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DIA 2

FORMAÇÃO CONSTITUCIONAL DO
BRASIL
“A natureza deixou essa tintura no sangue:
todos homens seriam tiranos, se pudessem.”
(Daniel Defoe)

05.02.2019

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I. Promulgação da Constituição de 1988:
Vídeo

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2. Direito Constitucional
Conceito de José Afonso da Silva: “ramo
do Direito Público que expõe, interpreta
e sistematiza os princípios e normas
fundamentais do Estado.”*
* Direito Privado disciplina relações jurídicas entre particulares, nas quais
predomina a autonomia da vontade, se não houver lei proibindo. Direito Público
regulamenta relações jurídicas entre particulares e o Estado, nas quais prepondera a
vontade da lei e não das partes, subordinando o interesse privado ao interesse público.

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3. Perspectivas de Estudo:
Direito constitucional positivo: tem por objeto
determinada Constituição de certo Estado
(Canotilho: “Teoria/interpretação
constitucionalmente adequada”).
Direito constitucional comparado: tem por
objeto duas ou mais Constituições, vigentes ou
não, de dois ou mais Estados.
Direito constitucional geral: tem por objeto a
sistematização de uma teoria geral do direito
constitucional, seus institutos próprios, a
identificação das categorias gerais e comuns a
diversas Constituições. 4
4. Conceito colaborativo: o que é uma
Constituição?

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5. Conceito doutrinário de
Constituição - I

Conjunto de normas, da mais alta hierarquia, que


organiza os elementos constitutivos do Estado (povo,
território, finalidade e soberania).
Lei Fundamental de uma determinada sociedade
organizada politicamente.
Regula a forma de Estado, a forma de governo, o
modo, aquisição e exercício do poder, estabelece
ainda órgãos, direitos fundamentais e suas garantias.
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5. Conceito doutrinário de
Constituição - II
Declaração Universal dos Direitos do Homem
(Revolução Francesa, 1789), art. 16º: A
sociedade em que não esteja assegurada a
garantia dos direitos nem estabelecida a
separação dos poderes não tem Constituição.
Canotilho: “Estatuto jurídico do político”.

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6. Concepção de Constituição

6.1 Sentido sociológico: é a somatória dos fatores


reais do poder (Ferdinand Lassalle) atuantes em uma
sociedade (sindicatos, partidos, igrejas, mídia,
militares, empresários etc).
6.2 Sentido político: é a decisão política
fundamental, ou seja, modo, forma do Estado e
direitos fundamentais. Tudo que estiver no texto da
Constituição, mas que não disser respeito à decisão
política fundamental não é, propriamente, Constituição,
mas lei constitucional. (Carl Schmitt)
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6.3 Sentido formal: não importa o teor/conteúdo da norma, mas
simplesmente o fato de constar em um texto constitucional. Exemplo:
ADCT, art. 64: “A Imprensa Nacional e demais gráficas da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração
direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, promoverão edição popular do texto integral da
Constituição, que será posta à disposição das escolas e dos cartórios,
dos sindicatos, dos quartéis, das igrejas e de outras instituições
representativas da comunidade, gratuitamente, de modo que cada
cidadão brasileiro possa receber do Estado um exemplar da
Constituição do Brasil.”

6.4 Sentido material: qualquer norma que trate de questões relativas


à organização fundamental do Estado é Constituição, esteja ou não
em um texto constitucional.

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6.5 Sentido jurídico: Constituição pertence ao mundo do
“dever ser”, norma pura, sem conexão sociológica,
política ou filosófica (Hans Kelsen). A Constituição é um
ato de vontade de seus criadores, simples imposição
coercitiva que organiza o Estado. Há uma hierarquia
lógica da Constituição, fundada na ideia de que existe
uma norma fundamental hipotética (que diz que devemos
obedecer à Constituição).

6.6 Sentido Culturalista: a Constituição é produto de um


fato cultural, produzido pela sociedade que influenciou o
seu texto, mas que também por ela é influenciada.

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7. Classificação das Constituições
7.1 Quanto à origem

7.1.1 Outorgada: imposta unilateralmente


por uma pessoa ou grupo de pessoa, sem
consulta ao povo. Ex. Constituição brasileira de
1967.
7.1.2 Promulgada (democrática, votada ou
popular): resultado de uma assembleia
constituinte escolhida pelo povo. Ex.
Constituição brasileira de 1988.
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"Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo
povo", diz Mourão
Para o general Hamilton Mourão, nova Carta Magna
deveria ser elaborada por conselho de notáveis escolhido
pelo presidente
(Estado de Minas, 13/09/2018)
7.1.3. Cesarista – produto de um projeto prévio
elaborado por uma pessoa e aprovado por referendo
(consulta popular). Ex. Constituição do Chile de
Pinochet.
7.1.4 Pactuada: pacto entre os titulares do poder
constituinte originário para estabelecer uma Constituição.
Ex. Magna Carta de 1215 (João Sem Terra e Barões).
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7.2 Quanto à forma

7.2.1 Escrita: são aquelas formadas por um único


texto ou documento solene. Ex. Constituição dos
Estados Unidos da América e do Brasil.

7.2.2 Costumeira: regras se encontram em mais


de um texto, não solene nem codificado, formadas
por usos e costumes. Ex. Constituição da
Inglaterra.

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7.3 Quanto à extensão

7.3.1 Sintética (enxuta ou Constituição-quadro):


apresenta somente princípios fundamentais e
estruturais do Estado. Ex. Constituição dos Estados
Unidos da América.

7.3.1 Analítica ou prolixa: traz regramento


minucioso e detalhado. Ex. Constituição brasileira de
1988.

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7.4 Quanto ao conteúdo
7.4.1 Material: materialmente constitucional
será aquele texto que contiver as normas
fundamentais à estrutura do Estado, organização,
direito e garantias fundamentais. Exemplo:
Constituição do 1824
7.4.1 Formal: elege como critério o processo de
formação e não o conteúdo da norma, ou seja,
tudo o que nela estiver contido é constitucional.

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7.5 Quanto ao modo de elaboração

7.5.1 Dogmática: sempre escrita,


consubstanciam dogmas estruturais do estado,
feita por uma assembleia constituinte. Ex.
Constituição de 1988.

7.5.2 Histórica: formada em lento e contínuo


processo histórico. Ex. Constituição da Inglaterra

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7.6 Quanto à alterabilidade ou estabilidade

7.6.1 Rígida: exige um processo de alteração solene, mais rígido


que para as normas em geral. O quórum de votação e provação é
maior e as etapas de discussão, mais amplas.
7.6.2 Flexível ou plástica: o processo de mudança é igual ao das
leis infraconstitucionais, ou seja, o texto constitucional pode ser
alterado de maneira ordinária.
7.6.3 Semi-rígida: algumas matérias exigem processo solene de
alteração (rígida) e outras não (flexíveis).
7.6.4 Imutável: não admite mudança.
7.6.5 Super-rígida: em alguns pontos é rígida, pode ser alterada
por um procedimento mais solene, em outros é imutável. Ex.
Constituição de 1988 (art. 60, § 4º), segundo Alexandre de Moraes
(Para José Afonso da Silva, rígida).
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7.7 Quanto à essência
7.7.1 Normativa: inteiramente conectada com o fato social, ou
seja, produzida de acordo com a vontade do povo.
7.7.1 Nominal: apresenta num projeto voltado para o futuro, a ser
realizada em outro momento histórico;
7.7.1 Semântica: idealizada para proteger e beneficiar aqueles que
detêm o poder econômico, social ou de força.
7.8 Quanto à ideologia
7.8.1 Ortodoxa: elaborada com base em uma única ideologia. Ex.
Constituição Soviética de 1917.
7.8.2 Eclética: consagra diversas ideologias, buscando conciliá-
las. Ex. Constituição brasileira de 1988 (Artigo 170 estabelece
princípios da atividade econômica: livre iniciativa e pleno
emprego).
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7.8 Outras classificações

7.8.1 Constituição heterônoma: elaborada fora do Estado, por


outro Estado ou um Organismo Internacional. Ex. Constituição
Japonesa de 1946
7.8.2 Constituição autônoma: produzida pelo próprio Estado.
7.8.3. Constituição Dirigente: estabelece um plano de governo,
com intervenção estatal na economia.
7.8.4. Constituição-garantia: é aquela que prioriza a defesa e a
garantia das liberdades;
7.8.5 Constituição-balanço: reflete determinado estágio da
sociedade.

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7.9 Classificação da Constituição de
1988

Promulgada e escrita
Analítica e formal
Dogmática e rígida ou super-rígida
Normativa e eclética
Autônoma e dirigente

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8 Elementos da Constituição

8.1 Orgânicos: normas que regulam a estrutura do


Estado e do Poder. Ex. arts. 1º, 25, 29 da Constituição
de 88.
8.2 Limitativos: compõem o elenco de direitos e
garantias fundamentais. Ex. arts. 5º a 17.
8.3 Socioideológicos: revelam a opção constituinte
pelo Estado Individualista ou pelo Estado Social, os
fins sociais e econômicos. Ex. arts. 3º, 6º, 170.

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8.4. De estabilização social: assegurar a solução de
conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do
Estado, das instituições democráticas: arts. 136 e 137.
8.5 Formais de aplicabilidade: estabelecem regras
de aplicação das normas das constituições e de
formação das normas em geral. Ex. arts. 5º, §1º, e 59.
8.6 De transição constitucional: normas transitórias,
cuja aplicação se exaure no tempo (eficácia esvaída).
Ex. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
- ADCT

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