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Conhecimentos Específicos – Direito Constitucional

1. Constituição: conceito, objeto e classificações.

1.1 Conceito

Constituição material/real modo de ser de uma comunidade, sociedade ou Estado.


Elementos: identidade, organização social (hierárquica e de linha sucessória) e valores
subjacentes (regras).

Organização constitucional formal dos Estados – séc. XVIII “Movimento de


Constitucionalismo” e Revoluções americana, francesa e britânica. ►Objetivos do
constitucionalismo: ❶limitação do poder do Estado (através da organização e separação dos
Poderes) e ❷consecução de direitos e garantias fundamentais.
 Surge um conceito: Constituição é a ordenação sistemática e racional da
comunidade política plasmada em um documento escrito, no qual se fixam os
limites do poder político e declaram-se os direitos e liberdades fundamentais.
 Mudança: a Constituição deixa de ser um “modo de ser” para se tornar o ato
constitutivo (fundante) da comunidade. Num primeiro momento as matérias
constitucionais típicas da Constituição material vão ser alocadas na Constituição
formal, sendo reduzidas a termo escrito.

Constituição formal e supralegalidade num primeiro momento a Constituição formal


foi confundida com a constituição escrita. Porém, com o surgimento da doutrina da
supremacia da Constituição temos que a Constituição formal é aquela dotada de
supralegalidade e que não pode ser modificada por normas ordinárias.

1.2 Objeto

Estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do


poder e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os limites e garantias
dos indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins socioeconômicos do Estado,
bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais.

1.3 Classificações

a) Quanto ao conteúdo

Formal dotada de supralegalidade, estando sempre acima de todas as outras normas


do ordenamento jurídico de um determinado país.

Material são as normas fundantes (basilares) que fazem parte do “núcleo ideológico”
constitutivo do Estado e da sociedade – organização e estruturação do Estado e Direitos
e Garantias Fundamentais.

b) Quanto a estabilidade (=processo de reforma)

Rígida requer procedimentos – definidos na própria Constituição – especiais e mais difíceis


para sua modificação.

1
Flexível não requer procedimentos especiais para a sua modificação. Pode ser
modificada por procedimentos comuns, os mesmos que produzem e modificam as
normas ordinárias. Ex.: Constituição inglesa.

Semirrígida contém, no seu corpo, uma parte rígida e outra flexível. Ex.: Constituição de
1824.

Fixa/silenciosa só podem ser modificadas pelo mesmo poder que a criou – Poder
constituinte originário. São chamadas silenciosas por não preverem procedimentos
especiais para a sua modificação. Ex.: Constituição de 1876.

Imutável não prevê nenhum tipo de processo de modificação em seu texto

c) Quanto à forma

Escrita elaborada de forma escrita e sistemática em um documento único, feita de


uma só vez.

Não-escrita elaborada e produzida por documentos esparsos no decorrer do tempo.


Ex.: constituição inglesa é não escrita, histórica e consuetudinária (costumeira).

d) Quanto ao modo de elaboração

Dogmática aquela escrita e sistematizada em um documento que traz as ideias


dominantes (dogmas) em uma determinada sociedade num determinado contexto
histórico.

Histórica elaborada de forma esparsa, com documentos e costumes desenvolvidos no


decorrer do tempo, sendo fruto de um contínuo processo de construção e sedimentação
do devir histórico.

e) Quanto à origem

Promulgada (populares/democráticas) aquela dotada de legitimidade popular, na


medida que o povo participa do seu processo de elaboração, ainda que por meio de seus
representantes. Exs.: Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988.

Outorgada o povo não participa de seu processo de feitura, nem mesmo de forma
indireta. Autoritária e ditatorial. Exs.: Constituições de 1824, 1937 e 1967.

f) Quanto à extensão

Analíticas também chamadas de prolixas; elaborada de forma extensa, com cunho


detalhista, na medida em que desce a pormenores. Ex.: CF/88.

Sintéticas elaborada de forma sucinta e que estabelece os princípios fundamentais de


organização do Estado e da sociedade procurando-se em desenvolver no seu bojo

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apenas as matérias constitucionais típicas. Ex.: Constituição norte-americana de 1787 ainda em
vigor.

Formal

Rígida

CF/88 Escrita

Analítica

Dogmática

Promulgada

2. Supremacia da Constituição: aplicabilidade das normas constitucionais.

2.1 Supremacia da Constituição

Nossa Constituição é rígida, em consequência, é a lei fundamental e suprema do Estado


brasileiro. Toda autoridade só nela encontra fundamento e só ela confere poderes e
competências governamentais. Todas as normas que integram o ordenamento jurídico
só serão válidas se se conformarem com as normas da Constituição Federal.

2.2 Aplicabilidade das normas constitucionais

Requisitos: vigência, validade e eficácia. ►Eficácia e Aplicabilidade: não há a


possibilidade de aplicação de uma norma que não tem a aptidão para produzir efeitos
jurídicos. ►Eficácia jurídica ≠ eficácia social: eficácia jurídica é a aptidão de uma
norma para produzir efeitos em situações concretas. A eficácia social designa que a
norma é realmente obedecida e aplicada. ►Classificação quanto à eficácia jurídica -
normas constitucionais de:

 Eficácia Plena aplicabilidade imediata, direta.


 Eficácia Contida nascem com eficácia plena, produzindo efeitos jurídicos
imediatos, mas com o âmbito de eficácia reduzido.
 Eficácia Limitada normas que têm aplicabilidade indireta ou mediata.
Necessitam de regulamentação para a produção de todos os efeitos jurídicos.

3. Interpretação das normas constitucionais

3.1 Métodos de interpretação constitucional

a) Método jurídico (hermenêutico clássico)

A Constituição é uma lei e como tal deve ser interpretada. Destarte, os cânones
tradicionais de interpretação (lógico-gramatical, sistemático, histórico, teleológico etc.)
deveriam ser suficientes. O intérprete deve desvendar o sentido que o texto encerra, sem
ir além ou contra seu teor literal. Crítica: a hermenêutica clássica se mostra insuficiente
para resolver os problemas apresentados por uma ciência jurídica consciente do giro
linguístico1.
1
Não há um método neutro e a-histórico que ache ou descubra o fim da lei ou mesmo seu bem comum,
até porque o método, assim como a norma, não se autoaplicam. Necessitam do intérprete (aplicador) para

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b) Método tópico-problemático

A interpretação da Constituição passa por um processo aberto de argumentação que


assume um pluralismo de intérpretes (todos os operadores da Constituição), que se servem
vários topoi (pontos de vista comuns), sujeitos a divergências e demonstrações, para se
atingir a interpretação mais conveniente ao problema. Crítica: o uso de topoi como
metodologia de interpretação pode conduzir a um casuísmo ilimitado além de perder de
vista o movimento que a interpretação deveria seguir – da norma para o problema e não
do problema para a norma.

c) Método hermenêutico-concretizador

A leitura do texto constitucional se inicia a partir de pré-compreensões já presentes no


intérprete, a quem cabe a tarefa de concretizar a norma, sempre para e a partir de uma
situação histórica concreta - “círculo hermenêutico”

d) Método científico-espiritual (valorativo; sociológico)

Tanto a Constituição quanto o Estado são vistos como fenômenos culturais ligados a
valores, que funcionam como elementos integradores supremos da comunidade. O
recurso à ordem de valores obriga o intérprete a assumir o sentimento e a realidade
dessa comunidade e a compartilhar do mesmo sistema de valores que ela. Crítica: risco
de reduzir o indivíduo à condição de mera peça, desprovida de qualquer diferença
significativa ou de relevo diante de uma imensa estrutura de engrenagens sociais.

3.2 A Nova Hermenêutica Constitucional

Dada a necessidade de consideração do caso concreto, da justiça para o caso e da


indispensável participação do intérprete na construção da solução, insuficientes se
mostram os elementos clássicos de interpretação propostos por Savigny (gramatical,
histórico, sistemático e teleológico), bem como o método positivista formal de
subsunção do caso à norma, a partir desses elementos. A aplicação da norma, do ponto
de vista Neoconstitucional, deve ser feita com base no princípio da ponderação e
utilizando-se da argumentação jurídica na fundamentação da decisão.

4. Do controle de constitucionalidade: sistema brasileiro.

Conceito controle de constitucionalidade é a verificação de compatibilidade ou


adequação de leis ou atos normativos em relação a uma Constituição, no que tange ao
preenchimento de requisitos formais e materiais que as leis ou atos normativos devem
necessariamente observar.

Pressupostos do Controle de Constitucionalidade


 Existência de uma Constituição formal e rígida.

dar concretização à norma.

4
 Entendimento da Constituição como uma norma jurídica que confere
fundamento de validade para todo o ordenamento.
 Existência de pelo menos um órgão dotado de competência para a realização da
atividade de controle.
 Sanção para a conduta realizada em desconformidade à Constituição.

Espécies de Inconstitucionalidade

Inconstitucionalidade por ação quando uma conduta positiva contraria normas


previstas na Constituição.
Inconstitucionalidade por omissão conduta negativa – o Poder Público não atua, e
com isso não viabilizam direitos previstos na Constituição.

Inconstitucionalidade material quando o conteúdo de leis ou atos normativos


encontra-se em desconformidade com o conteúdo das normas constitucionais. Pode
também ser declarada na análise de desvio de poder ou de excesso de poder
legislativo (p. da proporcionalidade).
Inconstitucionalidade formal envolve um vício no processo de produção das
normas jurídicas previsto pela Constituição.

 Inconstitucionalidade formal orgânica: envolve o descumprimento de regras


de competência previstas na CF/88 para a produção do ato.

 Inconstitucionalidade formal por descumprimento de pressupostos objetivos


do ato previstos na CF/88: ex.: edição de medida provisória sem a
observância dos requisitos de relevância e urgência.

 Inconstitucionalidade formal propriamente dita: ocorre por inobservância


das normas do processo legislativo previstas nos arts. 50 a 69 da CF/88.
Requisitos formais:
 subjetivos: fase da iniciativa – relaciona-se ao sujeito que tem
competência ou legitimidade para iniciar o processo.
 objetivos: fases constitutiva (discussão e votação) e complementar
(promulgação e publicação). Ex.: ►aprovação de lei com quórum inferior
ao previsto. ►PL aprovado na Casa revisora com emendas que
causam alteração substancial não volta para a Casa iniciadora.

Inconstitucionalidade total toda a lei ou ato normativo encontra-se em total


inadequação com a Constituição.
Inconstitucionalidade parcial partes da lei ou do ato normativo contrariam a
Constituição

Inconstitucionalidade originária lei ou ato normativo é editado após o início da


vigência de uma Constituição e contraria a mesma.
Inconstitucionalidade material com o surgimento de uma nova Constituição ou
com a alteração da atual por meio de emenda constitucional, há uma alteração do
parâmetro constitucional, fazendo com que legislações anteriores se tornem

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incompatíveis. Obs.: para o STF não se trata de inconstitucionalidade, mas de
revogação – “não recepção”2.

Inconstitucionalidade imediata/direta inadequação direta e imediata dos atos


normativos em relação à Constituição.
Inconstitucionalidade indireta quando há inconstitucionalidade de uma norma
intermediária entre o ato normativo que se relaciona diretamente com a Constituição
e a própria Constituição. Espécies:
 Inconstitucionalidade reflexa (oblíqua): ex.: decreto que contraria lei que
contraria constituição. Obs.: STF entende que esse caso é de ilegalidade.
 Inconstitucionalidade por arrastamento (consequente): ocorre quando a
declaração de inconstitucionalidade de uma norma impugnada se estende aos
dispositivos normativos que apresentam com ela uma relação de conexão ou
de interdependência.

4.1 Matrizes e Modalidades de Controle de Constitucionalidade

Matriz Americana Austríaca Francesa

Órgão de controle Poder Judiciário Poder Judiciário Conselho Constitucional


Tipo de controle Difuso Concentrado (abstrato) Controle político
Forma de controle Incidental Via principal
Eficácia Inter partes Erga omnes
Efeitos Ex tunc Ex nunc
Sentença Declaratória Constitutiva

a) Quanto à natureza do controle: político, judicial ou misto.

b) Quanto ao órgão judicial que exerce o controle


 Judicial difuso: todos os juízes analisam se as leis contrariam ou não à
Constituição.
 Judicial concentrado: um único órgão de cúpula realiza a aferição de
compatibilidade de leis ou atos normativos em relação à Constituição.
 Judicial misto: coexistência entre os controles difuso e concentrado.

c) Quanto à forma ou modo de controle


 Incidental ou por via de exceção: a questão da constitucionalidade se coloca
como incidente processual (“questão prejudicial”) a ser enfrentada e deslindada no
iter de um caso concreto a ser decidido pelo Poder Judiciário. A questão da
inconstitucionalidade serve somente como fundamento da decisão que julgará o
pedido principal do autor.
 Principal ou por via de ação: realizado em uma ação autônoma cujo objeto é a
constitucionalidade ou não de uma lei ou ato normativo.

NOTA: No Brasil, em geral, o modo incidental associa-se ao controle difuso, ao passo


que o modo principal associa-se ao controle concentrado.

d) Quanto ao momento de exercício do controle


2
Se não cabe ADI sobre lei ou ato normativo anterior à Constituição, caberá atualmente a Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental.

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 Preventivo: realiza-se antes do aperfeiçoamento do ato normativo = durante o
processo legislativo.
 Repressivo: realizado quando já existe lei ou ato normativo. Somente se admite
a instauração do processo de controle após a promulgação da lei ou mesmo de
sua entrada em vigor.

4.2 Análise do Brasil

REGRA: controle judicial repressivo.

Exceções:

Controle político preventivo


 Poder Legislativo por meio da Comissão de Constituição e Justiça;
 Poder Executivo por meio do veto.

Controle político repressivo


 Poder Legislativo: a) quando o Congresso Nacional susta os atos normativos do
Poder Executivo que exorbitem os limites da delegação legislativa ( = suta uma lei
delegada já em vigor) e b) quando rejeita uma Medida Provisória em vigor por
entender que a mesma fere a Constituição em seu conteúdo ou por não preencher
os pressupostos de relevância e urgência.
 Poder Executivo: quando deixa de aplicar administrativamente uma lei por
entender que a mesma é inconstitucional.
 Tribunal de Contas da União: súmula 347 do STF: o Tribunal de Contas, no
exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos
atos do Poder Público.

Controle judicial preventivo→ exercido no iter do processo legislativo, quando ainda


não existe lei ou ato normativo. Envolve um vício no processo legislativo que será
levado à análise do STF via Mandado de Segurança. NOTA: apesar da competência ser
do STF, o controle de constitucionalidade será caracterizado como concreto e efetivado
de modo incidental.
 Legitimados para impetrar o Mandado de Segurança: Deputados Federais e
Senadores;
 Requisitos do Mandado de Segurança:
 Ato ilegal ou abusivo
 Que cause lesão ou ameaça de lesão a direito líquido e certo de Deputados e
Senadores, no caso lesão ao direito líquido e certo ao “devido processo
legislativo”.
 Que não seja amparado por habeas corpus ou habeas data.

4.3 Espécies de ações para o exercício do controle concentrado de


constitucionalidade

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ADI genérica

ADI por omissão

ADI interventiva

ADPF

ADC

Características do controle DIFUSO-CONCRETO

 Realizado por todos os juízes;


 Via de exceção (ou defesa)
 Em um caso concreto
 De modo incidental

Características do controle CONCENTRADO

 Realizado somente pelo STF


 Via ação específica (via principal)
 Modo direto
 In abstrato (em regra)
 Envolve análise de lei em tese

4.4 Controle difuso-concreto no Brasil

Alegação de inconstitucionalidade envolverá a causa de pedir e não o pedido.

Enquanto o juiz de 1º instância ( ou mesmo os juízes e Turmas Recursais de Juizados Especiais )


pode declarar a inconstitucionalidade de uma norma incidentalmente em um caso
concreto e, com isso, decidir o caso ( questão principal), nos Tribunais a declaração de
inconstitucionalidade será afeta apenas ao Pleno ou ao órgão especial.

Cláusula de Reserva do Plenário: É a cláusula constitucional segundo a qual somente o


Plenário do Tribunal ou órgão Especial poderá declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público. ► Desrespeito à cláusula = nulidade absoluta da
decisão.► Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público. ►No controle difuso-concreto o STF também deve seguir essa cláusula ►
Procedimento: arguida a inconstitucionalidade, o relator, ouvido o MP, submeterá a
questão à Turma ou Câmara, a que tocar o conhecimento do processo. Alegação:
*rejeitada: prossegue o julgamento. *acolhida: a questão será submetida ao tribunal
pleno. Após o julgamento do incidente pelo Pleno do Tribunal ou pelo Órgão Especial,
a Turma poderá julgar o caso concreto. Exceção: os órgãos fracionários dos tribunais
não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade,

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quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal
sobre a questão.

 Súmula Vinculante nº 10: viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de


órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.

Efeitos do controle difuso-concreto: ex tunc e inter partes. ►Mecanismos para a


decisão em controle difuso ganhar efeito erga omnes:

Compete privativamente ao Senado Federal: suspender a execução, no todo ou em


parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF.
 Efeitos serão ex nunc.
 Senado não está vinculado ao STF. A suspensão é ato discricionário.
Súmula vinculante
 8 ministros
 Reiteradas decisões sobre a matéria objeto da súmula
 Controvérsia judicial que esteja causando grave insegurança ou incerteza
jurídica

 Exceções aos efeitos do controle difuso: modulação da decisão = passa a ser ex


nunc.

NOTA: é possível controle difuso via Ação Civil Pública. Porém a ACP não pode ser
sucedâneo (visar a substituir) a ADI. O pedido da ACP não pode ser a declaração de
inconstitucionalidade de lei, pois a questão central da ACP deve ser a nulidade ou não
do ato concreto. Portanto, a inconstitucionalidade desse ato só pode ser discutida
incidentalmente. O efeito da decisão será inter partes.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONCENTRADO NO BRASIL

ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade

Conceito→ espécie de controle concentrado no STF que visa a declarar a


inconstitucionalidade de leis ou atos normativos federais ou estaduais que contrariem a
CF/88. Objeto→ lei ou ato normativo3 federal ou estadual. Cabe ADI contra:

 Espécies normativas primárias do art. 59 ( mesmo sendo de efeitos concretos) = EC,


LC, LO, LD, MP, DL e Resoluções.
 Resoluções ou deliberações administrativas dos Tribunais
 Regimento Interno dos Tribunais e das Casas do Poder Legislativo
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Ato normativo* = ato revestido de indiscutível conteúdo normativo prescritivo de dever-ser. Ato que
vincula condutas de forma prescritiva.

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 Atos estatais de conteúdo derrogatório
 Decretos autônomos
 Resoluções do TSE
 Tratados internacionais e convenções internacionais
 Etc.

NÃO cabe ADI contra:

 Leis ou atos normativos anteriores à CF/88;


 Lei ou ato normativo já revogado;
 Decretos regulamentares (ilegalidade)
 Lei Municipal (ADPF ou ADI estadual se contrariar a Constituição Estadual)
 Lei distrital no exercício de competência municipal
 Súmulas
 Etc.

Legitimados: Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara
dos Deputados; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V -
o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso
Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. ►rol taxativo

Legitimados universais: não necessitam demonstrar interesse de agir para o ajuizamento


da ADI

 PR, PGR

 Mesas da Câmara e do Senado

 Partido Político com representação no CN

 Conselho Federal da OAB

Legitimados não universais: têm que demonstrar o interesse de agir = pertinência


temática

 Governador dos Estados e DF

 Mesas das Assembleias legislativas estaduais e distrital

 Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional (UNE)

Procedimento da ADI→ ►advogado? REGRA: não. EXCEÇÕES: PP com


representação no CN e Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
►requisitos da inicial: 1) indicar lei ou ato normativo questionado; 2) fundamentos
jurídicos d pedido; 3) pedido. ►P. da causa de pedir aberta: o STF pode declarar a
inconstitucionalidade por outros fundamentos que os apresentados na inicial. ►P. da
adstrição do STF ao pedido: o STF está preso ao pedido. →Exceção:

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inconstitucionalidade por arrastamento: quando o STF declara a inconstitucionalidade
de uma norma objeto do pedido, mas também declara a inconstitucionalidade de outras
normas que não foram objeto do pedido em virtude de conexão, correlação ou
interdependência entre as mesmas.

 Admitida a ADI ela será encaminhada à autoridade que produziu o ato – 30 dias
para se manifestar

 Posteriormente será encaminhada para o AGU – curador especial da presunção


de constitucionalidade das leis

 Posteriormente a ADI será encaminhada ao PGR (custus legis) – terá 15 dias para
se manifestar emitindo parecer pela constitucionalidade ou não da lei.

 Possibilidade de participação do amicus curiae: órgãos ou entidades da


sociedade civil. É considerado uma modalidade sui generis de intervenção de
terceiros.

Julgamento da ADI→ ►Quórum: •julgamento: 2/3 dos ministros do STF = 8 ministros.


•decisão: 6 ministros.

Efeitos da Decisão→ ex tunc e erga omnes. Exceções: manipulação de efeitos pelo


STF:

 Efeito ex nunc e erga omnes: a lei era constitucional, restando-se


inconstitucional a partir da declaração do STF. Aqui a sentença é constitutiva –
a lei é anulada, e não declarada nula. Requisitos: •formal: voto de oito
ministros; •material: razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse
social.

 O STF pode determinar que a decisão só irá atingir os funcionários públicos


federais ou os Estados-membros ou uma categoria profissional, por exemplo.

 A DECISÃO DA ADI NÃO VINCULA O LEGISLATIVO E NEM O STF.


 Obs.: a ADI declarada procedente vincula o STF.

NOTAS:

 ADI e ADC são ações de caráter dúplice/ambivalente→ podem produzir tanto o


efeito de declaração de constitucionalidade quanto o efeito de inconstitucionalidade
na mesma ação.

 ADI: A sentença declara a nulidade da lei.

 . No procedimento da ADI não cabe:

 Intervenção de terceiros
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 Recurso, salvo embargos de declaração

 Ação Rescisória

 A ADI produz efeitos no plano normativo abstrato. Ela não possui o condão de
modificar situações concretas. Ela cria condições para que o interessado pleiteie na
via judicial ou administrativa própria a modificação de sua situação concreta.

Medida cautelar em ADI→ efeitos serão em regra ex nunc e erga omnes. A cautelar é
concedida pelo pleno e com quórum de maioria absoluta. O relator deverá ouvir a
autoridade da qual emanou a lei no prazo de cinco dias e, se entender necessário, ouvir a
AGU e o PGR em um prazo comum de 3 dias.

Procedimento especial na ADI→ maior celeridade. Requisitos: •existir pedido de


medida cautelar; •matéria dotada de relevância; •matéria dotada de especial significado
para a ordem social e para a segurança jurídica. Quem decide pela adoção ou não desse
procedimento é o Pleno.

ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade

Conceito→ espécie de controle concentrado no STF que visa a declarar a


constitucionalidade de leis ou atos normativos federais que estejam em consonância
com a Constituição.

Objeto→ leis ou atos normativos federais. ►Quando não for caso de ADI não vai ser
caso de ADC.

Finalidade da ADC→ transformar a presunção de constitucionalidade relativa em


presunção de constitucionalidade absoluta das leis ou atos normativos federais,
acabando com o estado de incerteza e insegurança jurídica do ordenamento.

Legitimidade→ mesma da ADI (art. 103, CF/88)

Legitimados universais: não necessitam demonstrar interesse de agir para o ajuizamento


da ADI

 PR, PGR

 Mesas da Câmara e do Senado

 Partido Político com representação no CN

 Conselho Federal da OAB

Legitimados não universais: têm que demonstrar o interesse de agir = pertinência


temática

 Governador dos Estados e DF

 Mesas das Assembleias legislativas estaduais e distrital


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 Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional (UNE)

Procedimento da ADC→ ►advogado? REGRA: não. EXCEÇÕES: PP com


representação no CN e Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
►requisitos da inicial: 1) indicar lei ou ato normativo federal a ser declarado
constitucional; 2) indicar fundamentos jurídicos ( não devem ser gerais e abstratos); 3) pedido de
declaração de constitucionalidade. 4) demonstrar a controvérsia judicial relevante4.

 NÃO haverá participação da autoridade que fez a lei ou o ato normativo


federal

 NÃO haverá participação do AGU

 Admitida a ADC, ela seguirá direto para o PGR (custos legis)

 Cabe amicus curiae

Julgamento→ quórum: •julgamento: 8 ministros (2/3); •decisão: 6 ministros.

Efeitos da decisão→ ex tunc e erga omnes. EXCEÇÃO: ex nunc e modulação de


efeitos = ocorrerão quando a ADC é julgada improcedente.

NOTAS:

 NÃO cabe em ADC: a) intervenção de terceiros; b) recurso, salvo embargos


declaratórios; c) Ação rescisória.

 Existe a possibilidade de Medida Cautelar (efeito ex nunc e erga omnes). Prazo de 180
dias para o efeito da medida cautelar.

 A decisão da ADC passa a valer a partir da publicação da ata de decisão no Diário


da Justiça da União.

Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

Conceito→ espécie de controle concentrado no STF que visa a declarar a


inconstitucionalidade de uma omissão dos Poderes Públicos em não tornar efetiva a
norma constitucional.

Objeto→ só é possível em relação à norma constitucional de eficácia limitada.

 STF: não cabe ADI por omissão se a omissão for de ato concreto.

Legitimados→ os mesmos da ADI e da ADC.

Espécies de ADI por omissão

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Deve ser consignado na exordial que órgãos do Poder Judiciário têm declarado a lei ora constitucional,
ora inconstitucional. A controvérsia não pode ser doutrinária.

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ADI por omissão TOTAL→ quando há falta de lei ou ato normativo para viabilizar
direitos previstos na Constituição.

ADI por omissão PARCIAL→ existe lei, mas a lei é insuficiente para inviabilizar
direitos previstos na Constituição.

 ADI por omissão parcial propriamente dita→ existe lei, porém, a lei não
consegue viabilizar de forma adequada/satisfatória os direitos previstos na
Constituição.
 ADI por omissão parcial relativa→ existe lei suficiente e adequada para
viabilizar o direito, mas ela não atinge todos que deveria atingir, que se
encontram na mesma situação.

Requisitos: 1) indicar a falta de lei ( TOTAL) ou a insuficiência da lei ( PARCIAL); 2)


fundamento jurídico do pedido; 3) pedido.

Procedimento da ADI por omissão TOTAL e PARCIAL: legitimado ativo propõe 


juízo de admissibilidade pelo relator  admitida, prestação de informações pela
autoridade em 30 dias  possibilidade de participação do AGU  PGR, nas ações em
que não for autor, terá vista pelo prazo de 15 dias  relator lança relatório e solicita dia
para julgamento  decisão.

 Pode haver participação do amicus curiae

Julgamento da ADI por omissão→ segue o mesmo da ADI. quórum: •julgamento: 8


ministros (2/3); •decisão: 6 ministros.

Efeitos da decisão→ adoção da tese não concretista = STF reconhece a mora e dá


ciência ao poder competente recomendando que supra a omissão.

 Órgãos administrativos: PRAZO de 30 dias para a mora ser suprida.

 Descumprimento do prazo: crime de responsabilidade por


descumprimento flagrante da Constituição.

 Efeito na ADI por omissão PARCIAL: a regra é que o STF declare a


inconstitucionalidade da lei declarando a sua nulidade.

NOTAS:

 STF passou a considerar como fundamento de omissão a inércia no que tange à


deliberação no processo legislativo.

 Para o Poder Legislativo não há prazo estabelecido para a supressão da mora.

 É possível concessão de medida cautelar em ADI por omissão.

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ADI por omissão Mandado de Injunção
Legitimados Art. 103, CF/88 Qualquer pessoa física, jurídica ou até
mesmo associações ou coletividade no
MI coletivo
Procedimento Lei da ADI por omissão Lei do Mandado de Segurança
Efeitos Erga omnes Inter partes
Nexo de Não exige interesse de agir dos Exige o interesse de agir do
causalidade legitimados universais, mas apenas impetrante
dos legitimados ativos não
universais
Espécies do Processo objetivo – discussão em Processo subjetivo – in concreto –
processo abstrato (partes, lide, contraditório) com partes, lide e contraditório

Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva

Conceito→ espécie de controle concentrado no STF que visa a declarar a


inconstitucionalidade de uma conduta de Estado-membro ou DF que descumprir
princípio sensível da Constituição. ►Finalidades:

 Jurídica: declaração pelo STF da inconstitucionalidade da conduta do Estado ou


DF

 Política: dar ensejo para a decretação de intervenção federal pelo Presidente da


República5.

Objeto→ conduta (normativa ou concreta) ou prática de Estado-membro ou DF

Legitimidade ativa→ PGR

Procedimento→ requisitos da petição inicial:

 Indicação do princípio constitucional que se considera violado ou, se for o caso


de recusa à aplicação de lei federal, das disposições questionadas;

5
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: VII - assegurar a
observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e
regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da
administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde.

15
 Indicação do ato normativo, do ato administrativo, do ato concreto ou das
omissões questionados;

 A prova da violação do princípio constitucional ou da recusa de execução de lei


federal;

 O pedido.

 ADI interventiva = controle concentrado concreto = processo de cunho subjetivo =


autor (PGR), réu (Estado-membro ou DF), contraditório e lide.

Julgamento→ quórum: •julgamento: 8 ministros (2/3); •decisão: 6 ministros.

Efeitos da decisão→ provimento da ADI interventiva - STF comunica ao Presidente da


República para que ele decrete (é ato vinculado) a intervenção federal no Estado-membro
ou DF.

NOTAS:

 A decisão na ADI interventiva é irrecorrível e insuscetível de ação rescisória.

 Cabe medida liminar em ADI interventiva.

 Conduta normativa que fere a CF – ADI interventiva é julgada procedente – a lei se


tronará inválida? Não. O provimento do STF não irá extirpar a lei do ordenamento,
isso se faz via ADI. A ADI interventiva tão somente cria condições para a
decretação da intervenção.

ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental

Conceito→ controle concentrado no STF, que visa evitar ou reparar lesão a preceito
fundamental da Constituição em virtude de ato do Poder Público ou de controvérsia
constitucional em relação à lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal,
inclusive os anteriores à Constituição.

*Preceito fundamental = normas materialmente constitucionais que fazem parte da


Constituição formal. Matérias típicas fundantes do Estado e da sociedade alocadas no
texto constitucional. ►Rol exemplificativo: arts. 1º a 6º; 14; 18; 34, VII; 60 §4º; 170;
196; 220; 222; 225 da CF/88.

Espécies:

Arguição autônoma Arguição incidental6

Visa evitar ou reparar lesão a preceito fundamental Visa evitar ou reparar lesão a preceito fundamental
da Constituição resultante de ato do Poder Público da Constituição em virtude de controvérsia
constitucional em relação à lei ou ato normativo
federal, estadual ou municipal, inclusive os
anteriores à Constituição.
6
Incidental porque se origina de incidentes no controle difuso-concreto

16
Objeto

ADPF autônoma→ cabível contra ato do Poder Público ( ato administrativo, normativo ou
judicial).

ADPF incidental→ cabível somente contra ato normativo.

Não cabe ADPF contra:

 Veto do Poder Executivo (por se tratar de ato político)

 PEC (pois não se admite controle judicial de cunho preventivo, com exceção do mandado de
segurança).

 Súmulas (inclusive as vinculantes)

 Atos normativos já revogados

Legitimidade→ a mesma da ADI.

Requisitos:

 Indicação do preceito fundamental violado

 Indicação do ato do Poder Público

 Prova da violação

 Pedido

 Demonstração da controvérsia judicial relevante (no caso de ADPF incidental)

P da subsidiariedade→ só caberá ADPF se não existir outro meio eficaz de sanar a


lesividade.

Julgamento→ quórum: •julgamento: 8 ministros (2/3); •decisão: 6 ministros.

Efeitos da decisão→ regra: ex tunc e erga omnes. Exceções: ex nunc e modulação de


efeitos

NOTAS:

 É possível medida cautelar em ADPF. Efeito erga omnes.

 Participação do PGR (exceto nas ADPFs por ele ajuizadas)

 ADPF = processo objetivo

 Cabe amicus curiae

17
 Não cabe intervenção de terceiros

 Não cabe recursos, salvo embargos declaratórios.

 Não cabe ação rescisória

5. Ações constitucionais

5.1 Mandado de Segurança

Conceito: ação constitucional de natureza civil e procedimento especial que visa a


proteger direito líquido e certo lesionado ou ameaçado de lesão, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, em virtude de ilegalidade ou abuso de poder praticado
por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições públicas.

Requisitos

1. Ato comissivo ou omissivo da autoridade pública ou agente jurídico no exercício de


atribuições públicas

Autoridade Pública = representantes da APD e API (autarquias, fundações, SEM e EP).


Agente jurídico no exercício de atribuições públicas = representante de pessoas
jurídicas de direito privado quando o particular atuar sob delegação7 do Poder
Público.

NOTA: não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados
pelos administradores de empresas públicas e SEM’s e de concessionárias de serviço
público.

2. Ilegalidade ou abuso de poder

Ilegalidade = violação no que diz respeito a: norma constitucional, LC, LO, LD,
MP, DL, resoluções, editais de concursos, decretos regulamentares etc.
Abuso de poder = ilegalidade que vai além dos parâmetros e limites permitidos por
lei.

NOTA: O Judiciário só pode controlar a ilegalidade dos atos administrativos


discricionários de outros Poderes, isto é, não pode controlar o mérito dos mesmos.

3. Lesão ou ameaça de lesão a direito líquido e certo

O MS poderá ser tanto repressivo (para cessar com a lesão a direito líquido e certo) quanto
preventivo (para evitar a lesão a direito líquido e certo).

4. Subsidiariedade

7
Delegação ≠ Autorização – na primeira o particular desempenha função que seria de atribuição do Poder
Público. Na atividade autorizada tem-se apenas a fiscalização do Poder Público com seu poder de polícia.

18
O ato dotado de ilegalidade ou abuso de poder não pode ser amparado por habeas
corpus ou habeas data.

Direito líquido e certo→ direito cuja existência e delimitação são claras e possíveis de
demonstração documental. O que se tem de provar de plano é a situação fática
inequívoca que está ocorrendo e que está invibializando o direito. ► Não há dilação
probatória em MS. ►o direito líquido e certo é condição da ação (interesse de agir) e não questão de
mérito. ►o juiz não pode denegar o mandado de segurança sob o pretexto de tratar-se de matéria jurídica
de grande complexidade.

Cabimento→ NÃO se concederá MS quando se tratar:

1. De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,


independentemente de caução; Obs.: a existência de recurso administrativo com efeito
suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra a omissão da autoridade.
2. Da decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
3. Da decisão judicial transitada em julgado
4. De lei em tese→ Obs.: existe uma exceção: quando a lei for de efeito concreto caberá mandado
de segurança.
5. De matéria inerna corporis (matéria privada das Casas Legislativas). → Obs.: se o conflito
envolver normas constitucionais não há que se falar em matéria interna corporis.
6. Nos casos de Ação Popular
7. De decisões interlocutórias exaradas em processos submetidos ao rito da Lei
9099/97 – Juizado Especial.
8. Súmula 418 do TST: “a concessão de liminar ou a homologação de acordo
constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do
mandado de segurança.”

Legitimidade do Mandado de Segurança

 Legitimidade Ativa→ pessoa física nacional ou estrangeira* (mesmo aquela que


reside no exterior),
pessoa jurídica pública ou privada, universalidade de bens e
órgãos públicos despersonalizados.
NOTA: Não é possível habilitação de herdeiros em caso de óbito do impetrante,
devendo seus sucessores socorrer-se das vias ordinárias na busca de seus direitos.

 Legitimidade Passiva→ autoridade coatora.

OBS.:

 Erro na indicação da autoridade coatora:


 Agente coator indevido vinculado a pessoa jurídica diversa daquela em que
atua o verdadeiro agente coator = processo deve ser extinto sem julgamento
do mérito.
 Correção do vício não implica alteração do polo passivo, pois os agentes
vinculam-se à mesma pessoa jurídica = economia processual – correção do
vício de ofício pelo juiz.

 Teoria da encampação: indicação como autoridade coatora de uma autoridade


hierarquicamente superior àquela que seria realmente a autoridade coatora
responsável pelo ato = não há necessidade de correção do polo passivo.

19
 Autoridade delegante ou delegada? A legitimidade passiva é da autoridade delegada.
*há exceções em alguns casos de delegação, como ex.: “delegação de assinatura”
 Se aplica ao MS o instituto do litisconsórcio. ►Súmula 701 do STF: os MS
impetrados pelo MP contra decisões judiciais em processos penais devem
obrigatoriamente ter como litisconsorte passivo o réu.

Competência jurisdicional no MS→ definida pela natureza da autoridade que pratica a


conduta comissiva ou omissiva da qual possa resultar lesão ou ameaça de lesão a
direito.

 Ilegalidade praticada por um Tribunal de Justiça = MS será julgado pelo próprio


Tribunal;
 Contra decisões proferidas pelas turmas do STF não cabe MS.
 MS impetrado contra diferentes autoridades coatoras – a autoridade de maior
hierarquia determinará a competência para julgamento do feito. Ex.: Presidente da
república e Ministro do Estado – competência será do STF.
 Órgãos colegiados: MS será impetrado contra o presidente do órgão colegiado.
 Quando o praticante da ação u omissão for Promotor de Justiça, a competência
para julgar o mandamus é do juiz de primeiro grau e não do Tribunal.

Procedimento→ procedimento especial de rito sumaríssimo.

 Petição inicial: deve indicar a autoridade coatora e a pessoa jurídica que esta
integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
 Prazo resposta: 10 dias.
 Participação do MP como custus legis. Prazo de 10 dias.
 Decisão deverá, em regra, ser proferida em 30 dias.

NOTA: o impetrante pode desistir do MS a qualquer tempo, ainda que proferida


decisão de mérito a ele favorável, e sem anuência da parte contrária.

Decisão, efeitos e recursos possíveis→ recurso cabível é o de apelação. Obs.: se a


impetração se deu originariamente em um Tribunal e o mesmo indefere de plano a
petição inicial, caberá agravo regimental.

 O MP tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da


lei, ainda que não haja recurso da parte.
 Não cabe no processo do mandado de segurança a condenação em pagamento de
honorários advocatícios.

Prazo para impetração do MS→ 120 dias a contar do conhecimento oficial do ato a ser
impugnado.
 Prazo decadencial = não se interrompe nem se suspende.
 Enquanto há a omissão continuada da Administração Pública, não corre o prazo
de decadência para impetração do mandado de segurança.

NOTA: no MS preventivo não há que se falar em prazo decadencial de 120 dias, na


medida em que, enquanto perdurar a ameaça, há a possibilidade de interposição do writ.

5.2 Mandado de Segurança Coletivo


20
Conceito→ ação constitucional de natureza civil e procedimento especial, que visa a
proteger direito líquido e certo da coletividade (direitos coletivos, difusos e individuais
homogêneos), lesionado ou ameaçado de lesão, não amparado por habeas corpus ou
habeas data, em virtude de ilegalidade ou abuso de poder praticado por autoridade
pública ou agente jurídico no exercício de atribuições públicas.

Direitos protegidos pelo MS Coletivo:

Direitos coletivos: os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular


grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
relação jurídica básica;
Individuais homogêneos: decorrentes de origem comum e da atividade ou
situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membro do
impetrante.
Difusos* - não é elencado na lei.

Finalidades

1. Evitar acúmulo de demandas idênticas


2. Facilitar o acesso à justiça
3. Fortalecer as entidades de classe

Legitimidade ativa do MS coletivo

 Partido Político com representação no Congresso Nacional


 Sindicatos
 Entidades de classe
 Associações em funcionamento há pelo menos 1 ano

NOTAS:

 Os partidos políticos podem ajuizar MS coletivo para defesa de direitos dos seus
afiliados e da sociedade e em questões que guardem relação com o Estatuto do
partido político.
 A entidade de classe tem legitimação para o MS ainda quando a pretensão veiculada
interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
 A impetração de MS por entidade de classe em favor de associados independe da
autorização destes.
 MS coletivo = legitimidade extraordinária → não é necessário contar na petição
inicial o nome de todos os associados.
 Estados não são dotados de legitimidade ativa para propor MS coletivo contra a
União em defesa de supostos interesses da população.

Decisão e seus efeitos→ atingirão todos os associados, independente se ingressaram na


associação antes ou depois da impetração do mandamus.
 Sentença for:
 Positiva = existirá coisa julgada material;
 Denegatória = haverá coisa julgada formal – os associados poderão pleitear
individualmente mandado de segurança.

21
NOTA: súmulas do STF sobre MS – vide p. 507 do Bernardo F. Gonçalves

Súmula 101 – O mandado de segurança não substitui a ação popular


Súmula 625 – Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de
mandado de segurança.

NOTA: súmulas do STJ sobre MS – vide p. 509 do Bernardo F. Gonçalves

Súmula 169 – São inadmissíveis embargos infringentes no processo de MS.


Súmula 333 – Cabe MS contra ato praticado em licitação promovida por SEM ou
EP.

5.3 Mandado de Injunção

Conceito→ ação constitucional de natureza civil e procedimento especial, que visa a


viabilizar o exercício de direitos, liberdades constitucionais ou prerrogativas inerentes à
nossa nacionalidade, soberania ou cidadania, que estão inviabilizadas por falta de norma
regulamentadora de normas constitucionais.

Finalidades:
 Viabilizar o exercício de direitos previstos na Constituição.
 Atacar a inércia do legislador ou a chamada síndrome de inefetividade dos
Poderes Públicos em não regulamentar a Constituição.

Requisitos

1. Falta de norma regulamentadora de norma constitucional

STF: ►Só cabe MI em relação à norma constitucional de eficácia limitada. ►Não


basta para descaracterizar a inércia, a mera apresentação do projeto de lei, sendo
necessária a devida deliberação do mesmo.

2. Inviabilização do direito, liberdade, ou prerrogativa prevista na Constituição

Nexo de causalidade: não basta a inércia do legislador, mas também a caracterização de


que a partir desta temos um direito de alguém violado.
Legitimidade

Ativa→ pessoa física ou jurídica, coletividade e o MP* (*nos casos que envolvem
direitos difusos e coletivos inviabilizados pela falta de norma regulamentadora ).
Passiva→ órgão ou entidade pública encarregada da viabilização normativa de
direitos previstos na CF/88. ►O Presidente da República pode ser legitimado
passivo.

NOTA: Normas regulamentadoras não são apenas as emanadas pelo Poder Legislativo,
mas também espécies normativas secundárias: decretos, resoluções, regulamentos,
portarias etc.

Competência→ STF (102, I, q) e STJ (105,I, h).

22
NOTA: é possível o mandado de injunção estadual desde que haja previsão na
respectiva Constituição do Estado.

Procedimento→ será o estabelecido para o mandado de segurança, com a seguinte


exceção: não caberá concessão de medida liminar.
 Petição inicial: deve indicar a autoridade coatora e a pessoa jurídica que esta
integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
 Prazo resposta: 10 dias.
 Participação do MP como custus legis. Prazo de 10 dias.
 Decisão deverá, em regra, ser proferida em 30 dias.

Decisão, recursos viáveis e o relevante debate dos efeitos da decisão concessiva da


injunção

 Nas hipóteses de decisões dos Tribunais Estaduais ou Tribunais Regionais


Federais, denegatórias ou concessivas do mandado de injunção, o recurso correto
para o STJ é o especial e não o ordinário.

Efeitos da decisão concessiva – correntes doutrinárias:

1. Teoria da Subsidiariedade→ Poder Judiciário se limita a tão somente declarar a


mora legislativa, nos moldes da ação direta de inconstitucionalidade por omissão.

2. Teoria da Independência Jurisdicional→ A sentença do mandado de injunção


possui caráter constitutivo erga omnes, cabendo, portanto, ao Poder Judiciário editar
a norma geral se estendendo de forma abstrata a todos, inclusive a aqueles que não
pleitearam a tutela.

3. Teoria da Resolutividade→ Atividade integradora do Poder Judiciário = a sentença


do mandado de injunção produz a norma para o caso concreto com natureza
constitutiva inter partes, viabilizando o direito de forma imediata.

Efeitos da decisão concessiva – correntes jurisprudenciais:

1. Tese Concretista→ a decisão viabiliza o exercício do direito até que sobrevenha


norma regulamentadora.
a) Geral: efeitos erga omnes. Crítica: fere o p. da separação dos poderes
b) Individual: efeitos interpartes. Subdivisão:
 Concretista direta: o Poder Judiciário deve viabilizar o exercício de
forma imediata.
 Concretista intermediária: deve-se primeiro dar um prazo para o
poder competente suprir a norma, se ele continuar em mora após a
ciência, aí sim o Judiciário deve tomar as medidas para concretizar o
direito.

2. Tese Não Concretista→ *majoritária no STF. A natureza da decisão é meramente


declaratória = a mesma reconhece a mora, mas não viabiliza o exercício do direito

23
para o autor da ação, apenas recomendando ao legislador que supra a mora. Obs.: a
tendência é de relativização desse entendimento.

5.4 Habeas Data

Conceito→ Ação constitucional de natureza civil e procedimento especial que visa a


viabilizar o conhecimento, retificação ou a anotação de informações da pessoa do
impetrante, constantes em bancos de dados públicos ou banco de dados privados de
caráter público* (*SPC, ex.).

Cabimento→ O interesse de agir surge com a negativa e com a falta de resposta num
prazo previamente estabelecido. Requisitos:
 Recusa ao acesso às informações ou o decurso de mais de 10 dias sem decisão.
 Recusa na retificação ou o decurso de mais de 15 dias sem decisão.
 Recusa na anotação ou explicação sobre o dado exato ou o decurso de mais de
15 dias sem decisão.

Legitimidade
Ativa: pessoa física (tanto brasileiro quanto estrangeiro), pessoa jurídica, órgãos públicos
despersonalizados.

NOTA: o habeas data tem caráter personalíssimo, portanto, não pode ser impetrado em
favor de terceiros. Obs.: há exceções, por exemplo, nas causas relativas à transmissão
de direitos causa mortis.

Passiva: entidades governamentais (qualquer órgão do Estado, seja ele Executivo – APD ou
API, Legislativo ou Judiciário) e pessoas jurídicas privadas de caráter público.

Competência→ definida em razão do status da autoridade, ou seja, através da hierarquia


funcional do agente público.

Procedimento

 Fase pré-judicial (extrajudicial) → quando o interessado requer


administrativamente a informação, retificação ou a anotação ou a explicação sobre
dado exato obtendo a recursa ou ocorrendo o decurso do prazo sem resposta.
 Fase judicial→ prazo para resposta: 10 dias a contar da notificação (=citação); MP
atuará como custus legis – deve emitir parecer em 5 dias. O julgamento deve
ocorrer no prazo de 5 dias.

Decisão→ cabe recurso de apelação; o recurso terá efeito devolutivo, não havendo
como suspender os efeitos da decisão por meio da interposição recursal.

NOTAS:

 O habeas data é gratuito tanto no procedimento administrativo quanto no


judicial.
 Habeas data ≠ Direito Geral de Informação ≠ Direito de Certidão

5.5 Ação Popular

24
Conceito→ ação popular é uma ação constitucional de natureza civil, atribuída a
qualquer cidadão, que visa a invalidar atos ou contratos administrativos que causem
lesão ao patrimônio ou ainda à moralidade administrativa, ao patrimônio histórico e
cultural e ao meio ambiente.

Atos e contratos tidos como nulos e, portanto, passíveis de ação popular→ atos lesivos
ao patrimônio público que contenham vícios de forma, ilegalidade do objeto,
inexistência de motivos, desvio de finalidade ou tenham sido praticados por autoridade
incompetente + rol do art. 4º da Lei 4717/65.

Não cabe ação popular contra:


 Leis ou atos normativos em tese (exceto se a lei for de efeito concreto);
 Atos jurisdicionais (exceto as decisões judiciais homologatórias de acordo);
 Atos políticos (ex.: veto do Poder Executivo a um projeto de lei).

Requisitos da Ação Popular

Subjetivo→ cidadão (*capacidade eleitoral ativa)


Objetivo→ lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio público por ilegalidade ou
imoralidade.

Legitimidade

Ativa→ cidadão = indivíduo dotado de capacidade eleitoral ativa. ► o menor entre 16 e


18 anos que tiver capacidade eleitoral pode ajuizar ação popular.
 NÃO é legitimado ativo:
 Estrangeiro – pois ele não pode votar. Exceção: português equiparado.
 Indivíduo com os direitos políticos perdidos ou suspensos
 Pessoa Jurídica
 Ministério Público→ não pode ajuizar Ação Popular, mas ele é parte.
(custus legis)8 .

Passiva→ 1) pessoas jurídicas de direito público e privado e das entidades referidas


na lei 4717/65, art. 1º; 2) autoridades, administradores e funcionários; 3)
beneficiários diretos.

NOTA: natureza da legitimidade ativa do cidadão = substituição processual.

Procedimento: ORDINÁRIO (e não o especial como nas outras ações constitucionais ). Algumas
especificidades:

 Prazo para contestar: 20 dias, prorrogáveis por mais 20 dias;


 A Ação Popular não admite reconvenção;
 Existe a possibilidade de Julgamento Antecipado da Lide;

8
Obs.: 1) Se o autor desistir da ação popular o MP poderá promover o prosseguimento da ação; 2) O MP
terá legitimidade para propor ação rescisória referente ao decidido na ação popular; 3) O MP terá
legitimidade ativa para a execução na Ação Popular – se decorridos 60 dias da publicação da sentença
condenatória, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução, o representante do MP a
promoverá nos 30 dias seguintes, sob pena de falta grave.

25
 Se o autor desistir da ação qualquer cidadão ou o MP poderão promover o
prosseguimento da ação.

Competência→ determinada conforme a origem do ato impugnado9.

NOTA: em regra, não há competência originária do STF para processar e julgar ação
popular por foro de função (mesmo que o ato cuja invalidação se pleiteie tenha emanado do
Presidente da República).

Decisão na ação popular→natureza dúplice = desconstitutiva (declaratória positiva ou


constitutiva negativa) e condenatória. Efeitos:
 Invalidar o ato lesivo ao patrimônio público
 Condenação das autoridades, dos administradores, dos funcionários e dos
beneficiários em perdas e danos ou ônus de sucumbência. ( decisão condenatória-
reparatória).
 Efeito erga omnes.

NOTA: a) decisão que determina a nulidade do ato impugnado = declaratória positiva.


b) decisão que determina a anulação do ato impugnado = constitutiva negativa;

NOTA: ação popular é isenta de custas para o legitimado ativo, salvo se comprovada a
má-fé (*hipótese em que será condenado ao décuplo das custas).

Prazo para ajuizar a Ação Popular→ prescricional de cinco anos.

5.6 Habeas Corpus

Conceito→ ação constitucional de natureza penal e procedimento especial que visa a


reparar ou evitar violência ou coação à liberdade de locomoção em virtude da prática de
ilegalidade ou abuso de poder.

Características da Ação de habeas corpus

 Objetiva garantir todos os direitos que se relacionam com a liberdade de locomoção


– é remédio idôneo para proteger a liberdade de ir e vir, acesso, permanência ou
saída do território nacional.
 Ação que pode ser concedida de ofício;
 Pode ser impetrado via telegrama, radiograma, telex, telefone ou por e-mail.
 Necessário prova pré-constituída.
 Não é necessário advogado.

Espécies de habeas corpus

Preventivo = salvo conduto→ visa evitar a violência ou coação à liberdade de


locomoção de um indivíduo que está na iminência de sofrer a constrição da
liberdade de locomoção.

9
Será competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização
judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou
ao Município.

26
Repressivo = liberatório→ visa a cessar com a violência ou coação à liberdade de ir
e vir.

Cabimento do habeas corpus→ quando alguém se encontra ameaçado ou já violentado


na sua liberdade de locomoção. A coação considerar-se-á ilegal quando:
 Não houver justa causa
 Alguém estiver preso por mais tempo que determina a lei
 Quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo
 Houver cessado o motivo que autorizou a coação
 Não for admitida a prestação de fiança, nos casos em que a lei autoriza
 O processo for manifestamente nulo
 Extinta a punibilidade

Terminologia→ paciente (quem sofre a violência ou coação ilegal) impetrante (quem impetra).

Legitimidade

Ativa→ qualquer pessoa (independente de sua capacidade civil, idade, sexo, ou mesmo
estado mental) em seu favor ou de outrem.

 Exemplos de legitimados: estrangeiro, pessoa jurídica* e MP* (** em favor de terceiros,


pessoas físicas)

NOTA: o juiz pode conceder o habeas corpus de ofício, mas não pode impetrar o writ
em favor de terceiro na qualidade de juiz.

Passiva→ pode ser impetrado contra ato de:


 Autoridade10: fundamento na ilegalidade ou abuso de poder.
 Particular11: fundamento na ilegalidade.

Competência→ conforme a qualidade da pessoa que sofre o ato coator ou é responsável


pelo ato coator. Ato coator praticado por:
 Delegado de Polícia – competência→ Juiz de Direito
 Juiz de Direito – competência→ Tribunal de Justiça
 Promotor de Justiça – competência→ Tribunal de Justiça
 Procurador da República – competência→ TRF da respectiva região
 STJ – competência→ STF
 Membros do MPU que oficiem perante Tribunais→ STJ
 Juiz Federal→ TRF

Procedimento→ pedido deve conter:

 Nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação


 O constrangimento ou o risco iminente do mesmo
 Assinatura do impetrante

NOTAS:

10
Ex.: juiz, Tribunal, promotor, delegado etc.
11
Ex.: clínicas psiquiátricas, de tratamento de drogados, internações hospitalares, asilos etc.

27
 Havendo empate no julgamento do habeas corpus, prevalece a decisão mais
favorável ao paciente.
 É vedado o habeas corpus em relação a punições disciplinares. Obs.: essa vedação
atinge o mérito das punições disciplinares. Ela NÃO é absoluta! Essa vedação não
impede o Judiciário de apreciar os pressupostos de legalidade ( poder disciplinar,
hierarquia, excesso de prazo da punição etc. ) e sanar os vícios de legalidade pela via do
habeas corpus.
 O habeas corpus pode ser manejado como uma ação que visa a defender não só o
direito de ir e vir, mas também o direito de ficar, ou seja, o direito de não se
locomover.

Súmulas STF:
Nº 694: Não cabe HC contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de
perda de patente ou de função pública.
Nº 695: Não cabe HC quando já extinta a pena privativa de liberdade.

6. Princípios fundamentais (estruturantes) da Constituição

Classificação – arts. 1º- 4º da CF/88

Princípios que definem a forma, estrutura e fundamento do Estado brasileiro

Princípio da divisão dos Poderes

Princípios que fixam os objetivos primordiais a serem perseguidos

Princípios que traçam as diretrizes a serem adotadas nas relações internacionais

6.1 Princípio Republicano

Fixa a forma de Governo do Estado. Características→ o povo é o titular do poder


político; igualdade formal entre as pessoas; eleição dos detentores do poder político;
responsabilidade política do Chefe de Governo/Estado.

Monarquia República
Vitaliciedade Temporariedade
Hereditariedade Eletividade
Irresponsabilidade Responsabilidade

6.2 Princípio do Estado Democrático de Direito

É mais que um princípio, configurando-se em verdadeiro paradigma. A perspectiva


assumida pelo direito caminha para a procedimentalização e, por isso mesmo, a ideia de
democracia não é ideal, mas configura-se pela existência de procedimentos ao longo de

28
todo o processo decisório estatal, permitindo e sendo poroso à participação da
sociedade.

A democracia hoje não se dá apenas pela possibilidade de escolha dos atores políticos,
mas inclui ainda uma proteção constitucional que afirma: a superioridade da
Constituição; a existência de direitos fundamentais; da legalidade das ações estatais; um
sistema de garantias jurídicas e processuais.

A CF/88 criou uma figura de democracia semidireta de cunho participativo: além da


possibilidade de eleição dos representantes políticos, o texto constitucional contempla
as modalidades de plebiscito, referendum e a iniciativa legislativa popular.

6.3 Princípio Federativo

Define a nossa forma de Estado → Federação: união indissolúvel de organizações


políticas dotadas de autonomia. No Governo Federal há um governo central e vários
governos locais, todos exercendo, em condições de igualdade e com fundamento
imediato na Constituição, o poder político. ►Descentralização política = repartição de
competências.

Formação CENTRÍFUGA→ do centro para a periferia = Estado unitário centralizado


que se descentraliza tornando-se um Estado Federal.

Entidades da Federação: União, Estados-membros, DF e Municípios → autonomia


(soberania)

6.4 Princípio da Separação dos Poderes

História→ Aristóteles – Locke – Montesquieu.

Importância→ sem a contenção do poder, o seu exercício ilimitado desborda para


práticas iníquas e arbitrárias, pondo em risco a liberdade. Ao revés, poder limitado é
liberdade garantida. Daí a importância de um equilibrado sistema de freios e
contrapesos, em virtude do qual o poder possa controlar o poder. Dupla dimensão desse
princípio (Canotilho):

Dimensão Positiva→ traça a ordenação e organização dos poderes constituídos;


Dimensão Negativa→ fixa limites e controles.

Fundamentos do Estado Brasileiro

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

29
1. Soberania

Teorização:
 Bodin→ soberano é o monarca que não mais se submete a nenhuma outro poder.
 Rousseau→ soberania popular: a vontade popular soberana é ilimitada.
 Kelsen→ a soberania é qualidade do poder do Estado, sendo absoluta, já que
nenhuma outra manifestação pode se contrapor à vontade estatal.

Caracterização pela doutrina tradicional:


 Una: poder acima de todos
 Indivisível: aplicável a todos os acontecimentos internos ao Estado
 Inalienável: se o Estado a perder ele desaparece
 Imprescritível: não há limite de duração, existindo tão quanto exista o Estado

Soberania: externa (ordem internacional – relação de coordenação ) e interna (relação de


subordinação).

2. Cidadania

Refere-se à participação política das pessoas na condução dos negócios e interesses


estatais. A cidadania não é algo pronto e acabado, mas se apresenta como um processo
de participação ativa na formação da vontade política e afirmação dos direitos e
garantias fundamentais, sendo ao mesmo tempo um status e um direito.

3. Dignidade Humana

Influência do iluminismo alemão através de Kant: noção de que a dignidade representa


o reconhecimento da singularidade e da individualidade de uma determinada pessoa,
razão pela qual ela se mostra insubstituível e igualmente importante para a ordem
jurídica.

A dignidade da pessoa humana é erigida à condição de meta-princípio. Por isso mesmo,


esta irradia valores e vetores de interpretação para todos os demais direitos
fundamentais, exigindo que a figura humana receba sempre um tratamento moral
condizente e igualitário, sempre tratando cada pessoa como fim em si mesma, nunca
como meio para satisfação de outros interesses ou de interesses de terceiros.

Dimensões para a consecução normativa adequada da dignidade da pessoa humana


 Não instrumentalização→ o ser humano deve ser um fim em si mesmo. O respeito à
dignidade humana de cada pessoa proíbe o Estado de dispor de qualquer indivíduo
apenas como meio para outro fim, mesmo se for para salvar a vida de muitas outras
pessoas (ex.: ataque terrorista – sequestro de avião – abate desse avião).
 Autonomia existencial→ cada pessoa deve ter o direito de fazer suas escolhas
essenciais de vida e agir de acordo com suas escolhas desde que elas não
prejudiquem de forma indevida direitos de terceiros.
 Direito ao mínimo existencial→ direito a que existam condições materiais básicas
para a vida.
 Direito ao reconhecimento→ necessidade de respeitar as identidades singulares.

30
4. Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa

Cada indivíduo deve poder compreender que com seu trabalho ele está contribuindo
para o progresso da sociedade, recebendo a justa remuneração e condições razoáveis de
trabalho. Nesse sentido, o trabalho é um direito social.

A noção de livre iniciativa está coligada à liberdade de empresa e de contrato, como


condição mestra do liberalismo econômico e do capitalismo. O uso dessa liberdade não
é absoluto, devendo ser direcionado para a função social da empresa.

5. Pluralismo Político

Desdobramento do p. democrático. Autoriza em uma sociedade a existência de uma


constelação de convicções de pensamento e de planos e projetos de vida, todos
devidamente respeitados. Isso significa que o Estado não pode desautorizar nem
incentivar nenhum. Traz a noção de respeito à alteridade, nos fazendo perceber que o
diferente é necessário.

6.5 Princípios que fixam os objetivos primordiais a serem perseguidos pela CF/88

Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil

 Construir uma sociedade livre, justa e solidária


 Garantir o desenvolvimento nacional
 Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais
 Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, cor, sexo, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

6.6 Princípios que traçam diretrizes a serem adotadas nas relações internacionais

 Independência nacional
 Prevalência dos direitos humanos
 Autodeterminação dos povos
 Não-intervenção
 Igualdade entre os Estados
 Defesa da paz
 Solução pacífica dos conflitos
 Repúdio ao terrorismo e ao racismo
 Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
 Concessão de asilo político

 A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e


cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade
latino-americana de nações→ MERCOSUL (Estados-partes = Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai + Venezuela) – Tratado de Assunção de 1991.

31
7. Da organização do Estado

Forma de Estado→ como o poder político é exercido dentro de um território.

Espécies de formas de Estado

Unitário Regional Autonômico Federal Confederação

a) Estado Unitário→ não há distribuição geográfica do poder político em função do


território. Há um polo central distribuidor e emanador de normas. ►Há
descentralização administrativa.

b) Estado Regional→ distribuição às regiões tanto de competências administrativas


quanto de competências legislativas. Ex.: Itália.

c) Estado Autonômico→ há descentralização administrativa e legislativa para os entes.


As províncias podem formar regiões e elaborar seu “estatuto de autonomia” no qual
avocam competências presentes na Constituição. Ex.: Espanha.

d) Estado Federal→ há distribuição geográfica do poder político em função do


território, na qual um ente é dotado de soberania e os outros entes de autonomia.

e) Confederação→ junção de Estados, na qual há uma distribuição geográfica do


poder político em que todos os entes são dotados de soberania.

NOTAS:

 Estado Regional ≠ Estado Autonômico→ ambos possuem descentralização


administrativa e legislativa, mas no Estado Regional ela é desenvolvida de cima
para baixo (o Estado Nacional confere as competências e retira quando quer ), já no Estado
Autonômico, ela é desenvolvida de baixo para cima ( as províncias se reúnem em regiões
que avocam competências da Constituição espanhola e com isso produzem seus estatutos por elas
mesmas).

Estado Regional Estado Autonômico


Descentralização administrativa e Descentralização administrativa e
legislativa legislativa
Descentralização de cima para baixo Descentralização de baixo para cima

Estado Federal Confederação


Há distribuição do poder político Há distribuição do poder político
Origem: Constituição Origem: Tratado
Soberania: único ente Soberania: todos os entes

32
Proibido o direito de secessão Existe o direito de secessão

Tipos de Federalismo

Quanto à origem
Agregação Segregação

Quanto à maior ou menor concentração de poder


Centrífugo Centrípeto Equilíbrio

Quanto à repartição de competências

Dual (clássico) Cooperação

a) Quanto à formação do federalismo

 Por agregação: reunião de vários Estados até então soberanos.


 Por segregação: divisão de um Estado unitário preexistente. Ex.: Brasil.

 Centrípeto: Estado Federal se forma da periferia para o centro. Ex.: EUA


 Centrífugo: Estado Federal é criado do centro para a periferia. Ex.: Brasil

b) Quanto à maior ou menor concentração de poder

 Centrípeto: federalismo que proporciona maior concentração de poder na mão do


governo central.
 Centrífugo: federalismo que proporciona maior descentralização de poder.
 De Equilíbrio: instaura uma equilibrada repartição de poderes entre o governo
central e os governos regionais.

c) Quanto à repartição de competências

 Dual (clássico): repartição de competências privativas entre os entes federados que


vão atuar em esferas distintas, separadas e independentes.
 Cooperação (neoclássico): busca da colaboração recíproca através da possibilidade
de atuação comum ou concorrente entre os poderes central e regionais.

d) Quanto ao equacionamento das desigualdades

 Simétrico: visa a divisão de competências e receitas de forma paritária.


 Assimétrico: busca reverter o quadro de desigualdades regionais entre os entes
através de programas direcionados a determinadas regiões.
33
Análise específica do federalismo presente em nossa atual Constituição

O Brasil era um Estado unitário que abriu mão da centralidade do poder para criação de
entes autônomos. A origem centrífuga do federalismo brasileiro nos leva a um
federalismo centralizado, com exacerbadas competências para a União. Portanto, um
federalismo centrípeto quanto à concentração do poder foi desenvolvido no Brasil. A
CF/88 foi delineada à luz de um federalismo cooperativo, no qual os entes têm
competências privativas enumeradas, mas também compartilham competências ( comuns
e concorrentes).

Posição da União na nossa federação: NÃO tem soberania. O ente soberano é a


República Federativa do Brasil ou o Estado Federal. A União é ente autônomo.
 O território da RFB é o mesmo da União (engloba Estados, Municípios e DF);
 O interesse da RFB é o mesmo da União (qual seja, o interesse nacional)
 A União exerce prerrogativas da RFB representando-a.

U n iã o P J D P in te rn o

RFB P J D P in te rn a c io n a l

Conflito de competências legislativas entre os entes→ não há hierarquia entre leis


federais, estaduais e municipais. A prevalência dependerá da distribuição de
competência explicitada na CF.

“Autonomia” = capacidade de desenvolver atividades dentro de limites previamente


circunscritos pelo ente soberano. Ente autônomo é aquele dotado de uma tríplice
capacidade:

Auto-organização

Autogoverno

Autoadministração

1. Auto-organização→ normatização própria


 União: CF e legislação federal
 Estados: Constituições estaduais e legislação estadual
 Municípios: leis orgânicas e legislação municipal
 DF: lei orgânica e legislação distrital

2. Autogoverno
 União: Legislativo, Executivo e Judiciário.
 Estados: Legislativo, Executivo e Judiciário
 Municípios: Poder Legislativo e Executivo.►Judiciário

34
 DF: Poder Legislativo e Executivo. ►Judiciário. Obs.: O Poder Judiciário será
organizado e mantido pela União.

3. Autoadministração
 É o exercício de competências legislativas, administrativas e tributárias pelos
entes.
 Objetiva desenvolver o autogoverno e a auto-organização.

Técnicas de Repartição de Competências

Técnica-Repartição Horizontal→ advém do federalismo dual/clássico. Distribuição


estanque de competências = cada ente terá suas competências definidas de forma
numerada e específica, não as dividindo com nenhum outro ente. ►Adotada pela CF/88

Técnica-Repartição Horizontal→ advém do federalismo cooperativo/integração. Dois


ou mais entes vão atuar conjuntamente ou concorrentemente para uma mesma matéria.
►Adotada pela CF/88

NOTAS:

 O Brasil adota um sistema complexo de repartição de competências, trabalhando


a repartição horizontal (de competências enumeradas e remanescentes) e a repartição vertical (de
competências concorrentes e comuns), tendo o objetivo de desenvolver um federalismo de
equilíbrio, no qual permeiam competências privativas, remanescentes, comuns e
concorrentes entre os entes que compõem a Federação.

 P. da predominância dos interesses:


 União: interesse geral;
 Estados: interesse regional;
 Municípios: interesse local;
 DF: interesse regional e local.

Repartição de Competência Horizontal


União Art. 21 – competências administrativas (=
exclusivas)
União Art. 22 – competências legislativas (=
privativas)
Possibilidade de Delegação12 Art. 22, § único
Estados Art. 25, §1º – competências remanescentes
Municípios Art. 30, I – competência legislativa13
Municípios Art. 30, III ao IX – competência administrativa
DF Art. 32, §1° – competências legislativas dos Estados e

12
Requisitos da delegação das competências privativas da União para os Estados: a) FORMAL: a União
só pode delegar para os Estados competência legislativa mediante Lei Complementar; b) MATERIAL: a
União só pode delegar questões específicas das matérias presentes nos incisos; c) IMPLÍCITO: isonomia,
é vedado a criação de preferências entre os entes.
13
Os Estados poderão legislar sobre todas as matérias que não lhe sejam vedadas pela Constituição.

35
Municípios

NOTAS:

 Para José Afonso da Silva as competências administrativas devem ser intituladas de


competências exclusivas, isso porque, segundo o autor, a competência exclusiva é
aquela em que não há possibilidade de delegação. Para ele, a competência privativa
é aquela em que há a possibilidade de delegação. Crítica: há dispositivos que
elencam competências privativas sem qualquer possibilidade de delegação.
 O rol dos arts. 21 e 22 é exemplificativo.
 REGRA: competência dos Estados é remanescente. EXCEÇÕES: hipóteses em que
as competências estão enumeradas.

Repartição de Competência Vertical


União, Estados, Municípios e DF Art. 23 – Competências comuns. Competências
administrativas
União, Estados e DF Art. 24 – Competências concorrentes.
Competências legislativas
Municípios Art. 30, II – Competências concorrentes.
Competências legislativas

Art. 24, §4º da CF/88→ a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Art. 30, II→ o Município poderá complementar “no que couber” as legislações federais
e estaduais.
 “No que couber” = a) matérias que envolvam assuntos de interesse local,
matérias que envolvam o art. 23 ( competências administrativas comuns) e art. 24
(competências legislativas concorrentes).

Organização do Estado e P. da Simetria→ determina o dever do constituinte estadual,


ou mesmo do legislador infraconstitucional dos entes federativos, respeitar de forma
rigorosa e fiel as opções de organização e de relacionamento entre os Poderes alocados
na CF/88.

Bens da União→ art. 20 da CF/88. Obs.: terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
– afetação a uma finalidade pública: proteção dos indígenas. São bens de uso especial.

Art. 20. São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
terrenos marginais e as praias fluviais;

IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as
costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público
e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;

36
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

VIII - os potenciais de energia hidráulica;

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos
hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma
continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

§ 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como
faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão
reguladas em lei.

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei,
as decorrentes de obras da União;

II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União,
Municípios ou terceiros;

III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou
seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse
público;

II - recusar fé aos documentos públicos;

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

TERRITÓRIOS→ são descentralizações administrativas da União. Não são dotados de


autonomia política, mas possuem personalidade jurídica própria. Não existem na
atualidade14. ►Criação: por Lei Complementar após consulta plebiscitária à população
diretamente envolvida. Art. 18, § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação
em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

DF→ ente federativo dotado de autonomia política. ►Exceções à sua autonomia: arts.
21, XIII e XIV e 22, XVII da CF/88. ►NÃO pode ser subdividido em Municípios.
►Terá: governador e vice, 8 Deputados Federais, 24 Deputados Distritais e 3
Senadores.
14
Os últimos três territórios que existiram foram: Amapá, Roraima e Fernando de Noronha. Amapá e
Roraima viraram Estados e Fernando de Noronha foi anexado ao Estado de Pernambuco.

37
Criação de novos Estados

Incorporação
(fusão)

Criação dos Subdivisão


Estados mediante: (cisão)

Desmembramento

Requisitos para a criação de Estados

1. Plebiscito das populações diretamente interessadas;


2. Oitiva das Assembleias envolvidas – produzirão mero parecer, sem força vinculante.
3. Necessidade de Lei Completar da União – CN avaliará se há interesse nacional ( e local) na
criação

Incorporação/fusão→ quando dois ou mais Estados vão se fundir criando um novo


Estado-membro. Haverá perda da personalidade jurídica dos entes primitivos.

Subdivisão/cisão→ quando um Estado vai se subdividir em dois ou mais Estados-


membros. Haverá perda da personalidade do ente primitivo.

Desmembramento→ o Estado perde parte de sua população e parte de seu território.

 Desmembramento anexação→ parte da população e parte do território de um


Estado-membro é anexado a outro Estado. Não há perda da personalidade
jurídica dos entes primitivos.
 Desmembramento formação→ um Estado-membro perde parte de sua
população e parte de seu território para a formação de um novo Estado. Não
há perda da personalidade do ente primitivo.

Criação de Novos Municípios

Incorporação
(fusão)

Criação dos Subdivisão


Municípios
mediante: (cisão)

Desmembramento

Requisitos:

38
1. LC da União;
2. Apresentação e publicação de estudos de viabilidade para a criação do
Município
3. Plebiscito da população diretamente envolvida
4. Lei estadual

8. Dos Direitos Políticos.


Conceito→ conjunto de regras que disciplina a soberania popular. Grupo de normas que
envolvem a participação dos cidadãos nos processos de poder, ou seja, nas tomadas de
decisões que envolvem a vida pública do Estado e da sociedade.

Espécies

a) Direito de Sufrágio→ direito de votar e ser votado

 Plebiscito = consulta prévia aos cidadãos no gozo de seus direitos sobre


determinada matéria a ser posteriormente discutida pelo Congresso Nacional.
 Referendo = consulta ao povo posteriormente à elaboração de uma
determinada lei ou ato normativo, para que o povo ratifique ou não aquela lei ou
ato normativo.
►Instrumento dotado de força vinculante.

b) Iniciativa popular de lei→ possibilidade de o povo apresentar projeto de lei para


deflagrar o processo legislativo. ►Requisito: 1% do eleitorado em pelo menos 5
Estados, com não menos que 3/10 em cada um desses Estados.

c) Ação popular→ ação constitucional que visa a invalidar ato lesivo ao patrimônio
público, ou ainda lesivo à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico-cultural.

d) Direito de organização e participação de participação em partidos políticos→ visto


que no Brasil não existe candidatura avulsa.

Direito de sufrágio: núcleo dos direitos políticos

Introdução→ sufrágio é o direito público de natureza política de elegermos e sermos


eleitos. É o núcleo dos direitos políticos na medida em que é a partir dele que nós
viabilizamos o exercício da soberania popular. A participação do povo no governo se
expressa através de um direito (sufrágio), de um exercício (voto) e pelo modo desse
exercício (escrutínio).

Espécies de sufrágio

Universal→ independe de condições discriminatórias para o seu exercício. São


necessários apenas requisitos de fundo ( nacionalidade, idade, capacidade) e de forma
(alistabilidade).

39
Restrito→ não é estendido a todos na medida em que condições discriminatórias são
estabelecidas. Tipos: censitário (envolve condições econômicas) e capacitário (envolve
condições intelectuais).

NOTA: sufrágio igual (voto igual de igual valor para todos) e sufrágio desigual (não há voto igual de
igual valor para todos).

 Para os maiores de 18 anos e menores de 70, além de um direito, o voto se apresenta


como um dever, sendo, portanto, obrigatório.

Características do voto:
 Personalidade = não é possível votar por procuração
 Obrigatoriedade = exceto para os maiores de 16 e menores de 18, maiores de 70 anos e analfabetos.
 Liberdade = possibilidade de eleger um candidato ou não (voto em branco ou nulo)
 Sigilosidade = voto é secreto
 Direto = escolha direta dos representantes que irão exercer o poder em nosso nome
 Periodicidade = de tempos em tempos há necessidade do voto pois os mandatos são por tempo
determinado
 Igualdade = voto igual com igual valor para todos

Sistemas eleitorais

Métodos de transformação de votos em mandatos. No Brasil é o sistema majoritário e


o sistema proporcional15.
 Sistema majoritário simples: 1 turno de votação
 Sistema majoritário complexo (de maioria absoluta): 2 turnos de votação se não
alcançada a maioria absoluta dos votos válidos para um candidato num primeiro
turno de votação.

Sistema proporcional→ os eleitores não votam individualizadamente nos candidatos dos


partidos, mas apenas na lista do partido, ou seja, no partido, ficando a cargo dos partidos
decidir qual a posição dos candidatos na lista.

Direitos políticos positivos→ capacidade eleitoral ativa (direito de votar) e passiva (direito de
ser votado).

Alistamento* = confere ao indivíduo nacional o direito de votar.

Voto obrigatório: maiores de 18 anos e menores de 70 anos. O voto é facultativo para os


maiores de 16 anos e menores de 18 anos e para os analfabetos. Portadores de
deficiência grave*? TSE entende que o voto é facultativo nesse caso. ►Estão impedidos
de votar:
 Estrangeiros (*com exceção dos portugueses equiparados).
 Conscritos: aqueles que estão prestando serviço militar obrigatório.

Capacidade eleitoral passiva: requisitos para elegibilidade:

15
Adotado para eleições parlamentares dos Deputados Federais, Deputados Estaduais e do DF e
vereadores municipais.

40
Nacionalidade brasileira (nacional nato ou naturalizado) ou condição de português
equiparado
Estar em pleno exercício dos direitos políticos
Alistamento eleitoral – se não há possibilidade de votar não há a possibilidade de ser votado
Domicílio na circunscrição eleitoral – o eleitor terá que estar alistado no local pelo qual irá se
candidatar.
Filiação partidária – não existe candidatura avulsa no Brasil. Prazo mínimo de filiação = 1 ano antes da
eleição
Idade mínima:
 35 anos = Presidente e Vice-Presidente da República e Senador
 30 anos = Governador do Estado e do DF
 21 anos = Deputado Federal/Estadual/Distrital, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de
Paz
 18 anos = Vereador

NOTA:

 O prazo de comprovação do domicílio será do mínimo 1 ano antes da eleição.


 Domicílio eleitoral (lugar em que o cidadão tem vínculos políticos e sociais ) ≠ domicílio civil
(residência com animo definitivo).
 Não se admite a dupla militância (=dupla filiação). Caso ela ocorra, as duas filiações
serão canceladas.
 Em que momento deve ser aferida a idade mínima? No momento da posse16.

Direitos políticos negativos→ são restrições e impedimentos ao exercício dos direitos


políticos positivos. Dividem-se em: inelegibilidade e normas sobre a perda e suspensão
dos direitos políticos. Espécies:

a) Inelegibilidade

Visa a restringir a capacidade dos indivíduos de serem votados.

Inelegibilidade absoluta: situações pessoais que não guardam relação com um


determinado pleito ou mesmo com um determinado cargo a ser preenchido.
 Inalistáveis: estrangeiros (exceto o português equiparado) e conscritos.
 Analfabeto – possui capacidade eleitoral ativa, mas não possui a capacidade eleitoral passiva.

Inelegibilidade relativa: depende do pleito e do cargo a ser preenchido na


eleição.
 Inegibilidade em função do cargo: PR, governadores e prefeitos ( e seus
respectivos vices) só podem se reeleger uma única vez (2º mandato consecutivo).
 Inelegibilidade reflexa: os parentes consanguíneos ou afins até 2º grau
(irmãos, pais e filhos) ou por adoção ou cônjuge (ou companheiro), não poderão
candidatar-se na mesma circunscrição do titular do Poder Executivo 17,
salvo se já titulares de mandato e estando os mesmos concorrendo à
reeleição.
 Inelegibilidade legal: LC nº 64/90.
16
Trata-se de uma exceção, pois todos os demais requisitos de elegibilidade devem ser aferidos no
momento do registro da candidatura.
17
Ex.: parentes do Presidente: não haverá a possibilidade de candidatura a qualquer cargo – no nível
nacional, estadual ou mesmo municipal.

41
NOTA:

 Se o PR, governador ou prefeito for concorrer a outro cargo que não o de Chefe do
Poder Executivo, eles terão que desincompatibilizar ( renunciar ao cargo) 6 meses antes
do pleito, pois, do contrário, se tornarão inelegíveis. Para concorrer à reeleição no
mesmo cargo, não é preciso renunciar ao cargo.
 Inelegibilidade reflexa: Súmula vinculante nº 18: “a dissolução da sociedade
conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no §7º do art.
14 da CF/88”.
 O período que o candidato condenado ficará inelegível após o cumprimento da pena
no que tange aos crimes citados na “Lei da Ficha Limpa” é de 8 anos.
 Militar: tem direito de votar e ser votado, mas o militar na ativa não pode ser
(continuamente) filiado a partido político. Contradição foi resolvida pelo TSE da
seguinte forma: o requisito para a elegibilidade referente à filiação partidária para os
militares seria praticado a partir do registro da candidatura. Conclusão: o militar não
necessita estar filiado no prazo comum de 1 ano antes da eleição.

b) Perda ou suspensão dos direitos políticos

Enquanto nas inelegibilidades perde-se apenas a capacidade eleitoral passiva, na perda


ou suspensão dos direitos políticos perde-se a capacidade eleitoral ativa e passiva.
CF/88 e Estado Democrático→ os direitos políticos jamais poderão ser cassados,
podendo-se apenas serem perdidos ou suspensos.

Perda→ privação definitiva (embora haja possibilidade de retorno dos direitos políticos). Hipóteses:

1. Cancelamento de naturalização pela prática de atividade nociva ao interesse


nacional;
2. Escusa de consciência: descumprimento de obrigação a todos imposta + não
cumprimento da prestação alternativa fixada em lei.
3. Perda da nacionalidade por aquisição voluntária de outra.
4. Anulação judicial da naturalização por vício, fazendo com que a pessoa retorne ao
status de estrangeiro.

Suspensão→ privação temporária. Hipóteses:

1. Indivíduo que sofre condenação penal (de qualquer tipo, incluindo crimes dolosos, culposos, com
ou sem pena privativa de liberdade e até mesmo contravenção penal ) transitada em julgado. Os
direitos políticos serão suspensos até a extinção da punibilidade18.
2. Incapacidade civil absoluta. Os direitos políticos serão suspensos enquanto durarem
os efeitos da interdição.
3. Improbidade administrativa19

18
Súmula nº 9 do TSE: “a suspensão dos direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada
em julgado cessa com o cumprimento ou extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de
reparação de danos”.
19
Art. 37, § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

42
NOTA: reflexos da condenação criminal: com os direitos políticos suspensos não há
como sustentar a continuidade do mandato. Portanto, haverá a imediata cassação do
exercício do mandato. ►Exceção: Deputados Federais e Senadores não perdem o
mandato automaticamente pelos reflexos da condenação criminal; a perda do mandato
será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta.
→ *há divergência jurisprudencial a respeito dessa exceção.

Princípio da anualidade (ou da anterioridade) da legislação eleitoral→ a lei que alterar


o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. – *p. da segurança jurídica.
 As decisões do TSE que acarretassem mudança de jurisprudência no curso do
pleito eleitoral ou logo após o seu encerramento não se aplicariam
imediatamente ao caso concreto e somente teriam eficácia sobre outras situações
em pleito eleitoral posterior.

9. Dos Partidos Políticos.

Possuem autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e


para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
fidelidade partidária.

São pessoas jurídicas de direito privado, devendo registrar seus estatutos no TSE.
Os Partidos Políticos podem receber recursos PÚBLICOS e PRIVADOS para o
financiamento de campanhas eleitorais.
 Recursos privados = doações de pessoas físicas ou jurídicas;
 Recursos públicos = derivam do Fundo Partidário.

NOTAS:

 O MP é dotado de legitimidade para representar contra propagandas partidárias


irregulares.
 Todos os partidos (registrados no TSE) terão acesso a pelo menos 5% do fundo
partidário.
 95% dos recursos do fundo partidário serão distribuídos aos partidos na proporção
dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados.
 Os partidos políticos terão acesso gratuito ao rádio e à televisão.
 NÃO é mais exigida representação na Câmara dos Deputados para que o partido
tenha acesso gratuito ao rádio e à televisão; basta que o partido tenha algum
candidato nas eleições e já terá direito ao tempo.

10. Ministério Público: missão constitucional, princípios institucionais organização e


estrutura administrativa, garantias, prerrogativas e vedações impostas aos seus
membros, funções institucionais e critérios para definição de atribuições.

MP – história→ ►foi institucionalizado pela CF de 1934 como órgão de cooperação no


que dizia respeito às atividades de cunho governamental; ►CF de 1937 – MP sofre
retrocesso; ► CF de 1946 – explicita a independência do MP em nosso ordenamento;
►CF de 1967 recolocou o MP dentro do Poder Judiciário.

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MP na CF/88→ instituição autônoma e independente dos demais Poderes. Fiscal da
lei e do ordenamento jurídico, bem como defensor do Estado e da sociedade.
 Defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.

Ingresso na carreira→ ►concurso público de provas e títulos; ►assegurada


participação da OAB na realização do concurso; ►bacharel em direito com mínimo de
três anos de atividade jurídica.

O MP abrange:

MPF

MP do
MP da Trabalho
UNIÃO
MP MP Militar
MP dos
ESTADOS MP do DF e
Territórios

MP da União chefe→ PGR

PGR→ ►Nomeação: pelo Presidente da República dentre os integrantes da carreira,


maiores de 35 anos, após aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do
Senado Federal, para o mandato de 2 anos permitida a recondução. ►Destituição:
iniciativa do PR. Deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado
Federal.

Procurador-Geral dos MPs dos Estados, DF e Territórios→ ►Nomeação: lista tríplice


dentre os integrantes da carreira; nomeação pelo Chefe do Poder Executivo, para
mandato de 2 anos, permitida uma recondução. ►Destituição: por deliberação da
maioria absoluta do Poder Legislativo.

OBS.: O PGJ do DF será nomeado pelo Presidente da República e não pelo Governador
do DF. A destituição será efetivada por deliberação da maioria absoluta do Senado.

PGJ Militar e do Trabalho→ ►Nomeação: pelo PGR, dentre integrantes da instituição,


com mais de 35 anos de idade e de 5 anos de carreira, escolhido em lista tríplice
mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, pelo Colégio de Procuradores, para
um mandato de 2 anos, permitida uma recondução. ►Exoneração: será proposta pelo
Conselho Superior ao PGR mediante deliberação obtida com base em voto secreto de
dois terços de seus integrantes.

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Destituição do PGR ou do PGJ antes do término do mandato→ NÃO haverá mandato
tampão = o novo Procurador-Geral não irá apenas completar o término do mandato
restante, mas terá um novo mandato de 2 anos para cumprir.

MP junto ao TCU→ pertence à estrutura do MP da União? NÃO. O MP do TCU está


estruturalmente ligado ao Tribunal de Contas da União.

Conselho Nacional do Ministério Público→ composto de 14 membros nomeados pelo


PR, depois de aprovada a escolha por maioria absoluta do Senado Federal, para um
mandato de dois anos, admitida uma recondução. Membros:
PGR = Presidente do CNMP
4 membros do MP da União
3 membros do MP dos Estados
2 juízes indicados, um pelo STF e outro pelo STJ
2 advogados, indicados pela OAB
2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados, um pela
Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

 Competências do CNMP: controle da atuação administrativa e financeira do


MP e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.

 O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto


ao Conselho.

Princípios institucionais do MP

Independência
Unidade Indivisibilidade
Funcional

a) Princípio da Unidade→ o MP deve ser observado como uma instituição única; seus
membros integram um só órgão sob a direção de um Procurador-Geral. A divisão
que existe é apenas funcional.

b) Princípio da Indivisibilidade→ corolário do p. da unidade. Indica que um membro


do MP pode ser substituído por outro no exercício da mesma função sem que com
tal conduta tenhamos um óbice na atividade desenvolvida.

c) Princípio da Independência Funcional→ indica que o MP é independente no


exercício de suas funções. Obs.: haverá hierarquia apenas de cunho administrativo e não
funcional.

NOTA: CF/88 prevê como crime de responsabilidade do Presidente da República a


prática de atos que atentarem contra o livre exercício do MP.

P. do promotor natural→ ao membro do MP deve ser assegurada a devida proteção


para exercer seu mister de forma plena e independente, de tal maneira que são proibidas

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designações casuísticas e arbitrárias efetuadas pelo Procurador-Geral que iriam
consignar em um verdadeiro promotor de exceção.

Garantias institucionais

Administrativa

Funcional Financeira

Autonomia

a) Autonomia funcional→ abrange todos os órgãos do MP. No exercício de suas


funções os membros do MP não estão sujeitos nem atrelados a nenhum outro Poder
nem mesmo a qualquer tipo de autoridade pública. ► Os membros do MP devem respeito
apenas à CF/88, às normas infraconstitucionais e à sua consciência jurídica.

b) Autonomia administrativa→ o MP se autoadministra, gerindo a si próprio. ► MP


pode propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-
os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de
carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.

c) Autonomia financeira→ MP elabora sua proposta orçamentária dentro dos limites


estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

Garantias dos membros

Inamovibilidade

Irredutibilidade de
Vitaliciedade Subsídios

Membros ↓
garantias

a) Vitaliciedade→ os membros do MP somente poderão perder o cargo por decisão


judicial transitada em julgado. Vitaliciedade é adquirida após 2 anos de efetivo
exercício da carreira (após o cumprimento do estágio probatório). Obs.: garantia válida apenas
para os membros do MP admitidos antes da promulgação da CF/88 que optaram pelo regime anterior
em que podiam exercer a advocacia.

b) Inamovibilidade→ uma vez titular do cargo, o membro do MP somente poderá ser


removido ou mesmo promovido por iniciativa própria. Exceção: poderá ser
removido por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado
competente do MP, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada
ampla defesa.

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c) Irredutibilidade dos Subsídios→ visa a garantir que os membros do MP exerçam
suas funções e atribuições sem serem pressionados por indevidas diminuições
remuneratórias.

Impedimentos = vedações constitucionais→ é vedado ao MP:

 Receber honorários, percentagens ou custas processuais


 Exercer a advocacia
 Participar de sociedade comercial
 Exercer qualquer outra função pública, salvo uma de magistério ( 20 horas aulas
semanais)
 Exercer atividade político-partidária
 Receber auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
privadas, ressalvadas exceções previstas em lei
 Exercer advocacia no juízo ou Tribunal do qual se afastou antes de decorrido
três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
 Exercer a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

Funções institucionais do MP→ art. 129 da CF/88. *rol exemplificativo

NOTA: conflitos de atribuições entre os MPs devem ser decididos pelo STF.

11. Da organização dos Poderes.


12. Dos direitos e garantias fundamentais.
13. Dos deveres individuais e coletivos.
14. Da ordem social na Constituição (arts. 193 a 232).

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