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ANÁLISE DE ACESSIBILIDADE DE ACORDO COM

NBR9050/2020 EM PRONTOS ATENDIMENTOS DE


SAÚDE – PAS NO MUNICÍPIO DE JAÚ/SP
AUTOR – GUILHERME PINTO DE MELO – guilherme.melo.de@gmail.com
PROFESSOR ORIENTADOR – CRISTIANO SANCHEZ JÚNIOR –
csjcontatoengenharia@gmail.com
FACULDADE GRAN TIETÊ

RESUMO: O presente estudo teve por objetivo discutir sobre as condições de acessibilidade
apresentadas nos prédios públicos, em particular junto aos Prontos Atendimentos em Saúde
(PAS) da cidade de Jaú, enfatizando a importância que a arquitetura voltada a acessibilidade e
inclusão, norteada pela NBR 9050/2020, apresenta junto a construção da autonomia do
indivíduo com mobilidade reduzida, fomentando ações que os integrem com efetividade junto
ao meio social e resgatem sua dignidade humana. Para compor o estudo foram empregados os
recursos inerentes a revisão bibliografia e o estudo de caso. Os resultados encontrados durante
o período de observação deram conta de que poucos elementos apresentavam consonância com
as exigências da norma técnica, o que remete a necessidade de uma revisão nos desenhos dos
mobiliários urbanos de uso coletivo, bem como uma maior atenção do poder público, quanto as
necessidade desse público alvo.

PALAVRAS-CHAVE: Acessibilidade física; Pessoas com Mobilidade Reduzida; Estruturas


de Saúde (PAS); NBR 9050/2020.

ABSTRACT: The present study aimed to discuss the accessibility conditions presented in
public buildings, in particular with the Emergency Health Care (PAS) of the city of Jaú,
emphasizing the importance that architecture focused on accessibility and inclusion, based on
NBR 9050, presents together the construction of the autonomy of the individual with reduced
mobility, promoting actions that integrate them effectively with the social environment and
rescue their human dignity. To make up the study, the resources inherent to the bibliography
review and the case study were used. The results found during the observation period showed
that few elements were in line with the requirements of the technical standard, which refers to
the need for a review of the designs of urban furniture for collective use, as well as greater
attention from the public authorities, regarding the needs of this target audience.

KEYWORDS: Physical accessibility; People with Reduced Mobility; Health Structures (SBP);
NBR 9050/2020.

1. INTRODUÇÃO

A rotina de um indivíduo deficiente é circundada por uma infinidade de dilemas,


exclusões e hostilidades, que surgem na primeira infância, quando a própria família revolta-se
com o contexto da deficiência ou com as limitações do ente querido, e segue por toda vida
adulta, imputando-lhes geralmente o favorecimento filantrópico ou de terceiros, promovendo
mais sofrimentos (NASCIMENTO, 2011).
O sentimento de impotência intensifica-se no cotidiano da vida do deficiente,
considerando que as barreiras sociais e ambientais aumentam, traduzindo-se como um cativeiro,
privando-os de suas próprias necessidades básicas (NASCIMENTO et al., 2011).
A Constituição Federal do Brasil, trás em seu Artigo 5º, no item XV a consideração de
que todo cidadão tem o direito de locomoção no território nacional, livremente, podendo entrar
e sair do território nacional, com seus bens, livremente, fomentando a condição de igualdade
de direitos para todos os cidadãos brasileiros, incluindo os deficientes (NASCIMENTO et al.,
2011).
Entretanto, esse direito nem sempre é respeitado, principalmente no tocante aos
cidadãos deficientes, visto que frequentemente são apresentadas situações em que os referidos
indivíduos se veem impossibilitados de exercer suas atividades comuns, principalmente os
direitos de ir e vir. Essa afirmativa corrobora com a necessidade da utilização de equipamentos
que melhorem o convívio social, reduzindo as barreiras físicas (PAGLIUCA; ARAGÃO;
ALMEIDA, 2014).
Dentro desse contexto, faz-se passível considerar que grande parte dos ambientes de uso
coletivo, construídos ou não, apresentam barreiras visíveis e invisíveis. As barreiras visíveis
correspondem aos impedimentos concretos, relacionados à falta de acessibilidade dos espaços,
já os invisíveis, estão relacionados a forma como as pessoas são vistas pela sociedade, uma vez
que geralmente são classificadas em razão de sua deficiência em detrimento de suas
potencialidades (VASCONCELOS; PAGLIUCA, 2013).
Com o intuito de suprimir tais desajustes ambientais, foi criada a NBR 9050, para
proporcionar a maior quantidade de pessoas possível, independente da idade, estatura ou
limitações de mobilidade ou percepção, a utilização, com autonomia e segurança, do ambiente,
imóveis, mobiliário, equipamentos urbanos e demais elementos (ABNT, 2020).
Entretanto, mesmo com o amparo da legislação, o processo de adesão às normas de
acessibilidade em locais públicos evolui lentamente, principalmente no contexto das estruturas
mais antigas e do patrimônio cultural, onde o contexto acessibilidade esbarra na modernidade
(SANTOS, 2013).
Destaca-se ainda, que mesmo as construções mais recentes, projetadas para abrigar
órgãos públicos, tais como as Unidades Básicas de Saúde (UBS), apresentam condições
insatisfatórias de acesso livre para seus usuários, sendo frequentemente, alvo de queixas e
debates (SANTOS, 2013).
Grande parte das UBS espalhadas pelo país apresentam dificuldades institucionais para
adaptarem suas estruturas, as quais nem sempre estão adequadas para abarcar os deficientes,
muitas vezes em razão da utilização de edificações impróprias ou adaptadas (CARNEIRO;
DUARTE; MARQUES, 2017).
Considerando as barreiras arquitetônicas, grande parte dos prédios de UBS encontra-se
inadequado para o acesso dos deficientes. A falta de rampas alternativas para assegurar o acesso
das pessoas, a falta de corrimão, os banheiros sem portas de acesso para os cadeirantes ou ainda
com espaço insuficiente para manobras de cadeiras de rodas dificultam significativamente a
frequência desses espaços coletivos pelos deficientes (SIQUEIRA et al., 2016).
Em razão da falta de critérios para definição de estruturas necessárias para atender os
usuários dos PAS, os deficientes se deparam com inúmeros obstáculos, prejudicando o uso dos
recursos ofertados por estas entidades, piorando seus quadros de saúde ou de desenvolvimento
de habilidades físicas-motoras ou psicológicas (SIQUEIRA et al., 2016).
Para o deficiente, ter a liberdade de experimentar o deslocamento livre de barreiras,
facilita a promoção de uma vida mais saudável, melhorando sua percepção corporal, reforçando
sua auto-estima, melhorando a sensação de pertencimento social. Esses benefícios abarcados
por meio da influência da mudança do ambiente e do comportamento dos serviços se refletem,
de modo geral, nas relações de trabalho, na vida afetiva e social (NOCE; SIMIM; MELO,
2018).
Frente a tais considerações, o presente estudo teve por intuito discutir as condições de
acessibilidade dos prédios públicos, em particular dos Prontos Atendimentos em Saúde (PAS),
considerando a importância da acessibilidade arquitetônica para a inclusão social dos
deficientes, para incluir, com efetividade, esse segmento da sociedade, resgatando e
reafirmando sua condição cidadã, para que realmente sejam integrados.
Justificou-se a escolha pelo tema, visto que as barreiras e obstáculos existentes nas
cidades, em particular nos PAS, podem agravar a exclusão dos deficientes, prejudicando seu
relacionamento com o mundo exterior e a realização de suas atividades de rotina. Para tanto, o
objetivo do presente estudo esteve associado a verificação da acessibilidade dos deficientes, em
um PAS, visto que esses espaços são essenciais para a promoção da saúde da população em
geral.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Pessoas Deficientes e com Mobilidade Reduzida


Segundo apresentado na Lei Federal n°13.146, de 6 de julho de 2015, uma pessoa
deficiente é aquela que possui algum tipo de impedimento, podendo ser de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, que em consonância com outras barreiras, pode obstruir sua
participação efetiva na sociedade, de forma igualitária com os demais indivíduos (BRASIL,
2015).
A definição de indivíduo deficiente não pode ser caracterizado apenas como alguém que
apresenta falta de visão, audição, locomoção ou baixo repertório intelectual, mas sim frente a
amplitude de contextos, visto que igualmente existem aqueles que apresentam dificuldades para
se movimentarem, de forma temporária ou permanentes, sendo considerados pessoas com
mobilidade reduzida (COHEN; DUARTE; BRASILEIRO, 2012).
Sob essa consideração, existem pessoas que enfrentam problemas com o ambiente, mas
que não possuem deficiência, por exemplo, pessoas com mobilidade reduzida e que enfrentam
problemas no acesso e na utilização dos ambientes construídos (CAMBIAGHI, 2016).
Sob esse contexto, a Lei Federal n°13.146, considera pessoas com mobilidade reduzida
aquelas que não se enquadram no conceito de deficiente, mas que tenham por diversos motivos,
dificuldades para se movimentarem, temporária ou permanentemente, tendo sua mobilidade
reduzida, bem como a flexibilidade, coordenação motora e percepção, abarcando nesse
segmento os idosos, obesos, gestantes, acidentados e outros (BRASIL, 2015).
Segundo a NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a pessoa
com mobilidade reduzida é aquela que, temporária ou permanentemente, tem limitada sua
capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo (ABNT, 2020)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a deficiência faz parte da condição
humana, considerando que ao longo da vida todas as pessoas apresentarão algum tipo de
deficiência, temporária ou permanente, bem como o envelhecimento corroborará para o
surgimento de restrições de mobilidade ou físicas (OMS, 2018).
Essas considerações apontam para a necessidade de serem produzidas condições
efetivas que corroborem com a participação plena e efetiva da vida em sociedade, em todas as
fases da vida, agregando benefícios tanto para os deficientes quanto para os idosos, bem como
para a sociedade em sua totalidade (PAGLIUCA; ARAGÃO; ALMEIDA, 2014).
Pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida encontram diversos obstáculos
que dificultam ou mesmo impedem sua locomoção e seu acesso a espaços urbanos, sendo
consideradas barreiras físicas (arquitetônicas), comumente encontradas nas edificações,
principalmente as públicas (SARRAF, 2012).
Alguns exemplos de barreiras físicas (arquitetônicas) encontradas nas edificações são:
escadas como único acesso aos locais com grandes desníveis ou com dois ou mais pavimentos;
inexistência de rampas de acesso; rampas com inclinação muito acima das recomendadas;
portas e corredores de circulação estreitos que não favorecem passagens ou manobras;
inexistência de banheiros acessíveis; balcões de atendimento com altura inadequada,
geralmente muito alta; pavimentação inadequada (deslizante, irregular ou danificada) que
provoca trepidação e perigo para os cadeirantes (SARRAF, 2012).
Essas barreiras existem em razão de não ter sido empregado o conceito de desenho
universal no momento da elaboração do projeto e da construção desses espaços, e essa condição
caracteriza a importância do desenho universal na relação com a questão da inclusão de pessoas
com deficiência e a possibilidade de eliminação de barreiras para fomentar a verdadeira
acessibilidade (CARLETTO; CAMBIAGHI, 2014).
Felizmente, ao longo dos anos, algumas atitudes foram desenvolvidas com o intuito de
reduzir as barreiras físicas que impedem a inclusão dos deficientes, inferindo tratamentos mais
efetivos, na arquitetura pública (PAGLIUCA; ARAGÃO; ALMEIDA, 2014).
Segundo o último senso realizado no Brasil, existiam cerca de 45,6 milhões de pessoas
com alguma deficiência, ou seja, 23,9% da população nacional alegou ter dificuldades mental,
auditiva, visual ou motora. Dados comparativos dão conta de que entre os anos de 2000 e 2010
a porcentagem de indivíduos deficientes subiu de 14,5% para 23,9;%, considerando inclusive
um crescimento de 30,7% da população idosa, com mais de 65 anos. (OLIVEIRA, 2016).
O autor reforça que a tendência aponta que o segmento de pessoas deficientes será
composto, em boa parte, por indivíduos idosos, considerando as perdas funcionais do corpo e
o processo de envelhecimento da população brasileira. Esses dados comprovam o significativo
número de pessoas que enfrentam, diariamente, inúmeros desafios para a realização de suas
atividades rotineiras, nas cidades, apontando a questão de terem seus direitos constitucionais
desrespeitados, fomentando a urgência de adaptações junto aos edifícios e espaços públicos
para torna-los realmente acessíveis a todos (OLIVEIRA, 2016).

2.2 Acessibilidade e Arquitetura


De acordo com Cohen, Duarte e Brasileiro (2012), o contexto da acessibilidade está
diretamente relacionado à arquitetura, visto que os espaços acessíveis corroboram para a
equiparação de oportunidades, favorecendo o acesso efetivo à cidadania. Paralelamente, a
acessibilidade começa no desenvolvimento do projeto, o qual é fomentado por arquitetos e
engenheiros, seguidos das ações de construção ou reforma, findando na emissão de certidões e
na fiscalização da obra.
A Lei Federal n°13.146, de 6 de julho de 2015 caracteriza a acessibilidade como sendo
o conjunto de possibilidades e condições de alcance para utilização, com segurança e
autonomia, dos espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes,
informação e comunicação, incluindo seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços
e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona
urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. (BRASIL,
2015).
Posteriormente, o conceito de acessibilidade ampliou-se e passou a nortear, além do
espaço físico, o sistema de transporte e os meios de comunicação, sendo compreendido como
um processo destinado a assegurar igualdade de oportunidades e plena participação dos
deficientes ou indivíduos com mobilidade reduzida, em todas as esferas da sociedade (BRASIL,
2015).
Com isso, a acessibilidade física e espacial, abarca bem mais do que um local desejado
ou adaptado, ela fomenta a construção de locais capazes de permitir aos seus usuários a
compreensão das funções de destino, das organizações e das relações espaciais, bem como da
participação integral das ações desenvolvidas no espaço, com segurança, conforto e autonomia.
Para tanto, é imprescindível que o espaço cumpra com os requisitos básicos, capazes de atender
as diferentes necessidades de seus usuários (DISCHINGER; ELY; PIARDI, 2015).
Segundo Sarraf (2012) a acessibilidade é uma forma de concepção de ambientes que
preconiza o uso coletivo, independente de suas limitações e sensoriais, que fora esboçada a
partir dos conceitos da inclusão social, visando agregar benefícios para melhoria da qualidade
de vida da população em geral, inferindo condições de autonomia e abertura de horizontes
pessoais.
A acessibilidade é fundamental para a inclusão social dos deficientes, estando em
consonância com a questão da cidadania, englobando tanto os aspectos físicos e arquitetônicos
quanto da vida em geral. Por conseguinte, Melo (2015) divide a acessibilidade em seis
categorias distintas: Arquitetônicas; Comunicacional; Metodológica; Instrumental;
Programática; Atitudinal.
De acordo com a NBR 9050, a promoção da acessibilidade está relacionada a remoção
das barreiras arquitetônicas, urbanística ou ambientais, que impedem a aproximação,
transferência ou circulação de indivíduos, estendendo-se a todos os cidadãos. Existem espaços
verdadeiramente acessíveis, enquanto a grande maioria segue apenas adaptável (ABNT, 2020).
Destacando os espaços projetados para o atendimento da diversidade cidadã, frente as
mais diferentes características, são aqueles construídos através dos moldes do Desenho
Universal, o qual objetivou exclusivamente, a promoção da inclusão. Vale ressaltar que um
espaço que recebe adaptações para a promoção da integração difere de um espaço
verdadeiramente acessível, uma vez que o primeiro é construído se considerações quanto as
necessidades da diversidade humana, enquanto o segundo visa corroborar com o acesso dos
indivíduos em suas mais diversas características e condições (CARLETTO; CAMBIAGHI,
2014).
Surge nesse contexto a ideia de desenho universal, o qual visa atender o maior contexto
possível de variações antropométricas e sensoriais da população, tendo por objetivo, atender
todo e qualquer indivíduo, tornando os espaços utilizáveis na amplitude de suas concepções e
necessidades (CARLETTO; CAMBIAGHI, 2014).
O desenho universal não é uma tecnologia direcionada apenas aos que dele necessitam,
mas sim desenhado para a totalidade dos cidadãos, evitando a necessidade ambiente e produtos
destinados exclusivamente para um segmento da população (os deficientes ou com mobilidade
reduzida) assegurando que todos possam fazer uso autônomo dos espaços e objetos construídos
(NOCE; SIMINI; MELO, 2018).
No desenho universal, Melo (2015) defende que não são criados produtos e serviços
apenas para deficientes, o que caracteriza uma discriminação, mas sim, produtos e serviços para
a coletividade, de forma ampla e abrangente. Paralelamente essa ferramenta arquitetônica
apresenta sete princípios básicos:
• O uso equitativo;
• O uso flexível;
• Design simplista e intuitivo;
• Apresentação de informações perceptíveis;
• Tolerância ao erro, com redução dos perigos e riscos;
• Baixo esforço físico;
• Tamanho e espaço para aproximação e uso consciente e facilitado;
Segundo Sassaki (2016), quando o desenho universal for empregado no cenário
mundial, como norma efetiva, os espaços e produtos, hoje adaptados, perderão sua referência,
caindo em desuso, reforçando o respeito e a inclusão em sua acepção mais real.

2.3 A Norma Brasileira ABNT – NBR 9050

De acordo com a NBR 9050 (2020) a acessibilidade está configurada no ato de conseguir
utilizar, com segurança e autonomia, as edificações, o espaço, o mobiliário e o equipamento
urbano.
Entretanto, Bolonhini Junior (2014) defende que esse conceito vai além da
conceituação, afirmando que a acessibilidade possibilita o acesso do portador de necessidade
especial, não apenas no contexto físico, mas igualmente ao desenvolvimento sadio de sua vida,
preconizando o respeito à cidadania e a dignidade humana.
O acesso ao espaço físico urbano precisa diretamente refletir o respeito à todo cidadão,
deficiente ou não, em consonância com as políticas públicas, corroborando com a construção
da cidadania. Cabe, portanto, a administração pública, atender as necessidades especiais dessas
pessoas, adaptando ruas e logradouros para fomentar sua locomoção, eliminando barreiras
arquitetônicas, adaptando locais de trabalho, de estudo ou de saúde (BOLONHINI JUNIOR,
2014).

3. MATERIAIS E METODOS

O referido estudo foi desenvolvido através da associação da Revisão Bibliográfica com


o estudo de caso. Abordando a Revisão Bibliográfica Gil (2012) defende que está é resultado
da busca por estudos publicados e pensados para suprir a necessidade de contextos que
defendam temas de relevância para o leitor.
Sob essa consideração este trabalho procurou discorrer sobre a questão do respeito a
acessibilidade junto aos PAS, fazendo valer os direitos Constitucionais e o respeito a cidadania
da totalidade da população, sem distinções ou exclusões.
As pesquisas foram realizadas junto a sites de pesquisa como SciELO e Google
Acadêmico, focando a temática da inclusão; arquitetura; acessibilidade; deficiências e Pronto
Atendimento a Saúde, selecionando temas que se aproximavam bastante dessa proposta.
Para caracterizar, dentro da realidade próxima, deu-se o estudo de caso onde foram
realizadas pesquisas observatórias junto aos PAS da cidade de Jaú, interior do Estado de São
Paulo, considerando destacar as ferramentas arquitetônicas voltadas a acessibilidade,
verificando se as mesmas atendem ou não as normas vigentes no país, discorrendo sobre
possíveis adaptações.
A figura 1 trouxe como referência os PAS observados e avaliados quanto as condições
de acessibilidade físicas para o acesso da população em geral.

Figura 1 – PAS instalados na cidade de Jaú – SP

Fo

Fonte: O autor (2022)

Para fomentar as pesquisas foram avaliados diversos pontos específicos (estruturas


físicas) que precisam ser avaliados segundo as normas ABNT-NBR 9050:2020, considerando
a tabela (2) abaixo, check list do autor:

Tabela 2 – Itens de acessibilidade observados e avaliados nos PAS de Jaú associados as


normas técnicas NBR 9050:2020.
ITEM DESCRIÇÃO ITEM DA NBR
9050/2020
1 Porta de 80cm 6.11.2.7 figura 84
2 Distância da parede após a abertura da porta de 1,5m 7.5 figura 97
3 Dimensão para o banheiro de lado a lado até o sanitário de
7.5 figura 97 ou 99
1,50x1,20
4 Lavatório com altura máxima de 80cm 7.5 figura 98
5 Largura do lavatório do eixo da torneira até a face externa da pia de
7.5 figura 98
50cm no máximo
6 Giro da cadeira de roda de 1,50m 7.5 figura 99
7 Altura máxima da bacia com assento de 46cm 7.7.2.1 figura 103
8 Barra nas laterais do sanitário com comprimento de 80cm 7.7.2.3.1 figura 105
9 Altura máxima do acionamento da válvula de descarga 1m no
7.7.3.1 figura 111
máximo
10 Duas barras verticais do lavatório com 50cm de eixo até a barra 7.8.1 figura 113
11 Barras nas laterais do lavatório com altura de 78 a 80cm 7.8 figura 114
12 Papeleira a 20cm do sanitário e 55cm acima do piso acabado 7.11.2 figura 123
13 Papeleira a rolo, 1m do chão acabado 7.11.2 figura 124

Após a análise dos itens apontados e comparação com as Normas NBR 9050/2020,
foram elaborados os resultados E discussões do presente estudo, apontando possíveis
inconsistências.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com a análise e conferência dos itens preconizados pelo estudo foi possível considerar
a existência de elementos em desacordo com as normas. Considerando que:
• As portas (item 1) em todas as unidades apresentaram resultados satisfatórios, ou seja,
na totalidade dos PAS avaliados elas estavam em acordo com as normas;

• A distância da parede após a abertura da porta, segundo a Norma técnica deveria ser de
1,5m (item 2), entretanto 66,66% dos PAS avaliados estavam em desacordo com as
normas técnicas;
• As dimensões previstas nas normas, para caracterizar os banheiros, deveria ser de lado
a lado até o sanitário de 1,50 x 1,20 m (item 3), entretanto, 66,66% das estruturas
avaliadas estavam desalinhadas, com medidas diferentes das exigidas;

• Considerando a instalação dos lavatórios (item 4), sendo o padrão estabelecido para
altura máxima igual a 80cm, todos os PAS estavam em consonância com as normas;
• De acordo com as Normas NBR 9050 a Largura do lavatório do eixo da torneira até a
face externa da pia deve ser de 50 cm no máximo (item 5), considerando a avaliação
dos PAS, todos estavam instalados corretamente;

• Analisando o item que referencia as medidas para assegurar as condições de giro da


cadeira de roda (item 6), a norma assegura que a medida necessária deve ser de 1,50 m,
porém em 83,33% dos PAS avaliados, essas medidas não foram atendidas;
• Sobre a atenção à norma que regulamenta a altura máxima da bacia com assento de
46cm (item 7), 16,67% dos PAS estão desalinhados, não atendendo as medidas
necessárias;

• A norma NBR 9050 estabelece a instalação de barras nas laterais do sanitário com
comprimento de 80 cm (item 8), entretanto, 33,33% dos PAS avaliados estão
irregulares;

• Considerando a altura máxima do acionamento da válvula de descarga, devendo estar


em 1m no máximo (item 9), segundo as normas técnicas, em 16,67% dos
estabelecimentos avaliados essa medida estava em desordem;

• Sobre a norma que caracteriza a existência de duas barras verticais do lavatório com 50
cm de eixo até a barra (item 10), e, 83,33% dos PAS avaliados, havia irregularidades
nessas medidas;
• Acerca da verificação das barras nas laterais do lavatório, as quais devem ter altura entre
78 a 80 cm (item 11), em 66,66% dos PAS foram verificadas irregularidades;
• Considerando as medidas de referência para a instalação da papeleira, as mesmas devem
ser de 20 cm do sanitário e 55 cm acima do piso acabado (item 12), entretanto em
83,33% dos estabelecimentos observados estavam irregulares;

• De acordo com a NBR 9050, a papeleira a rolo deveria ser instalada a 1m do chão
acabado (item 13), entretanto, em 83,33% dos PAS observados essa condição não foi
atendida.

Considerando a totalidade dos itens avaliados em cada unidade de saúde (PAS), deu-se
a elaboração dos gráficos à seguir, apresentando a porcentagem de adequações ou desacordos
em relação a NBR 9050/2020, por unidade analisada.

Figura 3 – Gráficos com as informações observadas nos PAS analisados.


PAS JARDIM ITAMARATY PAS JORGE ATALLA
ATENDE NÃO ATENDE ATENDE NÃO ATENDE

54% 46% 54% 46%

PAS SÃO BENEDITO PAS SANTA HELENA


ATENDE NÃO ATENDE ATENDE NÃO ATENDE

31%
54% 46%
69%

PAS PIRIS 1 PAS VILA NOVA JAÚ


ATENDE NÃO ATENDE ATENDE NÃO ATENDE

23% 23%

77% 77%

Considerando as informações coletadas foi possível verificar que a maioria dos PAS
avaliados não atende as normas exigidas pela NBR 9050/2020, o que prejudica as condições de
acessibilidade em um espaço que deveria estar plenamente em acordo com tais normas, visto
que em seus atendimentos contempla uma grande quantidade de pessoas que necessitam dessas
condições, sejam eles deficientes ou com mobilidade reduzida.
Ao serem avaliadas as dimensões físicas dos PAS referenciados, foi possível identificar
que não maioria deles, os cadeirantes ou os indivíduos com mobilidade reduzida são auto
impedidos de adentrar ou permanecer por longo tempo em alguns ambientes, como nos
banheiros. Paralelamente, esses indivíduos convivem com o estigma de serem vistos como
incapazes, indefesos, sem direitos, o que os desmotiva a buscar por saúde, ampliando as
barreiras ao acesso aos serviços de saúde.
É importante considerar que os deficientes físicos ou os portadores de mobilidade
reduzida, independente o grau de comprometimento, em geral, chegam aos PAS sem
acompanhantes, o que demanda um acolhimento diferenciado, justificando a necessidade da
oferta, de condições mínimas e adequadas de acesso as suas dependências.
Cabe, portanto, a administração pública, o atendimento as necessidades especiais de tais
indivíduos, primando pela adaptação em vias de acessibilidade, junto aos prédios públicos e
demais espaços de convívio coletivos e públicos, eliminando barreiras arquitetônicas,
adaptando locais de trabalho e ou estudo, bem como de saúde, ofertando condições dignas e
indispensáveis para a vida cotidiana.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do mapeamento dos PAS da cidade de Jaú, foi possível verificar que poucos
critérios da NBR 9050/2020 foram contemplados na construção das unidades, o que remete a
fragilidade que impede o livre acesso dos indivíduos com limitações físicas, visto que os
resultados apontam pela desatenção do poder público na inclusão desses indivíduos cidadãos
no atendimento à saúde.
Os dados apresentados no estudo mostram pontos que precisam de adequações por estar
em desacordo com as exigências normativas, mas principalmente com a atenção especial que o
individuo cadeirante ou limitado fisicamente exige.
O estudo ressalta a importância da prevalência de um bom senso por parte dos
profissionais, na inclusão em seus projetos, de um desenho voltado à atenção de um novo perfil
populacional, priorizando as condições de mobilidade restritas, tanto dos cadeirantes, quanto
dos idosos ou outros que tenham mobilidade reduzida, por diversos fatores, bem como do poder
público, em atender a essa parcela da população.
Frente a essa perspectiva, espera-se a re-configuração da estrutura pública, valorizando
a verdadeira inclusão do portador de necessidades especiais, aumentando as condições para sua
autonomia na busca pela saúde,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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