sério, sentem que os médicos não fazem uma avaliação correcta do
seu estado de saúde.

Podem encontrar-se traços hipocondr“acos em qualquer doente e também nas


pessoas normais . São frequentes nos idosos

 Deve-se dar a maior atenção ás questões que se põem e ás respostas


que se dão.
 É necessário lembrarmo-nos que estes doentes já visitaram muitos
médicos e já leram muito sobre as doenças que receiam.
 É tão errado dizer que tem uma doença real, como dizer que não estão
doentes, e fazer uma longa explicação provando que não está doente.

79
A razão não prevalece nunca contra o sintoma.

 Não é a ideia ou o sintoma hipocondriaco que é necessário combater de


frente, é necessário tratar o terreno ansioso sobre o qual se desenrola
a hipocondria.
 É muito importante escutá-los deixando-os contar o que sentem, sendo
este o melhor meio de estabelecer com eles uma relação de confiança.
 É necessário em seguida mostrar que se está certo do diagnóstico da
sua doença, mas, bem entendido isto pressupõe um prévio e cuidadoso
exame médico que possa excluir as doenças reclamadas pelo doente.
 Os doentes somotomorfos podem beneficiar particularmente de uma
hospitalização em regime de Hospital de dia, que lhes proporcione todas
as actividades terapêuticas que necessita evitando os longos tempos
mortos, da hospitalização em tempo inteiro.
 Pode haver indicação especial de medicamentos,mas de uma forma
geral o que resulta são medicamentos em dose moderada contra a
ansiedade e por vezes contra a insónia, consequência uma vez mais da
ansiedade, base de este comportamento.

PERTUBAÇÃO DE CONVERSÃO

Expressão de conflitos emocionais inconscientes através dum sintoma f“sico,


sem que haja base orgânica. A reacção de conversão é o mecanismo que
converte a ansiedade em sintoma f“sico.

Nesta perturbação dá-se uma perda ou diminuição do funcionamento f“sico,


que parece estar relacionada com o sistema neurológico. A paralisia e cegueira
são dois dos exemplos mais comuns desta perturbação.

A idade dos primeiros sintomas é normalmente a adolescência e jovens


adultos, podendo no entanto ocorrer num per“odo mais tardio

Os sintomas, apesar de não terem suporte numa doença orgânica, são


sentidos de uma forma extremamente real pelo doente. Os doentes sentem
efectivamente os sintomas.

80
Apesar de sentirem grande preocupação e vontade de consultar o médico, dão
a impressão de não se preocupar muito com o problema la belle indiferençe
é o termo técnico para descrever este estado.

Histeria/conversão - Distúrbio mental no qual alguns motivos que o paciente


parece não perceber produzem quer uma limitação do campo da consciência,
quer distúrbios da função motora ou sensorial, os quais podem representar
uma vantagem psicológica ou um valor simbólico.

Os principais sintomas consistem em distúrbios psicogénicos da função de


alguma parte do corpo, por exemplo, paralisia, tremor, cegueira, surdez ou
convulsões.

Crê-se que o sintoma, permite ao doente evitar a situação negativa com que se
deparou, assim a disfunção atenua a ansiedade. A isto chama-se beneficio
primário e pensa-se ser a função da paralisia ou da cegueira. O benef“cio
secundário é o conjunto de vantagens complementares que a pessoa obtém
por estar doente. O benef“cio secundário inclui apoio emocional extra como
ternura e o amor ou até benef“cios financeiros.

CONDUTAS A TER FACE A UM ACIDENTE HISTÉRICO (PERTURBAÇÃO


DE CONVERSÃO)

A Histeria é uma realidade, mas não aquela que se apresenta aos nossos
olhos. O histérico dá inconscientemente espectáculo aos outros. As suas
perturbações existem em função dos espectadores.

A atitude a ter deverá ser discutida caso a caso com o conjunto da equipe.

De uma maneira geral a atitude frente às manifestações histéricas exige certa


formação psicoterápica. A atitude deve ser permissiva, devendo permanecer
neutra face aos efeitos teatrais.

O técnico deve ter um perfeito controle de si próprio, de firmeza, sempre com


disponibilidade e sem cunho de piedade , assim como sem ironia ou atitudes
protectoras.

81
Também o isolamento relativo e momentâneo do doente é muitas vezes a
melhor atitude. O grupo oferecendo uma verdadeira galeria, propicia às
manifestações histéricas e á produção de novos sintomas.

As perturbações somotomorfes são estados crónicos, que apresentam

disfunções f“sicas e podem incluir entre outras, a paralisia e a cegueira. Estes

sintomas relacionados com o corpo parecem ser resultado de uma profunda

ansiedade. Os primeiros sinais de perturbações somotomorfes geralmente

surgem na adolescência e nos jovens adultos.

O tratamento e os cuidados de enfermagem relativamente a estas

perturbações são, em geral, dif“ceis e demoradas, pois trata-se de doenças


crónicas. Os utentes utilizam mecanismos de defesa de negação e de reacção

de conversão.

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

A honestidade é extremamente importante quando se lida com um doente. É

necessário incutir no doente confiança que o ajudará a verbalizar pensamentos

e sentimentos acerca dos aspectos f“sicos e emocionais deste tipo de

perturbação.

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Alteração do estado emocional relacionado com patologia de conversão,

manifestado por ansiedade (ligeira, moderada ou grave).

DIMINUIR A ANSIEDADE

 Estabelecer relação de confiança;

 Facilitar verbalização de sentimentos e preocupações;

 Reforçar a auto-estima;

 Ajudar a identificar as situações geradoras de ansiedade e a elaborar

um plano para esses eventos;

 Ajudar a desenvolver habilidades de afirmação e de comunicação;

 Facilitar espaços de relaxamento ao paciente.

ISOLAMENTO SOCIAL PROMOVER A INTERAÇÃO SOCIAL

 Incentivar a participação em jogos ou actividades de grupo;


 Facilitar os processos interpessoais através de uma atitude empática;
 Oferecer a oportunidade de participar em actividades nas quais possa
obter êxito;
 Demonstrar atitude terapêutica, de aceitação e isenta de cr“ticas,
sobretudo quando o doente descreve os seus sintomas;
 Ajudá-lo a desenvolver interesses fora de si mesmo lazer e
ocupacional.

ALTERAÇÃO DO PADRÃO DE SONO, RELACIONADO COM ANSIEDADE,

MANIFESTADO POR INSÓNIAS - RESTABELECER PADRÃO DE SONO

 Proporcionar ambiente calmo e isento de est“mulos fortes;

 Estabelecer hábitos regulares de sono;

 Administrar terapêutica prescrita;

 Promover nos per“odos diurnos actividades f“sicas e de relaxamento

facilitadoras do sono;

 Proporcionar um copo de leite quente ao adormecer.

84
TRANSTORNOS ALIMENTARES

FACTORES QUE PREDISPÕEM PARA OS DISTÚRBIOS ALIMENTARES

INDIVIDUAIS

 Traços de Personalidade: Baixa auto-estima; Traços obsessivos e

perfeccionistas;

 Impulsividade e instabilidade afectiva;

 História de Transtornos Psiquiátricos: Depressão; Transtornos da

ansiedade; dependência de substâncias.

FAMILIARES

 Tendência à Obesidade
 Alterações da Neurotransmissão: Vias noradrenérgicas; Vias
serotoninérgicas
 Eventos Adversos: Abuso sexual
 Agregação Familiar; Hereditariedade
 Padrões de Interacção Familiar: Rigidez, intrusividade e evitação de
conflitos; desorganização e falta de cuidados

SOCIOCULTURAIS

 Ideal cultural de magreza

85
FACTORES QUE FAVORECEM A MANUTENÇÃO DO DISTÚRBIO

FISIOLÓGICOS

 Privação alimentar favorece episódios de compulsão alimentar;


episódios de compulsão alimentar interferem no metabolismo da glicose
e insulina

CULTURAIS

 Magreza vista como s“mbolo de sucesso.

CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS ASSOCIADAS A TRANSTORNOS


ALIMENTARES

 Ansiedade
 Tendência a ser compulsivo
 Esquiva de conflitos
 Depressão
 Dificuldade em expressar sentimentos, em especial raiva
 Auto-imagem distorcida

 Senso exagerado de culpa

 Medo da sexualidade e da maturidade biológica

 Sentimentos de alienação

 Intolerância á frustração

 Baixa auto estima


 Obsessões
 Perfeccionismo
 Mau controlo dos impulsos
 Vergonha
 Senso de inefectividade

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ALTERAÇÕES SOMÁTICAS

 Perda de peso
 Palidez
 Pele seca, áspera e sem elasticidade
 Queda de cabelo que se torna seco e quebradiço
 Aparecimento de lanugo
 Mãos e pés frios com cianose frequente
 Intolerância ao frio
 Diminuição da sudorese
 Hipotermia
 Hipotensão
 Bradicardia
 Amenorreia
 Obstipação e edema (casos avançados)

87
88
89
PLANO DE TRATAMENTOS DE ENFERMAGEM

O primeiro passo para o tratamento é que o paciente reconheça a doença e


veja a necessidade de ajuda. O conhecimento da nutrição saudável é essencial
para o estabelecimento e manutenção de respostas alimentares adaptadas.

Estabilização do peso deve ser um objectivo central e precoce para o paciente


com comprometimento da nutrição. Medicamentos podem ajudar o centro
regulador do apetite e promover respostas neuroqu“micas á alimentação e
saciedade.

O exerc“cio f“sico deve investir na aptidão f“sica e não na redução calórica para
a perda de peso. Distorções da imagem corporal envolvem percepções,
atitudes e comportamentos que colocam tanta ênfase sobre a aparência, que
definem o que o indiv“duo atribui a si próprio

Distorções cognitivas resultam em menor auto-estima. A modificação


comportamental resulta da maior consciência de sentimentos e de cognições
incorrectas. Os pacientes com transtornos alimentares beneficiam do
envolvimento de familiares e do trabalho de um grupo que ofereça apoio.

90
91
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Nutrição alterada pelo não atendimento das necessidades que o corpo


requer, causada pela recusa alimentar, actividades purgativas e
exerc“cios f“sicos intensos.

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

 Estabelecer com o cliente e a equipe multidisciplinar o peso alvo (90%


do peso corporal ideal), e determinar as calorias necessárias para a
nutrição. Firmar contrato de aceitação mutua com o cliente para atingir
essa meta.
 Estabelecer programa de actividades apropriadas onde são inclu“dos
verificação diária de peso, do controle h“drico (l“quidos ingeridos e
eliminados) e sinais vitais; planeamento e supervisão das actividades
f“sicas;
 Explorar o medo que o paciente tem de ganhar peso, oferecer apoio e
tranquilização; orientá-lo a buscar ajuda e a usar técnicas de
relaxamento quando sentir necessidade de vomitar ou de usar laxantes;
encorajá-lo a participar em grupos de apoio.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Distúrbios de imagem corporal, observados pela supervalorização da


aparência f“sica

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

 Evitar discutir e comentar sobre o ganho de peso;

 Pedir para o paciente identificar a forma e número de roupa ideal e

pontuar os pontos positivos; reconhecer e discutir os valores familiares,

culturais, crenças e estereótipos que dizem respeito à magreza e

atractividade.

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DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Sistema familiar disfuncional evidenciado por senso de perfeccionismo


invasivo e super protector.

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

 Explorar o grau de dependência e envolvimento entre os membros da


fam“lia.
 Discutir como o paciente e a fam“lia as funções, papeis e limites
adequados, bem como formas de comunicação mais efectivas.
 Identificar as regras dentro da fam“lia que reforçam o comportamento
inadequado do paciente, juntamente com a fam“lia, desenvolver
mecanismos de adequação;
 Ajudar o cliente a desenvolver habilidades na resolução de problemas;
encaminhá-lo para terapia familiar.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Pouco conhecimento sobre nutrição e transtornos alimentares

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

 Colaborar com a nutricionista para que o paciente e sua fam“lia

adquiram conhecimento sobre nutrição, calorias, valores dos alimentos,

dieta balanceada e alimentos que promovam função intestinal normal

(fibras);

 Permitir e encorajar o paciente a preparar cardápio normal e equilibrado.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Interacção social prejudicada

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

 Em grupo ou individualmente, promover comunicação interpessoal

socialização;

 Identificar e promover lazer e actividades que gratifiquem o paciente.

93
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Potencial para injuria consequente a auto-agressão, exerc“cios f“sicos

intensos e comportamento potencial perigoso

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

 Esclarecer sobre os danos do impacto f“sico causado pelos exerc“cios

f“sicos intensos; estabelecer com o paciente e equipe multidisciplinar

plano de actividades apropriado e monitorá-lo;

 Ajudá-lo a desenvolver actividades diversificadas que possa realizar

quando sentir necessidade de exerc“cios f“sicos intensos.

94
ALGUMAS ATITUDES DO ENFERMEIRO FRENTE A

COMPORTAMENTOS NEURÓTICOS (PERTUBAÇÕES

DA ANSIEDADE)

Por contraste com os psicóticos a lucidez e o bom contacto habitual dos


doentes neuróticos pode numa primeira abordagem tornar dif“cil acreditar que
estão realmente doentes.

TRAÇO NEURÓTICO

Não perturba o funcionamento da personalidade e é modificável pela vontade


do indiv“duo, isto porque, é acess“vel à argumentação lógica, podendo ser
modificado pela vontade ou persuasão.

A Atitude do enfermeiro é de grande importância. O enfermeiro deverá


conhecer a história de vida do doente, especialmente as circunstâncias que
precederam o in“cio das perturbações. O doente deverá ser cuidado por uma
enfermeira que aceite os seus sintomas, isto reduzirá a sua tensão e
ansiedade.

. O doente tem sempre necessidade que lhe dêem atenção aos sintomas a
melhor forma de lha dar é permitir-lhe que verbalize e desempenhe um papel
na organização de actividades colectivas. A falta de confiança deve ser
combatida, dando-lhe a iniciativa dos trabalhos, onde pode encontrar formas de
se exprimir

Muitos destes doentes têm capacidades cognitivas e formação espec“fica em


diversas áreas; é útil o desenvolvimento do auto estima e lutar contra as suas
dúvidas, deixando-os falar das suas experiências, da sua profissão, dos seus
talentos, etc.

A interacção entre a enfermeira e o resto da equipe de saúde é fundamental


(Plano de tratamento), pois os doentes ansiosos são sempre sens“veis a
divergências na condução do seu trabalho.

95
Os doentes que se queixam de fadiga e desejam abster-se de actividades
ergoterápicas, sociais ou recreativas, devem ser sempre encorajados a
interessar-se por elas, mas nunca forçados a fazê-las.

Poderá ser pedido ao enfermeiro uma atitude particularmente permissiva para


com estes doentes, no intuito de os ajudar a retomar confiança e a tomar
decisões.

A ansiedade pode aumentar após sessões de psicoterapia, se o terapeuta


começou a explicar as motivações inconscientes do comportamento dos
doentes. Após estas sessões a enfermeira deverá escutar e observar as
reacções do doente, mas deve abster-se de intervir directamente nos
problemas do doente.

Um doente fóbico não deve nunca ser obrigado a contactar com o objecto ou
situação fóbica. Num dado momento da psicoterapia, quando a angustia do
doente está praticamente atenuada, poderão surgir indicações médicas para
colocar o doente face ao objecto ou situação fóbica.

A enfermeira pode acompanhar o doente nesta experiência encorajando-o,


mas sem nunca passar por cima de uma ansiedade sentida como muito
grande. De uma maneira geral, o comportamento obsessivo não deve nunca
ser proibido ou ridicularizado. No in“cio da cura o acalmar a ansiedade, só se
produzirá permitindo que o doente utilize os mecanismos de defesa.

Sono e alimentação, estão muitas vezes perturbados nestes doentes, estas


perturbações estão solidamente instaladas e não desaparecerão facilmente.
Demasiada atenção pode agravá-las. Em regra a retoma das actividades
quotidianas e colectivas, faz com que as perturbações se atenuem.

96
PERTUBAÇÕES DA ANSIEDADE

97
PLANO DE CUIDADOS

I. Alteração do estado emocional relacionado com patologia


ansiosa/neurótica, manifestado por ansiedade (ligeira, moderada ou
grave).

DIMINUIR A ANSIEDADE

 Estabelecer relação de confiança;


 Facilitar verbalização de sentimentos e preocupações;
 Reforçar a auto-estima;
 Ajudar a identificar as situações geradoras de ansiedade e a elaborar
um plano terapêutico.
 Ajudar a desenvolver habilidades de afirmação e de comunicação;
 Facilitar espaços de relaxamento ao paciente.

II. Isolamento social


PROMOVER A INTERAÇÃO SOCIAL
 Incentivar a participação em jogos ou actividades de grupo;
 Facilitar os processos interpessoais através de uma atitude
empática;
 Oferecer a oportunidade de participar em actividades nas quais
possa obter êxito;
 Demonstrar atitude terapêutica, de aceitação e isenta de criticas,
sobretudo quando o doente descreve os seus sintomas;
 Ajudá-lo a desenvolver interesses fora de si mesmo terapia
ocupacional e lazer.

98
III. Alteração do padrão de sono, relacionada com ansiedade, manifestada
por insónias.
RESTABELECER PADRÃO DO SONO
 Proporcionar ambiente calmo e isento de est“mulos fortes;
 Estabelecer hábitos regulares de sono;
 Administrar terapêutica prescrita;
 Promover nos per“odos diurnos actividades f“sicas e de
relaxamento facilitadoras do sono;
 Proporcionar um copo de leite quente ao adormecer.
IV. Inquietação motora relacionada com ansiedade manifestada por
incapacidade em permanecer calmo e concentrado

DIMINUIR A INQUIETAÇÃO MOTORA;

QUE O DOENTE SEJA CAPAZ DE PERMANECER CALMO E


CONCENTRADO

 Não pedir ao doente para interromper o seu comportamento;


 Conceder-lhe tempo suficiente para realizar a sua actividade ritual“stica,
sempre dentro de certos limites, para libertação da ansiedade;
 Ajudar o doente a explorar os sentimentos associados à sua inquietação
motora;
 Ajudar o doente a organizar o seu tempo livre, proporcionando-lhe
tarefas simples e estruturadas que requerem concentração;
 Securizar o doente.

99
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM EM
SITUAÇÕES DE URGÊNCIA

As situações de urgência podem ser resumidas a:


 Estados patológicos que afectam a percepção da realidade, o que pode
levar o paciente a situações de perigo para si ou para os outros.
 Estados patológicos com componente de ideação suicida.
 Estados patológicos com desorientação espaço temporal, perda de
contacto com a realidade, alucinações.

QUADROS DE AGITAÇÃO PSICOMOTORA

Habitualmente, este tipo de urgência, surge com grande aparato, ambulância,


policia, familiares, ordens judiciais, etc. A agitação psicomotora não é uma
patologia, mas sim um sinal, associado a várias patologias

A unidade do doente deverá ser tranquila e separada do resto dos doentes,


mas a nossa presença deve ser notada. Informar o paciente das medidas que
vão ser tomadas, explicando que as mesmas se destinam a protege-lo do risco
de lesões. Retirar objectos perfurantes, próteses, cintos ou objectos da unidade
do doente que não sejam necessários

Conter o doente mecanicamente, (com prescrição médica),nenhuma


extremidade deverá ficar livre até o doente ser sedado. A contenção deve ser
firme, permitindo um m“nimo de movimentos sobretudo controlando o
aparecimento de sinais de cianose ou dor distal nas mãos e pés. Administração
da terapêutica prescrita

Restringir os est“mulos: ru“dos, luz e proporcionar temperatura agradável.


Fazer o espólio do doente e entregá-lo aos familiares; será um bom momento
para interagir com a fam“lia favorecendo informação pertinente sobre o estado
do mesmo, assim como informar do horário das visitas, consultas e etc.
promover dieta adequada.

100
Quando o doente estiver mais calmo e caso não tenha sido poss“vel
anteriormente, deverá ser dada roupa adequada e proporcionar alimentação e
hidratação. A contenção a que está sujeito não garante segurança sem as
intervenções de enfermagem, assim, há que observar o doente durante o seu
quadro de agitação psicomotora e detectar sinais e sintomas que possam
surgir como: convulsões, cianose, hipertermia, ideias delirantes, dor, etc.

Deve-se efectuar os registos dando ênfase á mudança de comportamentos ou


os sinais anteriormente citados.

QUADROS DELIRANTES

Na maioria dos processos psicóticos o doente apresenta ideias delirantes, em


que vive uma realidade distinta da nossa, em que poderá ter ideação suicida,
pensar que o querem envenenar e muito mais situações que o ponham em
situação de risco e por isso necessitar de internamento.

É importante conhecer o del“rio do doente, para que a nossa actuação não o


potencie e em nenhum momento se deverá debater ou discutir sobre o del“rio,
porque a racionalização não surtirá efeito. Pelo contrário, centrar e focalizar o
doente em quem é, onde está, apresentarmo-nos e dar a conhecer o serviço,
fará com que tome contacto com a realidade que o rodeia e poderá trazer
benef“cios.

Conhecer as situações ou factores de stress que despoletam o seu del“rio,


servirá para evitá-las na comunicação ou mencioná-las se for necessário,
fazendo-o sempre num contexto da realidade e nunca seguindo o del“rio . O
doente deve ser desvinculado o m“nimo de tempo da fam“lia e do seu
ambiente, e deverá ter visitas assim que clinicamente for indicado.

Devem ser evitadas situações de risco como proporcionar de forma


desadequada talheres, que se poderão tornar perigosos, assim o uso de
material descartável poderia facilitar.

101
Por vezes torna-se vantajoso que o doente nos veja a abrir as garrafas de
água, iogurtes, assim como a medicação, de forma a não potenciar ideias de
envenenamento, quando existem.

Em determinadas situações, sussurrar, rir, falar baixo e para um colega, poderá


levar os doentes a pensar que falamos deles e assim potenciar ideias de
referência. Várias são as situações similares às atrás descritas, pelo que
devemos ter um planeamento de cuidados para cada doente e aplicá-lo de
forma natural, sem forçar situações, fazendo com que o doente se sinta
cómodo

Será importante ocupar o tempo de internamento com actividades, sobretudo


manuais ou f“sicas em detrimento de actividades intelectuais. Á medida que vai
diminuindo a situação de risco, deverá ser fomentado no doente a sua
independência, devendo cumprir as normas gerais (horário de refeições,
higiene, visitas, sala de fumo, etc.)

QUADROS DEPRESSIVOS

Um doente que apresenta um quadro depressivo passa por uma etapa de


sofrimento e desespero perante a vida, que em muitos casos o leva a pensar
em suic“dio como a única sa“da para a sua situação.

A unidade do doente não deve conter objectos, com os quais se possa cortar
ou ferir. A prevenção de lesões é um dos cuidados primordiais nestas
situações; assim dever-se-á ter atenção a objectos cortantes ou perfurantes
como; garrafas de vidro, jarras, molas da cama (metal), produtos cáusticos
lix“vias sabões anti-sépticos assim como estar atento á segurança, em termos
de janelas tomadas eléctricas, cintos, isqueiros, etc.

Deverá ser feita uma supervisão constante destes doentes de forma a poder
eliminar o risco de suic“dio.

102
EPISÓDIOS CONFUSIONAIS

Este tipo de situação é de carácter orgânico, aparecendo nas demências,


abusos de tóxicos, situações neurológicas, nalguns processos metabólicos e
acidentes cérebro vasculares.

O doente não se sabe situar quer no espaço, quer no tempo, pode apresentar
perda de memória, obnubilação da consciência, falsos reconhecimentos de
pessoas ou coisas, que o rodeiam e mesmo ter alucinações. Em muitos casos
estes processos dão-se em idosos, o que pode acarretar problemas de
locomoção com poss“vel risco de quedas.

Nos estados confusionais graves, em situação aguda, poderá haver


necessidade de contenção mecânica, até que o doente se tranquilize. Assim
implica seguir os princ“pios para os doentes com agitação psicomotora sujeitos
a contenção. Em situações mais leves o doente poderá deambular pelo
serviço, tendo os técnicos o cuidado de retirar obstáculos e supervisão para o
risco de quedas.

A presença de relógios e calendários, assim com a leitura de jornais diários,


fazem com que o doente tenha referências para centrar-se no tempo e espaço.
É essencial o controle da alimentação e hidratação, assim como da eliminação
e higiene.

Os cuidados preconizados devem promover a satisfação das necessidades dos


doentes trabalhando os deficits que apresentem. O contacto com familiares e
amigos não deve ser perdido, para que lhe seja mais fácil recordar. Importante
é também o despiste de outros sinais ou sintomas porque os quadros
confusionais podem estar ligados a quadros orgânicos diversos.

103
ABORDAGEM GERAL EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

A intervenção adequada em estados de crise exige maturidade e controle


emocional por parte de quem cuida. (Se não se sente capaz de agir, deve
solicitar substituição por outros colegas).

 Ao aproximar-se, observar o cliente e aqueles que estiverem com ele.


Alguns sinais esclarecem certos fatos. (Observar o contexto e certificar-
se de que o cliente esteja em ambiente seguro). A aproximação deve ser
calma, porém firme, com um único enfermeiro servindo de interlocutor,
identificando-se de forma clara, simples e declarando sua intenção de
ajuda. (Mantenha-se a uma distância confortável e segura durante a
abordagem).
 Permitir que a pessoa fale. Mantenha contacto visual enquanto o cliente
fala.
 Separar o cliente de outras pessoas com objetivo de promover ambiente
terapeutico. (A ansiedade dos presentes dificulta a abordagem).
 Mostrar-se interessado e não julgar ou criticar.
 Informar claramente o cliente sobre o que será feito para ajudá-lo a sair
da crise.
 Não o deixar sozinho nem por um instante.
 Abordar o cliente pelo nome e apresentar-se.
 Demonstrar respeito.
 Ouvir o que ele tem a dizer.
 Falar calmamente.
 Posicionar-se ao lado do cliente, o que é menos ameaçador para ele.
 Manter as mãos vis“veis.
 Evitar contato f“sico, que pode interpretar como ameaça ou assedio.

104
TERAPIA ELECTRO CONVULSIVA
A terapia electro convulsiva foi descoberta por Cerletti e Binni em 1938, quando
introduziram a acorrente eléctrica como meio convulsivante , de uma forma
mais manejável e menos perigosa

MECANISMO DE ACÇÃO

Quanto aos mecanismos de acção estes não estão clarificados, existindo um


grande número de hipóteses, mas admitido pela generalidade dos autores está
o facto de que a sua eficácia , depende da produção de crises convulsivas
generalizadas.

A TEC administra-se em series , em que o número de tratamentos é fixado


pelo psiquiatra, o numero de sessões semanais pode oscilar entre 2 ou 3 e a
sua aplicação faz-se preferencialmente , nas primeiras horas da manhã.

INDICAÇÕES PARA TEC

A) PRINCIPAIS:
 Depressão Psicótica
 Quadros catatónicos de esquizofrenias
 Intensa ideação suicida

B) OUTRAS INDICAÇÕES UTILIZADAS FUNDAMENTALMENTE


QUANDO EXISTE FRACASSO NO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:

 Transtorno depressivo major


 Transtorno bipolar depressivo
 Formas agudas e remitentes
 Fases man“acas resistentes
 Transtornos esquizo afectivos
 S“ndrome neuroléptico maligno

105
CONTRAINDICAÇÕES

ABSOLUTAS

 Pressão intracraniana aumentada


 Enfarte agudo do miocárdio ou AVC recente (3 meses)
 Feocromocitoma

RELATIVAS

 História prévia de hemorragia intracraniana


 Aneurisma aórtico ou cerebral
 Infecção respiratória aguda
 Doença somática grave ou grande debilidade orgânica
 Tentativa de suic“dio por monóxido de carbono
 Osteoporose grave
 Hipertensão arterial severa

ESTUDO ANTERIOR À TEC

Do ponto de vista psiquiátrico, deve ser realizada história cl“nica completa, e


determinação se esta é a terapêutica adequada.

Do ponto de vista somático, deve ser descartada qualquer patologia orgânica


que contra indique esta terapêutica.

Deve incluir: Observação f“sica, ECG, Rx Tórax e análises de rotina

PREPARAÇÕES PARA TEC

O médico psiquiatra deverá informar o doente e ou fam“lia sobre o


procedimento, devendo ser obtido o respectivo consentimento informado.

A equipa deverá ser composta por um médico anestesista, um psiquiatra, um


enfermeiro e um auxiliar.

106
ACÇÕES DE ENFERMAGEM

Na noite anterior ao tratamento, o doente deverá ter repouso absoluto (m“nimo


8 horas).

 Retirar o verniz das unhas, próteses dentárias, óculos, roupa apertada,


etc.
 Deverá permanecer de pijama
 Recomenda-se uma micção prévia

Falar com o doente antes do tratamento dando-lhe importância e reforçando


afectividade; deixar que verbalize temores e medos, cabendo ao enfermeiro
reduzir situações que provoquem ansiedade.

 Evitar comentários em voz baixa.


 Dentro das possibilidades da unidade, ocupar o doente para que o
tempo de espera não seja tão sentida ou pesada.
 Em casos pontuais de agitação ou confusão, que impeçam a atenção ou
colaboração do doente, poderá ser necessário aplicar meios de
contenção ; á medida que o doente experimente mudanças na sua
sintomatologia, o n“vel de compressão da contenção dever ser
adequado.
 Interromper a medicação oral na manhã do tratamento, se for necessário
medicação esta deve ser por via parentérica.
 Canalização de uma via periférica
 Jejum

CUIDADOS DE ENFERMAGEM PÓS TEC

 Administração de O2 e aspiração de secreções.


 Controle dos sinais vitais.
 Uma vez restabelecida a respiração, colocar o paciente em decúbito
lateral, até que recupere a consciência. Manter vias aéreas permeáveis.
 Quando o paciente despertar , orientá-lo no espaço e tempo.
 Poderá efectuar levante na ausência de hipotensão ortostática.
 Administração de O2 e aspiração de secreções.

107
 Controle dos sinais vitais.
 Uma vez restabelecida a respiração, colocar o paciente em decúbito
lateral, até que recupere a consciência. Manter vias aéreas permeáveis.
 Quando o paciente despertar, orientá-lo no espaço e tempo.
 Poderá efectuar levante na ausência de hipotensão ortostática.

EFEITOS ADVERSOS DA TEC

(EXEPCIONALMENTE)

Ocasionalmente

 Estado confusional agudo leve, com alteração da memória ou cefaleias


de curta duração, ou mialgias.

RARAMENTE

 Aspiração pulmonar
 Laringo espasmo
 Apneia prolongada
 Complicações neuromusculares
 Manifestações anafilácticas, revers“veis, normalmente por alergia a
algum componente anestésico
 Arritmias e alterações isquémicas

TEC EM AMBULATÓRIO

 Processo individualizado contendo, número de sessões e datas de


inicio, assim como registos precisos das actuações efectuadas.
 Jejum absoluto de pelo menos 8 horas
 O doente deverá vir acompanhado por pessoal de saúde
 Proceder aos cuidados de enfermagem pré TEC
 Permanência na unidade até 4 horas depois do tratamento
 Deverá retornar á origem também acompanhado por pessoal de saúde
 Administração de O2 e aspiração de secreções.
 Controle dos sinais vitais.

108
 Uma vez restabelecida a respiração, colocar o paciente em decúbito
lateral, até que recupere a consciência. Manter vias aéreas permeáveis.
 Quando o paciente despertar , orientá-lo no espaço e tempo.
 Poderá efectuar levante na ausência de hipotensão ortostática.

ENTREVISTA DE ENFERMAGEM EM
PSIQUIATRIA

PROCESSO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL E PSIQUIATRIA


Instrumento de organização, planeamento, execução e avaliação dos
cuidados de enfermagem. Possui fases interdependentes e
complementares e quando realizadas concomitantemente resultam em
intervenções satisfatórias para a pessoa. Estas fases compreendem o
histórico, o diagnóstico, o plano assistencial, prescrição, evolução e
prognóstico.
 Avaliação inicial- colheita de dados para elaboração do histórico,
sobretudo através da observação e entrevista
 Diagnósticos de enfermagem- elaborados tendo em conta as respostas
da pessoa, da fam“lia ou da comunidade aos problemas de
saúde/processos vitais, reais ou potenciais.
 Plano assistencial- objectivos de curto e médio prazo de acordo com a
perspectiva da pessoa, prioridades a n“vel global.
 Execução dos cuidados- autonomia, envolvimento da pessoa fam“lia e
meio.
 Avaliação dos cuidados prestados- evolução e prognóstico.

Na área de enfermagem de saúde mental e psiquiátrica surgem como


principais elementos para a aplicação do processo de enfermagem:

109
A RELAÇÃO TERAPÊUTICA

 Saber Ser
 Saber Estar
 Saber Fazer

Respeito pela Pessoa, pelas suas capacidades e potencial

A ENTREVISTA

A entrevista num contexto de cuidados - É uma conversa de caracter


profissional entre uma pessoa que ajuda e uma pessoa que tem necessidade
de ajuda.

Nem todos os contactos entre pessoa e o enfermeiro são entrevistas de


enfermagem

A entrevista em cuidados de enfermagem é uma permuta entre o enfermeiro e


a pessoa de quem ele cuida ou a sua fam“lia e para a qual elabora objectivos
particulares relativos à colheita de informações, ao suporte psicológico e à
resolução de certos problemas.

Em Psiquiatria, a entrevista de enfermagem deve ir muito mais longe do que a


simples permuta. Ela serve para avaliar o doente e propor-lhe meios
suscept“veis de o ajudar a melhorar a sua condição.

OBJECTIVOS da entrevista:

 Colheita de informação
 Transmissão de informação ou ensino
 Suporte psicológico
 Resolução de problemas e de crise.
 Modificação de certos comportamentos.

110
Factores que influenciam a entrevista e a sua duração:

 Relacionados com a pessoa : estado, capacidade, n“vel de


compreensão, motivação.
 Relacionados com o enfermeiro : atitudes, competências,
disponibilidade, objectivo da entrevista.
 Relacionados com o ambiente : facilitador ou dificultador

Tipos de entrevista

Estruturada ou directiva: recolha de dados . Uso de grelhas ou escalas de


avaliação estandardizadas e perguntas fechadas.

Não directiva: mais usada para intervenção relacional, suporte emocional,


relação de ajuda, surge como uma conversa pela sua simplicidade e
naturalidade, Enfermeiro com experiência, questões abertas ou indirectas.

Semi directiva: grelha estruturada sendo a abordagem feita de forma informal,


o que permite à pessoa expressar-se livremente, é a mais utilizada.

Etapas da Entrevista:

1- Fase de preparação

 Preparação pessoal
 Recolha de informação prévia
 Objectivos da entrevista
 Tipo de entrevista
 Local da entrevista
 Meios de registo
 Questões éticas

111
2- Fase de Orientação.

 Acolhimento
 Apresentação pessoal
 Criação de um clima caloroso
 Posicionamento dos intervenientes
 Solicitação à pessoa
 Clarificação dos papeis e objectivos.

3- Fase de Exploração.

 Escutar
 Questionar
 Aprofundar
 Analisar o comportamento e as palavras da pessoa
 Interpretar o que é dito e observado
 Clarificar e validar as suas percepções e as da pessoa
 Identificar claramente o problema
 Fazer emergir pistas de soluções

AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA DE ENFERMAGEM

A avaliação do doente psiquiátrico. Consiste na abordagem da sua história bio-


psico-social e do seu actual estado mental, através da observação e da
entrevista psiquiátrica.

A - Observação:

Ferramenta essencial na avaliação de enfermagem, deve ser utilizada na


procura de aspectos significativos f“sicos, comportamentais e emocionais.

B- História bio psicossocial

 Dados biográficos
 Motivo de internamento
 Evolução da doença
 História pessoal
 História familiar

112
 História do desenvolvimento
 História social
 Cultura/ Valores
 Factores de stress

C - Estado mental

 Aparência e comportamento
 Mimica e expressão
 Contacto e linguagem
 N“vel de consciência e orientação
 Emoções. Humor e Afecto
 Conteúdo do pensamento
 Processo do pensamento
 Percepção
 Controle dos impulsos
 Memória
 Introspecção/ julgamento
 Decisão

D - Estado F“sico

 Dados fisiológicos
 Capacidade funcional

E - Medicação

F - Necessidade de conhecimentos

G - Efeito da actual situação na sua vida pessoal, familiar , profissional,


relacional.

H - Capacidade de adaptação

I recursos

113
4- Fase de Conclusão:

 Olhar retrospectivo sobre o que foi falado, os objectivos alcançados , a


avaliação geral da entrevista.
 Valorização da pessoa pelo seu envolvimento
 Preparação do próximo momento conforme a necessidade.

TECNICAS DA ENTREVISTA

 Ser capaz de manter o silencio e a atenção


 Comunicação não verbal
 Palavras encorajadoras
 Permitir que o doente fale da sua queixa principal
 Resumir o conteúdo e sentimentos expressados
 Colocar questões para clarificação.

Exemplos de frases que mostram à pessoa que estamos à escuta:

 Parece-me que esta situação o perturba…


 Ao ouvi-lo tenho a impressão que…
 Tenho a impressão que se sente visada por…
 Parece que isto não é exactamente…
 Sinto que…
 O que diz leva-me a dizer que…
 Apercebo-me que…
 Sente que…
 Segundo o seu ponto de vista…
 Parece que…
 Pela sua experiencia passada…
 Crê que…
 Diz-me que…mas o que ouço é…
 Tem a impressão que…

114
Exemplos de frases que permitem clarificar as percepções:

 Sou levada a pensar que….será que me engano?


 Tenho a impressão de que… é poss“vel?
 Diga-me se me engano, se disser que…
 Correndo o risco de me enganar, diria que…O que pensa disto?
 Não queria interpretá-lo mal, mas disse-me mesmo que ?
 Pergunto-me se compreendi bem , se disser que…
 Em suma, se bem compreendi, a situação apresenta-se desta maneira…
 Corrija-me se estiver enganado, mas parece-me ter compreendido que
 Concluo disso que…É exactamente isso?
 É poss“vel que …
 Parece sentir…
 É bem isto que quer dizer/ que sente?
 Vamos ver se compreendo bem, você o senhor/a…

É preciso evitar colocar demasiadas questões. A conversação deve ser


calorosa e desenrolar-se em clima de confiança.

Os interlocutores devem interessar-se mais pela qualidade das informações e


pelo que se passa entre eles , do que pela eficácia da entrevista.

As questões colocadas devem ser pertinentes. Devem debruçar-se sobre as


preocupações e interesses do doente e decorrer do assunto em curso na
conversação ou do que é importante falar. Devem reflectir a nossa
preocupação do que vive a pessoa e não lhe serem estranhas.

Tipos de questões a evitar:

 As questões sucessivas sem pausas para as respostas.


 As questões que começam por porquê .
 As questões exploratórias demasiado numerosas.
 As questões de escolha múltipla.
 As questões que contém resposta.
 As questões indutivas e manipuladoras.
 As questões acusadoras.

115
Comportamentos a evitar:

 interromper a pessoa
 Dar-lhe conselhos ou propor soluções rápidas.
 Não ter em conta as emoções manifestadas
 Tranquilizar , levianamente a pessoa utilizando frases estereotipadas
como não se inquiete, tudo há-de passar .
 Mudar o tema da conversa para evitar assuntos dolorosos ou delicados.
 Fazer julgamentos ou ju“zos morais.
 Discutir com a pessoa, criticá-la, procurar ter razão.
 Adoptar comportamentos defensivos.

Avaliação global do comportamento do enfermeiro

 A postura e as atitudes corporais são adequadas e em relação com a


situação.
 Os gestos são expressivos.
 A distancia conservada entre enfermeiro e a pessoa é apropriada à
situação.
 O contacto visual demonstra a atenção do enfermeiro e a sua vontade
de escuta.
 A expressão facial do enfermeiro é aberta e mostra boa capacidade de
gerir as suas emoções
 A voz do enfermeiro é agradável e convincente.
 A respiração é bem controlada pelo enfermeiro.
 O silencio é bem tolerado e utilizado enquanto meio de comunicação.
 A aparência geral do enfermeiro é cuidada.
 O toque é utilizado de maneira pertinente.
 O comportamento é adequado. O enfermeiro preocupa-se com a
pessoa e não se interessa por outra coisa enquanto fala com ela.

116
117
CATEGORIAS DO EXAME DO ESTADO MENTAL
DESCRIÇÃO GERAL

 Aparência
 Fala
 Actividade Motora
 Interacção durante a entrevista

ESTADO EMOCIONAL

 Humor
 Afecto

EXPERIÊNCIAS

 Percepções

PENSAMENTO

 Conteúdo do pensamento
 Processo do pensamento

118
SENSÓRIO E COGNIÇÃO

 N“vel de consciência
 Memória
 N“vel de concentração e calculo
 Informações e inteligência
 Julgamento
 Insight

APARÊNCIA

 Idade aparente
 Modo de vestir-se
 Higiene
 Postura
 Marcha
 Expressões faciais
 Contacto visual
 Dilatação/contracção das pupilas
 Estado geral de saúde e nutrição

DADOS GERAIS

 Pupilas dilatadas ( midr“ase) ocasionalmente estão associadas a


intoxicação por drogas, enquanto que as pupilas contra“das ( mióticas)
podem indicar dependência de narcóticos.
 A postura inclinada para a frente é observada com frequência na
depressão.
 Os pacientes man“acos podem vestir-se com cores berrantes e roupas
incomuns

119
FALA/LINGUAGEM

 A fala é geralmente descrita em termos de débito, volume e


caracter“sticas
 O débito é a velocidade, que pode ser lento ou rápido
 O volume pode ser descrito em alto ou baixo
 Quantidade: escassez; mutismo ou fala pressionada
 Caracter“sticas: gaguez; fala arrastada ou sotaques incomuns

DADOS GERAIS:

As perturbações da fala são causadas , com frequência por lesões cerebrais.


Fala arrastada e indistinta aparece em doentes intoxicados. Os pacientes
man“acos frequentemente apresentam verborreia e os depressivos relutância
em falar

ACTIVIDADE MOTORA

A Actividade motora diz respeito ao movimento f“sico do doente

A enfermeira deve registar os seguintes itens:

 N“vel de actividade: Letárgico, tenso, inquieto ou agitado


 Tipo de actividade: Tiques , trejeitos faciais ou tremores
 Gestos incomuns , maneirismos, ou compulsões

DADOS GERAIS:

Movimentos corporais excessivos podem estar associados com ansiedade,


com mania ou abuso de estimulantes. Uma actividade corporal reduzida pode
sugerir depressão, causas orgânicas, esquizofrenia catatónica ou estupor
induzido por drogas.Tiques e trejeitos faciais podem sugerir efeitos colaterais
da medicação

Movimentos repetidos ou compulsões podem indicar transtornos obsessivo-


compulsivo. Sacudir poeira invis“vel de um modo repetitivo está
ocasionalmente associado a delirium ou condições tóxicas

120
INTERAÇÃO DURANTE A ENTREVISTA

A interacção descreve como o paciente se relaciona durante a entrevista.

Uma vez que esta parte da observação se baseia muito na subjectividade


emocional do enfermeiro, este deve acautelar-se com as interpretações
exageradas, incorrectas ou com ju“zos de valor, motivadas por diferenças
sociais ou culturais

O paciente está hostil, relutante em cooperar, irritável, apático, desconfiado ou


sedutor?

DADOS GERAIS:

As suspeitas podem ser manifestações de paranóia, assim como a irritabilidade


poderá sugerir um transtorno de ansiedade.

HUMOR

O humor envolve o relato do paciente sobre o seu estado emocional


preponderante e reflecte sua situação de vida.

O humor pode ser avaliado a partir de uma simples pergunta, Como se sente
hoje?

DADOS GERAIS:

A maioria das pessoas com depressão descreve sentimentos de falta de


esperança, 25% dos deprimidos tem ideação suicida, sendo esta comum nos
transtornos de ansiedade e esquizofrenia . A excitação é mais comum na
mania.

AFECTO

O afecto é o tom emocional vis“vel do paciente. As emoções declaradas pelo


paciente e as respostas empáticas do enfermeiro dão uma ideia da adequação
do afecto.

121
O afecto pode ser descrito de acordo com os seguintes itens

 Amplitude
 Duração
 Intensidade
 Adequação

DADOS GERAIS:

O paciente narra eventos importantes da sua vida sem quaisquer respostas


emocionais, indicando embotamento afectivo?

A resposta do paciente parece restrita ou atenuada?

Mostra instabilidade mudando rapidamente de um afecto para outro?

A resposta emocional é incongruente com o conteúdo do discurso?

O afecto instável é visto com frequência na mania, e um afecto embotado e


incongruente aparece com frequência na esquizofrenia

PERCEPÇÕES

Existem dois tipos de problemas de percepção, alucinações e ilusões,

As alucinações são definidas como falsas impressões ou experiências


sensoriais. As ilusões são falsas percepções ou respostas falsas a um est“mulo
sensorial

Ilusão : percepção ou interpretação errónea de est“mulos externos reais

As alucinações podem ocorrer em qualquer dos cinco sentidos. As alucinações


auditivas são as mais comuns e surgem na esquizofrenia. As alucinações
visuais podem sugerir causa orgânica, tácteis transtorno mental orgânico,
abuso de coca“na e tremores do delirium.

122
CONTEÚDOS DO PENSAMENTO

 Este é o significado espec“fico expresso na comunicação do doente


refere-se á substância do pensamento
 É necessário muito tacto para a exploração desta área
 Será que o paciente tem pensamentos recorrentes e persistentes?
 Tem medo de certos objectos , ou de situações ,preocupa-se

excessivamente com o corpo e os temas ligados á saúde?

 Já teve o sentimento de que as coisa parecem estranhas ou irreais?

 Já se sentiu fora do próprio corpo?

 Sente que os outros o isolam?

 Acha que o vigiam e comentam o seu comportamento?

 Acha que os pensamentos e acções são controlados por pessoas ou

forças estranhas?

 Afirma ter poderes especiais ou acredita que outros lêem a sua mente?

 Durante esta parte da entrevista é importante que o enfermeiro obtenha

informações sem contestar as crenças do paciente.

 Obsessões e fobias são transtornos associados a transtornos da

ansiedade.

 Del“rios, despersonalização e ideias de referência sugerem

esquizofrenia e outros transtornos psicóticos.

 Delirium: S“ndrome cerebral agudo; desencadeamento rápido de

diminuição das capacidades cognitivas, como a perda de memória e a

desorientação

123
PROCESSO DO PENSAMENTO

 O processo do pensamento diz respeito ao modo como o paciente se


expressa e é observado através do seu discurso. Os padrões ou formas
de verbalização são observados, em vez do seu conteúdo.
 O pensamento do paciente avança de um modo sistemático, organizado
e lógico?
 Expressa-se de forma clara?
 Muda de assunto com facilidade?
 O pensamento circunstancial pode ser um sinal de defesa ou de

pensamento paranóide.

 As associações desconexas e os neologismos sugerem esquizofrenia ou

outras psicoses.

 A fuga de ideias sugere mania.

 A perseveração está associada a lesão cerebral e transtornos psicóticos.

 A salada de palavras representa o n“vel mais alto de desorganização do

pensamento.

NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

Vários podem ser os termos utilizados para descrever o n“vel de consciência de


um paciente; confuso, sedado, estuporoso.

Dever-se-á questionar o paciente auto e alopsiquicamente

MEMÓRIA

N“vel de concentração e cálculos

A concentração é a capacidade do paciente de prestar atenção no decorrer de


entrevista.

Muitas doenças psiquiátricas comprometem a capacidade de concentração e a


realização de cálculos simples.

124
É particularmente importante diferenciar entre um transtorno mental orgânico, a
ansiedade e a depressão.

JULGAMENTO

Envolve decisões construtivas e adaptadas e envolve a capacidade de


compreender factos e relacioná-los entre si.

O julgamento está prejudicado nos transtornos mentais orgânicos,


esquizofrenia, psicóticos, nas intoxicações, e oligofrenias.

Podendo também estar prejudicado em pacientes man“acos ou transtornos da


personalidade

INSGHT

O insight é a capacidade do paciente compreender a natureza do seu problema


ou doença.

O insight encontra-se comprometido em muitas doenças psicóticas, incluindo


transtorno mental orgânico, abuso de substâncias, transtornos alimentares,
personalidade e Q.I. Baixo

O facto de o paciente não ver necessidade de se tratar afecta também a


aliança terapêutica, o estabelecimento de objectivos conjuntos, a
implementação do plano de tratamento e sua futura adesão.

COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA
Técnicas

• Técnicas verbais e não-verbais do cuidador que se foca nas


necessidades do individuo a quem é prestado o cuidado e que aceleram a
promoção de cura e de mudanças.

• A comunicação terapêutica encoraja a exploração de sentimentos e


fomenta o entendimento da motivação comportamental. Não é cr“tico,
desencoraja a atitude defensiva e promove a confiança.

125
Técnica Explicação/Análise Exemplo
Racional

Silêncio Dá ao cliente a oportunidade …


de juntar e organizar
pensamentos, de pensar em
algo ou de considerar
introduzir um tópico de
maior preocupação que
aquele que está a ser
debatido

Aceitação Transmite uma atitude de si àe te doàoà ueàdisse à(à


recepção e consideração contacto visual, acenar)

Reconhecimento Reconhecimento e indicação Ol à“ .àL.àvià ueàfezàu à


de percepção consciente; cinzeiro na terapia
melhor que elogiar; que o upa io al
reflecte a opinião do
enfermeiro vià ueàfezàaàsuaà a a

Oferecer-se a si (offering Mostrar-se disponível Euàfi oàu àpou oà o sigo


self) incondicionalmente-
aumenta o sentimento de pode osàal oça àju tos
amor-próprio do cliente ue oàsa e àdeàsià

Abertura Permite ao cliente tomar so eàoàque gostaria de falar


iniciativa e introduzir o hojeà?
tópico, enfatiza a
diga-me no que está a
importância do papel do
cliente na interacção pe sa

Reforçar Pistas Oferece ao cliente si ,àe te do,à o ti ue


encorajamento para
continuar eàdepois?à

Localizar um evento no Clarifica no tempo os eventos àOà ueàfezàleva àaàissoà?


tempo ou sequência da relação para que cliente e
enfermeiro possam vê-los em Issoàfoiàa tesàouàdepois?
perspectiva ua doà à ueàa o te eu?à

Fazer observações Verbalizar o que é observado àPa e e- eàte so


ou entendido. Isto encoraja o
cliente a reconhecer epa eià ueàa daà uitoàdeà
comportamentos específicos u àladoàpa aàoàout o
e a comparar percepções pa e e-me desconfortável

126
com o enfermeiro ua do…

Encorajar a descrição de Pedir ao cliente para diga-me o que se está a


percepções verbalizar o que é entendido; passa àago a…
frequentemente utilizado em
est à ova e teàaàouvi à
clientes que tem alucinações
vozes?à

àoà ueàdize àasàvozes?

Encorajar a comparação Pedir ao cliente para Istoàfoià o o…


comparar semelhanças e
diferenças em ideias,
experiencias ou relações E à ueà à ueàissoàseà
interpessoais: Isto ajuda o o pa aà aàaltu aàe à ue?
cliente a reconhecer
experiencias de vida que
tendem a ser recorrentes,
Qualàfoiàaàsuaà espostaààdaà
assim como aspectos da vida
última vez que esta situação
que são alteráveis.
o o euà?

Repetição A ideia principal do que o C:à à ãoà o sigoàestuda ,àaà


cliente disse é repetida, dá a minha mente continua às
entender ao cliente se algo voltas
que foi dito foi entendido e
dá-lhe a hipótese de E:à te àdifi uldadeàe à
continuar ou clarificar se concentrar-se
necessário C: àNãoàpossoàa eita àoà ovoà
trabalho: E se não conseguir
fazê-lo?à

E: Te à edoàdeàfalha à estaà
ovoà a go

Reflexão Questões e sentimentos são C.à oà ueàa haà ueàdeviaà


relembrados ao cliente para fazer em relação ao
que possam ser reconhecidos problema da minha mulher
e aceites, e para que o cliente o àoà l ool?
possa reconhecer em que o
seu ponto de vista tem valor
_ uma boa técnica para E:à àoà ueàa haà ueàdeviaà
utilizar quando o cliente pede faze ?à
conselhos ao enfermeiro

C:à áà i haài ãà ãoàajudaà

127
em nada com o problema da
minha mãe. Tenho de fazer
tudoàsozi ho.

E:à sente-se zangado por ela


ãoàajuda

Focalização Fazer notar cada ideia ou Parece-me interessante


cada palavra, funciona focarmo-nos neste ponto
especialmente bem com um com mais atenção. Talvez o
cliente que passa possa osàdis uti àju tos.
rapidamente de um
pensamento para outro.

No entanto esta técnica não


será terapêutica com um
cliente ansioso. Não deve ser
utilizada até o nível de
ansiedade estar diminuído.

Exploração Explorar um assunto, ideia, Po àfavo àexpli ue-me a


experiência ou relação; situação mais
especialmente útil com detalhada e te
clientes que tem tendência a
manter-se a um nível
superficial de comunicação. fale-me mais desta situação
No entanto, se o cliente e àpa ti ula
optar por não dar mais
informações, o enfermeiro
deve evitar forçar uma área
que obviamente é de
desconforto.

Clarificação e Validação Tentar explicar o que é vago Nãoàseiàseàe te di;àPodeà


ou incompreensível e expli a àpo àfavo
procurar o entendimento
mútuo: Clarificar o
significado do que foi dito Diga-me se o meu
facilita e aumenta o entendimento é o mesmo
entendimento tanto para o ueàoàseu
cliente como para o
enfermeiro.

pe e ià e àoà ueàdisse?

128
Apresentar a Realidade Quando o cliente tem uma E te doà ueàasàvozesàlhe
percepção errada do pareçam reais, mas eu não as
ambiente, o enfermeiro oiço
define a realidade ou indica
ao cliente a sua percepção da
situação. Nãoàh à aisà i gu à aà
salaàpa aàal àdeà ós

Expressão de dúvida Expressar incerteza em - eàdifí ilàa edita


relação á realidade das
percepções do cliente;
frequentemente utilizado pa e e- eàduvidoso
com clientes que
experienciam pensamentos
delirantes
àe te doà ueàpossaàa ha à
que isto é verdade, mas eu
vejo a situação de modo
dife e te

Verbalização do implícito Verbalizar o que o cliente C:à àÉàu aàpe daàdeàte poà
disse indirectamente ou estar aqui. Não posso falar
deixou implícito; pode o sigoà e à o à i gu
também ser utilizado com o
cliente que não fala ou que E:à à“e teà ueà i gu àaà
experiencia problemas e te de’
comunicação verbal: Isto C. (silêncio)
clarifica o que está implícito e
não explícito. E: Deveàte àsidoàdifí ilàpa aàsià
quando o seu marido morreu
oài dio

Descodificação de Quando são exprimidos C:à a doà àde iva


sentimentos sentimentos indirectamente,
o enfermeiro tenta traduzir o E: deveàse ti -se muito só
que foi dito e encontrar esteà o e to
pistas para os verdadeiros
sentimentos implícitos

129
Formular um plano de Quando um cliente tem um Oà ueàpode iaàfaze àpa aà
acção plano em mente para lidar soltar a sua raiva de modo
com o que considera uma i ofe sivo?
situação stressante, este
pode servir para evitar que a
raiva ou ansiedade Daàp óxi aàvezà ueàissoà
aumentem para um nível surgir, o que pode fazer para
impossível de gerir. lida à elho à o àisso?

PONTOS-CHAVE:

• A comunicação interpessoal é uma interacção entre emissor e receptor.

• Em todas as interacções interpessoais, tanto o emissor como o receptor


trazem determinadas condições pré existentes à troca, que influenciam a
mensagem transmitida e o modo como é interpretada.

• Exemplos dessas condições pré existentes incluem o sistema de valores


de um individuo, atitudes e crenças interiorizadas, cultura ou religião, estatuto
social, género, conhecimentos e experiências, idade ou n“vel de
desenvolvimento e o tipo de ambiente no qual a comunicação tem lugar.

• A expressão não-verbal é um sistema de comunicação primária na qual


é dado significado a vários gestos e padrões de comportamento.

• Alguns componentes da comunicação não-verbal incluem a aparência


f“sica e o vestuário, movimento corporal e postura, toque, expressão facial,
comportamento visual e sinais vocais ou para linguagem.

• O significado dos componentes não-verbais da comunicação é


determinado culturalmente.

• A comunicação terapêutica inclui técnicas verbais e não-verbais, que se


focam nas necessidades do receptor dos cuidados e favorecem a promoção da
cura e mudança.

130
• Os enfermeiros devem também evitar e estar cientes de diversos
aspectos que são considerados barreiras a uma comunicação eficaz.

• Escuta activa é descrita como estar atento ao que o cliente diz, através
de sinais verbais e não-verbais. As capacidades associadas à escuta activa
incluem sentar-se de frente para o cliente, observar uma postura aberta,
inclinar-se para a frente (cliente), estabelecer contacto visual e estar relaxado.

• O feedback é um método de comunicação para ajudar o cliente a


considerar uma modificação de comportamento.

• O enfermeiro deve estar ciente do valor terapêutico e não terapêutico


das técnicas de comunicação utilizadas com o cliente, uma vez que são as
ferramentas de uma intervenção psicossocial.

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