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RESUMO: O presente estudo teve por objetivo discutir sobre as condições de acessibilidade
apresentadas nos prédios públicos, em particular junto aos Prontos Atendimentos em Saúde
(PAS) da cidade de Jaú, enfatizando a importância que a arquitetura voltada a acessibilidade e
inclusão, norteada pela NBR 9050/2020, apresenta junto a construção da autonomia do
indivíduo com mobilidade reduzida, fomentando ações que os integrem com efetividade junto
ao meio social e resgatem sua dignidade humana. Para compor o estudo foram empregados os
recursos inerentes a revisão bibliografia e o estudo de caso. Os resultados encontrados durante
o período de observação deram conta de que poucos elementos apresentavam consonância com
as exigências da norma técnica, o que remete a necessidade de uma revisão nos desenhos dos
mobiliários urbanos de uso coletivo, bem como uma maior atenção do poder público, quanto as
necessidade desse público alvo.
ABSTRACT: The present study aimed to discuss the accessibility conditions presented in
public buildings, in particular with the Emergency Health Care (PAS) of the city of Jaú,
emphasizing the importance that architecture focused on accessibility and inclusion, based on
NBR 9050, presents together the construction of the autonomy of the individual with reduced
mobility, promoting actions that integrate them effectively with the social environment and
rescue their human dignity. To make up the study, the resources inherent to the bibliography
review and the case study were used. The results found during the observation period showed
that few elements were in line with the requirements of the technical standard, which refers to
the need for a review of the designs of urban furniture for collective use, as well as greater
attention from the public authorities, regarding the needs of this target audience.
KEYWORDS: Physical accessibility; People with Reduced Mobility; Health Structures (SBP);
NBR 9050/2020.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a NBR 9050 (2020) a acessibilidade está configurada no ato de conseguir
utilizar, com segurança e autonomia, as edificações, o espaço, o mobiliário e o equipamento
urbano.
Entretanto, Bolonhini Junior (2014) defende que esse conceito vai além da
conceituação, afirmando que a acessibilidade possibilita o acesso do portador de necessidade
especial, não apenas no contexto físico, mas igualmente ao desenvolvimento sadio de sua vida,
preconizando o respeito à cidadania e a dignidade humana.
O acesso ao espaço físico urbano precisa diretamente refletir o respeito à todo cidadão,
deficiente ou não, em consonância com as políticas públicas, corroborando com a construção
da cidadania. Cabe, portanto, a administração pública, atender as necessidades especiais dessas
pessoas, adaptando ruas e logradouros para fomentar sua locomoção, eliminando barreiras
arquitetônicas, adaptando locais de trabalho, de estudo ou de saúde (BOLONHINI JUNIOR,
2014).
3. MATERIAIS E METODOS
Fo
Após a análise dos itens apontados e comparação com as Normas NBR 9050/2020,
foram elaborados os resultados E discussões do presente estudo, apontando possíveis
inconsistências.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com a análise e conferência dos itens preconizados pelo estudo foi possível considerar
a existência de elementos em desacordo com as normas. Considerando que:
• As portas (item 1) em todas as unidades apresentaram resultados satisfatórios, ou seja,
na totalidade dos PAS avaliados elas estavam em acordo com as normas;
• A distância da parede após a abertura da porta, segundo a Norma técnica deveria ser de
1,5m (item 2), entretanto 66,66% dos PAS avaliados estavam em desacordo com as
normas técnicas;
• As dimensões previstas nas normas, para caracterizar os banheiros, deveria ser de lado
a lado até o sanitário de 1,50 x 1,20 m (item 3), entretanto, 66,66% das estruturas
avaliadas estavam desalinhadas, com medidas diferentes das exigidas;
• Considerando a instalação dos lavatórios (item 4), sendo o padrão estabelecido para
altura máxima igual a 80cm, todos os PAS estavam em consonância com as normas;
• De acordo com as Normas NBR 9050 a Largura do lavatório do eixo da torneira até a
face externa da pia deve ser de 50 cm no máximo (item 5), considerando a avaliação
dos PAS, todos estavam instalados corretamente;
• A norma NBR 9050 estabelece a instalação de barras nas laterais do sanitário com
comprimento de 80 cm (item 8), entretanto, 33,33% dos PAS avaliados estão
irregulares;
• Sobre a norma que caracteriza a existência de duas barras verticais do lavatório com 50
cm de eixo até a barra (item 10), e, 83,33% dos PAS avaliados, havia irregularidades
nessas medidas;
• Acerca da verificação das barras nas laterais do lavatório, as quais devem ter altura entre
78 a 80 cm (item 11), em 66,66% dos PAS foram verificadas irregularidades;
• Considerando as medidas de referência para a instalação da papeleira, as mesmas devem
ser de 20 cm do sanitário e 55 cm acima do piso acabado (item 12), entretanto em
83,33% dos estabelecimentos observados estavam irregulares;
• De acordo com a NBR 9050, a papeleira a rolo deveria ser instalada a 1m do chão
acabado (item 13), entretanto, em 83,33% dos PAS observados essa condição não foi
atendida.
Considerando a totalidade dos itens avaliados em cada unidade de saúde (PAS), deu-se
a elaboração dos gráficos à seguir, apresentando a porcentagem de adequações ou desacordos
em relação a NBR 9050/2020, por unidade analisada.
31%
54% 46%
69%
23% 23%
77% 77%
Considerando as informações coletadas foi possível verificar que a maioria dos PAS
avaliados não atende as normas exigidas pela NBR 9050/2020, o que prejudica as condições de
acessibilidade em um espaço que deveria estar plenamente em acordo com tais normas, visto
que em seus atendimentos contempla uma grande quantidade de pessoas que necessitam dessas
condições, sejam eles deficientes ou com mobilidade reduzida.
Ao serem avaliadas as dimensões físicas dos PAS referenciados, foi possível identificar
que não maioria deles, os cadeirantes ou os indivíduos com mobilidade reduzida são auto
impedidos de adentrar ou permanecer por longo tempo em alguns ambientes, como nos
banheiros. Paralelamente, esses indivíduos convivem com o estigma de serem vistos como
incapazes, indefesos, sem direitos, o que os desmotiva a buscar por saúde, ampliando as
barreiras ao acesso aos serviços de saúde.
É importante considerar que os deficientes físicos ou os portadores de mobilidade
reduzida, independente o grau de comprometimento, em geral, chegam aos PAS sem
acompanhantes, o que demanda um acolhimento diferenciado, justificando a necessidade da
oferta, de condições mínimas e adequadas de acesso as suas dependências.
Cabe, portanto, a administração pública, o atendimento as necessidades especiais de tais
indivíduos, primando pela adaptação em vias de acessibilidade, junto aos prédios públicos e
demais espaços de convívio coletivos e públicos, eliminando barreiras arquitetônicas,
adaptando locais de trabalho e ou estudo, bem como de saúde, ofertando condições dignas e
indispensáveis para a vida cotidiana.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do mapeamento dos PAS da cidade de Jaú, foi possível verificar que poucos
critérios da NBR 9050/2020 foram contemplados na construção das unidades, o que remete a
fragilidade que impede o livre acesso dos indivíduos com limitações físicas, visto que os
resultados apontam pela desatenção do poder público na inclusão desses indivíduos cidadãos
no atendimento à saúde.
Os dados apresentados no estudo mostram pontos que precisam de adequações por estar
em desacordo com as exigências normativas, mas principalmente com a atenção especial que o
individuo cadeirante ou limitado fisicamente exige.
O estudo ressalta a importância da prevalência de um bom senso por parte dos
profissionais, na inclusão em seus projetos, de um desenho voltado à atenção de um novo perfil
populacional, priorizando as condições de mobilidade restritas, tanto dos cadeirantes, quanto
dos idosos ou outros que tenham mobilidade reduzida, por diversos fatores, bem como do poder
público, em atender a essa parcela da população.
Frente a essa perspectiva, espera-se a re-configuração da estrutura pública, valorizando
a verdadeira inclusão do portador de necessidades especiais, aumentando as condições para sua
autonomia na busca pela saúde,
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