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23/03/2023, 17:11 UNINTER

ERGONOMIA E ACESSIBILIDADE
AULA 5

Profª Maria Barbosa

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CONVERSA INICIAL

O objetivo desta aula é apresentar conceitos de design universal em projetos de interiores em

relação a cinco temas:

Princípios do design for all, design universal, design inclusivo;

Design universal em ambientes residenciais;

Design universal em ambientes comerciais e institucionais;


Design universal em ambientes de lazer;

Acessibilidade e inclusão em turismos e eventos.

CONTEXTUALIZANDO

Segundo Miranda (2013), nos anos 1990 surgiram várias abordagens do design centradas em

usuários. Essas abordagens possuíam vários nomes, como:

DesignAge, Design for All, Transgenerational Design, Healthy industrial Design, Design to Counter
decline, Design by Story-telling, The Methods Lab and Userfit, sendo que estes dois últimos são

relacionados à empresa Ideo, da abordagem Design Thinking (Miranda, 2013, p. 22)

Veremos os conceitos de design for all, design universal (DU) e design inclusivo (DI). Nesta aula,

iremos aprofundar os conceitos do DU e sua aplicação em projetos de arquitetura e design de

interiores por questões de ordenamento jurídico e normativo.

TEMA 1 – PRINCÍPIOS DE DESIGN FOR ALL, DESIGN UNIVERSAL E


DESIGN INCLUSIVO

O World Design Organization (WDO) define o design como uma área do conhecimento

transdisciplinar que utiliza processos criativos e estratégias para solucionar problemas e desenvolver

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produtos inovadores, sistemas, serviços ambientes e experiências, permitindo uma melhor qualidade

de vida para todos que dele se beneficiam, incluindo, e, em especial, as pessoas com deficiência

(WDO, 2016).

De acordo com o Dicionário Online de Português, a palavra transdisciplinar está relacionada a

um conhecimento capaz de produzir uma interação entre várias disciplinas, mas não se restringindo

ao conteúdo disciplinar, promovendo um diálogo entre áreas de conhecimento diversas, buscando

alcançar e alterar a percepção, cognição ou comportamento do sujeito ao fazer a conexão entre

diferentes conteúdos.

A conscientização de pesquisadores, gestores públicos e sociedade manifestou os direitos das

pessoas com deficiência, fazendo uso de abordagens para desenvolvimento de projetos de produtos,

serviços, ambientes e sistemas que nortearam o ordenamento jurídico, por meio de leis e decretos a

nível municipal, estadual e federal, além de Normas Técnicas.

O Design, por ser um conhecimento transdisciplinar e aplicável, transita e incorpora com

naturalidade aspectos de outros campos do saber. É apto para contribuir com soluções em diferentes

abordagens, como o design for all, o design universal e o design inclusivo.

Mesmo o design possuindo métodos, processos e ferramentas que envolvem o usuário e o

contexto de uso para o desenvolvimento de soluções, muitas mudanças ainda precisam ser

incorporadas na atuação de arquitetos e designers de interiores. Nesse sentido, um dos aspectos

fundamentais para desenvolver um projeto para pessoas com deficiência, independentemente da

abordagem, é ter a sensibilidade e empatia com o outro e interpretar literalmente a frase “Nada para

nós sem nós”.

Sassaki (2007) fez um estudo acerca dessa frase, analisando sua gênese e contexto histórico para

mostrar que, muito mais do que uma frase, “Nada para nós sem nós” é um alerta para a atenção e

necessidade de respeito ao se propor soluções em qualquer contexto para pessoas com deficiências,

desde um planejamento até um projeto, artefato, produto, processo, serviço, ambiente etc., devendo,

assim, necessariamente inclui-los, dando ouvido às suas falas quanto às suas necessidades.

NADA quer dizer “Nenhum resultado”: lei, política pública, programa, serviço, projeto, campanha,

financiamento, edificação, aparelho, equipamento, utensílio, sistema, estratégia, benefício etc...


campos de atividade como, por exemplo, educação, trabalho, saúde, reabilitação, transporte, lazer,

recreação, esportes, turismo, cultura, artes, religião. SOBRE NÓS, ou seja, “a respeito das pessoas

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com deficiência”. Estas pessoas são de qualquer etnia, raça, gênero, idade, nacionalidade,

naturalidade etc., e a deficiência pode ser física, intelectual, visual, auditiva, psicossocial ou
múltipla... SEM NÓS, ou seja, “sem a plena participação das próprias pessoas com deficiência”. Esta

participação, individual ou coletiva. “Nenhum resultado a respeito das pessoas com deficiência
haverá de ser gerado sem a plena participação das próprias pessoas com deficiência” (Sassaki,

2007, p.1)

Com base nessa percepção, entende-se o motivo de tantas abordagens de design e de outras

áreas que têm por objetivo suprir o maior espectro possível de situações e problemas, a fim de trazer

soluções e contextos de uso para os diferentes aspectos de deficiências, promovendo bem-estar e

qualidade de vida para este perfil da população.

Cada abordagem possui sutis diferenças que ocorrem de acordo com a época e a cultura em

que foram desenvolvidas, mas seus princípios foram testados e validados em diferentes contextos.

1.1 PRINCÍPIOS DO DESIGN FOR ALL

Várias terminologias para o design for all foram adotadas por diferentes países e culturas. A

Dinamarca, a Finlândia e a Suécia associam o design for all com a acessibilidade. A Noruega utiliza a

expressão utforming universell (UU) com foco mais direcionado aos negócios (Bendixen; Benktzon,

2014).

A Declaração de Estocolmo, aprovada em 9 de maio de 2004 na Assembleia Geral Ordinária do

Design for All Europe (EIDD) declara:

Em toda a Europa, a diversidade humana em termos de idade, de cultura e de capacidade física é


cada vez maior. A sobrevivência a doenças e lesões e a capacidade de viver com uma deficiência é

atualmente uma realidade. Embora o mundo de hoje seja um lugar complexo para se viver, é uma

das nossas missões ter a possibilidade – e a responsabilidade – para instruir os nossos designers
nos princípios da Inclusão. O “Design para Todos” é o design para a diversidade humana, para a

inclusão social e para a igualdade. Esta abordagem inovadora e holística constitui um desafio ético
e criativo para todos os projetistas, designers, empresários, administradores e dirigentes políticos

(EIDD, 2004, p. 2)

De acordo com a The Design for All Foundations (DAF), organização internacional sem fins

lucrativos fundada em 2001, o design for all é:

uma intervenção em ambientes, produtos e serviços que visa assegurar que qualquer pessoa,
incluindo as gerações futuras, independentemente da idade, sexo, capacidade ou formação cultural,

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possa participar em atividades sociais, económicas, culturais e de lazer com igualdade de

oportunidades. (DAF, [201?])

De acordo com a DAF ([201?]), os princípios de design para todos devem ser:

Respeitosos: devem respeitar a diversidade dos usuários. Ninguém deve se sentir marginalizado

e todos devem ter acesso a ele;

Seguros: devem ser livres de riscos para todos os usuários. Isso significa que todos os

elementos que fazem parte de um ambiente devem ser projetados com a segurança em mente;

Saudáveis: não devem constituir um risco para a saúde nem causar problemas a quem sofre de

certas doenças ou alergias. Além disso, deve promover o uso saudável de espaços e produtos;

Funcionais: devem ser concebidos de forma a poder desempenhar sem problemas ou

dificuldades a função a que se destinam;


Compreensíveis: todos os usuários devem ser capazes de se orientar sem dificuldade dentro de

um determinado espaço e, portanto, os seguintes aspectos são essenciais:

Informações claras: utilização de ícones comuns a diversos países, evitando-se o uso de

palavras ou abreviações do idioma local que possam causar confusão;

Distribuição espacial: deve ser coerente e funcional, evitando desorientação e confusão;

Sustentáveis: o uso indevido dos recursos naturais deve ser evitado para garantir que as

gerações futuras tenham as mesmas oportunidades que nós de preservar o planeta;

Acessíveis: qualquer pessoa deve ter a oportunidade de desfrutar do que é fornecido;

Apelativos: o resultado deve ser emocional e socialmente aceitável, mas sempre tendo em

conta os sete critérios precedentes.

Muitos livros e artigos traduziram o termo design for all como “design inclusivo”, o que causou
algumas interpretações erradas, como a de que se trataria de abordagens iguais, com os mesmos

princípios, o que identificamos que não é. Cada abordagem tem seus princípios e contexto.

1.2 PRINCÍPIOS DO DESIGN UNIVERSAL

O termo desenho universal não pode ser confundido com acessibilidade ou desenho acessível,

pois design universal é mais abrangente e está relacionado com a concepção de projetos em que se

incluem a acessibilidade, a usabilidade, dentre outros.

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O termo design universal foi idealizado em 1963 na primeira Conferência Internacional em

Washington (EUA) sobre o tema Barrier Free Design. O evento contou com a presença de vários

pesquisadores e profissionais que formaram uma comissão com o objetivo de trazer soluções de

projetos para equipamentos, edifícios e áreas urbanas, adequados à utilização por pessoas com

deficiência ou com mobilidade reduzida, motivado pelo grande número de soldados mutilados em

guerras. Com base nas discussões desse grupo, nasceu o conceito de design universal (Carletto;

Cambiagh, 20??, p. 8).

No Brasil, em 2 de junho de 2004, o conceito foi incorporado ao Programa Brasileiro de

Acessibilidade Urbana ou Brasil Acessível. Posteriormente, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, que delineia o Estatuto da Pessoa com Deficiência, na Lei n. 13.146 (Brasil, 2015),

determinou no art. 55:

A concepção e a implantação de projetos que tratem do meio físico, de transporte, de informação e

comunicação, inclusive de sistemas e tecnologias da informação e comunicação, e de outros


serviços, equipamentos e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo,

tanto na zona urbana como na rural, devem atender aos princípios do desenho universal, tendo
como referência as normas de acessibilidade.

§ 1º O desenho universal será sempre tomado como regra de caráter geral. (Brasil, 2015, grifo
nosso)

Entende-se que desenho aqui é sinônimo de Design Universal, consistindo em apenas uma

tradução do termo em inglês. Esta lei teve uma alteração pelo Decreto n. 9.451, de 26 de julho de
2018 (Brasil, 2018), com o objetivo de dispor sobre os preceitos de acessibilidade relativos ao projeto

e à construção de edificação de uso privado multifamiliar que estabelece a observância da norma


NBR 9050; pelos termos descritos no ANEXO I, que trata das características construtivas e recursos de

acessibilidade da unidade internamente acessível; e pelo ANEXO II, que define as diretrizes para
tecnologia assistiva e ajudas técnicas disponibilizadas sob demanda para adaptação de moradias

populares autônomas, estabelecendo que:

Art. 1º Para a conversão de sua unidade autônoma em internamente acessível, o adquirente poderá

escolher os seguintes itens referentes a características construtivas e recursos de acessibilidade, em


conformidade com a norma NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. (Brasil,

2018)

A NBR 9050 (2020) descreve e instrui a aplicação dos princípios do design universal, e, como

vimos, por força de lei, esta abordagem deve ser utilizada em projetos de arquitetura e de interiores
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que tenham como público-alvo pessoas com deficiência (ABNT, 2020).

Os princípios (conceitos) do design universal estão definidos conforme legislação vigente e por
normas técnicas:

Este conceito propõe uma arquitetura e um design mais centrados no ser humano e na sua

diversidade. Estabelece critérios para que edificações, ambientes internos, urbanos e produtos
atendam a um maior número de usuários, independentemente de suas características físicas,

habilidades e faixa etária, favorecendo a biodiversidade humana e proporcionando uma melhor


ergonomia para todos. Para tanto, foram definidos sete princípios do Desenho Universal. (NBR

9050, 2020, p. 138)

Segundo a NBR 9050 (2020, p. 138), esses preceitos são adotados mundialmente em

planejamentos de obras de acessibilidade e são descritos em sua integra na sequência:

1. Uso equitativo: é a característica do ambiente ou elemento espacial que faz com que ele possa
ser usado por diversas pessoas, independentemente de idade ou habilidade. Para ter o uso

equitativo, deve-se propiciar o mesmo significado de uso para todos; eliminar uma possível
segregação e estigmatização; promover o uso com privacidade, segurança e conforto, sem

deixar de ser um ambiente atraente ao usuário.


2. Uso flexível: é a característica que faz com que o ambiente ou elemento espacial atenda a uma

grande parte das preferências e habilidades das pessoas. Para tal, deve-se oferecer diferentes
maneiras de uso, possibilitar o uso para destros e canhotos, facilitar a precisão e destreza do

usuário e possibilitar o uso de pessoas com diferentes tempos de reação a estímulos.


3. Uso simples e intuitivo: é a característica do ambiente ou elemento espacial que possibilita

que seu uso seja de fácil compreensão, dispensando, para tal, experiência, conhecimento,
habilidades linguísticas ou grande nível de concentração por parte das pessoas.

4. Informação de fácil percepção: essa característica do ambiente ou elemento espacial faz com
que seja redundante e legível quanto a apresentações de informações vitais. Essas informações

devem se apresentar em diferentes modos (visuais, verbais, táteis), fazendo com que a
legibilidade da informação seja maximizada, sendo percebida por pessoas com diferentes

habilidades (cegos, surdos, analfabetos, entre outros).


5. Tolerância ao erro: é uma característica que possibilita que se minimizem os riscos e
consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais na utilização do ambiente ou

elemento espacial. Para tal, é necessário agrupar os elementos que apresentam risco, isolando-

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os ou eliminando-os, empregar avisos de risco ou erro, fornecer opções de minimizar as falhas


e evitar ações inconscientes em tarefas que requeiram vigilância.

6. Baixo esforço físico: nesse princípio, o ambiente ou elemento espacial deve oferecer
condições de ser usado de maneira eficiente e confortável, com o mínimo de fadiga muscular

do usuário, possibilitando que os usuários mantenham o corpo em posição neutra, com uso de
força de operação razoável, minimizando ações repetidas que causem fadiga muscular.

7. Dimensão e espaço para aproximação e uso: essa característica diz que o ambiente ou
elemento espacial deve ter dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance,

manipulação e uso, independentemente de tamanho de corpo, postura e mobilidade do


usuário. Dessa forma, deve-se implantar sinalização em elementos importantes e tornar

confortavelmente alcançáveis todos os componentes para usuários sentados ou em pé,


acomodar variações de mãos e empunhadura e, por último, implantar espaços adequados para

uso de tecnologias assistivas ou assistentes pessoais.

1.3 PRINCÍPIOS DO DESIGN INCLUSIVO

Em 2006, o Design Council (DC) desenvolveu um guia com os princípios do design inclusivo, em
que o foco foi o ambiente construído.

A forma como os lugares são projetados afeta nossa capacidade de nos mover, ver, ouvir e

comunicar de forma eficaz. O design inclusivo visa remover as barreiras que criam esforço indevido
e separação. Isso permite que todos participem igualmente, com confiança e de forma

independente nas atividades diárias. Uma abordagem inclusiva para o design oferece novos

insights sobre a maneira como nós interagimos com o ambiente construído. Cria novas
oportunidades para implantar habilidades criativas e de resolução de problemas (Cabe, 2006, p. 3.

tradução nossa)

O Design Council foi estabelecido pelo governo de Winston Churchill durante a Segunda Guerra
Mundial, em dezembro de 1944, para apoiar a recuperação econômica da Grã-Bretanha, com o

propósito fundamental de promover “por todos os meios praticáveis ​a melhoria do design nos
produtos da indústria britânica” (DC, [201?]).

O design inclusivo possui cinco princípios que foram traduzidos do guia CABE (2006, p. 7-15.), os

quais são descritos na sequência:

Princípio 1: colocar as pessoas no coração do processo de design;

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Princípio 2: reconhecer diversidades e diferenças;

Princípio 3: oferecer opções customizadas;


Princípio 4: oferecer flexibilidade de uso;

Princípio 5: projetar ambientes para todos.

Em 2011, o Design Council foi fundido com a Comissão de Arquitetura e Ambiente Construído
(CABE). Isso ampliou a missão da instituição para incluir o design inclusivo em projetos de ambientes

públicos e privados, colaborando com diretrizes para a criação de locais mais saudáveis ​e inclusivos.

Mesmo com tantas semelhanças na conceituação, percebemos pequenas diferenças na origem,

contexto e maneiras de aplicação dos princípios de cada abordagem. Entendemos que as três
abordagens têm pontos em comum, um deles é a busca de soluções que permitam o acesso e
oportunidades iguais a todos, independentemente de diferenças de capacidades funcionais, idade,

gênero, entre outros.

TEMA 2 – DESIGN UNIVERSAL EM AMBIENTES RESIDENCIAIS

Quando falamos de interiores residenciais, estamos falando do local onde as pessoas


desenvolvem suas atividades básicas de sobrevivência e manutenção da vida, como dormir, comer e

realizar suas necessidades fisiológicas.

Começar com esse pensamento coloca cada um de nós, profissionais de arquitetura e interiores,
na devida perspectiva para desenvolver projetos para o habitar das pessoas, em especial aquelas com

algum tipo de deficiência. Muito mais do que pensar na forma e na estética, que devem estar
presentes, é preciso priorizar a segurança, a função, a acessibilidade e a usabilidade do ambiente.

O design universal é uma abordagem que possui parâmetros para a criação de ambientes que
visam facilitar e simplificar o uso e promover segurança nos espaços privativos de imóveis,

atendendo às necessidades de todos os públicos, em especial pessoas com deficiências. Quando


aplicados, esses critérios cumprem também os requisitos normativos e jurídicos estabelecidos no
Brasil.

Neste tema, nossa referência básica será a norma ABNT 9050 (2020), que define design universal
como:

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O conceito de desenho universal está definido conforme legislação vigente e pelas normas técnicas.

Este conceito propõe uma arquitetura e um design mais centrados no ser humano e na sua
diversidade. Estabelece critérios para que edificações, ambientes internos, urbanos e produtos

atendam a um maior número de usuários, independentemente de suas características físicas,


habilidades e faixa etária, favorecendo a biodiversidade humana e proporcionando uma melhor

ergonomia para todos. Para tanto, foram definidos sete princípios do Desenho Universal [...] que

passaram a ser mundialmente adotados em planejamentos e obras de acessibilidade. (ABNT 9050,


2020, p. 138)

Na sequência, são ilustrados os princípios dentro do contexto de design universal para


ambientes residenciais:

Princípio 1. Uso equitativo: está relacionado ao uso do ambiente ou elemento espacial por
qualquer pessoa, independentemente de idade ou habilidade, em que cada pessoa possa fazer
o uso do ambiente como desejar, com privacidade, segurança e conforto.

Figura 1 – Princípio 1 – uso equitativo

Créditos: Monkey Business Images/Shutterstock.

A figura 1 ilustra esse princípio, pois mostra diferentes perfis de usuário usando o ambiente em
diferentes contextos com conforto.

Princípio 2. Uso flexível: o ambiente ou elemento espacial permite diferentes maneiras de uso,

como o uso de maçanetas ou puxadores instalados de maneira que possam ser usados por

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pessoas destras ou canhotas.

Figura 2 – Princípio 2 – uso flexível

Créditos: ImageFlow/Shutterstock.

No que se refere a projetos, quando possível, deve-se prever a possibilidade de deslocamento

de paredes ou divisórias (figura 2) para ampliação ou reconfiguração de ambientes para diferentes


usos.

Princípio 3. Uso simples e intuitivo: é a característica do ambiente ou elemento espacial

possibilitar seu uso com fácil compreensão, eliminando barreiras e obstáculos.

Figura 3 – Princípio 3 – uso simples e intuitivo

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Fonte: MPSP, 2003, p. 17.

No exemplo da planta baixa (figura 3), é ilustrado um fluxo de circulação simples, no qual a
circulação é mais fluida, evitando manobras para acesso a outros ambientes.

Princípio 4. Informação de fácil percepção: disponibiliza formas e objetos de comunicação

com contraste adequado para maximizar com clareza as informações essenciais e vitais, seja

com sinais sonoros, verbais ou táteis, a fim de que sejam percebidas por pessoas com

diferentes habilidades.

Figura 4 – Princípio 4 – informação de fácil percepção

Créditos: Yevhen Prozhyrko/Shutterstock.

Na figura 4, os comandos possuem instrução visual para qual direção o fluxo aumenta, os

registros possuem cores diferentes de acordo com o nível de risco e se destacam na instalação.

Princípio 5. Tolerância ao erro: é uma característica que possibilita que se minimizem os riscos

e consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais na utilização do ambiente ou

elemento espacial.

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No exemplo da figura 5, o disjuntor da chave geral é destacado com uma cor diferente dos

demais, podendo desligar as funções dos outros disjuntores. Também tem a função de desligar
automaticamente caso tenha algum problema, indicando ao usuário que algo está errado.

Figura 5 – Princípio 5 – tolerância ao erro

Créditos: Zhuravlev Andrey/Shutterstock.

Este exemplo mostra também a necessidade de se agrupar os elementos que apresentam risco,

isolando-os ou eliminando-os, bem como destacar com cores ou avisos sobre risco ou erro, fornecer

opções de minimizar as falhas e evitar ações inconscientes em tarefas que requeiram atenção ao
perigo.

Princípio 6. Baixo esforço físico: o ambiente ou elemento espacial deve oferecer condições de

ser usado de maneira eficiente e confortável, com o mínimo de fadiga muscular do usuário,

possibilitando que os usuários mantenham o corpo em posição neutra, com mínimas ações

repetidas e esforço físico.

Figura 6 – Princípio 6 Crédito: baixo esforço físico

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Créditos: Madhouse/Shutterstock.

Na figura 6, temos um exemplo de uma torneira monocomando, com regulação de temperatura

e vazão de água em uma única alavanca, de acordo com o acionamento desejado pelo usuário sem
esforço.

Princípio 7. Dimensionamento para acesso e uso abrangente: o ambiente ou elemento

espacial deve ter dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance, manipulação e uso,

independentemente da altura, do corpo, da postura e de mobilidade do usuário, tornando

confortavelmente alcançáveis todos os componentes para usuários sentados ou em pé.

Figura 7 – Princípio 7 – dimensionamento para acesso e uso abrangente

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Créditos: Halfpoint/Adobestock.

Na figura 7, observamos que os acessórios para uso estão ao alcance da usuária, podendo ser

utilizados por ela e por outros membros da família.

Saiba mais

Acesse a Cartilha Manual de Desenho Universal. Disponível em: <http://www.mpsp.mp.br/po


rtal/page/portal/Cartilhas/manual-desenho-universal.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2021.

Leia também a cartilha sobre acessibilidade na cidade de São Paulo. Disponível em: <https://
www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/DESENHO_UNIVERSAL_ACESSIBILIDADE_CID

ADE_SAO_PAULO_PDF_AC_BAIXA%20-%20BR.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2021.

TEMA 3 – DESIGN UNIVERSAL EM AMBIENTES COMERCIAIS E


INSTITUCIONAIS

Enquanto projetos residenciais possuem um caráter mais próximo entre profissional e usuário, os

projetos comerciais e institucionais são mais complexos, pois possuem usuários internos

(funcionários) e usuários externos (clientes), com contextos de uso diferentes e em função do

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tamanho do ambiente (em m²), que é proporcional ao número de atividades a serem desenvolvidas
no local e ao número de pessoas, com diferentes perfis antropométricos (Gurgel, 2020).

Ambientes comerciais podem ser definidos como aqueles em que são desenvolvidas atividades

de venda de produtos ou serviços. Os ambientes institucionais se referem a instituições para

diferentes fins, que podem ser:

Instituições políticas: órgãos e partidos políticos;

Instituições religiosas: igrejas, templos, sinagogas etc.;


Instituições educacionais: escolas, universidades etc.;

Instituições culturais: secretarias, museus, centros culturais etc.

Embora os princípios do design universal sejam os mesmos para todos os tipos de ambientes

residenciais ou comerciais, a maneira de aplicação de seus princípios difere um pouco.

Princípio 1. Uso equitativo: em ambientes de trabalho ou comerciais, deve-se considerar o

público-alvo do negócio, mas também o público interno, ou seja, os funcionários, considerando

que o uso do ambiente será realizado por ambos, funcionários e clientes.

Figura 8 – Uso equitativo no escritório

Créditos: Andrey_Popov/Shutterstock.

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Deve-se considerar também que cada pessoa possui idade e habilidade diferentes, portanto, o
perfil do usuário, independentemente de sua deficiência, deve ser respeitado para que possa fazer o

uso do ambiente, sem diferenciação ou discriminação, como ilustrado na figura 8.

Princípio 2. Uso flexível: é considerado como o design de produtos ou de espaços que

atendem pessoas com diferentes habilidades e diversas preferências, sendo adaptáveis para

diferentes perfis de usuários.

Figura 9 – Uso flexível de aparelhos de musculação na academia

Créditos: Ivan Chudakov/Shutterstock.

No exemplo usado na figura 9, o usuário pode ter os equipamentos ajustados de acordo com
suas características antropométricas. Portanto, o equipamento é flexível e ajustável a diferentes tipos

de usuários.

Princípio 3. Uso simples e intuitivo: requer fácil entendimento para que qualquer usuário,

independentemente de sua experiência, possa compreender a informação.

Na figura 10, é ilustrado que os comandos possuem acionamento luminoso, indicando que a

função requerida foi acionada para pessoas videntes (que enxergam) e, ao lado, as informações em
braile, indicadas aos usuários com deficiência visual. Sinais sonoros também podem ser utilizados.

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Figura 10 – Uso simples e intuitivo nos comandos para acionamento do elevador

Créditos: yanggiri/Adobestock.

O Símbolo Internacional de Acesso informa que aquele painel possui informações acessíveis ou

que se trata de uma rota acessível.

Princípio 4. Informação de fácil percepção: disponibiliza formas e objetos de comunicação


com contraste adequado para maximizar com clareza as informações essenciais e vitais para

localização e mobilidade do usuário dentro do ambiente.

Na figura 11 são indicadas rotas accessíveis para os usuários, as quais se destacam no ambiente,

em uma altura que pode ser visualizada pela pessoa com deficiência.

Figura 11 – Informação de fácil percepção na sinalização

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Créditos: moonrise/Adobestck.

Podem ser utilizados também sinais sonoros, verbais e táteis, ou qualquer outra maneira que

possa ser percebida por pessoas com diferentes habilidades, inclusive as que não sabem ler.

Princípio 5. Tolerância ao erro: colocação de barreiras ou indicação de percurso, piso tátil de

alerta e faixa contrastante para evitar acidentes.

A figura 12 mostra a instalação de piso tátil na escada, indicando o início e final dos degraus.

Figura 12 – Tolerância ao erro – piso tátil

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Créditos: RachenStocker/Shutterstock.

O piso tátil alerta o usuário por meio da instalação de barreiras e de rota acessível para o usuário
caminhar com segurança.

Princípio 6. Baixo esforço físico: o ambiente ou elemento espacial deve oferecer condições de
ser usado com o mínimo de fadiga muscular do usuário, minimizando ações repetidas que

causem fadiga muscular.

Figura 13 – Baixo esforço físico em portão automático

Créditos: Anarociogf/Shutterstock.
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No exemplo da figura 13, vemos portas com sensores que se abrem sem exigir força física ou
alcance das mãos de usuários de alturas variadas ou com uso de tecnologias assistivas de apoio. Esta

solução atende tanto pessoas com deficiência quanto indivíduos em geral, incluindo as pessoas com

bicicleta, carrinhos de bebês etc.

Princípio 7. Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente: o ambiente ou

elemento espacial deve ter dimensão e espaço apropriados para aproximação, alcance,
manipulação e uso, independentemente de tamanho de corpo, postura e mobilidade do

usuário.

Na figura 14, todos os produtos estão dimensionados para o alcance de diferentes perfis

antropométricos, incluindo pessoas com deficiência.

Figura 14 – Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente

Créditos: Nejron Photo/Shutterstock.

Diferentes perfis de usuários podem confortavelmente utilizar os elementos que compõem o


ambiente de maneira autônoma, seja em posição sentada ou em pé. Para cada tipo de ambiente, há

critérios específicos que devem ser observados em projetos. Em restaurantes, refeitórios, bares e

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similares é obrigatória por lei a reserva de pelo menos 5% do total de mesas para pessoas com

deficiência. Além disso, é previsto que haja uma rota acessível até a mesa e desta até o banheiro.

Nos locais em que são previstos balcões de autosserviço, deve-se observar os alcances possíveis

a uma pessoa em cadeira de rodas, conforme ilustrado na figura 15.

Figura 15 – Alcance lateral sem deslocamento do tronco

Fonte: ABNT, 2020 p. 20.

A norma descreve outros detalhes a serem contemplados para se projetar um ambiente


comercial acessível, incluindo outras categorias de ambientes públicos, contudo, esses detalhes são

extensos e não serão descritos neste material. Por isso, sugerimos que a norma seja utilizada como
um guia de referência em cada tipo de projeto. Sua leitura é obrigatória.

TEMA 4 – DESIGN UNIVERSAL EM AMBIENTES DE LAZER

O lazer tem como significado o divertimento, a atividade agradável praticada em um momento

de descanso e/ou entretenimento. Área de lazer é o ambiente ou espaço usado para atividades
agradáveis, prazerosas.

O Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelece que esses indivíduos tenham direito à cultura,
ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Portanto,

deve ser garantido o acesso aos bens culturais de forma acessível, incluindo os programas de
televisão, cinema, teatro e outras atividades culturais e desportivas; acesso a monumentos e locais de

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importância cultural e a espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais e esportivos (Brasil,

2015).

A abordagem do design universal também atende esse contexto de uso de ambientes de acordo

com cada princípio:

Princípio 1. Uso equitativo: a NBR 9050 (2020) indica que locais de prática de esporte, lazer e

turismo devem proporcionar conforto para as pessoas com deficiência, garantindo condições
de uso para todos, sem distinção.

Figura 16 – Uso equitativo

Créditos: Juan Aunión/Adobestock.

As piscinas são utilizadas por todos (de crianças a idosos) e devem dar garantia de entrada e
saída da pessoa com deficiência de maneira equitativa para seu uso com segurança, seja por meio de

rampa como equipamento de acesso, de escada, de alças ou de banco de transferência (figura 16). O
piso do entorno das piscinas deve atender às condições da NBR 10339 em seu Anexo A para pisos
táteis.

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Em praias também é necessário proporcionar condições equitativas para banho no mar, com uso
de equipamentos (figura 17) para garantir o acesso do usuário à água e ao lazer.

Figura 17 – Uso equitativo – lazer na praia

Créditos: JIRMoronta/Adobestock.

Portanto, o uso equitativo evita a segregação ou estigmatização de qualquer usuário. O


profissional deve estar atento para especificar produtos atraentes e que zelem pela segurança e
proteção de todos os usuários.

Princípio 2. Uso flexível: está relacionado a diferentes maneiras de uso do ambiente ou do


produto por pessoas com diferentes preferências e habilidades individuais.

Na figura 18, o usuário cadeirante pode explorar o espaço do parque que é provido de trilhas
pavimentadas da mesma forma que os praticantes de caminhadas e corrida. O uso das mesas prevê
espaço entre elas para o usuário cadeirante e também por qualquer pessoa.

Figura 18 – Uso flexível

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Créditos: Mark_qusev/Adobestock.

A NBR 9050 estabelece que parques, praças e locais turísticos que possuam pavimentação,
mobiliário ou equipamentos edificados ou montados devem ser dotados de rotas acessíveis,
destinando 5% de mesas em locais de refeições ou locais de jogos para pessoas com deficiência. Nas

áreas legalmente preservadas, deve-se permitir a acessibilidade com mínima intervenção no meio
ambiente, garantindo que galhos de árvores não interfiram na livre circulação.

Princípio 3. Uso simples e intuitivo: é a característica do ambiente ou elemento espacial que


possibilita que seu uso seja de fácil compreensão, dispensando, para tal, experiência,
conhecimento ou habilidades e grande nível de concentração por parte das pessoas.

Figura 19 – Uso simples e intuitivo de academia ao ar livre

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Créditos: Natalya Lys/Shutterstock.

A academia ao ar livre (figura 19) é um bom exemplo deste uso simples e intuitivo, com

equipamentos de fácil compreensão para seu uso, independentemente da experiência dos usuários.

Princípio 4. Informação de fácil percepção: essas informações devem se apresentar em

diferentes modos (visuais, verbais, táteis), fazendo com que a legibilidade da informação seja
maximizada (figura 20), sendo percebida por pessoas com diferentes habilidades (cegos,
surdos, analfabetos, entre outros).

Figura 20 – Informação de fácil percepção – maximizada

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Créditos: Sheryl/Adobestock.

Todas as portas dos sanitários e vestiários devem possuir vão livre de, no mínimo, 1 metro

(ABNT, 2020).

Princípio 5. Tolerância ao erro: deve-se minimizar os riscos e consequências adversas de

ações acidentais ou não intencionais na utilização do ambiente ou elemento espacial.

Na figura 21, foi colocada no parque a indicação da distância de rampa, na trilha do cadeirante,
para que o usuário decida se segue ou não. As sinalizações indicam os caminhos mais seguros para

circulação e as rotas acessíveis sem obstáculos.

Figura 21 – Tolerância ao erro – indicação de rampa com grande distância

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Créditos: evgris/Adobestock.

A sinalização não diz respeito apenas à indicação do uso do ambiente, devendo indicar, também,

acesso às rotas acessíveis e possíveis obstáculos ou dificuldades para a pessoa com deficiência,
dando a possibilidade de decidir se continua ou não na rota.

Neste contexto de espaço para lazer e externo, são disponibilizadas informações com avisos de
risco ou erro com o objetivo de minimizar as consequências adversas de ações acidentais ou não
intencionais.

Princípio 6. Baixo esforço físico: nesse princípio, o ambiente ou elemento espacial deve
oferecer condições de ser usado de maneira eficiente e confortável, com o mínimo de fadiga

muscular do usuário. Para alcançar esse princípio, é necessário permitir que os usuários
mantenham o corpo em posição neutra, usando força de operação razoável, minimizando
ações repetidas e sustentação do esforço físico.

Na figura 22, os canteiros de plantas foram elevados para que os usuários, incluindo pessoas
com deficiência, pudessem fazer a prática de jardinagem.

Figura 22 – Baixo esforço físico

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Créditos: Jamie Hooper/Adobestock.

Princípio 7. Dimensão e espaço para aproximação e uso: o ambiente ou elemento espacial


deve ter dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance, manipulação e uso,
independentemente de tamanho de corpo, postura e mobilidade do usuário. Quadras ao ar

livre proporcionam acesso a pessoas com deficiência quando incluem também as rotas
acessíveis e remoção de obstáculos para uso dos equipamentos de lazer (figura 23).

Figura 23 – Dimensão e espaço para aproximação e uso

Créditos: Marcos/Adobestock.

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Em quadras de esportes, as arquibancadas devem prever um espaço destinado a cadeirantes,

com medidas específicas de acesso aos sanitários e vestiários acessíveis.

TEMA 5 – DESIGN INCLUSIVO EM EVENTOS E TURISMOS

Miranda (2013) informa que foi Roger Coleman quem utilizou pela primeira vez o termo inclusive
design. O design inclusivo visa à inclusão social, no entanto, observa a relação entre aspectos

econômicos e sociais.

5.1 EVENTO INCLUSIVO

Projetos de eventos estão dentro do contexto de arquitetura efêmera. Efêmero é algo


passageiro, em que, nesse caso, muitas vezes a questão econômica com foco na lucratividade se

sobressai em relação aos aspectos sociais.

O conceito de efêmero está relacionado a tudo que é transitório, com curto período de duração.

Na arquitetura, está relacionado a projetos temporários para eventos, stands de feiras, instalações de
exposições em museus e teatros, entre outros. São estruturas de fácil montagem, mas que
promovem experiências sensoriais para envolver o público em um curto período de tempo

predeterminado. Para alguns tipos de eventos, o local não possui nenhum tipo de instalações
permanentes, sendo totalmente montado apenas para um período rápido. Nesses casos, a atenção

deve ser redobrada, garantindo que o local se adeque às normas da NBR 9050.

Imagine que pessoas com deficiência têm necessidades fisiológicas, e, diante disso, o projeto do

evento deve definir o local para banheiros químicos, por exemplo, que devem ser adequados e
capazes de atender a todos os requisitos normativos, tais como rampas, piso tátil, sinalização em
Braille, rotas acessíveis etc. Pelo menos 5% do número total de banheiros devem ser adaptados e

identificados como femininos e masculinos, incluindo sinalização em braile. Além disso, dependendo
do tipo de deficiência, esses usuários precisam de um acompanhante, por isso as dimensões devem
ser adequadas. Todas essas questões devem ser planejadas no projeto de acordo com o tema e

especificidade do evento, garantindo o acesso da pessoa com deficiência com conforto e segurança.

Os eventos podem ser esportivos, de negócios, científicos, acadêmicos entre outros. A inclusão

em um evento começa com o planejamento, e todos os princípios do design universal vistos nesta

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aula devem ser aplicados nesse planejamento.

Deve-se considerar que pessoas cegas têm garantido por lei a companhia de um cão-guia nos
espaços em que esteja ocorrendo o evento. Esses cães são animais treinados, dessa forma, deve-se

prever essa possibilidade.

Figura 24 – Cão-guia para cegos em eventos

Créditos: Ververidis Vasillis/Shutterstock.

As saídas de emergência devem ser totalmente acessíveis, sem barreiras e providas com luzes de

emergência. Em síntese, eventos inclusivos têm como itens obrigatórios:

Sinalização tátil no piso;

Comunicação e mapas acessíveis;


Obstáculos nivelados por rampa;
Banheiros adaptados;

Área de embarque e desembarque;


Vagas de estacionamento reservadas.

Dependendo do tipo de evento, devem ser acrescentados:

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Audiodescrição;

Website adaptado;
Intérprete de libras;
Material em braile.

5.2 TURISMO INCLUSIVO

Turismo e eventos são um desafio para a inclusão de pessoas com deficiência no que diz
respeito à acessibilidade, no entanto, os usuários têm o papel de “avaliar os empreendimentos e

serviços turísticos de acordo com as suas necessidades, identificando os empreendimentos,


infraestruturas e serviços acessíveis”(Brasil, 2014 p. 18).

Programas de governo têm surgido para garantir às pessoas com deficiência o direito de

usufruírem como cidadãos da infraestrutura turística do país. Um desses programas é o Turismo


Acessível.

O Programa Turismo Acessível se constitui em um conjunto de ações para promover a inclusão

social e o acesso de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida à atividade turística, de
modo a permitir o alcance e a utilização de serviços, edificações e equipamentos turísticos com

segurança e autonomia. Ao propiciar a inclusão de pessoas com deficiência ou mobilidade

reduzida, o Programa vai ao encontro de ações e iniciativas do Governo federal que buscam
defender e garantir condições de vida com dignidade, a plena participação e inclusão na sociedade,

e a igualdade de oportunidades a todas as pessoas com deficiência também na atividade turística.


(Brasil, 2014 p. 9)

Cabe lembrar que o Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelece que a pessoa com deficiência

tem direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as


demais pessoas e, portanto, deve ser garantido o acesso aos bens culturais em formato acessível
(Brasil, 2015).

Saiba mais

Acesse o Guia de acessibilidade em eventos. Disponível em: <https://www.portal.ufpr.br/gui


a_acessibilidade_eventos.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2021.

Saiba mais sobre o Programa Turismo Acessível. Disponível em: <https://turismoacessivel.go


v.br/ta/index.mtur;jsessionid=LaSKfjbyMtFVSB0W4lba-0uG?windowId=0ec>. Acesso em: 22 nov.
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2021.

TROCANDO IDEIAS

Acesse o fórum e pergunte aos seus colegas de curso se na cidade deles há pontos turísticos

com infraestrutura acessível. Comente sobre os pontos turísticos de sua cidade também.

NA PRÁTICA

Identifique em sua casa princípios do design universal em diferentes ambientes ou produtos. O


objetivo é que você faça uma correlação com o conteúdo que aprendeu, fixando os conceitos. Na

descrição do elemento, descreva por que você observou determinado princípio no ambiente ou
produto analisado.

Exemplo:

Princípio: tolerância ao erro (5);

Ambiente: área de serviço;


Descrição do elemento: objeto. Quadro elétrico possui um disjuntor geral para as tomadas,
um para iluminação, um para o chuveiro. Observei o Princípio 5. Tolerância ao erro, porque, se

houver algum problema com um desses elementos (tomada, iluminação ou chuveiro), o


disjuntor específico desliga automaticamente, impedindo que ocorra um acidente, além de
indicar que algo está errado.

Quadro 1 – Levantamento de princípios do design universal em ambiente residencial

Princípio do Ambiente Descrição do elemento

design universal

1) Uso equitativo:

2) Uso flexível:

3) Uso simples e intuitivo:

4) Informação de fácil percepção:

5) Tolerância ao erro:

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6) Baixo esforço físico:

7) Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente:

Fonte: Barbosa, 2021.

FINALIZANDO

Percebemos que cada uma das abordagens estudadas – design for all, design universal e design

inclusivo – possui sutis diferenças, embora todas busquem a inclusão de pessoas com deficiência no
mais amplo espectro em diferentes contextos.

Seus princípios foram testados, aplicados, normatizados e ordenados juridicamente, ajudando

profissionais de diferentes áreas do conhecimento a desenvolverem soluções com responsabilidade e


empatia para esse perfil da população.

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050. Acessibilidade a edificações,


mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2020.

BRASIL. Ministério Público de São Paulo (MPSP). Diretrizes do desenho universal na habitação
de interesse social no estado de São Paulo. São Paulo: MPSP Editora, 2003. Disponível em:
<http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/manual-desenho-universal.pdf>. Acesso em:

22 nov. 2021.

______. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência

(Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF, 6 jul. 2015. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 22 nov.
2021.

______. Ministério do Turismo. Cartilha Programa Turismo Acessível. Brasília, DF, 2014.

______. Ministério do Turismo. Turismo Acessível: Bem Atender no Turismo Acessível. Volume III.

Brasília, DF, 2009.

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DAF – The Design for All Foundations. Design for All is design tailored to human diversity.
Disponível em: <http://designforall.org/design.php>. Acesso em; 22 nov. 2021.

EIDD – Design for All Europe. Stockholm Declaration. 2004. Disponível em:
<https://dfaeurope.eu/wordpress/wp-content/uploads/2014/05/Stockholm-
Declaration_portuguese.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2021.

GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas residenciais. 8. ed.
São Paulo: Senac, 2020.

SASSAKI, R. K. Nada sobre nós, sem nós: Da integração à inclusão – Parte 1. Revista Nacional de
Reabilitação, v. X, n. 57, p. 8-16, jul./ago. 2007.

SMPED – Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. Desenho Universal e Acessibilidade


na Cidade de São Paulo. São Paulo: SMPED; Editora Mais Diferenças, 2020. Disponível em:
<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/DESENHO_UNIVERSAL_ACESSIBILIDADE

_CIDADE_SAO_PAULO_PDF_AC_BAIXA%20-%20BR.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2021.

WDO – World Design Organization. 2016. Disponível em: <https://wdo.org/>. Acesso em: 22

nov. 2021.

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