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Aula 01

Direito Ambiental p/ Magistratura Estadual 2018 (Curso Regular)

Thiago Leite

71173739890 - Laura Alice Duarte


DIREITO AMBIENTAL – MAGISTRATURA ESTADUAL 2018
Teoria, jurisprudência e questões
Aula 01 – Prof. Thiago Leite

AULA 01
COMPETÊNCIA EM MATÉRIA
AMBIENTAL. A PROTEÇÃO DO MEIO
AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL
Sumário
1 – Competência em matéria ambiental ....................................................... 2
2 – A proteção do meio ambiente na CF/88 .................................................. 6
3 – Jurisprudência correlata ..................................................................... 25
4 - Questões .......................................................................................... 31
5 - Resumo da Aula ................................................................................ 45

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AULA 01 - Competência em matéria


ambiental. A proteção do meio ambiente na
Constituição Federal
1 – Competência em matéria ambiental

Na aula passada vimos o conceito de direito ambiental, seu objeto, o conceito


de meio ambiente e os princípios que regem a matéria. Agora estamos prontos
para estudarmos a competência ambiental e a proteção do meio ambiente na
Constituição Federal. Então, mãos à obra!
A forma de Estado adotada em nossa Carta Magna é o federalismo, o que
significa a coexistência de entes estatais autônomos (descentralização política),
ou seja, cada ente possui capacidade para se auto-organizar e legislar.
Portanto, a própria Constituição Federal distribuiu competências legislativas e
administrativas entre os diversos entes estatais (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios).
E em matéria ambiental, como esta competência está distribuída? É o que
veremos a seguir. Fique atento!
A competência legislativa em matéria de meio ambiente é CONCORRENTE,
ou seja, cabe a União, Estados e Distrito Federal legislar sobre a matéria. É o
que preconiza o art. 24, VI e VIII, da CF/88. A União deverá editar as normas
gerais, e os Estados e DF irão suplementar tais normas. Caso a União não edite
norma geral, os Estados e DF terão a competência legislativa plena. Mas
sobrevindo lei federal sobre normas gerais a eficácia da lei estadual ficará
suspensa naquilo que lhe for contrário. Os Municípios poderão suplementar a
legislação Federal e Estadual, no que couber.

• A competência legislativa em matéria


a
ambiental é CONCORRENTE. Nela, a
União edita normas gerais, e os
Estados e DF irão complementá-las

• Pela literalidade do art. 24 da CF, a


competência legislativa dos
Municípios NÃO É a concorrente, mas
a sim a SUPLEMENTAR (art. 30, II,
CF/88). Portanto, os Municípios
podem suplementar a legislação
federal em matéria ambiental

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Os Municípios não podem exercer a competência legislativa


plena na falta de normas gerais da União, pois tal competência
só foi dada ao Estados e ao DF (art. 24 da CF/88).

No caso da competência plena dos Estados, a superveniência de


norma geral federal não revoga a lei estadual, apenas suspende
sua eficácia.

Assim está tratada a matéria na Constituição Federal:

Artigo 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
...
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
...
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
...
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da
lei estadual, no que lhe for contrário.

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

Podemos perceber que, dos entes maiores para os entes menores (União para
Estados e Estados para Municípios) há uma decrescente abstração nas
normas, ou seja, as leis federais são mais gerais e abstratas que as leis
estaduais, que, por sua vez, são mais gerais e abstratas que as leis municipais,
segundo bem ponderado por Marcelo Abelha Rodrigues.
As normas específicas devem obedecer às diretrizes lançadas pela norma geral,
sob pena de vício de inconstitucionalidade formal. Foi o que decidiu o STF na
ADI 2.656 (ver decisão no item dedicado à jurisprudência, mais à frente).

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Algumas bancas de concurso consideram que os


Estados, DF e Município podem, no âmbito de sua
competência suplementar, ir além da legislação federal,
DESDE QUE SEJA PARA ADOTAR MEDIDAS MAIS
PROTETIVAS AO MEIO AMBIENTE.

Havendo dúvida quanto ao ente competente para editar determinada norma em


matéria ambiental, podemos usar, na esteira da lição de José Afonso da Silva, o
princípio da predominância de interesse, ou seja, se o interesse for
nacional (atingir todo o pais ou mais de um Estado) caberá à União legislar; se
o interesse for regional (atingir apenas um Estado ou mais de um Município
dentro de um mesmo Estado) caberá ao Estado legislar; se o interesse for local
(atingir apenas um Município) caberá ao respectivo Município legislar.
Já vimos a competência legislativa em matéria ambiental. Agora vamos estudar
a competência administrativa (material), ou seja, aquela relacionada à
execução das leis, sua implementação através de políticas públicas, voltadas ao
conceito de poder de polícia.
A competência administrativa em matéria ambiental é do tipo COMUM,
CUMULATIVA ou PARALELA, ou seja, tanto a União, quanto os Estados e os
Municípios podem tratar da mesma matéria em igualdade de condições. A
atuação de um ente não exclui a atuação de outro ente em matéria ambiental
(a atuação pode ser cumulativa). É o que prescreve o art. 23, VI e VII, da
CF/88, in verbis:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
...
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico
e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
...
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio
do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

No ano de 2011 foi publicada a Lei complementar nº 140/2011, que trata da


cooperação entre os entes federados para o exercício da competência

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administrativa comum em matéria ambiental. Dentre os instrumentos previstos


para referida cooperação destacamos os consórcios públicos, convênios,
acordos, fundos públicos e privados, comissões, delegações de atribuições e
execução, entre outros (será objeto de outra aula).

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA COMPETÊNCIA ADMINISTRTIVA


(CARÁTER VERTICAL) (CARÁTER HORIZONTAL)

União

Estados Municípios Estados União

Municípios

Todos os entes políticos possuem


abstratamente competência para
exercer o poder de polícia em sede
.
ambiental (licenciamento,
fiscalização, sanções
administrativas, etc).

Visando instrumentalizar e permitir a execução harmônica da competência


comum administrativa em sede de meio ambiente foi criado o Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, constituído por um conjunto de
órgãos e entidades da União, Estados, DF e Municípios, responsáveis pela
proteção e melhoria do meio ambiente. Mais isso será objeto de outra aula.

• Em caso de aplicação de penalidade,


a
todavia, a atuação de um ente exclui
a atuação de outro ente, evitando,
assim, o bis in idem.

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Importante ressaltar que a competência para explorar os serviços e instalações


nucleares de qualquer natureza pertence à União, bem como é sua
competência privativa legislar sobre o assunto, senão vejamos:

Art. 21. Compete à União:


...
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e
exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:...

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


...
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza

2 – A proteção do meio ambiente na CF/88

A partir da edição da Lei nº 6.938/81 (Política


Nacional do Meio Ambiente) o meio ambiente
recebeu uma tutela especial, haja vista que passou
a ser protegido como bem essencial em si mesmo,
e não mais de forma indireta, como um meio de se
assegurar outros direitos. Seguiram-se, então,
diversas leis complementando a tutela ambiental,
formando uma espécie de teia legislativa de
proteção do meio ambiente. Essa idéia de tutela
irrestrita do meio ambiente foi agasalhada pela
Constituição Federal de 1988, que deu o suporte
valorativo e serviu de fundamento de validade para a consolidação do sistema
de proteção ambiental vigente em nosso país. Portanto, a Carta Magna elevou a
tutela ambiental a um nível constitucional, como direito fundamental.
Portanto, toda a legislação infraconstitucional ambiental deve se amoldar aos
valores e aos parâmetros dados pela Carta da República, inclusive sua
interpretação e sua aplicação, sob pena de vício de inconstitucionalidade.
Vários dos princípios fundamentais do direito ambiental são retirados da
Constituição Federal, que também serve de fonte para importantes institutos
jurídicos ligados à tutela ambiental, tais como a responsabilidade objetiva da
pessoa jurídica, a fixação da proteção do ecossistema como princípio da
atividade econômica, a previsão do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, e do
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA.

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O texto constitucional trata da proteção do meio ambiente de forma direta,


como no art. 225, mas também de forma indireta, como ao tratar da função
social da propriedade, da política agrária, etc.
A proteção ambiental na Carta Magna se concentra de forma visível no art. 225,
que compõe o Capítulo VI (Do Meio Ambiente) do Título VIII (Da Ordem Social).
Vejamos, na íntegra sua transcrição:

Artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-
se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

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O caput do artigo traz, primeiramente, a indicação do objeto de tutela do direito


ambiental (bem ambiental), que é o EQUILÍBRIO ECOLÓGICO ou MEIO
AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO. Estabeleceu, ainda, o seu
titular, que é o POVO, e seu regime jurídico, BEM PÚBLICO DE USO COMUM.
Por último, impôs o ônus da proteção e defesa do meio ambiente ao PODER
PÚBLICO e a TODA A SOCIEDADE.
No parágrafo primeiro o Constituinte elenca algumas atribuições específicas do
Poder Público para garantir o cumprimento do dever de proteção ao meio
ambiente, através da previsão de instrumentos e condutas a serem observados.
Vejamos cada um deles:

I – Preservação e restauração de processos ecológicos e manejo


ecológico:

Coube a Lei nº 9.985/2000 (art. 2º) a


regulamentação de parte deste inciso, na
medida em que conceituou “preservação”
como “conjunto de métodos,
procedimentos e políticas que visem a
proteção a longo prazo das espécies,
habitats e ecossistemas, além da
manutenção dos processos ecológicos,
prevenindo a simplificação dos sistemas
naturais”, “restauração” como “restituição de um ecossistema ou de uma
população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição
original” e “manejo” como “todo e qualquer procedimento que vise assegurar a
conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas”. De forma mais
simples, podemos dizer que manejo ecológico é a técnica em que a utilização
dos recursos naturais se dá de forma minimamente invasiva/agressiva, com
vistas a manutenção da integridade do ecossistema. Já processos ecológicos
podem ser conceituados como “o conjunto de atos que tipificam os fenômenos
ecológicos que sejam essenciais para a manutenção da vida e do ambiente”,
conforme preconiza Marcelo Abelha Rodrigues1. Portanto, é dever do Poder
Público garantir a preservação e a restauração dos processos ecológicos
indispensáveis para o equilíbrio ambiental, além de agir para manter a
diversidade de espécies e de ecossistemas.

1
Rodrigues, Marcelo Abelha. Direito Ambiental Esquematizado. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015
p. 100.

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II – Diversidade biológica e Patrimônio genético:


Um dos principais resultados da Rio-92
foi a elaboração da Convenção da
Diversidade Biológica (CDB), que
ingressou em nosso ordenamento
jurídico por meio do Decreto de
promulgação 2.519/1998, segundo a
qual diversidade biológica “significa
a variabilidade de organismos vivos de
todas as origens, compreendendo,
dentre outros, os ecossistemas
terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos
de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies,
entre espécies e de ecossistemas”. A Convenção está estruturada sobre três
bases principais – a conservação da diversidade biológica, o uso
sustentável da biodiversidade e a repartição justa e equitativa dos
benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos. Segundo o
artigo 1º da referida convenção, seus objetivos “são a conservação da
diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a
repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos
genéticos, mediante, inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos e a
transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os
direitos sobre tais recursos e tecnologias, e mediante financiamento adequado”.
O patrimônio genético de um País é um bem ambiental essencial para a
manutenção de um ecossistema equilibrado, e pode ser conceituado como o
conjunto de material genético, seja de origem animal, vegetal, microbiana,
dotado de valor real ou potencial, e que pode ser utilizado cientificamente ou
comercialmente pelas presentes e futuras gerações. Devido ao crescente
interesse cientifico e comercial sobre o patrimônio genético a CF/88 incumbiu
ao Poder Público a importante responsabilidade de fiscalizar aquelas entidades
que manipulam material genético. A Lei 11.105/2005 trata das normas de
segurança e fiscalização de atividades envolvendo organismos geneticamente
modificados (OGM) e seus derivados.
Compete à União gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento
tradicional associado (prática/informação individual ou coletiva de comunidade
indígena ou local, com valor real ou potencial, associado ao patrimônio
genético, nos termos do art. 7º, XXIII, da LC 140/2011.
Faz-se necessário um forte controle estatal sobre o banco genético nacional, a
fim de evitar a chamada biopirataria, grande desafio do século XXI.

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• A biopirataria é a exploração ou
a apropriação ilegal de recursos da
fauna e da flora e do conhecimento
das comunidades tradicionais

O caso mais famoso de biopirataria foi o do açaí


(fruto oriundo da Amazônia), que foi ilegalmente
patenteado por uma empresa japonesa chamada
K.K. Eyela Corporation. Após forte pressão
internacional o governo japonês caçou referida
patente. Outro caso famoso foi o do veneno da jararaca, que teve seu princípio
ativo descoberto por um brasileiro, mas o registro acabou sendo feito por uma
empresa americana (Squibb), que utilizou o trabalho e patenteou a produção de
um famoso medicamento contra a hipertensão (Captopril), nos anos 70.

organismo cujo material genético


ORGANISMO tenha sido modificado por
GENETICAMENTE qualquer técnica de engenharia
MODIFICADO (OGM) genética (art. 3º, V, da Lei
11.105/2005)

Enfim, como bem apontado por Frederico Amado “Para se ter acesso ao
patrimônio genético brasileiro, é preciso obter autorização da União, que
controlará o seu uso, comercialização e aproveitamento para quaisquer fins,
vedado o acesso ao patrimônio genético para práticas nocivas ao meio
ambiente e à saúde humana e para o desenvolvimento de armas biológicas e
químicas”2.

2
Amado, Frederico. Legislação Comentada para concurso. Editora Método, São Paulo, 2015.

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III – Espaços territoriais especialmente protegidos

A existência dos espaços territoriais


especialmente protegidos (ETEP) se constitui
como um dos principais instrumentos na
preservação do meio ambiente. Podem ser
conceituados como espaços delimitados e
reconhecidos pelo Poder Público como
destinatários de especial proteção, em razão
de sua importância para o ecossistema. Não
precisam ser criados por meio de lei, mas sua
alteração ou sua supressão só podem ocorrem
através de LEI. É vedada, ainda, qualquer utilização
que comprometa a integridade dos elementos que
justificaram sua especial proteção. Importante ter
em mente que os ETEP’s não são sinônimos de Unidades de Conservação, mas
sim gênero da qual estas últimas são espécies. As unidades de conservação
serão estudadas em aula específica.

ETEP
AP (áreas protegidas)

*Reserva florestal;

*APP;

*Jardim botânico; UNIDADES DE

*Horto florestal. CONSERVAÇÃO

(UC)

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Compete ao Poder Público criar ou definir os Espaços Territoriais


Especialmente Protegidos - ETEP's (não precisa ser por meio de
lei, pode ser decreto);

Uma vez criados os Espaços Territoriais Especialmente


Protegidos - ETEP's, só podem ser alterados ou suprimidos por
meio de LEI;

A utilização dos Espaços Territoriais Especialmente Protegidos -


ETEP's só pode ser permitida se não houver comprometimento
da integridade dos atributos que justificaram sua proteção.

• Os Espaços Territoriais Especialmente


Protegidos (ETEP's) constituem
exceção ao princípio da Simetria
a Jurídica (pelo qual a extinção de um
instituto se dá por ato da mesma
categoria, por exemplo, se a lei cria,
apenas a lei pode extinguir)

IV – Estudo prévio de impacto ambiental (EIA/RIMA)

É o mais famoso tipo de estudo ambiental e


também um dos instrumentos mais
importantes na preservação do meio
ambiente. Como o próprio nome indica, é
um estudo exigido antes de qualquer
atividade/obra potencialmente causadora de
danos ambientais. Dependendo de seus
resultados o Poder Público poderá ou não
autorizar o seu início. Por ser um estudo complexo, cheio de termos técnicos e
de difícil compreensão, é necessário que seja feito o Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA), que nada mais é senão um documento que explicita, de
maneira mais clara, o conteúdo do EIA. Referido estudo só é exigido em caso
de atividade/obra que cause significativo impacto ambiental, haja vista que

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é um procedimento demorado, caro e complexo. Vale lembrar que cabe ao


responsável pela atividade/obra arcar com todos os custos do EIA/RIMA. Enfim,
podemos dizer que o EIA nada mais é que um instrumento de avaliação de
atividades/obras que causam um significativo impacto ambiental, apontando a
viabilidade ambiental (ou não) da referida atividade/obra. E o RIMA é um
documento que refletirá as conclusões do EIA, de forma acessível ao público em
geral.
A Resolução nº 01/1986, do CONAMA, estabelece, em seu artigo 2º, os casos
em que se presume a existência de significativa degradação ambiental,
tais como: ferrovias, portos, aeroportos, oleodutos, gasodutos, extração de
combustível fóssil, extração de minério, aterros sanitários, usinas de geração de
eletricidade acima de 10MW, distritos industriais, zonas estritamente
industriais, dentre outros.

• O STF já pacificou o entendimento de que


norma estadual ou municipal que
estabelece hipóteses de dispensa do
EIA/RIMA é INCONSTITUCIONAL!!! Vide
ADI 1.086

A Constituição Federal, em seu art. 225, não fala em


licenciamento ambiental, mas apenas em EIA.

O EIA não é exigido em todas as atividades causadoras de


danos ambientais, mas apenas quando há risco de
SIGNIFICATIVO impacto.

As resoluções do CONAMA 1/86 e 237/97


regulamentam o EIA, que é espécie do gênero
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)

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ESTUDO DE IMPACTO ESTUDO DE IMPACTO DE


AMBIENTAL (EIA) VIZINHANÇA (EIV)
É focado na análise de
Possui campo de atuação mais
impactos à qualidade de vida
amplo, compreendendo os
urbana, na vizinhança do
impactos para o meio físico,
empreendimento
biótico e socioeconômico
Decorre do art. 4º, VI, da Lei
Possui fundamento direto no 10.257/2001 e possui
artigo 225 da CF fundamento no art. 182 da CF

Não pode ser substituído pelo Não substitui o EIA


EIV

V – Controle de comercialização e produção de técnicas/produtos que


coloquem em risco a vida e o meio ambiente

O Estado deve exercer o poder de polícia a fim de


evitar danos ambientais decorrentes de atividades
econômicas potencialmente degradantes, tais como
aquelas que utilizam agrotóxicos, pesticidas, adubos
químicos, material radioativo, etc.
A Lei nº 7.802/89 trata dos agrotóxicos,
conceituando-o, em síntese, como o produto ou
agente de processo físico, químico ou biológico, cuja
finalidade seja alterar a composição da fauna e da
flora, preservando-as da ação danosa de seres vivos
nocivos. Sua utilização, produção, importação,
exportação e comercialização depende de prévio registro em órgão federal
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Importante sublinhar, ainda, a crescente preocupação em todo o mundo com o
aquecimento global, haja vista que tal fenômeno poderá trazer consequências
nefastas para a humanidade. Em decorrência desta situação, o Brasil assinou o
Protocolo de Kyoto, que prevê metas de redução dos gases que causam o efeito
estufa. Foi publicada, ainda, a Lei nº 12.187/2009, que trata da Política
Nacional de Mudança do Clima. Uma das principais fontes de emissão desses

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gases são as queimadas, motivo pelo qual a eficiência do poder de polícia do


Estado se mostra tão importante neste combate.

VI – Educação ambiental

A educação ambiental é fator fundamental


para a concretização do princípio da
participação. Ela, a educação ambiental, visa
gerar uma consciência ambiental no cidadão,
consistente no “alcance de um estado de
formação moral e comportamento social que
implique a adoção de um novo paradigma
ético do ser humano em relação ao meio
ambiente”3. Portanto, por meio da educação
ambiental se chega a uma consciência
ambiental, em que o comportamento do
cidadão estará voltado para a proteção do meio ambiente.
Existe uma Lei própria tratando da educação ambiental (Lei nº 9.795/99), que
será prestada de modo formal e informal (art. 2º) e tendo como agentes
envolvidos no processo o Poder Público, as instituições educativas, os órgãos
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, os meios de
comunicação em massa, as empresas, as entidades de classe e a sociedade
como um todo (art. 3º). A educação ambiental deverá se basear em uma visão
sistemática, onde se privilegie um enfoque humanista e integral, com a
concepção do meio ambiente em seu todo, e interpretação que abarque a
pluralidade de idéias e pensamentos, levando em consideração a diversidade
cultura do País (art. 4º). Enfim, a informação aliada a uma educação ambiental
abrangente são requisitos necessários para a formação de uma consciência
ambiental que mune o cidadão de um juízo de valor crítico que o leva a refletir
e debater o meio ambiente como condição essencial para a vida, tornando-o
apto a participar efetivamente dos processos decisórios. É a chamada
“democracia participativa ecológica”.

A educação ambiental no ordenamento jurídico:

Lei 6.938/81
Art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente (...) atendidos os seguintes
princípios:
...
X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio

3
Rodrigues, Marcelo Abelha. Direito Ambiental Esquematizado. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015
p. 314.

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ambiente.
...
Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
...
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados
e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a
necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico.

Lei 9.795/99
Art. 1º Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes, competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de
uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade

Não é permitido (art. 10, §1º, da


A educação REGRA
Lei 9.795/99)
ambiental como
disciplina
específica no É permitido em cursos de pós-
currículo de graduação, extensão e nas áreas
ensino voltadas ao aspecto
EXCEÇÃO
metodológico da educação
ambiental (art. 10, §2º, da Lei
9.795/99)

Você pode estar se perguntando: “qual a razão


para se proibir a inclusão da educação
ambiental como disciplina de ensino?”. A
justificativa para tal proibição parte do caput do
artigo 10 da Lei 9.795/99, onde consta que a
educação ambiental será desenvolvida como
uma prática educativa integrada, ou seja, a educação ambiental não pode
ser vista como uma disciplina separada, estanque, dissociada das demais
matérias. A educação ambiental deve ser vista de forma integrada às demais
matérias, ou seja, ao se estudar geografia deve ser vista a questão ambiental
ligada à matéria; ao se estudar biologia deve ser vista a questão ambiental
respectiva, e assim por diante. A educação ambiental deve ser tratada
conjuntamente com todas as demais matérias do currículo. O tema é polêmico
e está longe de ser unanimidade.

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VII – Proteção da fauna e da flora

Este inciso vai além da proteção dos microbens


ambientais (fauna, flora), preservando sua função
ecológica, pois impede, também, a crueldade
contra os animais. Nos casos de conflito entre o
princípio da liberdade de manifestação cultural e o
princípio da preservação do meio ambiente os
Tribunais têm dado primazia a este último, pois
não se pode tolerar manifestação cultural que
agrida o meio ambiente, colocando em risco a própria vida.

A fauna é composta por4:

• Animais Silvestres: são aqueles


pertencentes às espécies nativas,
migratórias e quaisquer outras, aquáticas
ou terrestres, que tenham a sua vida ou
parte dela ocorrendo naturalmente dentro
dos limites do Território Brasileiro e suas
águas juridicionais.

• Animais exóticos: são aqueles cuja


distribuição geográfica não inclui o
Território Brasileiro. As espécies ou
subespécies introduzidas pelo homem,
inclusive domésticas, em estado
selvagem, também são consideradas
exóticas. Outras espécies consideradas
exóticas são aquelas que tenham sido
introduzidas fora das fronteiras brasileiras
e suas águas juridicionais e que tenham
entrado expontaneamente em Território
Brasileiro.

4
Sítio do IBAMA: www.ibama.gov.br

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• Animais domésticos: são aqueles


animais que através de processos
tradicionais e sistematizados de manejo e
melhoramento zootécnico tornaram-se
domésticas, possuindo características
biológicas e comportamentais em estreita
dependência do homem, podendo
inclusive apresentar aparência diferente
da espécie silvestre que os originou.

Caça profissional Proibida (art. 2º,


Lei 5.197/67

Pode ser licenciada, de acordo


Caça esportiva com as peculiaridades locais (art.
1º, §1º Lei 5.197/67)

Poderá ser licenciada para a


destruição de animais silvestres
Caça de controle
considerados nocivos à
agricultura ou à saúde pública

Poderá ser concedida a


cientistas licença especial
Caça científica para a coleta de material
destinado a fins científicos
(art. 14, Lei 5.197/67)

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Comércio de espécimes da fauna silvestre e de seus produtos e


objetos, exceto os decorrentes de criadouros legalizados (art. 3º
da Lei 5.197/67

Inserção de espécie no Brasil sem o devido licenciamento


ambiental (Lei 9.605/98)

Exportação de peles e couros de anfíbios e répteis, em bruto (art.


18 da Lei 5.197/67)

• Com base nessa norma protetiva (art. 225,


§1º, VII, CF/88) o STF proibiu
manifestações culturais que imponham
sofrimento e maus tratos aos animais, tais
como a “briga de galo” (ADI 1856 e a ADI
2514)

A vaquejada tem sido, recentemente,


tema de grande discussão no STF e na
sociedade. Essa discussão gira em torno
do choque de dois valores, a saber:
manifestação cultural x proteção
aos animais. Antes de mais nada
vamos dar uma rápida explicação do
que é a vaquejada. A vaquejada é uma
atividade cultural proveniente do
nordeste brasileiro na qual dois vaqueiros montados a cavalo têm de derrubar
um boi, puxando-o pelo rabo, entre duas faixas de cal do parque de vaquejada.
No ano de 2013 o esporte movimentou cerca de 50 milhões de reais, e
empregaram, direta e indiretamente, cerca de 6.500 pessoas. Os defensores da
vaquejada argumentam que a atividade é uma manifestação cultural do povo
nordestino, remontando ao século XVII, e que a vaquejada moderna se
preocupa com a saúde tanto dos vaqueiros quanto dos animais. Já os
opositores do esporte afirmam que a vaquejada representa, para os bois e os

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cavalos, grandes maus tratos, pois submetem os animais a dor físicas e a altos
níveis de estresse.
O STF, no julgamento da ADI, julgou, por maioria apertada (6 x 5),
inconstitucional a Lei Estadual nº 15.200, do Estado do Ceará, que
regulamentava a vaquejada no Estado. O Ministro Marco Aurélio, relator da ADI,
considerou haver “crueldade intrínseca” aplicada aos animais na vaquejada.
Portanto, o entendimento do STF é que a vaquejada, por causar maus
tratos aos animais, é uma atividade que afronta à Constituição Federal
(artigo 225, §1º, VII), e, portanto, está proibida.

Assim descreveu o Ministro Marco Aurélio, em seu voto vencedor:

...o objetivo é a derrubada do boi


pelos vaqueiros, o que fazem em
arrancada, puxando-o pelo rabo.
Inicialmente, o animal é enclausurado,
açoitado e instigado a sair em
disparada quando da abertura do
portão do brete. Conduzido pela dupla de vaqueiros competidores
vem a ser agarrado pela cauda, a qual é torcida até que caia com as
quatro patas para cima e, assim, fique finalmente dominado.
O autor juntou laudos técnicos que demonstram as consequências
nocivas à saúde dos bovinos decorrentes da tração forçada no rabo,
seguida da derrubada, tais como fraturas nas patas, ruptura de
ligamentos e de vasos sanguíneos, traumatismos e deslocamento da
articulação do rabo ou até o arrancamento deste, resultando no
comprometimento da medula espinhal e dos nervos espinhais, dores
físicas e sofrimento mental. Apresentou estudos no sentido de
também sofrerem lesões e danos irreparáveis os cavalos utilizados na
atividade: tendinite, tenossinovite, exostose, miopatias focal e por
esforço, fraturas e osteoartrite társica.
Ante os dados empíricos evidenciados pelas pesquisas, tem-se como
indiscutível o tratamento cruel dispensado às espécies animais
envolvidas. O ato repentino e violento de tracionar o boi pelo rabo,
assim como a verdadeira tortura prévia – inclusive por meio de
estocadas de choques elétricos – à qual é submetido o animal, para
que saia do estado de mansidão e dispare em fuga a fim de viabilizar
a perseguição, consubstanciam atuação a implicar descompasso com
o que preconizado no artigo 225, § 1º, inciso VII, da Carta da
República.

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Mas a história não para por aqui. O Congresso


Nacional, após muita pressão de setores da
sociedade que defendem a vaquejada, aprovou a Lei
Federal nº 13.364/2016, que eleva o rodeio e a
vaquejada à condição de manifestação cultural
nacional e de patrimônio cultural imaterial.

Lei 13.364/2016
Art. 1o Esta Lei eleva o Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas
expressões artístico-culturais, à condição de manifestações da cultura nacional e
de patrimônio cultural imaterial.
Art. 2o O Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-
culturais, passam a ser considerados manifestações da cultura nacional.
Art. 3o Consideram-se patrimônio cultural imaterial do Brasil o Rodeio, a
Vaquejada e expressões decorrentes, como:
I - montarias;
II - provas de laço;
III - apartação;
IV - bulldog;
V - provas de rédeas;
VI - provas dos Três Tambores, Team Penning e Work Penning;
VII - paleteadas; e
VIII - outras provas típicas, tais como Queima do Alho e concurso do berrante,
bem como apresentações folclóricas e de músicas de raiz.
Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Ainda sob a pressão da bancada ruralista o Congresso Nacional aprovou a


Emenda Constitucional nº 96/2017, que acrescentou o §7º ao artigo 225 da
CF “para determinar que práticas desportivas que utilizem animais não
são consideradas cruéis”.

CF/88
Art. 225...
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal,
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-
estar dos animais envolvidos.

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A EC 96/2017 é um exemplo do que a doutrina constitucionalista denomina de


“efeito backlash”. Efeito backlash consiste em uma reação conservadora
de parcela da sociedade ou das forças políticas (em geral, do
parlamento) diante de uma decisão liberal do Poder Judiciário em um
tema polêmico.
A discussão agora será em torno da (in)constitucionalidade da referida emenda
constitucional. Esperemos o que o STF irá dizer sobre o assunto, mas se o
entendimento for mantido a prática da vaquejada continuará a ser proibida em
território nacional, ou seja, a prática desportiva da vaquejada não deixará de
causar maus tratos aos animais apenas por constar no texto da Carta Magna. É
uma boa questão para ser cobrada em fases discursiva e oral.

Passemos ao estudo da flora. De forma simples, podemos conceituar “flora”


como o conjunto de espécies vegetais de uma determinada localidade.
Compete à União elaborar uma lista nacional contendo as espécies da flora
ameaçadas de extinção (Instrução Normativa MMA 06/2008).
Compete aos Estados e ao DF elaborar lista contendo as espécies da flora
ameaçadas de extinção no âmbito de seu território.

O parágrafo 2º do artigo 225 da Constituição é claro e incisivo em imputar a


responsabilidade pela recuperação do dano ambiental ao explorador de recursos
minerais. E isto se deve ao caráter altamente impactante da atividade de
mineração.
O Decreto 97.632/89, em seu art. 1º, aduz: “Os empreendimentos que se
destinam à exploração de recursos minerais deverão, quando da apresentação
do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Relatório do Impacto Ambiental -
RIMA, submeter à aprovação do órgão ambiental competente, plano de
recuperação de área degradada”.
Não poderíamos deixar de lembrar da tragédia ocorrida na cidade de
Mariana/MG, onde duas barragens da mineradora Samarco se romperam,
despejando toneladas de lama e rejeitos sólidos no Rio Doce, mantando
pessoas e destruindo boa parte da fauna e da flora da região. Especialistas
dizem que pode levar séculos para a total recuperação do meio. A provável
causa desta tragédia foi a negligencia da empresa no monitoramento e na
operação do empreendimento. Como base na norma constitucional em estudo,
a empresa operadora deverá arcar com todos os custos de reparação.
Já o parágrafo 3º do artigo 225 da Constituição prevê importante mecanismo
de proteção do meio ambiente, ao reconhecer a independência das sanções
ambientais na seara civil, penal e administrativa. Portanto, um mesmo fato
pode ensejar a aplicação de três sanções (civil, administrativa e penal), pois as
normas infringidas podem ser de searas diversas.

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A possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica é previsão


alvissareira e que divide opinião, mas os Tribunais já admitem sua aplicação.

O §4º do artigo 225 da Constituição elenca como patrimônio nacional:

1. A Floresta Amazônica brasileira;


Não há que se confundir a Amazônia Legal com Floresta Amazônica, haja
vista que aquela abrange outros Biomas, tal como o cerrado
2. A Mata Atlântica;
Sua tutela ganhou relevo com a edição da Lei 11.428/2006 (Lei do Bioma
Mata Atlântica), regulada pelo Decreto 6.660/2008.
3. A Serra do Mar;
É uma cadeia montanhosa com aproximadamente 1.500 km, que se
estende pelo litoral brasileiro, do Rio de Janeiro a Santa Catarina. Devido
a sua grande extensão e sua variação de altitude (1.200 a 2.200 metros)
possui uma enorme diversidade de fauna e flora.
4. O Pantanal Mato-Grossense; e
Pantanal consiste na superfície de terra que, periodicamente, é coberta
pelas águas, tendo uma vegetação adaptada a esse regime de cheias.
Com a baixa das águas há uma fertilização natural do solo através de
uma lama humífera, constituída por restos de animais e vegetais, o que
explica, em parte, a grande biodiversidade do local.
5. A Zona Costeira
Corresponde ao espaço geográfico de interação entre o ar, o mar e a
terra, incluindo seus recursos, abrangendo, ainda, uma faixa marítima e
uma faixa terrestre.

Espaço que se estende por 12 milhas


Faixa Marítima
náuticas, medido a partir das linhas de base

Espaço compreendido pelos limites dos


Faixa Terrestre Municípios que sofrem influencia direta dos
fenômenos ocorrentes na zona costeira

Área coberta e descoberta periodicamente


Praia pelas águas, acrescida da faixa subsequente
de material detrítico (areia, cascalho, seixo)

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Faixa contida na zona costeira,


Orla Marítima compreendendo uma porção marítima e uma
porção terrestre

Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Emenda 131/2003, que acrescenta


ao rol acima (§4º) os Biomas “Cerrado” e “Caatinga”.

O §4º do artigo 225 da CF NÃO incluiu como pertencentes ao


patrimônio nacional os Biomas CERRADO e CAATINGA

Os Biomas elencados no §4º do artigo 225 da CF são


patrimônio NACINAL, não federal ou da União.

Seguindo no comentário dos parágrafos do artigo 225 da Constituição, temos


que as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados por ação discriminatória
necessárias à proteção ambiental são indisponíveis, ou seja, não podem
ser alienadas, diferentemente das demais terras devolutas, que, por serem
bens dominicais, são disponíveis.

Necessárias à
INDISPONÍVEIS
proteção ambiental
Terras devolutas
(bens dominicias)
Demais terras DISPONÍVEIS
devolutas

O sexto e último parágrafo do artigo 225 da constituição traz importante


medida de cautela em relação ao uso da energia nuclear, ao exigir que a
localização de usinas nucleares seja definida por meio de LEI. A iniciativa é

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salutar, haja vista que não se trata de interesse apenas local, mas de toda a
sociedade, em virtude do enorme potencial danoso ao meio ambiente.
A Constituição Federal, em relação à função social da propriedade,
prescreve:

Aproveitamento
racional e adequado

Utilização adequada
dos recursos naturais
disponíveis e
preservação do meio
Propriedade rural ambiente
(art. 186 CF/88)
Observância das
disposições que
regulam as relações de
trabalho
Função social da
propriedade Exploração que
favoreça o bem-estar
dos proprietários e dos
trabalhadores
Propriedade
urbana (art. 182, Obediência ao Plano
§2º CF/88) Diretor

3 - Jurisprudência Correlata

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI PAULISTA.


PROIBIÇÃO DE IMPORTAÇÃO, EXTRAÇÃO, BENEFICIAMENTO,
COMERCIALIZAÇÃO, FABRICAÇÃO E INSTALAÇÃO DE PRODUTOS
CONTENDO QUALQUER TIPO DE AMIANTO. GOVERNADOR DO ESTADO DE
GOIÁS. LEGITIMIDADE ATIVA. INVASÃO DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO.
...
2. Comercialização e extração de amianto. Vedação prevista na legislação
do Estado de São Paulo. Comércio exterior, minas e recursos minerais.
Legislação. Matéria de competência da União (CF, artigo 22, VIII e
XIII). Invasão de competência legislativa pelo Estado-membro.
Inconstitucionalidade.
3. Produção e consumo de produtos que utilizam amianto crisotila.
Competência concorrente dos entes federados. Existência de norma

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federal em vigor a regulamentar o tema (Lei 9055/95).


Conseqüência. Vício formal da lei paulista, por ser apenas de
natureza supletiva (CF, artigo 24, §§ 1º e 4º) a competência
estadual para editar normas gerais sobre a matéria.
4. Proteção e defesa da saúde pública e meio ambiente. Questão de
interesse nacional. Legitimidade da regulamentação geral fixada no
âmbito federal. Ausência de justificativa para tratamento particular
e diferenciado pelo Estado de São Paulo.
...Extrapolação da competência concorrente prevista no inciso V do
artigo 24 da Carta da República, por haver norma federal regulando
a questão. (STF, Pleno, ADI 2.656, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ
01/08/2003)

AMBIENTAL. PROCESSUAL CIVIL. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. AÇÃO


CIVIL PÚBLICA. LICENCIAMENTO AMBIENTAL. ZONA DE AMORTECIMENTO
DO PARQUE NACIONAL DE JERICOACOARA. LEGITIMIDADE ATIVA AD
CAUSAM. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Em se tratando de proteção
ao meio ambiente, não há falar em competência exclusiva de um
ente da federação para promover medidas protetivas. Impõe-se
amplo aparato de fiscalização a ser exercido pelos quatro entes
federados, independentemente do local onde a ameaça ou o dano
estejam ocorrendo, bem como da competência para o
licenciamento...3. A atividade fiscalizatória das atividades nocivas
ao meio ambiente concede ao IBAMA interesse jurídico suficiente
para exercer seu poder de polícia administrativa, ainda que o bem
esteja situado em área cuja competência para o licenciamento seja
do município ou do estado... (STJ - AgRg no REsp: 1373302 CE
2013/0068076-0, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de
Julgamento: 11/06/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
19/06/2013)

...2. A teor do disposto nos arts. 24 e 30 da Constituição Federal, aos


Municípios, no âmbito do exercício da competência legislativa,
cumpre a observância das normas editadas pela União e pelos
Estados, como as referentes à proteção das paisagens naturais
notáveis e ao meio ambiente, não podendo contrariá-las, mas tão
somente legislar em circunstâncias remanescentes. (STJ - AR: 756
PR 1998/0025286-0, Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, Data de
Julgamento: 27/02/2008, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 14/04/2008)

“Constitucional. Meio ambiente. Legislação municipal supletiva.


Possibilidade. Atribuindo, a Constituição Federal, a competência comum
à União, aos Estados e aos Municípios para proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, cabe,
aos Municípios, legislar supletivamente sobre a proteção ambiental,

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na esfera do interesse estritamente local. A legislação municipal,


contudo, deve se constringir a atender as características próprias do
território em que as questões ambientais, por suas particularidades, não
contêm o disciplinamento consignado na lei federal ou estadual. A
legislação supletiva, como é cediço, não pode ineficacizar os efeitos da lei
que pretende suplementar” (STJ, REsp 29.299, 1ª Turma, de 28.09.1994)

... MANDADO DE SEGURANÇA. MEIO AMBIENTE. DEFESA. ATRIBUIÇÃO


CONFERIDA AO PODER PÚBLICO. ARTIGO 225, § 1º, III, CB/88.
DELIMITAÇÃO DOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS. VALIDADE DO
DECRETO. SEGURANÇA DENEGADA. 1. A Constituição do Brasil atribui ao
Poder Público e à coletividade o dever de defender um meio ambiente
ecologicamente equilibrado. [CB/88, art. 225, § 1º, III]. 2. A delimitação
dos espaços territoriais protegidos pode ser feita por decreto ou
por lei, sendo esta imprescindível apenas quando se trate de
alteração ou supressão desses espaços. Precedentes. Segurança
denegada para manter os efeitos do decreto do Presidente da República, de
23 de março de 2006. (STF - MS: 26064 DF, Relator: Min. EROS GRAU,
Data de Julgamento: 17/06/2010, Tribunal Pleno, Data de Publicação:
DJe-145 DIVULG 05-08-2010)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 182, § 3º, DA


CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. ESTUDO DE IMPACTO
AMBIENTAL. CONTRAIEDADE AO ARTIGO 225, § 1º, IV, DA CARTA DA
REPUBLICA. A norma impugnada, ao dispensar a elaboração de
estudo prévio de impacto ambiental no caso de áreas de
florestamento ou reflorestamento para fins empresariais, cria
exceção incompatível com o disposto no mencionado inciso IV do
§1º do artigo 225 da Constituição Federal. Ação julgada procedente,
para declarar a inconstitucionalidade do dispositivo constitucional
catarinense sob enfoque. (STF - ADI: 1086 SC, Relator: ILMAR GALVÃO,
Data de Julgamento: 10/08/2001, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ
10-08-2001)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 187 DA CONSTITUIÇÃO


DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL.
APROVAÇÃO PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. VÍCIO MATERIAL. AFRONTA
AOS ARTIGOS 58, § 2º, E 225, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. É
inconstitucional preceito da Constituição do Estado do Espirito Santo que
submete o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - ao crivo de comissão
permanente e específica da Assembléia Legislativa. 2. A concessão de
autorização para desenvolvimento de atividade potencialmente
danosa ao meio ambiente consubstancia ato do Poder de Polícia ---
ato da Administração Pública --- entenda-se ato do Poder
Executivo. 3. Ação julgada procedente para declarar inconstitucional o

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trecho final do artigo § 3º do artigo 187 da Constituição do Estado do


Espirito Santo. (STF - ADI: 1505 ES, Relator: EROS GRAU, Data de
Julgamento: 24/11/2004, Tribunal Pleno)

“...Por outro lado, é certo que, pela lógica sistemática da distribuição de


competência legislativa, apenas a lei federal seria apta a excluir
hipóteses à incidência do aludido preceito geral, já que se trata de
matéria nitidamente inserida no campo de abrangência das normas
gerais sobre conservação da natureza e proteção do meio ambiente
e, não, de normas complementares, que são da atribuição
constitucional dos Estados-membros (art. 24, inc. VI, da CF).
Não é de ser invocada, igualmente, a competência legislativa plena dos
Estados-membros (art. 24, § 3o, da CF)., quando menos porque não se
compreende qual seja a peculiaridade local que se estaria atendendo com a
edição de uma regra constitucional com tal conteúdo normativo...”
(Trechos do voto do Relator na ADI 1086, citada acima)

“É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime


ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de
cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela
prática criminosa. Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por
maioria, conheceu, em parte, de recurso extraordinário e, nessa parte,
deu-lhe provimento para cassar o acórdão recorrido. Neste, a imputação
aos dirigentes responsáveis pelas condutas incriminadas (Lei 9.605/1998,
art. 54) teria sido excluída e, por isso, trancada a ação penal relativamente
à pessoa jurídica. (...) No mérito, anotou-se que a tese do STJ, no sentido
de que a persecução penal dos entes morais somente se poderia ocorrer se
houvesse, concomitantemente, a descrição e imputação de uma ação
humana individual, sem o que não seria admissível a responsabilização da
pessoa jurídica, afrontaria o art. 225, § 3º, da CF. Sublinhou-se que, ao se
condicionar a imputabilidade da pessoa jurídica à da pessoa
humana, estar-se-ia quase que a subordinar a responsabilização
jurídico-criminal do ente moral à efetiva condenação da pessoa
física. Ressaltou-se que, ainda que se concluísse que o legislador ordinário
não estabelecera por completo os critérios de imputação da pessoa jurídica
por crimes ambientais, não haveria como pretender transpor o paradigma
de imputação das pessoas físicas aos entes coletivos.” (RE 548.181, rel.
min. Rosa Weber, julgamento em 6-8-2013, Primeira Turma, Informativo
714.)

"Pantanal Mato-Grossense (CF, art. 225, § 4º) – Possibilidade jurídica de


expropriação de imóveis rurais nele situados, para fins de reforma agrária.
A norma inscrita no art. 225, § 4º, da Constituição não atua, em
tese, como impedimento jurídico à efetivação, pela União Federal,

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de atividade expropriatória destinada a promover e a executar


projetos de reforma agrária nas áreas referidas nesse preceito
constitucional, notadamente nos imóveis rurais situados no
Pantanal Mato-Grossense. A própria Constituição da República, ao
impor ao poder público o dever de fazer respeitar a integridade do
patrimônio ambiental, não o inibe, quando necessária a intervenção
estatal na esfera dominial privada, de promover a desapropriação
de imóveis rurais para fins de reforma agrária, especialmente
porque um dos instrumentos de realização da função social da
propriedade consiste, precisamente, na submissão do domínio à
necessidade de o seu titular utilizar adequadamente os recursos
naturais disponíveis e de fazer preservar o equilíbrio do meio
ambiente (CF, art. 186, II), sob pena de, em descumprindo esses
encargos, expor-se à desapropriação-sanção a que se refere o art. 184 da
Lei Fundamental." (MS 22.164, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em
30-10-1995, Plenário, DJ de 17-11-1995.)

"Não é a Mata Atlântica, que integra o patrimônio nacional a que


alude o art. 225, § 4º, da CF, bem da União. Por outro lado, o interesse
da União para que ocorra a competência da Justiça Federal prevista no art.
109, IV, da Carta Magna tem de ser direto e específico, e não, como ocorre
no caso, interesse genérico da coletividade, embora aí também incluído
genericamente o interesse da União." (RE 300.244, Rel. Min. Moreira Alves,
julgamento em 20-11- 2001, Primeira Turma, DJ de 19-12-2001.) No
mesmo sentido: RE 349.184, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 3-12-
2002, Primeira Turma, DJ de 7-3-2003.

"Reserva Florestal Serra do Mar: indenização. É da jurisprudência do


Supremo Tribunal que é devida indenização pela desapropriação de
área pertencente à Reserva Florestal Serra do Mar,
independentemente das limitações administrativas impostas para
proteção ambiental dessa propriedade." (RE 471.110-AgR, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, julgamento em 14-11-2006, Primeira Turma, DJ de 7-
12-2006.)

AMBIENTAL. AGROTÓXICOS PRODUZIDOS NO EXTERIOR E IMPORTADOS


PARA COMERCIALIZAÇÃO NO BRASIL. TRANSFERÊNCIA DE TITULARIDADE
DE REGISTRO. NECESSIDADE DE NOVO REGISTRO. 1. Somente as
modificações no estatuto ou contrato social das empresas registrantes
poderão ser submetidas ao apostilamento, de modo que a transferência de
titularidade de registro também deve sujeitar-se ao prévio registro. 2. O
poder de polícia deve ser garantido por meio de medidas eficazes,
não por meio de mero apostilamento do produto – que inviabiliza a
prévia avaliação pelos setores competentes do lançamento no
mercado de quantidade considerável de agrotóxicos -até para

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melhor atender o sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, o


qual se guia pelos princípios da prevenção e da precaução. 3.
Recurso especial não provido. (STJ - REsp: 1153500 DF 2009/0159679-0,
Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJe 03/02/2011)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE... DESCARACTERIZAÇÃO


DA BRIGA DE GALO COMO MANIFESTAÇÃO CULTURAL -
RECONHECIMENTO DA INCONSTITUIONALIDADE DA LEI ESTADUAL
IMPUGNADA - AÇÃO DIRETA PROCEDENTE. LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE
AUTORIZA A REALIZAÇÃO DE EXPOSIÇÕES E COMPETIÇÕES ENTRE AVES
DAS RAÇAS COMBATENTES - NORMA QUE INSTITUCIONALIZA A
PRÁTICA DE CRUELDADE CONTRA A FAUNA –
INCONSTITUCIONALIDADE ==110463==

A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática criminosa


tipificada na legislação ambiental, configura conduta atentatória à
Constituição da República, que veda a submissão de animais a atos de
crueldade, cuja natureza perversa, à semelhança da farra do boi”
(RE 153.531/SC), não permite sejam eles qualificados como
inocente manifestação cultural, de caráter meramente folclórico.
Precedentes . - A proteção jurídico-constitucional dispensada à fauna
abrange tanto os animais silvestres quanto os domésticos ou
domesticados, nesta classe incluídos os galos utilizados em rinhas,
pois o texto da Lei Fundamental vedou, em cláusula genérica,
qualquer forma de submissão de animais a atos de crueldade . -
Essa especial tutela, que tem por fundamento legitimador a autoridade da
Constituição da República, é motivada pela necessidade de impedir a
ocorrência de situações de risco que ameacem ou que façam periclitar
todas as formas de vida, não só a do gênero humano, mas, também, a
própria vida animal, cuja integridade restaria comprometida, não fora a
vedação constitucional, por práticas aviltantes, perversas e violentas contra
os seres irracionais, como os galos de briga (“gallus-gallus”). (STF - ADI:
1856 RJ, Relator: Min. CELSO DE MELLO, data de Julgamento:
26/05/2011, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-198 DIVULG 13-10-
2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-02)

COSTUME - MANIFESTAÇÃO CULTURAL - ESTÍMULO - RAZOABILIDADE -


PRESERVAÇÃO DA FAUNA E DA FLORA - ANIMAIS - CRUELDADE. A
obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos
culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações,
não prescinde da observância da norma do inciso VII do artigo 225
da Constituição Federal, no que veda prática que acabe por
submeter os animais à crueldade. Procedimento discrepante da
norma constitucional denominado "farra do boi". (STF - RE: 153531
SC, Relator: Min. FRANCISCO REZEK, Data de Publicação: DJ 13-03-1998)

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO - ESTAÇÃO ECOLOGICA - RESERVA


FLORESTAL NA SERRA DO MAR - PATRIMÔNIO NACIONAL (CF, ART. 225,
PAR.4.)- LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA QUE AFETA O CONTEUDO
ECONOMICODO DIREITO DE PROPRIEDADE - DIREITO DO PROPRIETARIO
A INDENIZAÇÃO - DEVER ESTATAL DE RESSARCIR OS PREJUIZOS DE
ORDEM PATRIMONIAL SOFRIDOS PELO PARTICULAR - RE NÃO CONHECIDO
...O preceito consubstanciado no ART. 225, PAR.4., da Carta da
Republica, além de não haver convertido em bens públicos os
imóveis particulares abrangidos pelas florestas e pelas matas nele
referidas (Mata Atlântica, Serra do Mar, Floresta Amazônica
brasileira), também não impede a utilização, pelos próprios
particulares, dos recursos naturais existentes naquelas áreas que
estejam sujeitas ao domínio privado, desde que observadas as
prescrições legais e respeitadas as condições necessárias a
preservação ambiental... (STF - RE: 134297 SP, Relator: CELSO DE
MELLO, Primeira Turma, Data de Publicação: DJ 22-09-1995)

VAQUEJADA – MANIFESTAÇÃO CULTURAL – ANIMAIS – CRUELDADE


MANIFESTA – PRESERVAÇÃO DA FAUNA E DA FLORA –
INCONSTITUCIONALIDADE. A obrigação de o Estado garantir a
todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a
valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da
observância do disposto no inciso VII do artigo 225 da Carta
Federal, no que veda prática que acabe por submeter os animais à
crueldade. Discrepa da norma constitucional a denominada
vaquejada. (STF, ADI 4983)

4 - Questões

Questão 01 – (FCC – 2010 – Procurador do Município de


Teresina)
A poluição sonora e os problemas que os altos níveis de som
ocasionam constituem uma preocupação das sociedades
contemporâneas. Assim, o legislador constituinte brasileiro
determinou que:
a) os Estados-membros podem suplementar a legislação federal no que
couber para adotar parâmetros mais restritivos em matéria de poluição
sonora.

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b) cabe à União estabelecer normas gerais sobre poluição sonora e, tanto


os Estados e Distrito Federal como os Municípios podem complementar
essa legislação com base em sua competência legislativa concorrente.
c) os Municípios podem legislar sobre poluição sonora com fundamento em
sua competência para legislar sobre assuntos de interesse local e, assim,
podem adotar legislação que permita níveis mais altos de som para
atividades econômicas consideradas fundamentais para o próprio
desenvolvimento do Município.
d) os Estados-membros têm competência legislativa residual ou
remanescente em matéria de poluição sonora.
e) a União tem competência legislativa exclusiva em matéria de controle da
poluição sonora e assim estabelece critérios e padrões nacionais específicos
para aeronaves, veículos automotores, bares e demais atividades que
provocam ruídos, como também equipamentos industriais e domésticos.

Comentário: O Município não possui competência legislativa


concorrente em matéria ambiental, o que torna a letra “b” errada.
A legislação municipal ambiental não pode contrariar a legislação
federal/estadual, o que torna a letra “c” errada. Os Estados e a
União possuem competência legislativa concorrente em matéria
ambiental, o que torna a letra “d” e “e” erradas. A letra certa,
portanto, é a “a”.

Questão 02 – (FCC – 2012 – Analista Ministerial do MPE-AP)


Se, em observância a determinadas atividades nocivas que
estivessem ocorrendo ao meio ambiente em Macapá, este
município desejasse criar, através de lei, guardas municipais
destinadas à fiscalização de tais atividades, a criação dessas
guardas, de acordo com a Constituição do Estado do Amapá:
a) não seria legítima, pois a competência para legislar sobre a proteção
ambiental é somente da União e do Estados.
b) não seria legítima, pois é de competência exclusiva da União legislar
sobre a proteção ambiental.
c) seria legítima, desde que houvesse intervenção do Estado decretada de
ofício pelo Presidente da República.
d) seria legítima, respeitadas as competências estadual e federal.
e) não seria legítima, pois guardas municipais apenas podem ser criadas
por meio de normas constitucionais estadual ou federal.

Comentário: O Município possui competência legislativa


suplementar e competência administrativa comum em matéria

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ambiental, possibilitando a criação dessas guardas, desde que


respeitadas as competências estadual e federal (REsp 29.299), o
que torna a letra “d” correta.

Questão 03 – (FCC – 2013 – Procurador da Assembléia


Legislativa da Paraíba)
Compete ao Estado legislar:
a) exclusivamente, sobre o controle da poluição.
b) exclusivamente, sobre a conservação da natureza.
c) concorrentemente, com a União sobre a proteção do meio ambiente.
d) concorrentemente, com os Municípios sobre as florestas.
e) subsidiariamente, caso não haja legislação municipal, sobre a pesca.

Comentário: A competência legislativa sobre meio ambiente é


concorrente entre a União, os Estados e o DF (art. 24, VI, CF), o
que torna a letra “c” correta.

Questão 04 – (FCC – 2015 – Juiz Substituto de Roraima)


A competência para legislar sobre controle da poluição é:
a) privativa da União.
b) privativa dos Estados e Distrito Federal.
c) concorrente entre a União e os Estados e Distrito Federal.
d) privativa dos Municípios.
e) privativa do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Comentário: A competência legislativa sobre controle de poluição é


concorrente entre a União, os Estados e o DF (art. 24, VI, CF), o
que torna a letra “c” correta.

Questão 05 – (FCC – 2013 – Procurador da Assembléia


Legislativa da Paraíba)
Uma lei municipal que trata de coleta seletiva de resíduos sólidos
será:
a) inconstitucional, pois o tema é de competência exclusiva da União.
b) inconstitucional, pois o tema é de competência exclusiva do Estado.

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c) constitucional, pois o tema de resíduos sólidos é de competência


exclusiva do Município.
d) constitucional, desde que se obtenha a anuência da Assembléia
Legislativa do respectivo Estado.
e) constitucional, por versar sobre assunto de interesse local.

Comentário: O Município possui competência para legislar sobre


assunto de interesse local, como é o caso da coleta seletiva (art.
30, I, CF c/c art. 10 da Lei 12.305/2010), o que torna a letra “e”
correta.

Questão 06 – (FCC – 2009 – Defensor Público do Pará)


Relativamente às competências constitucionais em matéria
ambiental, é correto afirmar que:
a) a disciplina das competências comuns é feita exclusivamente pela
Constituição, excepcionando o papel reservado à Lei Complementar nesse
particular.
b) compete privativamente à União legislar sobre todos os aspectos do
meio ambiente e o aproveitamento dos recursos naturais.
c) no regime da Constituição de 1988 vigora a regra segundo a qual a lei
estadual, se existente, prevalece sobre a lei federal.
d) a preservação das florestas, da fauna e da flora é competência material
comum da União, dos Estados e dos Municípios.
e) tanto nas competências materiais comuns, quanto nas competências
legislativas concorrentes, a atuação federal prevalece sobre a estadual,
naquilo em que for geral.

Comentário: Citação literal do art. 23, VII, CF, o que torna a letra
“d” correta.

Questão 07 – (FCC – 2012 – Procurador do Município de


João Pessoa)
As competências constitucionais materiais relacionadas ao
licenciamento ambiental, assim entendido o procedimento
destinado a licenciar atividades ou empreendimentos efetiva ou
potencialmente poluidores, são consideradas.
a) concorrentes, cabendo à União a expedição de normas gerais no plano
legislativo e aos Estados e Municípios a expedição de normas específicas ou
suplementares.

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b) privativas da União, que poderá delegar aos Estados e Municípios o


exercício do licenciamento ambiental.
c) comuns, cabendo à lei complementar disciplinar o exercício destas
competências pelas três esferas da Federação.
d) exclusivas, cabendo a cada esfera da Federação exercer as atividades
que lhes sejam atribuídas pela lei federal de caráter geral.
e) reservadas aos Estados, que poderão exercer a atividade de
licenciamento sempre que não for vedado pela legislação federal.

Comentário: A competência administrativa para a defesa do meio


ambiente é comum, cabendo à Lei Complementar fixar normas de
cooperação (art. 23, VI, CF/88 c/c parágrafo único), o que torna a
letra “c” correta.

Questão 08 – (FGV – 2008 – Juiz do Pará)


A respeito da tutela jurídica do meio ambiente a da repartição de
competências administrativas em matéria ambiental, assinale a
afirmativa incorreta:
a) No Ordenamento Jurídico brasileiro, meio ambiente é considerado bem
jurídico autônomo, definido como o conjunto de condições, leis, influências
e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas.
b) A Constituição da República conferiu tratamento especial ao meio
ambiente, dedicando a esse um capítulo específico, incluído no Título "Da
Ordem Social".
c) A proteção do meio ambiente, o combate à poluição e a preservação das
florestas, da fauna e da flora são de competência comum da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
d) União, Estados, Municípios e Distrito Federal têm competência comum
para proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os
sítios arqueológicos, bem como para preservar as florestas, a fauna e a
flora.
e) As normas para a cooperação entre União, Estados, Municípios e o
Distrito Federal no exercício de sua competência executiva comum para
proteger o meio ambiente deverão ser fixadas por decreto federal.

Comentário: As normas para a cooperação entre União, Estados,


Municípios e o Distrito Federal no exercício de sua competência
executiva comum para proteger o meio ambiente deverão ser

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fixadas por lei complementar (parágrafo único do art. 23 da CF), o


que torna a letra “e” incorreta.

Questão 09 – (CESPE – 2012 – Advogado da União)


Compete privativamente à União legislar sobre florestas,
conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais.

Comentário: Errado. Trata-se de competência concorrente entre


União, Estados e DF (art. 24, VI, CF)

Questão 10 – (CESPE – 2011 – Juiz do Piauí)


A CF atribui competência legislativa concorrente à União, aos
estados e ao DF para legislar acerca de proteção do ambiente,
sendo vedado aos municípios editar leis desse teor.

Comentário. Errado. Os Municípios possuem competência para


legislar sobre o meio ambiente de maneira suplementar, de acordo
com o interesse local, nos termos do art. 30, I e II da CF.

Questão 11 – (MP-PARANÁ – 2009 – Promotor do Paraná)


Assinale a alternativa INCORRETA:
a) para atender a suas peculiaridades próprias, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, desde que não exista lei federal sobre
normas gerais ambientais.
b) a competência plena dos Estados sofre dupla limitação, qualitativa e
temporal: a norma estadual não pode exorbitar a peculiaridade ou o
interesse do próprio Estado e terá que se ajustar ao disposto em norma
federal ambiental superveniente.
c) a competência da União para legislar sobre normas gerais ambientais
não exclui a competência suplementar dos Estados.
d) a competência suplementar dos Estados a um texto legal poderá
desviar-se da mens legis ambiental federal.
e) compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre fauna e florestas.

Comentário: a atuação suplementar dos Estados não poderá se


desviar dos parâmetros fixados na lei federal, sob pena de
invalidade, o que torna a letra “d” incorreta.

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Questão 12 – (CESPE – 2008 – Procurador do Estado de


Alagoas)
Uma empresa, com o objetivo de explorar comercialmente material
radioativo existente em município brasileiro, formulou pedido de
licenciamento ambiental aos órgãos municipal, estadual e federal.
A direção dessa empresa crê que um desses órgãos ou alguns
deles deverão resolver as pendências administrativas e permitir a
exploração do material radioativo.
Nessa situação hipotética, considerando a competência dos entes
federados, é correto afirmar que o empreendedor agiu:
a) corretamente, pois se trata de hipótese de competência concorrente
ambiental.
b) corretamente, pois se trata de hipótese de competência comum
ambiental.
c) corretamente, pois se trata de hipótese de competência
legislativa estadual e administrativa municipal.
d) incorretamente, pois se trata de hipótese de competência da União.
e) incorretamente, pois se trata de hipótese de competência exclusiva
do município.

Comentário: de acordo com o art. 21, XXIII, CF, a competência para


exploração de material radioativo é exclusiva da União, o que torna
a letra “d” correta.

Questão 13 – (VUNESP – 2015 – Juiz substituto de São


Paulo)
A Constituição federal previu que todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, estabelecendo
incumbências ao poder público para assegurar a efetividade
desse direito. Dentre essas incumbências arroladas no art.
225, não está a seguinte:
a) fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e à manipulação de material
genético.
b) definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos.
c) preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais.
d) exigir para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente a recuperação do meio
ambiente degradado.

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Comentário: no at. 225 da CF exige-se do Poder público, para a


instalação de obra ou atividade potencialmente danoso ao meio
ambiente, o estudo prévio de impacto ambiental – EIA, o que torna
a letra “d” aquela a ser marcada.

Questão 14 – (CESPE – 2014 – Juiz do Distrito Federal)


Em relação ao direito ambiental e à aplicação das normas
constitucionais ambientais, assinale a opção correta.
a) A expressão atribuída, no texto da CF, ao meio ambiente como bem de
uso comum do povo fundamenta a aplicação imediata das normas
constitucionais ambientais nas áreas públicas, ao passo que, para a
aplicação de restrições ambientais nas áreas privadas, é imprescindível a
edição de lei.
b) A localização das usinas nucleares deve ser objeto de lei federal
específica, podendo a lei ambiental estadual ou distrital regular o
funcionamento das atividades nucleares.
c) É privativa da União a competência para legislar sobre a defesa do solo,
da água, dos recursos minerais e da fauna, admitindo-se, em casos
específicos, sua delegação aos estados e ao DF.
d) No Brasil, não há a aplicação imediata nem a existência de um direito-
dever fundamental ao ambiente ecologicamente equilibrado, dado o
tratamento genérico conferido pela CF ao direito de todos ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
e) O reconhecimento material do direito fundamental ao ambiente justifica-
se na medida em que tal direito é extensão do direito à vida, sob os
aspectos da saúde e da existência digna com qualidade de vida,
ostentando o status de cláusula pétrea, consoante entendimento do STF.

Comentário: o direito a um meio ambiente equilibrado aplica-se, de


imediato, tanto a áreas públicas quanto a áreas privadas, o que
torna as letras “a” e “d” erradas. A competência para legislar sobre
atividades nucleares é privativa da União, conforme art. 22, XXVI,
CF, o que torne a letra “b” errada. A competência para legislar
sobre defesa do solo, da água, dos recursos minerais e da fauna é
concorrente, e não privativa da União, o que torna a letra “c”
errada. Portanto, correta a letra “e”.

Questão 15 – (FCC – 2014 – Procurador do Estado do RN)


Segundo a Constituição Federal,

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a) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de


uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, facultando-se ao
Poder Público defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
b) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
c) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso especial do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
d) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso especial do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
apenas à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.
e) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso especial do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
apenas ao Poder Público o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.

Comentário: citação literal do artigo 225 da CF, o que torna a letra


“b” correta.

Questão 16 – (VUNESP – 2014 – Procurador Jurídico


Legislativo da Câmara Municipal de Sertãozinho/SP)
O art. 225 da CF/88 dispõe que “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e de preservá-lo
para as presentes e futuras gerações". Esse dispositivo está
relacionado ao desenvolvimento sustentável e representa o
princípio da:
a) equidade intergovernamental.
b) qualidade de vida.
c) solidariedade governamental.
d) equidade intergeracional.
e) qualidade e equilíbrio intergovernamental.

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Comentário: o princípio da equidade intergeracional ou


solidariedade intergeracional está relacionado ao desenvolvimento
sustentável, na medida em que visa garantir um meio ambiente
equilibrado tanto para a atual quanto para as futuras gerações, o
que torna a letra “d” correta.

Questão 17 – (MPE-SC – 2014 – Promotor de Santa


Catarina)
A Mata Atlântica é considerada, pela Constituição Federal de
1988, patrimônio da União.

Comentário: errado, haja vista que o art. 225, §4º, CF prevê que a
Mata Atlântica é patrimônio nacional, e não patrimônio federal ou
da União.

Questão 18 – (FCC – 2014 – Procurador do Município do


Recife)
A proteção constitucional do meio ambiente
a) impõe aos Municípios a obrigação de promover a educação ambiental no
ensino fundamental, sendo facultado aos demais entes da federação esta
mesma obrigação nos ensinos médio e superior.
b) não configura um direito fundamental, pois está prevista fora do rol do
artigo 5º da Constituição Federal de 1988.
c) impõe apenas ao Poder Público o dever de defender e preservar o meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
d) estabelece que as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais
são indisponíveis.
e) determina que as usinas que operem com reator nuclear deverão ter
sua localização definida pelo licenciamento ambiental, assegurada a
participação popular por meio de audiência pública.

Comentário: citação literal do artigo 225 da CF, o que torna a letra


“d” correta.

Questão 19 – (FEPESE – 2013 – Advogado do IPREV)


Assinale a alternativa correta em matéria de direito ambiental
a) O meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem público de uso
especial, é essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder

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Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as


presentes e futuras gerações.
b) Aquele que explorar de forma lícita recursos minerais, de acordo com
solução técnica exigida pelo órgão público competente, fica dispensado de
recuperar o meio ambiente degradado.
c) Para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, será exigido o estudo prévio de
impacto de vizinhança, a que se dará publicidade.
d) São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
e) A definição da localização, bem como a instalação de usinas que operem
com reator nuclear, dependem de autorização legislativa do Estado que
sediará a atividade, sem a qual não poderão ser instaladas.

Comentário: o meio ambiente é bem de uso comum do povo, o que


torna a letra “a” errada. A responsabilidade por dano ambiental do
explorador de recursos minerais é objetiva, não sendo afastada
pela licitude da atividade, o que torna a letra “b” errada. O estudo
prévio exigido na letra “c” é o de impacto ambiental, e não o de
vizinhança. A localização de usinas nucleares depende de lei
federal, e não estadual. A opção correta é citação literal do artigo
225, §5º, CF, o que torna a letra “d” correta.

Questão 20 – (CESPE – 2013 – Juiz do RN)


No que concerne à tutela constitucional do meio ambiente e à
repartição de competência em matéria ambiental, assinale a
opção correta.
a) Permite-se a instalação, em local previamente fixado por decreto da
Presidência da República, de usinas que operem com reator nuclear, desde
que se realizado o devido estudo de impacto ambiental.
b) As terras devolutas ou arrecadadas pelos estados por ações
discriminatórias são indisponíveis quando necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
c) Sendo a mata Atlântica e a serra do Mar patrimônio nacional, a CF veda
o uso dos seus recursos naturais, com o objetivo de preservar-se o meio
ambiente.
d) Embora a CF disponha que o meio ambiente ecologicamente equilibrado
é bem de uso comum do povo, cabe exclusivamente ao poder público
preservá-lo para as futuras gerações.

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e) Conforme disposição expressa da CF, compete concorrentemente à


União, aos estados, ao DF e aos municípios legislar sobre floresta, caça,
pesca e fauna.

Comentário: citação literal do art. 225 da CF, o que torna a letra “b”
correta.

Questão 21 – (VUNESP – 2013 – Advogado do ITESP)


A Constituição Federal de 1988, ao dispor que todos têm direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, estabelece
que:
a) são indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pela União e
Municípios, por ações discriminatórias, necessárias à proteção das espécies
e ecossistemas naturais.
b) as condições e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas, a sanções penais e à obrigação de
reparar os danos causados.
c) as usinas que operem com reator nuclear terão sua localização definida
em leis complementares e estaduais.
d) aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei.
e) a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica e a Zona Costeira são
patrimônio nacional e sua utilização far-se-á, na forma de decreto, dentro
de condições que preservem o manejo ecológico das espécies.

Comentário: citação literal do art. 225, §2 da CF/88, o que torna a


letra “d” correta.

Questão 22 – (FCC – 2009 – Procurador do Estado de São


Paulo)
Segundo o § 1o do artigo 225 da Constituição Federal, são
deveres específicos do Poder Público na tutela do meio ambiente,
a) preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas e exigir, na forma da lei,
para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade.

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b) autorizar, por decreto do executivo federal, a produção, a


comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente e
desenvolver a Zona Costeira.
c) preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético e definir, por decreto do executivo federal, a localização de usinas
que operem com reatores nucleares.
d) definir, na Floresta Amazônica brasileira, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos sendo a alteração e a
supressão permitidas por decreto do executivo federal, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção.
e) preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético e disciplinar o uso de biocidas que garantam o uso adequado de
tecnologia transgênica.

Comentário: exegese literal do §1º do art. 225 da CF/88,


ressaltando que a referência à Zona Costeira é feito no §4º, e a
localização de usinas que operem com reatores nucleares é
determinada em lei, e não decreto, o que torna a letra “a” correta.

Questão 23 – (NC-UFPR – 2013 – Juiz do Paraná)


De acordo com o art. 225, § 4º da Constituição Federal são
patrimônio nacional:
a) As Dunas Litorâneas, os Manguezais, a Serra do Mar e a Mata Atlântica.
b) A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira.
c) A Floresta Amazônica brasileira, o Pantanal Mato-Grossense, a Caatinga
e as Reservas Indígenas.
d) A Mata Atlântica, o Pantanal Mato-Grossense, os Manguezais, os Lençóis
Maranhenses e as Bacias Hidrográficas.

Comentário: exegese literal do §4º do art. 225 da CF/88, o que


torna a letra “b” correta.

Questão 24 – (FCC – 2013 – Analista da Procuradoria Geral


do Estado da Bahia)

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De acordo com a Constituição Federal brasileira, é INCORRETO


afirmar:
a) São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
b) As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
c) Ao Poder Público incumbe definir, em todas as unidades da Federação,
os espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas por meio de
portarias e regulamentos.
d) As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
e) A Floresta Amazônica brasileira é patrimônio nacional, e sua utilização
far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais.

Comentário: alterações ou supressões em áreas especialmente


protegidas só podem ser feitas por meio de lei (art. 225, §1º, III,
CF), o que torna a letra “c” incorreta e, portanto, a opção a ser
marcada.

Questão 25 – (FCC – 2012 – Procurador do Estado de


São Paulo)
O artigo 225 da Constituição Federal estabelece que constituem
patrimônio nacional, com utilização prevista na forma da lei,
dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais, as
seguintes regiões do Brasil:
a) a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, o Cerrado, a Serra do
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira.
b) a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira.
c) a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira.
d) a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e o Pampa gaúcho.
e) a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Caatinga, o Cerrado,
o Pampa gaúcho e a Zona Costeira.

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Comentário: citação literal do art. 225, §4º, CF, o que torna a letra
“c” correta.

5 - Resumo da Aula

Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo


dos principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
sugestão é a de que esse resumo seja estudado sempre
previamente ao início da aula seguinte, como forma de
“refrescar” a memória. Além disso, a cada ciclo de estudos
é fundamental retomar esses resumos. Caso encontrem
dificuldade em compreender alguma informação, não
deixem de retornar à aula.
Vimos, inicialmente, que, em decorrência do federalismo, há o
compartilhamento de competências entre os diversos entes federativos. Em
matéria ambiental, a competência legislativa é concorrente entre União,
Estados e DF (art. 24 da CF), cabendo aos Municípios suplementá-la, haja vista
o interesse local (art. 30 da CF). Vimos que na competência concorrente cabe à
União editar normas gerais, mas na lacuna destas normas os Estados poderão
exercer a competência legislativa plena. Sobrevindo norma geral, aquelas
normas estaduais contrárias ao regramento geral terá sua eficácia suspensa. Já
a competência administrativa em matéria ambiental é comum, cumulativa ou
paralela, cabendo a todos os entes atuarem na defesa do ecossistema (art. 23
da CF).
Prosseguindo em nossa aula, vimos que a base normativa e axiológica para a
proteção do ecossistema como direito fundamental está na Constituição
Federal, mais precisamente no artigo 225, que define o meio ambiente como
bem de uso comum do povo, impondo ao Poder Público e à sociedade o dever
de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Anotamos, também, que é responsabilidade do Poder Público preservar e
restaurar os processos ecológicos essenciais, promovendo o manejo ecológico
das espécies e ecossistemas, além de garantir a diversidade do patrimônio
genético do País, definindo, ainda, espaços especialmente protegidos em cada
unidade da federação, cuja alteração ou supressão será feita apenas por meio
de lei. Foi estudado que toda atividade potencialmente degradadora do meio
ambiente requer prévio estudo de impacto ambiental, o qual será dado
publicidade. Não esqueçamos que a CF impõe a responsabilidade de reparar o
dano ambiental ao explorador de recursos minerais, bem como define como
patrimônio nacional (não da União) a Floresta Amazônica Brasileira, a Mata
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. Por
último, considera indisponíveis as terras devolutas e aquelas arrecadadas pelos

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Estados em ações discriminatórias necessárias a preservação dos ecossistemas,


além de exigir que a localização de usinas radioativas seja definida por meio de
lei.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco.


Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Thiago Leite

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