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Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência: O Design

Universal subjugando as barreiras e tornando a cidade possível para


todas as pessoas.
Accessibility and Inclusion of People with Disabilities: Universal Design
subduing barriers and making the city possible for all people.
Accesibilidad e Inclusión de Personas con Discapacidad: Diseño
Universal superando barreras y haciendo posible la ciudad para todas
las personas.

PEREIRA, Mauricio José Ramos


Mestre, UFAL, mauriciojramos@gmail.com

DE LIMA, Suzann Flávia Cordeiro


Doutora, UFAL, suzann.cordeiro@fau.ufal.br

RESUMO
Esse artigo trata da importância crucial da acessibilidade para a inclusão das pessoas com deficiência (PCD) na
sociedade, bem como do uso dos princípios do Design Universal voltados a acessibilidade com o objetivo de
eliminar barreiras que impossibilitam o acesso para todas as pessoas. Objetivando descrever e exemplificar as
principais dificuldades e soluções para o estabelecimento de uma cultura inclusiva que permita aos habitantes
da cidade, em especial às PCD e com mobilidade reduzida, literalmente acessar seus direitos e garantir sua
inclusão socioeconômica, política e cultural esse trabalho almeja contribuir para a formação dos responsáveis
por projetar e resolver os ambientes tornando-os acessíveis e inclusivos com o uso do Design Universal.
PALAVRAS-CHAVES: Acessibilidade, Inclusão, Pessoa com Deficiência e Design Universal.

ABSTRACT
This article deals with the crucial importance of accessibility for the inclusion of people with disabilities (PWD) in
society, as well as the use of Universal Design principles aimed at accessibility in order to eliminate barriers that
make access impossible for all people. Aiming to describe and exemplify the main difficulties and solutions for the
establishment of an inclusive culture that allows the city's inhabitants, especially PWD and people with reduced
mobility, to literally access their rights and guarantee their socioeconomic, political and cultural inclusion, this
work aims to contribute to the training of those responsible for designing and solving the environments, making
them accessible and inclusive with the use of Universal Design.
KEYWORDS: Accessibility, Inclusion, People with Disabilities and Universal Design.

RESUMEN
Este artículo trata de la importancia crucial de la accesibilidad para la inclusión de las personas con discapacidad
(PCD) en la sociedad, así como de la utilización de los principios del Diseño Universal orientados a la accesibilidad
para eliminar las barreras que imposibilitan el acceso a todas las personas. Con el objetivo de describir y
ejemplificar las principales dificultades y soluciones para el establecimiento de una cultura inclusiva que permita
a los habitantes de la ciudad, especialmente a las PCD y a las personas con movilidad reducida, acceder
literalmente a sus derechos y garantizar su inclusión socioeconómica, política y cultural, este trabajo pretende

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contribuir a la formación de los responsables de diseñar y solucionar los entornos, haciéndolos accesibles e
inclusivos con el uso del Diseño Universal.
PALABRAS CLAVE: Accesibilidad, Inclusión, Personas con Discapacidad y Diseño Universal.

1 INTRODUÇÃO
A inclusão de todas as pessoas na vida socioeconômica e cultural da cidade é uma temática
estreitamente ligada aos direitos humanos, fundamentada e prevista na Constituição e em diversos
outros documentos. Entende-se a inclusão como um processo contínuo, que exige a colaboração de
toda a sociedade e que envolve uma visão de respeito à diversidade de condições, ideias e crenças.
Para sua concretização é necessário um esforço conjunto de governos, empresas, organizações e
cidadãos para promover uma cultura inclusiva, que valorize a diversidade e garanta a igualdade de
oportunidades para todos.
No Brasil, estima-se que a população seja composta por mais de 213 milhões de habitantes, de acordo
com o IBGE (IBGE, 2021) e uma parcela significativa dessa população, aproximadamente 24%, enfrenta
dificuldades relacionadas à audição, visão, locomoção ou para subir escadas (IBGE, 2010, p. 73). Todas
essas pessoas são consideradas Pessoas com Deficiência (PCD) ou com Mobilidade Reduzida (MR), e
necessitam de espaços que sejam acessíveis para sua livre circulação. A acessibilidade é essencial para
essas pessoas, mas, importante para todas as demais. A NBR 9050 (2020), norma técnica que trata da
acessibilidade em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, define um ambiente
acessível como aquele em que todos os seus componentes, como espaços livres ou construídos,
mobiliário urbano, elementos de tecnologia e comunicação, são acessíveis a todas as pessoas (ABNT,
2020, p. 02).
Criar um ambiente inclusivo implica em gerar um ambiente acolhedor, que valorize a diversidade e
respeite as particularidades de cada indivíduo. No contexto das PCD, envolve a eliminação de barreiras
físicas, sociais e comunicacionais, que impedem ou dificultam o acesso à educação, trabalho, lazer,
cultura, esporte e outros aspectos da vida em sociedade. Inclusão não significa apenas a integração
das PCD ou com MR em espaços e atividades comuns, mas também a valorização de suas habilidades
e potencialidades, bem como o respeito e a consideração de suas necessidades específicas. Para
PEREIRA (2021) a inclusão social e a cidadania só podem ser alcançadas por meio da acessibilidade das
PCD e das pessoas com MR em todos os espaços de uso comum e abertos ao público (PEREIRA, 2021,
p. 34).
A legislação brasileira referente às PCD é ampla e abrangente, sendo que sua principal peça é a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), a Lei 13.146 de 2015. Essa lei tem como objetivo
"assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania" (BRASIL, 2015, p.
08). A LBI (2015) define pessoa com deficiência como aquela pessoa que “tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com
as demais pessoas” (BRASIL, 2015, p. 8). Também, segundo a LBI (2015), pessoa com mobilidade
reduzida é a pessoa que “tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou
temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da
percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso” (BRASIL, 2015, p.
9).
Outra lei importante é o Estatuto da Cidade (Lei nº10.257/2001), que estabelece que a acessibilidade
é um dos princípios fundamentais da política urbana, devendo ser considerada em todas as etapas do

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planejamento urbano. Essa lei também determina que o acesso aos bens e serviços essenciais deve ser
garantido de forma universal e equitativa. Existem outras leis e normas referentes à acessibilidade, cujo
conhecimento é essencial a toda pessoa que lida com arquitetura e design.
Além das Leis e Normas de Acessibilidade e objetivando sempre dar condições de acesso e inclusão à
todas as pessoas, mas em especial às PCD e com MR, todos os projetistas deveriam fazer uso dos
princípios do Design Universal (DU) em seus trabalhos. O DU é uma abordagem que busca criar espaços
acessíveis e inclusivos para todas as pessoas, independentemente de suas habilidades ou
características físicas. Quando aplicado à arquitetura ou ao Design, o DU desempenha um papel
fundamental na criação de espaços que podem ser usados de forma eficiente e segura por todas as
pessoas, promovendo a igualdade e a participação de todos na sociedade, ou seja, inclusão. Conforme
CAMBIAGHI (2017), o desenho é chamado de universal “[...] porque se destina a qualquer pessoa e por
ser fundamental para tornar possível a realização das ações essenciais praticadas na vida cotidiana, o
que, na verdade, é uma consolidação dos pressupostos dos direitos humanos” (CAMBIAGHI, 2017, p.
76).
As discussões que levaram à produção deste artigo surgem durante o processo de produção de uma
dissertação de mestrado, defendido em 2021, cujo foco principal era a acessibilidade em instituições
de ensino com o uso de elementos (principalmente arquitetônicos) de Tecnologia Assistiva (TA). Foram
realizadas prospecções de artigos, cartilhas e patentes voltadas à acessibilidade que embasaram a
pesquisa e auxiliaram a montar um referencial bibliográfico para a produção da dissertação, de um
manual de acessibilidade escolar, de artigos e de um projeto de pesquisa de um doutorado em
arquitetura e urbanismo.
Graças ao referencial coletado na pesquisa houve desdobramentos em diferentes possibilidades de
temas afins, dos quais o uso do Design Universal a serviço da acessibilidade é um deles. Entende-se,
então, ser o Design Universal um dos caminhos para solução das barreiras existentes à acessibilidade
e inclusão social das PCD e com MR.

2 ROMPENDO BARREIRAS
A luta pela acessibilidade de PCD e com MR surge após as Grandes Guerras Mundiais, mas ganha força
durante os anos 1960 e 1970, nos Estados Unidos, quando veteranos da Guerra do Vietnã, muitos deles
com entraves físicos resultantes do conflito, foram inspirados pelos movimentos sociais antirracistas e
de direitos civis liderados por afro-americanos e mulheres e deram início ao movimento Barrier-free
Movement (movimento sem barreiras), que iniciou com demandas de ex-combatentes, mas se
expandiu para abranger todas as PCD ou qualquer outra limitação de mobilidade (ENAP, 2020, p. 08).
No Brasil, a luta pelos direitos das PCD ganhou maior intensidade durante o período de abertura
política no final dos anos 1970, seguindo o movimento internacional pela igualdade de oportunidades
para todos. A Constituição Brasileira de 1988 representa um avanço significativo na garantia desses
direitos, e a expressão "pessoas portadoras de deficiência" presente em seu texto passou a ser adotada
em todos os documentos legais do país, em âmbito federal, estadual e municipal, que tratavam da
acessibilidade. No entanto, de acordo com LANNA (2010), essa terminologia buscava enquadrar a
deficiência como um mero detalhe da pessoa. Movimentos sociais questionaram essa condição de
"portador", pois transmitia a ideia de que a deficiência era algo externo à pessoa e também colocava
demasiado foco na deficiência em detrimento da pessoa (LANNA, 2010, p. 15). Atualmente, a
expressão adotada para se referir a esse grupo social é "pessoa com deficiência", embora ainda existam
muitos documentos legais que utilizem o termo "portadora de deficiência".

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Os principais obstáculos à acessibilidade das pessoas, principalmente das PCD e com MR, também
chamados de barreiras são, segundo a LBI:
[...] qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a
participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à
acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à
informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros. (BRASIL, 2015, p. 08)

Essas barreiras impactam diretamente a autonomia das pessoas, em especial das PCD e com MR,
muitas vezes requerendo assistência para realizar atividades do dia a dia, o que pode gerar sentimentos
de exclusão, dependência e inadequação, além de aumentar a vulnerabilidade dessas pessoas a
situações de violência e abuso. Além disso, as barreiras prejudicam a participação dessas pessoas na
sociedade, limitando suas oportunidades de interação social, aprendizado e desenvolvimento pessoal
e profissional. Isso resulta em um aumento da exclusão social e da desigualdade, comprometendo a
construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
O Decreto Federal n°5.296/2004, que trata entre outros temas do atendimento prioritário a idosos,
PCD e com MR, classifica as barreiras em: barreiras urbanísticas, arquitetônicas, nos meios de
transporte, nas comunicações e informações (BRASIL, 2004, p. 03). Além disso, podem ser incluídas
barreiras atitudinais e tecnológicas nesse grupo (ENAP, 2020, p. 11). É importante ressaltar que a
maioria dos autores e até mesmo a NBR 9050/2020 agrupam as barreiras urbanísticas e arquitetônicas
em um único item. Na Tabela 1 podemos observar a definição de cada tipo de barreira de
acessibilidade.
Tabela 1: Barreiras de Acessibilidade.
Tipo de Barreira Descrição
Elementos ou condições que podem interferir no fluxo de pedestres, como
Barreiras
mobiliário urbano, entradas de edifícios próximas ao alinhamento, vitrines
urbanísticas e
próximas ao alinhamento, vegetação, postes de sinalização, entre outros
arquitetônicas
(ABNT, 2020, p. 04).
São obstruções presentes nos sistemas de transporte que dificultam ou
Barreiras nos impedem o deslocamento das pessoas. Essas barreiras podem ser encontradas
transportes nos próprios veículos, como ônibus, trens, metrôs e carros, ou nos locais de
embarque e desembarque desses meios de transporte.
Qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o
Barreiras nas
recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas
comunicações e na
de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou
informação
impossibilitem o acesso à informação (BRASIL, 2004, p.03).
São aquelas barreiras decorrentes de atitudes ou comportamentos que
Barreiras
impedem ou prejudicam a participação social de PCD em igualdade de
atitudinais
condições e oportunidades com as demais pessoas (ENAP, 2020, p. 11).
Barreiras São barreiras que dificultam ou impedem o acesso da PCD às tecnologias
tecnológicas (ENAP, 2020, p. 11).
Fonte: os autores, 2023.

As barreiras urbanísticas e arquitetônicas dizem respeito aos obstáculos encontrados nas vias públicas
e nos espaços de uso coletivo acessíveis ao público em geral e são elementos impeditivos da
acessibilidade das pessoas em especial das PCD e com MR. Na Figura 01 podemos identificar diferentes
barreiras impeditivas de acessibilidade.
Figura 1: Barreiras urbanísticas e arquitetônicas 01.

4
Fonte: Google. 2019. Esquina do bairro de Ponta Verde em Maceió - AL. Google Maps (Disponível em:
https://www.google.com.br/maps/. Acesso em: junho de 2021)

Os exemplos de barreiras nos transportes incluem ônibus sem piso baixo ou plataforma elevatória,
pontos de ônibus sem piso elevado e pisos táteis, vagões de trem e metrô sem sistema sonoro, entre
outros (ENAP, 2020, p. 10). Nas periferias das cidades é comum o descaso dos órgãos públicos que
geram inúmeras barreiras.
Figura 2: Barreiras nos transportes.

Fonte: Google. 2019. Ponto de ônibus na cidade de Maceió. Google Maps (Disponível em:
https://www.google.com.br/maps/. Acesso em: junho de 2021)

A sinalização inadequada em pontos de ônibus (Figura 3), escolas ou aeroportos pode criar obstáculos
ou até mesmo impedir que pessoas cegas tenham acesso a serviços ou produtos. A falta de um
intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais), mesmo com o uso de tecnologia assistiva, em lojas,
órgãos públicos ou eventos, torna extremamente difícil a realização de vendas ou outras ações
desejadas por usuários surdos.
Figura 3: Barreiras nas comunicações e na informação

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Fontes: Google. 2019. Sinalização em ponto de ônibus na cidade de Maceió. Google Maps (Disponível em:
https://www.google.com.br/maps/. Acesso em: junho de 2021). Imagem sem direitos autorais (Disponível em:
https://www.pexels.com/pt-br/foto/namoro-relacionamento-amigos-sinal-com-a-mao-6321931/. Acesso em: julho de
2023)

A barreira atitudinal é bastante frequente, pois não requer uma construção física específica ou recursos
financeiros, dependendo apenas da postura das pessoas. São obstáculos ao acesso que afetam muitas
pessoas devido às ações de poucas, tais como ocupar uma vaga preferencial de estacionamento,
bloquear o passeio com um carrinho de ambulante, manter um banheiro acessível trancado (Figura 4),
recusar a matrícula escolar de uma PCD ou impedir um cego de entrar em um local acompanhado de
seu cão-guia.
Figura 4: Barreiras atitudinais.

Fonte: Autor, 2021.

As barreiras tecnológicas podem ocorrer em diversos ambientes: em casa, na escola, em um parque,


em uma agência bancária, em uma exposição ou em qualquer lugar em que os equipamentos
tecnológicos (computadores, tablets, tvs, etc.) não possuam sistemas de leitura de tela, teclados

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adaptados e em braille, sites sem alternativas textuais para imagens, sons e vídeos, e sem possibilidade
de aumento do tamanho de fontes e contraste de cores.
Figura 5: Barreiras tecnológicas.

Fonte: Imagem sem direitos autorais (Disponível em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/livro-computador-homem-


sentado-6981103/. Acesso em: julho de 2023)

Entende-se, portanto, como crucial eliminar ou reduzir as barreiras, garantindo o acesso das PCD a
todos os espaços e serviços públicos e privados, promovendo sua autonomia, independência e
participação social. Segundo MADRUGA (2016) além das limitações decorrentes das próprias
deficiências, as PCD enfrentam diversas dificuldades relacionadas à exclusão social, política, econômica
e cultural. Essas dificuldades são as principais barreiras que impedem a plena participação e inclusão
dessas pessoas na sociedade (MADRUGA, 2016, p. 21).

3 O DESIGN UNIVERSAL COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO DAS PCD


O Design Universal (DU), também conhecido como Desenho Universal, teve origem nos anos 1960 e
1970, nos Estados Unidos, junto ao Barrier-free Movement. O DU surge como uma resposta aos
desafios enfrentados por pessoas com deficiência no acesso a espaços e produtos. Esse movimento foi
influenciado por avanços na legislação de direitos civis e na conscientização sobre a inclusão e
igualdade de oportunidades para todas as pessoas. Um dos pioneiros do DU foi o arquiteto
estadunidense Ronald Mace, que nasceu com uma deficiência física e se tornou um defensor incansável
da acessibilidade e inclusão. Mace fundou o Centro para Design Universal na Universidade Estadual da
Carolina do Norte em 1989 e foi um dos primeiros a propor os princípios e conceitos fundamentais do
DU.
A ideia por trás do DU é projetar ambientes que possam ser utilizados por uma ampla gama de pessoas,
incluindo PCD física ou sensorial, idosos, crianças, gestantes e qualquer pessoa que tenha MR. Em vez
de projetar espaços separados e adaptados especificamente para diferentes grupos, o DU procura
integrar recursos e soluções que beneficiem a todos, baseando-se em uma série de princípios que
orientam a criação de espaços acessíveis e inclusivos. Muitas das soluções disponibilizadas por
elementos de TA usadas na arquitetura trazem os sete princípios do DU, descritos na Figura 5.

7
Figura 5: Os sete princípios do Desenho Universal

Fonte: os autores, 2023.

Ressalta-se que a implementação eficaz desses princípios exige uma abordagem holística,
considerando as necessidades e perspectivas de diferentes grupos de usuários, colaborando com
especialistas em acessibilidade e buscando superar as barreiras físicas, sensoriais e cognitivas que
possam existir.
Identificou-se através da já referida pesquisa de mestrado que, para tornar-se um ambiente acessível
é necessário pensa-lo, desde o início, tendo em vista que sua utilização se dará por uma gama de
pessoas com capacidades e habilidades distintas e que todos os projetos arquitetônicos e de urbanismo
e adequações que garantam autonomia, conforto e segurança aos usuários da edificação através do
“acesso, funcionalidade e mobilidade a todas as pessoas, independentemente de sua condição física e
sensorial” (BERSCH, 2017h, p. 08) são considerados projetos arquitetônicos para a acessibilidade e tem
o uso dos princípios do DU em seu cerne.
Conclui-se que o DU se apresenta, portanto, como uma ferramenta ímpar na construção de ambientes
acessíveis e inclusivos porque com o DU os projetos são voltados para a diversidade. Para CAMBIAGHI
quando concebemos o projeto devemos considerar os usuários principalmente pela sua diversidade
de sexos, tamanhos, idades, cultura, capacidade física etc., caso contrário apenas uma pequena parcela
das pessoas poderá usar o espaço com conforto. (CAMBIAGHI, 2017, p. 15).

4 AGRADECIMENTOS

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Os autores gostariam de expressar seus agradecimentos ao suporte dado pelo Núcleo de Pesquisa de
Projetos Especiais – NUPPES e pelo curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura
e Urbanismo - PPGAU da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Alagoas – FAU/UFAL.

5 REFERÊNCIAS
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p. Dissertação (Mestrado Profissional em Rede Nacional de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia
Para Inovação - PROFNIT) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2021.

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