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Tema 1
A Cidadania e o Cidadão 1
Cidadania, o que é?
Jorge Sampaio, in educar para a Cidadania, Maria de Lourdes L. Paixão, Lisboa Editora
A História da Cidadania
Antigamente a forma mais comum de governo era a monarquia em que o Rei (ou monarca)
concentrava em si todos os poderes (legislativo, executivo e judiciário) - a este propósito Luís
XIV da França proclamou “O Estado Sou Eu”. Nesta época a relação entre os governantes e
restante população era extremamente desigual - os súditos deviam total obediência e respeito
ao monarca e aos seus representantes. Assim, quem questiona-se publicamente o desejo do
rei sujeitava-se a ser severamente punido.
Tudo começou a mudar a partir da Revolução Francesa (1978-1799). Este período de forte 2
agitação política e social na França, que conduziu à queda da monarquia absolutista naquele
país, acabou por se “alastrar” a todo o continente europeu.
Assistiu-se então, nesta altura, a uma mudança social radical baseada no nacionalismo, na
democracia, em princípios iluministas de cidadania (como a liberdade, igualdade e
fraternidade) e em direitos inalienáveis presentes na Declaração Universal dos Direitos do
Homem e do Cidadão (ratificados no dia 26 de agosto de 1978).
A Cidadania e o Cidadão
A cidadania define a pertença a um Estado. Ou seja, confere ao individuo um estatuto jurídico
(nacionalidade), ao qual se ligam direitos e deveres definidos pela Constituição da Républica
Portuguesa – que é a Lei Suprema do País.
Desta forma, ser cidadão passa por ter consciência dos nossos direitos (cívicos, políticos,
económicos, sociais e culturais) e exercê-los.
Somente esta consciência nos permite, enquanto sociedade, alcançar aquilo que podemos 3
denominar de bem comum.
Hoje em dia podemos falar no conceito de Cidadania Global, segundo o qual todas as nossas
ações e comportamentos têm uma consequência no mundo e no modo como todos vivemos.
Assim, Cidadania Global passa por: respeitar o outro; saber viver com o outro; aprender com o
outro; estar recetivo a novas ideias/aprendizagens; perceber que todos temos a capacidade de
mudar o mundo e que cabe a cada um de nós exigir o respeito pelos direitos humanos, sociais,
económicos e políticos e ainda, perceber que todas as nossas ações terão impacto nas
gerações futuras.
O Cidadão
Cidadão é o indivíduo pertencente a um Estado livre, no gozo dos seus direitos civis e políticos,
e sujeito a todas as obrigações inerentes a essa condição.
Tema 2
Direitos e Liberdades Fundamentais
Os Direitos Fundamentais dizem respeito aos direitos do ser humano que são reconhecidos e
positivados na esfera do Direito Constitucional positivo de um determinado Estado – caracter
nacional – ou conjuntos de Estados (por exemplo, a União Europeia). 4
Na nossa Constituição estes direitos encontram-se divididos em duas grandes categorias, por
um lado temos os direitos, liberdades e garantias que são intocáveis - por ex., o direito à
liberdade e à segurança, à integridade física e moral; à participação política e à liberdade de
expressão, entre outros. E por outro temos os direitos e deveres económicos, sociais e
culturais que dependem das condições sociais, económicas ou políticas que permitam a sua
efetivação – por ex. o direito ao trabalho, à habitação, à segurança social, entre outros.
São direitos políticos: o direito à participação na vida pública; o direito de sufrágio (é também
um dever cívico); o direito de acesso a cargos públicos; o direito de constituir ou participar em
associações e partidos políticos e finalmente, o direito de petição e direito de ação popular.
Direito ao trabalho.
Direitos dos trabalhadores, englobam:
o direito à greve; o direito à justa
retribuição do trabalho; a salvaguarda
das condições de higiene, segurança e
saúde; a garantia de assistência em
situações de precariedade – por
exemplo: doença profissional, acidente de trabalho e o direito à criação de
comissões de trabalhadores e associações sindicais.
Direito à segurança social e solidariedade.
Direito à saúde.
Direito à habitação.
Direito ao ambiente e qualidade de vida.
Sim. Casos de calamidade pública (por exemplo) que exijam a declaração estado de sítio ou de
estado de emergência podem levar à suspensão de alguns direitos e garantias previstos nas
Constituição da República Portuguesa. No entanto, esta suspensão não pode exceder os 15
dias nem colocar em causa direitos como o direito à vida, à integridade e à identidade pessoal,
entre outros.
“Os órgãos de soberania não podem, conjunta ou separadamente, suspender o exercício dos
direitos, liberdades e garantias, salvo em caso de estado de Sítio ou de estado de
emergência, declarados na forma prevista na Constituição.”
Os Direitos Humanos
São direitos civis e políticos (como por exemplo, o direito: à vida, à propriedade
privada, à liberdade de pensamento e de expressão, entre outros – fundamentados no
valor liberdade).
São direitos económico, sociais e culturais (como por exemplo, o direito ao trabalho, à
educação, à saúde, entre outros – fundamentados no valor igualdade de
oportunidades).
São direitos coletivos (como por exemplo, o direito à paz, ao progresso, à
autodeterminação dos povos, entre outros – fundamentados no valor fraternidade).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Nações Unidas em 10 de
dezembro de 1948. Este documento,
contém um total de trinta artigos que
abordam questões relativas aos direitos
básicos de todos os seres humanos. 7
Democracia, o que é?
8
“A Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”
Abraham Lincoln
O aparecimento do Liberalismo,
defendido pelo filósofo John Locke,
conduz à revolta contra a aristocracia (por 9
exemplo, a Revolução Gloriosa na
Inglaterra e a Revolução Francesa) e à sua
consequente queda.
“Terminada a Primeira Guerra Mundial, parecia consensual que as democracias liberais iriam
vingar nos países da Europa como modelos ideias de governação. Mas, na realidade, assim não
aconteceu. As dificuldades económicas e sociais sentidas conduziram a profundas
remodelações nas formas de governação das instituições democráticas e, ao mesmo tempo,
conduziram ao aparecimento de regimes totalitários”
Eliseu Alves
Estes regimes ditatoriais tinham por base os seguintes princípios: totalitarismo, autoritarismo,
nacionalismo, culto da personalidade, ideologia oficial assente numa forte propaganda a favor
do Estado, corporativismo, militarismo e imperialismo. Ou seja, eram regimes que se
caracterizavam pela total ausência de democracia.
Ora se a Primeira Guerra Mundial conduziu à ascensão de estados ditatoriais um pouco por
toda a Europa, o fim da Segunda Guerra mundial trouxe consigo um renascimento da
Democracia, embora nesta altura apenas os países aliados (Reino Unido, França, Bélgica,
Holanda, Alemanha Ocidental e Itália) e os Estados Unidos da América podiam ser
considerados países democráticos.
A Democracia em Portugal
A Primeira República
Apesar de todas estas mudanças, a Primeira República foi um período da história marcada por
fortes convulsões sociais, e uma enorme instabilidade política e económica. Surgem então
vozes que defendiam a instauração de uma ditadura, como forma de terminar com a
instabilidade que se vivia no país, o que viria a acontecer após o golpe militar de 28 de maio de
1926.
“Em maio de 1926, uma parte dos oficiais do Exército intitularam-se salvadores de um país que
não tinha necessidade nenhuma de ser salvo. Fizeram uma revolução, suprimiram o
Parlamento, assim como todas as liberdades, criaram uma censura violentíssima à imprensa, 11
perseguiram todos os espíritos liberais.”
Memorial da Liga de Paris
Após este golpe militar e até ao dia 25 de Abril de 1974 o país viria a viver debaixo de uma
ditadura, também conhecida por Estado Novo.
Antes do dia 25 de Abril de 1974 o país viveu durante quarenta e um anos debaixo de um
regime autoritário e repressivo em que as liberdades individuais e coletivas foram fortemente
restringidas.
Conservadorismo
Nacionalismo
Corporativismo
Protecionismo económico
A política autoritária e repressiva praticada durante o Estado Novo não agradava a muitos
portugueses. No entanto, todos aqueles que ousavam expressar a sua opinião eram 12
perseguidos pelo regime e obrigados a viver na clandestinidade.
Em 1958, a oposição ao regime ganha fôlego com a candidatura do general Humberto Delgado
que pretendia afastar Salazar do Governo e instaurar um regime democrático em Portugal.
Apesar de ter contado com um forte apoio, a verdade é que o general acabou por perder as
eleições para o almirante Américo Tomás, o candidato apoiado pelo regime.
É também nos meios académicos que surge uma nova forma de oposição – a música de
intervenção. Artistas como José Afonso e Adriano Correia de Oliveira cantavam poemas que
falavam da miséria do povo, da dor da emigração, da injustiça da guerra colonial, da repressão
e da coragem de alguns.
O 25 de Abril de 1974
Em 1968 Salazar adoeceu gravemente e viu-se impedido de continuar a governar tendo sido
substituído por Marcelo Caetano. De um modo geral, esperava-se que o novo presidente do
Conselho modernizasse o país, tanto a nível político como económico, coisa que não viria a
acontecer.
No fundo, continuava tudo na mesma. A formação de partidos políticos continuava a não ser
permitida, a polícia política continuava a existir, a guerra colonial parecia não ter fim à vista e a
situação económica no país encontrava-se cada vez mais fragilizada o que levou a um aumento
significativa do número de emigrantes, pessoas que deixavam o país à procura de melhores
condições de vida. Perante tudo isto, não é de estranhar que o descontentamento tivesse
aumentado e fosse transversal a todos os grupos sociais, incluindo as Forças Armadas.
No dia 25 de abril de 1974, um grupo de miliares do Movimento das Forças Armadas (MFA),
composto maioritariamente por capitães que defendiam o fim da guerra colonial e o
estabelecimento de um regime democrático em Portugal, ocuparam pontos estratégicos na
capital do país e derrubaram o regime vigente até à data.
Democratizar, Descolonizar e Desenvolver eram os principais objetivos deste movimento.
Levanto-me e espreito
através da janela. Pouca
gente na rua. A Rosália chama-me, nervosa: - Outro comunicado na rádio. Vem depressa. Corro e ouço: -
Aqui o Movimento das Forças Armadas, que resolveu libertar a nação das forças que há muito
dominavam. Viva Portugal!
(…) Sinto os olhos a desfazerem-se em lágrimas. Ainda assisti à morte deste maldito meio século de
opressão imbecil (…) Abro a janela e apetece-me berrar. Acabou-se! Acabou-se! (…) Antes de morrer, a
televisão mostrou-me um dos mais belos momentos humanos da história deste povo: a saída dos
prisioneiros políticos de Caxias. E o telefone toca, toca, toca (…).
Saio de casa. E uma rapariga que não conheço, que nunca vi na vida, agarrou-se a mim aos beijos.
Revolução”
A partir desse dia, o quotidiano nacional altera-se substancialmente dando início a uma
viragem na história do nosso país.
O pós 25 de Abril
Foram muitas as mudanças que ocorreram no nosso pais após a Revolução, das quais podemos
destacar:
Para além disso, fica estabelecido o modo de funcionamento do poder político central, local e
regional.
O Poder Central – os órgãos do poder central tomam decisões que se destinam a todo
o território nacional e consequentemente a toda a população portuguesa.
O Poder Local – é exercido pelas autarquias e pelas freguesias. A partir de 1976 os
órgãos do poder local adquiriram autonomia administrativa e financeira e os seus
representantes passaram a ser eleitos (de quatro em quatro anos) pelas suas
populações.
O Poder Regional – a Constituição de 1976 estabelece um regime especial de governo
para as Regiões Autónomas (Açores e Madeira). Estas regiões têm o poder para fazer
leis de interesse regional e para exercer o poder executivo através de dois órgãos de
soberania: a Assembleia Regional (detém o poder legislativo) e o Governo Regional
(detém o poder executivo).
Sabia que?
Em 2019, Portugal tornou-se uma “democracia plena” (existem apenas 22 países no mundo
com este estatuto).
“Muitas formas de governo foram tentadas, e serão testadas neste mundo de pecado e aflição.
Ninguém finge que a democracia é perfeita ou onisciente. De fato, diz-se que a democracia é a
pior forma de governo exceto todas as outras formas que foram testadas de tempos em
tempos.”
Winston Churchill
Tema 4
Os Estados Democráticos
O Estado democrático de direito é um conceito que designa qualquer Estado que se aplica a 15
garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos humanos e pelas
garantias fundamentais, através do estabelecimento de uma proteção jurídica.
É ainda importante realçar que num Estado de direito, as próprias autoridades políticas estão
sujeitas ao respeito das regras de direito.
Entre os países mais democráticos do mundo (democracias plenas) encontramos países como:
a Noruega, a Islândia, a Suécia, a Nova Zelândia e a Finlândia que integram o Top 5 dos países
mais democráticos do mundo. Também Portugal, passou a fazer parte deste grupo restrito de
países, tendo ficado em 22º lugar à frente de países como os Estados Unidos da América e o
Japão.
Por sua vez, países como: o Chad, a Síria, a Républica Centro Africana, a Républica Democrática 16
do Congo e a Coreia do Norte apresentam os piores resultados, sendo considerados “regimes
autoritários”.
Sabia que? Em 2020, um relatório da Varieties of Democray, que analisa mais de 200 países
em todo o mundo, coloca Portugal no topo da lista dos países mais democráticos do mundo –
ocupando a sétima posição.
Assim, nos Estados Democráticos ao contrário do que acontece por exemplo nos regimes
ditatoriais, o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos,
diretamente ou através dos seus representantes livremente eleitos.
Finalmente, nos Estados Democráticos os cidadãos têm não só o direito, mas também, o dever
de participar no sistema político.
Tema 5
A Organização Institucional do Estado Português
17
O poder central corresponde ao poder político que toma decisões que se destinam a todo o
território e a toda a população portuguesa.
O Presidente da Républica
É o Chefe de Estado
Nota! O Presidente da República só pode ser eleito por dois mandatos consecutivos. Podem
candidatar-se a este cargo todos os portugueses (cidadãos eleitores, maiores de 35 anos).
No ano de 2020, o cargo de Presidente da República Portuguesa é ocupado pelo professor Dr.
Marcelo Rebelo de Sousa.
A Assembleia da República
A Assembleia da República é um órgão de soberania consagrado na Constituição da República
Portuguesa, composta por todos os deputados eleitos pelos portugueses para os
representarem a nível nacional.
As eleições que permitem eleger os 230 deputados que compõem a Assembleia da República 19
têm o nome de eleições legislativas. Estas eleições realizam-se de 4 em 4 anos.
Depois de obtidos os resultados eleitorais, a atribuição dos mandatos de cada partido é feita
através da aplicação de um modelo matemático chamado “Método de D’Hont”.
É fácil, depois de eleitos os 230 deputados o Presidente da República ouve todos os partidos
com assento parlamentar – mesmo aqueles que só elegeram um deputado, ou seja, que não
podem formar um grupo parlamentar. Depois de ouvidos os partidos, o Presidente convida a
pessoa que lhe parece ter melhores condições para formar Governo e cumprir o mandato de 4
anos da legislatura.
Isto significa, que o partido convidado a formar Governo, de acordo com a Constituição, não
tem de ser o mais votado nas eleições, mas sim aquele que apresenta maior apoio
parlamentar. Ou seja, aquele que poderá governar com maior estabilidade.
O Governo
O Governo conduz a política geral do país e dirige a Administração Pública, que executa a
política do Estado – poder executivo. Exerce as seguintes funções políticas, legislativas e
administrativas:
Os Tribunais
Os tribunais administram a justiça – poder judicial – e são o único órgão de soberania não
eleito.
Entre os tribunais, destaca-se o Tribunal Constitucional que tem o poder de decidir se uma lei
ou não está de acordo com a Constituição. Escusado será dizer que todas as leis ou disposições
que o tribunal julgue institucionais deixam automaticamente de estar em vigor.
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Os Órgãos de Poder Local e Regional
O Poder Local
Tema 6
A União Europeia
União Europeia, o que é?
A União Europeia (UE) é uma união económica e política composta por 27 Estados-membros.
Alemanha Grécia 21
Áustria Hungria
Bélgica Irlanda
Bulgária Itália
Chéquia Letónia
Chipre Lituânia
Croácia Luxemburgo
Dinamarca Malta
Eslováquia Países Baixos
Eslovénia Polónia
Espanha Portugal
Estónia Roménia
Finlândia Suécia
França
Sim. Neste momento a Albânia, a Macedónia do Norte, o Montenegro, a Sérvia e a Turquia são
países que se encontram na fase de “transposição” da legislação europeia para o direito
nacional.
Também a Bósnia-Herzegovina e o Kosovo são potenciais candidatos à adesão, mas que ainda
não satisfazem as condições para aderir à União Europeia.
A Cidadania Europeia
A cidadania europeia foi instituída pelo Tratado de Maastricht, em 1992, e confere direitos e
deveres aos cidadãos da União Europeia.
De salientar que a cidadania da União é complementar à cidadania nacional, e por isso mesmo
não a substitui.
Sabia que?
Para facilitar o exercício da cidadania europeia foram criados documentos idênticos para todos
os Estados-Membros. São exemplos dessa harmonização: o modelo de currículo Europass, a
Carta de Condução, o Cartão Europeu de Seguro de Doença, o Formulário Europeu de
Reclamação do Consumidor, entre outros.
Quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim, a Europa estava destruída. Os europeus
acreditavam, então, que era necessário unir esforços para recuperar da crise provocada pela
guerra, e que novas guerras só seriam evitadas se existisse cooperação entre países.
1945 – 1959
Em 1957, o Tratado de Roma institui a Comunidade Económica Europeia (CEE). Surge nesta
altura o chamado “Mercado Comum” assente na livre circulação de pessoas, mercadorias,
serviços e capitais.
1970 – 1979
A 1 de janeiro de 1973 a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido aderem á CEE, elevando assim
para nove o número de Estados-Membros.
É também nesta década, que os cidadãos elegem pela primeira vez os seus deputados para o
Parlamento Europeu (1979).
1980 – 1989
1990 – 1999
Em 1993, é concluído Mercado Único com as suas “quatro liberdades”: livre circulação de
mercadorias, serviços, pessoas e capitais.
Sabia que?
O espaço Schengen é um dos maiores feitos da União Europeia. Trata-se de um espaço sem
fronteiras internas no interior do qual os cidadãos europeus e muitos nacionais de países que
não pertencem à UE podem circular livremente, sem serem sujeitos a controlos fronteiriços.
Países que não fazem parte da União Europeia, mas que fazem parte do espaço Schengen –
Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.
2000 – 2009
Continuação do alargamento
Nesta década é marcada pela adesão de mais 12 países à União Europeia. No ano de 2004,
passaram a fazer parte da família Europeia os seguintes países: Chipre, Eslováquia, Eslovénia,
Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Chéquia e a Polónia. A que se seguiram a Bulgária e
a Roménia em 2007.
2010 – Atualidade
A crise económica mundial tem repercussões profundas na Europa. A UE ajuda vários países a
enfrentar as suas dificuldades e cria uma “União Bancária” para garantir bancos mais seguros e
fiáveis.
Para além da crise económica, a União Europeia tem vindo a debater-se com a chegada de
milhares de migrantes que fogem dos seus países em guerra e procuram refúgio na Europa.
Em junho de 2016 foi realizado, no Reino Unido, um referendo sobre a permanência (ou não)
deste país na União Europeia cujo resultado foi favorável à saída. Assim, a partir de 31 de
dezembro de 2020, o Reino Unido deixa de ser um país-membro da UE.
Comissão Europeia
Parlamento Europeu
Tribunal de Justiça da União Europeia – tem como missão, zelar para que o direito
europeu seja interpretado e aplicado da mesma forma em todos os países da UE e 27
garantir que as instituições e os países da UE respeitam o direito europeu.
A Bandeira Europeia
O Hino Europeu
A melodia escolhida para simbolizar a UE é o “Hino à Alegria”, composto por Ludwig Van
Beethoven.
O Hino Europeu, que não tem letra, utiliza a linguagem universal da música para exaltar os
ideais europeus da liberdade, paz e solidariedade.
Este hino não se destina a substituir os hinos nacionais dos países pertencentes à UE, mas
antes celebrar os valores que estes países partilham entre si.
O Dia da Europa
Todos os anos, no dia 9 de maio comemora-se o Dia da Europa. Neste dia festeja-se a paz e a
unidade do continente europeu.
A Divisa Europeia
A divisa da União Europeia, “Unida na diversidade” evoca a forma como os europeus e
formaram a UE para trabalhar em conjunto pela paz e prosperidade, sem nunca esquecer a
enriquecedora diversidade de culturas, tradições e línguas que caracteriza o continente
europeu.
O Euro
A União Europeia desempenha um papel importante no mundo atual, quer a nível comercial,
quer a nível humanitário e diplomático.
Comércio
A União Europeia é o principal bloco comercial do mundo. Para além disso, a UE é o maior
exportador mundial de bens e serviços e o maior mercado de importação para mais de 100
países.
Ajuda Humanitária
Diplomacia e Segurança
Moeda: Euro
Projetos financiados pela União Europeia em Portugal: os fundos com que todos os países
contribuem, para o orçamento da UE, são usados para financiar programas e projetos em
todos os países-membros. Em Portugal, o financiamento da UE tem sido investido em áreas
consideradas prioritárias, tais como investigação e inovação, projetos de apoio à
descarbonização e outras medidas para combater as alterações climáticas e em iniciativas que
aumentem o emprego, apoiem a educação, a formação e promovam a inclusão social.
Desde a sua adesão, Portugal é um país com uma voz ativa na UE. Mas afinal o que mudou
desde aí?
“Portugal é hoje um país completamente diferente, onde a esperança média de vida aumentou
bastante, onde a mortalidade precoce caiu vertiginosamente, o nível de qualificações dos
portugueses subiu de forma exponencial, as redes de apoio social e de cuidados de saúde
alargaram-se a todos os pontos do país, sem esquecer os ganhos de produtividade e o avanço
tecnológico, que são hoje inquestionáveis.”
Duarte Marques. In Expresso
Tema 7
A Organização das Nações Unidas
Sabia que? A ONU é financiada pelos seus estados-membros através de doações voluntárias.
A Organização das Nações Unidas (ONU), tal como a conhecemos hoje, nasceu após a II Guerra
Mundial, no dia 24 de outubro de 1945, com o objetivo de promover a paz e a cooperação
internacionais. Nas últimas décadas, a ONU, também se empenhou na implementação de
projetos de desenvolvimento em países necessitados.
O nome Nações Unidas foi concebido pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt e é
utilizado pela primeira vez na Declaração das Nações Unidas, de 1º de janeiro de 1942, quando
representantes de 26 países assumiram o compromisso de que os seus governos iriam
continuar a lutar contra as potências do Eixo – Alemanha, Japão e Itália.
No dia 28 de junho de 1945, foi assinada em São Francisco a Carta das Nações Unidas – que
onde os estados se comprometiam a defender os Direitos Humanos e as Liberdades
Fundamentais dos cidadãos.
A existência das Nações Unidas torna-se oficial no dia 24 de outubro de 1945, após a
ratificação da Carta pela China, Estados Unidos da América, França, Reino Unido e a ex-União
Soviética, bem como pela maioria dos outros signatários.
Modo de funcionamento
A Assembleia Geral – é o principal órgão deliberativo das Nações Unidas e tem como
objetivo definir as políticas da Organização.
O Sistema da ONU
O sistema da ONU, também conhecido como “Família das Nações Unidas”, é formado por
programas, fundos e agências especializadas.
Fundos e Programas da ONU
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), tem como objetivo erradicar a
pobreza, reduzir as desigualdades e aumentar a resiliência.
Programa de Voluntariado das Nações Unidas (UNV), contrata voluntários internacionais para
auxiliarem parceiros das Nações Unidas no seu trabalho. 33
Fundo das Nações Unidos para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF), concentra o seu
trabalho na África, nos países mais pobres da Ásia e em determinadas zonas associadas pelo
conflito ou por outras crises e tem como objetivo ajudar as instituições de microfinanciamento
e os governos locais a financiar projetos com impacto nas comunidades.
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), atua como agente catalisador,
defensor, educador e facilitador do desenvolvimento sustentável do meio ambiente.
Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), é a agência de saúde sexual e
reprodutiva das Nações Unidas.
Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-HABITAT) é uma agência
especializada da ONU dedicada à promoção de cidades sustentáveis.
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), tem como objetivo promover a defesa dos
direitos das crianças.
As Agências Especializadas
Existem uma série de agências especializadas que atuam em cooperação com a Organização
das Nações Unidas nas seguintes esferas: economia, segurança, energia, cultura, entre outros.
A FAO tem como objetivo a erradicação da fome e da pobreza. O seu lema é fiat panis que
significa “haja pão”.
FIDA – Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
A OACI tem como principais objetivos o desenvolvimento seguro e ordenado da aviação civil
mundial. 34
Tem como missão promover oportunidades como o acesso a um trabalho digno e produtivo
em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas.
Tem como objetivo instituir um sistema de colaboração entre governos no que se refere a
questões técnicas que interessam à navegação comercial internacional.
É uma organização composta de 188 países, que trabalham para promover a cooperação
monetária global, a estabilidade financeira. São também objetivos do FMI: facilitar o comércio
internacional, promover o emprego e o crescimento económico e reduzir a pobreza em todo o
mundo.
A UIT está comprometida em conectar todas as pessoas do mundo, onde quer que vivam e
independentemente dos seus meios económico-sociais.
É o principal fórum de cooperação entre os agentes do setor postal. Ajuda a garantir uma rede
verdadeiramente universal de produtos e serviços atualizados.
Banco Mundial
A OMS tem como principal objetivo assegurar o mais alto nível de saúde em todo o mundo.
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre VIH/SIDA, lidera e inspira o mundo a alcançar
uma visão partilhada de zero novas infeções por VIH, zero discriminação e zero mortes
relacionadas com SIDA.
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, apoia os países em
desenvolvimento a terem acesso aos benefícios de uma economia globalizada de maneira mais
justa e eficaz.
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, protege os refugiados em todo o
mundo e facilita o seu regresso a casa ou o seu realojamento.
Instituto das Nações Unidas para a Investigação para o desenvolvimento, gera ideias e
promove ações de desarmamento e segurança.
Entre outras
Os Símbolos da ONU
Simbolismo da Bandeira:
Portugal na ONU
Portugal foi admitido na Organização das Nações Unidas no dia 14 de dezembro de 1955. Para
Portugal. Esta foi uma decisão muito aguardada, já que o primeiro pedido feito anteriormente,
em 1946, tinha sido vetado pela ex-União Soviética e pela Polónia. Estes dois países alegavam
que o nosso país tinha mantido relações de amizade com a Itália e a Alemanha durante a
guerra.
Mesmo depois sua adesão, a posição de Portugal na ONU foi muito frágil e contestada até
1974. Esta contestação deveu-se à política ultramarina portuguesa, que passou a ser motivo de
constante fricção e crítica da comunidade internacional uma vez que a Carta das Nações
Unidas previa a autodeterminação dos territórios administrados por potências coloniais – com
era o caso de Portugal.
Sabia que? O engenheiro António Guterres é o nono secretário-geral das Nações Unidas – foi
empossado no dia 1 de janeiro de 2017 – e é o único português a conseguir tal feito.
39
16. Promover o Estado de Direito, ao nível nacional e internacional, e
garantir a igualdade de acesso à justiça para todos
Tema 8
Outras Organizações Importantes
Por outro lado, as organizações nãos governamentais (ONG) são organizações sem fins
lucrativos formadas pelas sociedades. Estas organizações têm como missão: a resolução de
alguns dos problemas da sociedade – económicos, raciais, ambientais, entre outros – a
reivindicação de direitos e melhorias e ainda, a fiscalização do poder público.
Sabia que? O português António Guterres ocupou o posto de Alto Comissário das
Nações Unidas para os refugiados durante 10 anos (2005-2015), tendo sido muito
elogiado internacionalmente pelo trabalho que desenvolveu.
Fundo das Nações para a Infância (UNICEF) *
Entre outras.
* Ver Tema 7 – A Organização das Nações Unidas (O Sistema da ONU)
Cruz Vermelha
A Cruz Vermelha é uma organização
internacional, sem fins lucrativos, cujo objetivo
principal é prestar socorro e assistência às
pessoas vítimas de guerra e catástrofes naturais (terramotos, tornados,
enchentes, entre outras).
Amnistia Internacional
43
A Amnistia Internacional é um movimento global de mais
de 7 milhões de pessoas em mais de 150 países e
territórios que luta para pôr fim aos abusos dos direitos
humanos.
Cáritas
Greenpeace
Médicos do Mundo
A Associação Médicos do Mundo é uma
organizaçáo não governamental de ajuda
humanitária e de cooperação para o
desenvolvimento, cujo trabalho assenta no
direito fundamental de todos os seres humanos terem acesso aos cuidados de
saúde. Independentemente da sua nacionalidade, religião, ideologia, raça ou
possibildades económicas.
44
Tema 9
Participação Organizada e Solidariedade Social
Solidariedade
A Solidariedade Social
O que são?
As IPSS são,
A Lei 2120 de 19 de julho de 1963 instituiu as Instituições Particulares de Assistência, que eram
consideradas Pessoas Coletivas de Utilidade Pública Administrativa (PCUPA) e assumiam as
formas de Associações de Beneficentes, Institutos de Assistência (religiosos ou não) ou
Institutos de Utilidade Local (Fundações). Foi com a Constituição de 1976 (artigo nº 63) que
surgiu pela primeira vez o termo IPSS.
A Importância das IPSS advém do facto de muitas delas ocuparem os espaços vazios deixados
pelo Estado. Aliás, não é por acaso que nas últimas décadas, sucessivos Governos têm
estabelecido várias parcerias com estas instituições. Assim, a importância das IPSS está
intimamente ligada ao interesse público do trabalho que desenvolvem e porque, tal como já
foi referido, estão onde o Estado não está – ou, estando, está com deficiente trabalho.
são economia das pessoas e para as pessoas, com abordagem mais humanista, mais próxima
e mais benéfica para os cidadãos, sobretudo, para os que vivem em situações de maior
fragilidade social. São associações, cooperativas, fundações ou mutualidades de solidariedade
social, casas do povo, centros sociais paroquiais, institutos de organização religiosa e
misericórdias, num conjunto global de quase 6700 instituições, agrupadas em federações,
uniões e confederações, com a capacidade de responder aos problemas/necessidades da
sociedade.
Em toda a região centro existem inúmeras Instituições Particulares de Solidariedade Social que 47
desenvolvem, um trabalho de extrema importância junto das comunidades em que se
encontram inseridas.
Entre estes IPSS, destacamos pela sua proximidade geográfica: a Fundação ADFP – Assistência,
Desenvolvimento e Formação profissional, a Cáritas Diocesana de Coimbra, Santa Casa da
Misericórdia da Lousã, a Associação de Defesa do Idoso e da Criança de Vilarinho, APPCDM de
Coimbra, ANIP Intervenção Precoce, a ARCIL – Associação para Recuperação de Cidadãos
Inadaptados da Lousã e o Banco Alimentar Contra a Fome.
O Lema desta IPSS é “Investimos com bondade em Pessoas”, seguindo a lógica de integração
dos diferentes grupos sociais, no convívio de intergerações e na igualde de género.
Em termos de apoio social a Fundação ADFP presta assistência a crianças, jovens, pessoas com
deficiência ou doença mental crónica, a idosos, mulheres grávidas ou mães em risco,
refugiados e sem abrigo.
Em termos sociais a Cáritas Diocesana apoia crianças e jovens em risco, idosos, sem abrigo,
toxicodependentes e portadores de enfermidades como o VIH/Sida.
O Voluntariado
O voluntariado e a solidariedade social ocupam nas sociedades modernas um lugar de
destaque, pela importância que têm e por serem cada vez mais atuais e úteis à sociedade. De
facto, não se pode descurar a dimensão que o voluntariado e a solidariedade assumem nos
dias de hoje, na unidade dos povos e na solução dos seus problemas.
E quem é o Voluntário?
“O voluntário será aquele que dá uma parte do seu tempo gratuitamente, pondo toda a sua
capacidade no desempenho de uma tarefa de carácter social, cultural ou cívico, em favor de
uma comunidade”.
Rebelo de Carvalho
Zelam pela boa utilização dos bens e meios colocados ao seu dispor
Voluntariado em Portugal
Em 2019 existiam em Portugal quase 700 mil voluntários. No entanto, o nosso país continua
muito abaixo da média europeia.
São várias as instituições internacionais, nacionais, regionais e locais que promovem nas suas
atividades o voluntariado. Assim, se tiver intenção de fazer voluntariado pode, por exemplo,
contactar as Instituições de Solidariedade Social (IPSS) da sua área de residência, ou então
consultar plataformas como:
Fazer voluntariado não é apenas uma forma de ajudar os outros, é também um contributo
para o crescimento e enriquecimento pessoal de quem o realiza.
É bom para a saúde – permite a redução dos níveis de stress, o sistema imunitário é
fortalecido e a satisfação geral aumenta.
É impulsionador de carreira – fazer voluntariado torna-o mais inovador, criativo e dá-
lhe a possibilidade de desenvolver uma série de competências úteis no mercado de
trabalho, como por exemplo, a capacidade de trabalhar em equipa, liderança,
resolução de problemas e competências interpessoais.
É uma experiência no mundo real
É uma oportunidade de criar impacto positivo e de fazer a diferença numa
comunidade ou no mundo.
É defender uma causa na qual acredita
É criar laços com outras pessoas
É ganhar uma nova perspetiva da vida e do mundo
Importância do Voluntariado
A prática do voluntariado traz consigo inúmeros benefícios não só para a sociedade, mas
também para o indivíduo que se dispõem a dar o seu tempo para ajudar os outros sem esperar 51
nada em troca (voluntários).
Em termos socias o voluntariado tem permitido discussões sobre valores como a ética e
cidadania, além de estimular a solidariedade e a cultura de paz.
Por outro lado, o voluntariado permite um crescimento pessoal, social e emocional de todos
aqueles que o praticam.
Tema 10
Justiça e Equidade Social
Justiça
Por outas palavras, justiça social é uma construção moral e política baseada na igualdade de
direitos e na solidariedade coletiva.
Justiça e Equidade Social
A conceção de justiça é-nos apresentada pelo filósofo John Rawls em 1971. Este filósofo
defende que uma sociedade para ser justa deve respeitar três princípios:
Relembrando que…
52
Por sua vez equidade procura promover a justiça e a igualdade de oportunidades tendo em
conta as diferenças existentes entre as pessoas ou grupo de pessoas. Ou seja, parte-se do
princípio que pessoas diferentes precisam de ser tratadas de forma diferenciada para que
possuam as mesmas oportunidades.
Resumindo…
Igualdade Equidade
Igualdade baseada
Não discriminação
no senso de justiça
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Tema 11
Imigração e Interculturalidade
Imigração
Porque ocorre?
No entanto, há quem saia do seu país de origem por ter sido, em algum
momento, alvo de perseguição e/ou descriminação devido às suas
opções políticas e religiosas (por exemplo).
Interculturalidade
Diversidade
Diversidade Diversidade Diversidade de costumes e 54
étnica linguística Religiosa tradições
Vantagens da
Interculturalidade
Desvantagens da Interculturalidade
Alguns conceitos…
O que é o racismo?
e a xenofobia?
“Aversão aos estrangeiros, ao que vem do estrangeiro ou ao que é estranho ou menos com
um”
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e o etnocentrismo?
“Visão ou forma de pensamento de quem crê na supremacia do seu grupo étnico ou da sua
nacionalidade.”
“Nenhuma cultura é superior ou inferior a outra. Todas as culturas são formas genuínas de
encarar o mundo e de viver humanamente.”