Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Larissa Cavalcanti2
Raissa Muniz Pinto3
RESUMO
1
Paper apresentado à disciplina Desenho Universal da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.
2
Aluna do 7º Período de Arquitetura e Urbanismo da UNDB.
3
Professora, orientadora .
1 INTRODUÇÃO
No projeto para uma residência, o arquiteto tem que ser apto a responder uma série
de variáveis. Fora os itens técnicos e as normas vigentes, no projeto para uma residência,
adicionam-se os aspectos a respeito das características particulares do cliente, seu modo de vida,
seus sonhos, as preferencias na utilização da casa, etc. Segundo Moreira (2007) “a
complexidade envolvida nestes projetos não está na extensão ou quantidade de variáveis, mas
sim na diversidade dos problemas colocados diante do arquiteto por diferentes contextos e
clientes em constante mudança”.
O ambiente edificado e a arquitetura têm a capacidade de definir e aprimorar a
sensibilidade, expandir e aguçar a consciência. Entretanto as experiências que são mais íntimas
em relação ao espaço sejam dificultosas de expressar, isto não é impossível. Para Pallasmaa
(1986) apud Nesbit (2008), “se uma construção não preenche as condições básicas formuladas
por ela fenomenologicamente como símbolo da existência humana, [então] não é capaz de
influir nos sentimentos e emoções ligados à nossa alma com as imagens que um edifício cria”.
A etapa de pré-projeto e a elaboração do Briefing, entre o profissional da arquitetura
e o cliente, em casos de reformas, possui a capacidade para revelar ou evidenciar uma nova
compreensão do indivíduo com o seu corpo no ambiente, do qual, porventura ele ainda não
tenha tido conhecimento.
Independentemente das peculiaridades da elaboração projetual, as adversidades
centrais que forma notadas pelos arquitetos são cruciais para a concepção de uma boa solução.
É essencial a coleta de dados qualitativos e quantitativos sobre o cliente, a utilização destinada
da edificação, orçamento construtivo, o terreno e legislação. Essas variáveis são os indicadores
para o desenvolvimento do trabalho arquitetônico e identificam propriedades da conjuntura e
as diretrizes de definição da forma. (MOREIRA, 2007)
O grande desafio para os arquitetos é traduzir os pontos fenomenológicos dos
hábitos e percepção do cliente, para o papel que lhe servirá como orientação durante o
desenvolvimento projetual. Em casos de reforma, é necessário saber os propósitos que
culminaram para a decisão de modificar o ambiente, os novos desejos dos habitantes para a
edificação.
Se o projeto de reforma da residência é, além do desejo de transformação, uma
necessidade imposta pela modificação da autonomia do habitante, o arquiteto deve lidar com a
expectativa da família, e principalmente do indivíduo que tem sua habilidade diferente da que
possuía anteriormente, de ter uma vida completamente funcional no interior da residência, não
tendo as barreiras que a edificação passou a ter.
No relatório do IBGE do Censo Demográfico de 2010, expõe que 23,9% dos
cidadãos brasileiros possuem algum tipo de deficiência. A população que teve um aumento
mais rápido na última década, foi a de pessoas que tem idade superior a 65 anos, atingindo a
67,7% dos cidadãos.
O ano de 1981 escolhido como o Ano da Pessoa Deficiente pela ONU, a introdução
do deficiente em todos os setores da comunidade entra de forma definitiva nas agendas nos
países membros. As portas se abrem para transformações significativas no fim da década de 80,
como a assinatura da American with Disability Act – lei contra a discriminação de pessoas com
deficiência – nos Estados Unidos e as várias leis promovendo a acessibilidade e também a
inclusão do indivíduo com deficiência ao redor do mundo.
No Brasil, o decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004, este regulamentou as leis
10.048/2000 e 10.098/2000. Nelas são estabelecidas as normas técnicas para acessibilidade
estipuladas pela ABNT NBR 9050/2004 tendo como referência básica para elaborar e
implementar os projetos na esfera de arquitetura e urbanismo.
2 FUNDAMNETAÇÃO TEÓRICA
2.1 Desenho Universal
A conceituação de Desenho Universal é uma questão essencial para assegurar a
qualidade de vida de uma pessoa, tanto no espaço privado como no espaço público. Seu cerne
é garantir que todas as pessoas, sejam estes deficientes ou não, possam praticar atividades
diárias e usufruir do espaço de forma segura e independente. A eficiência da interação do
indivíduo com o ambiente edificado depende da sua própria capacidade, entretanto é de encargo
do arquiteto conceber ambientes de uso democrático.
O acesso universal é mais que uma questão cultural, é um direito primordial para o
procedimento de inclusão social. De acordo com Vaz (2008), a ausência dele é resultado não
da incapacidade do usuário, e sim de um ambiente deficiente que restringe e segrega os usuários
com distintas condições mentais, sensoriais e físicas, sendo estas permanentes ou temporárias.
O ambiente edificado não considera a diversidade dos usuários em espaços residenciais e as
suas limitações, porém deveria viabilizar a independência de acesso a essas edificações. A
acessibilidade é resultado de soluções e de um parecer intelectual fundamentado na percepção
global dos obstáculos que atingem a todo mundo, e para o qual, estão todos desprevenidos.
Segundo Vaz (2008), o termo Desenho Universal – Universal Design, em inglês –
se originou nos Estados Unidos por uma equipe de pesquisa do Center for Universal Design,
da Universidade da Carolina do Norte, tal equipe elaborou os 7 princípios do desenho universal.
De acordo com o Center for Universal Design conforme citado por Vaz (2008), estes princípios
são:
1. Uso equitativo: o ambiente deve ser usado por qualquer pessoa, de maneira
equivalente e autônoma.
2. Uso flexível: deve atender uma extensa gama de preferências e habilidades
de cada indivíduo.
3. Uso simples e intuitivo: de fácil compreensão, independentemente se tem
ou não experiência, não precisando de conhecimento prévio.
4. Informação perceptível: as informações essenciais ao seu uso são de forma
independente, sem depender doas condições ambienteis ou das
capacidades sensoriais.
5. Tolerância ao erro: reduz a possibilidade dos riscos e as consequências
negativas em decorrência de ações acidentais.
6. Esforço físico mínimo: utilizado de maneira eficiente e confortável,
minimizando o esforço assim evitando o cansaço do indivíduo.
7. Dimensão e espaço de abordagem e de uso: espaço e tamanho adequados
ao acesso, utilização e manipulação em produtos ou ambientes,
independentemente da mobilidade do indivíduo.
Dessa forma, a definição de Desenho Universal se originou com o intuito de
minimizar a desproporção funcional entre os elementos do ambiente e se tornar um gerador de
tecnologias e espaços acessíveis de maneira autônoma e segura. Esses 7 princípios estabelecem
um importante instrumento para elaborar projetos na esfera da arquitetura e design.
Acerca dos tipos de esquadrias, as portas e janelas devem ter puxadores especiais,
e todas as portas devem ter no mínimo 0,80 m de vão livre. É importante lembrar que para
pessoas que podem se colocar em pé, e têm estatura mediana, 1,60m a 1,80m de altura, podemos
adequar os padrões já considerados pelo uso para os projetos residenciais.
3 METODOLOGIA
3.1 Classificação Da Metodologia
Foi utilizada inicialmente a metodologia bibliográfica, uma vez que se iniciou uma
investigação por meio da leitura de vários textos. Definidos os requisitos e critérios a serem
atendidos pela adaptação, seus elementos e componentes, necessitam-se métodos
uniformizados de avaliação para verificar se tais produtos atendem aos critérios fixados. Essa
avaliação busca analisar a adequação ao uso de usuários de muletas em suas residências,
independentemente da solução técnica adotada (ABNT, NBR-9050). Para atingir esta
finalidade, na avaliação do desempenho é realizada uma investigação sistemática baseada em
“métodos consistentes, capazes de produzir uma interpretação objetiva sobre o comportamento
esperado das adaptações ” (ABNT). A construção deste projeto foi movida pelo trabalho de
pesquisa bibliográfica, que consiste naquela “elaborada com base em material já publicado [...],
como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de serviços científicos” (GIL, 2010, p.
29), sobre o conteúdo que dirige esse trabalho e também com considerações de autores
fundamentadas no que se refere estudo, tendo sido utilizadas, também, as pesquisas exploratória
e documental, sendo a primeira apontada por Gil (2010) como a que objetiva a maior
familiaridade com o problema, tornando-o explícito, ou à construção de hipóteses. A estrutura
do trabalho será disposta em tópicos bem distribuídos, em capítulos discorridos de forma coesa
e linear, buscando concisão e a melhor compreensão e, por fim, a conclusão dar-se-á com o
desfecho fundamentado e comprovado do caso.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Autonomia, conforto e segurança são os princípios fundamentais para a
acessibilidade. A NBR 9050/2015 estipula que as portas têm que ter condições para serem
abertas em um único movimento. A aberturas das portas tem que ser suave, o ideal é que não
possuam o mecanismo de molas, pois exige um maior esforço para poder abri-la. As portas do
apartamento foram trocadas por portas com vão livre de 90 cm com maçanetas do tipo alavanca,
facilitando o manuseio.
Foi garantindo por todo o apartamento uma passagem de 90 cm para o usuário de
muletas conseguir transitar de forma segura. Não há tapetes nos ambientes, para que o indivíduo
não corra o risco de perder o equilíbrio. De acordo com a Comissão Especial de Acessibilidade
(2005) é importante que as muletas sempre estejam ao alcance do usuário, quando este for sentar
ou deitar.
A parede que separava banheiro de serviço e o banheiro da suíte 02 e o foi removida,
dando mais espaço no banheiro. Foi colocado barras de apoio perto do vaso sanitário, uma atrás
do vaso e outra lateralmente fixa na parede, e dentro do box do chuveiro, uma em L e outra
barra vertical, as barras estão a 75 cm do piso. No box também há um banco retrátil, estando a
46 cm do piso, para que o morador possa tomar banho sem grandes dificuldades.
Conforme a INIFED (2015) o banheiro deve ter ao menos um gancho para apoiar
as muletas estando a uma altura de 160 cm do piso e próximo as barras de apoio. Em vista disso,
foram colocados dois ganchos (ver imagem 4) no banheiro, estando a 180 cm do piso, uma
entre a bancada e o vaso sanitário e a outra ao lado do chuveiro.
Pensando em um maior conforto, foi colocado um banco dobrável na parede
adjacente a bancada, para quando o morador lavar as mãos ou escovar os dentes não tenha que
tentar se equilibrar nas muletas e possa sentar. Os móveis dobráveis (ver imagem 5) são uma
ótima solução para o aproveitamento do espaço sem prejudicar a circulação, já que são usados
quando necessário. O banco dobrável possui tamanho 45x75 cm estando a 50 cm do piso.
Embaixo da bancada não há armários. No banheiro da suíte máster também foi usado as mesmas
soluções.
kit-mesa-dobravel-5-lugares-inox
Na cozinha para que o morador consiga lavar louça sem esforço, foi colocado um
banco embaixo da bancada, onde está a pia, de forma que ele fique oculto, para que fique
agradável esteticamente, como na imagem 6, só que neste caso o banco oculto foi usado na ilha.
Nas suítes foram colocados os ganchos, um perto da cama e o outro perto a escrivaninha. A
planta baixa e de layout estão em anexo.
Imagem 7 – Proposta de layout
5 CONCLUSÃO
O trabalho de pesquisa que abrangeu sobre a acessibilidade para um portador de deficiência, tal
como um usuário de muleta foi fundamentado com base em sites acadêmicos e também em
livros e normas técnicas. A partir das normas técnicas que relatam os itens a serem considerados
em projetos de edificações de setores distintos, foram adotadas as medidas necessárias para um
portador de deficiência realizar suas atividades diárias de forma segura e confortável dentro de
sua residência. Para que as adaptações fossem realizadas, modificaram-se as medidas de
circulações, explorando o máximo possível do ambiente, para que o portador de deficiência
realizasse o mínimo esforço para se locomover. A mudança de mobiliário, e a forma de
disposição dos mesmos foram necessárias tornando os ambientes mais seguros, através da
utilização de mobiliários em posições que permitem o deslocamento tranquilo e flexível. Sendo
assim, o presente trabalho foi de suma importância para ampliar o conhecimento acerca de
como executar projetos acessíveis, respeitando as normas técnicas e as limitações dos usuários,
de forma a atender suas necessidades sem colocar em risco a segurança e o bem-estar do
portador de deficiência.
REFERÊNCIAS
IBGE. Censo demográfico 2010 - características gerais da população, religião e pessoas com
deficiência. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/periodicos/94/cd_2010_religiao_deficiencia.pdf. Acesso em: 03 nov. 2018.>
NESBITT, Kate. Uma Nova Agenda para a Arquitetura: Antologia Teórica (1965 -
1995. São Paulo: Cosac Naify, 2008. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo
/45597081/capitulos-9-e-10--uma-nova-agenda-para-a-arquitetura--antologia-teorica-1965>.
Acesso em: 03 nov. 2018.