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Componente da Formação: Cidadania e Empregabilidade (CE)

Módulo: Organização Política dos Estados Democráticos

Formadora: Marlene Santos

Tema 1
A Cidadania e o Cidadão 1

 Cidadania, o que é?

“A cidadania é responsabilidade perante nós e perante os outros, consciência de deveres e


direitos, impulso para a solidariedade e para a participação, é sentido de comunidade e de
partilha, é insatisfação perante o que é injusto ou o que está mal, é vontade de aperfeiçoar,
de servir, é espírito de inovação, de audácia, de risco, é pensamento que age e ação que se
pensa.”

Jorge Sampaio, in educar para a Cidadania, Maria de Lourdes L. Paixão, Lisboa Editora

 A História da Cidadania

O conceito de cidadania está em permanente construção e constitui um referencial de


conquista da Humanidade alcançado através daqueles que lutam por mais direitos, maior
liberdade, melhores garantias individuais e coletivas e que não se conformam frente às
dominações, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas.

Antigamente a forma mais comum de governo era a monarquia em que o Rei (ou monarca)
concentrava em si todos os poderes (legislativo, executivo e judiciário) - a este propósito Luís
XIV da França proclamou “O Estado Sou Eu”. Nesta época a relação entre os governantes e
restante população era extremamente desigual - os súditos deviam total obediência e respeito
ao monarca e aos seus representantes. Assim, quem questiona-se publicamente o desejo do
rei sujeitava-se a ser severamente punido.

Tudo começou a mudar a partir da Revolução Francesa (1978-1799). Este período de forte 2
agitação política e social na França, que conduziu à queda da monarquia absolutista naquele
país, acabou por se “alastrar” a todo o continente europeu.
Assistiu-se então, nesta altura, a uma mudança social radical baseada no nacionalismo, na
democracia, em princípios iluministas de cidadania (como a liberdade, igualdade e
fraternidade) e em direitos inalienáveis presentes na Declaração Universal dos Direitos do
Homem e do Cidadão (ratificados no dia 26 de agosto de 1978).

Associado ao conceito de Cidadania surge o conceito de Cidadão que é atualmente utilizado


para fazer referência ao individuo pertencente a um Estado livre, no gozo pleno dos seus
direitos civis e políticos, e sujeito a todas as obrigações inerentes a essa condição.

 A Cidadania e o Cidadão
A cidadania define a pertença a um Estado. Ou seja, confere ao individuo um estatuto jurídico
(nacionalidade), ao qual se ligam direitos e deveres definidos pela Constituição da Républica
Portuguesa – que é a Lei Suprema do País.

Desta forma, ser cidadão passa por ter consciência dos nossos direitos (cívicos, políticos,
económicos, sociais e culturais) e exercê-los.

Ser cidadão implica ainda termos consciência das nossas responsabilidades/deveres


enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo cujo bom funcionamento
depende de todos nós.

Somente esta consciência nos permite, enquanto sociedade, alcançar aquilo que podemos 3
denominar de bem comum.

Hoje em dia podemos falar no conceito de Cidadania Global, segundo o qual todas as nossas
ações e comportamentos têm uma consequência no mundo e no modo como todos vivemos.

Assim, Cidadania Global passa por: respeitar o outro; saber viver com o outro; aprender com o
outro; estar recetivo a novas ideias/aprendizagens; perceber que todos temos a capacidade de
mudar o mundo e que cabe a cada um de nós exigir o respeito pelos direitos humanos, sociais,
económicos e políticos e ainda, perceber que todas as nossas ações terão impacto nas
gerações futuras.

 O Cidadão

Cidadão é o indivíduo pertencente a um Estado livre, no gozo dos seus direitos civis e políticos,
e sujeito a todas as obrigações inerentes a essa condição.
Tema 2
Direitos e Liberdades Fundamentais

 Direitos fundamentais, o que são?

Os Direitos Fundamentais dizem respeito aos direitos do ser humano que são reconhecidos e
positivados na esfera do Direito Constitucional positivo de um determinado Estado – caracter
nacional – ou conjuntos de Estados (por exemplo, a União Europeia). 4

Em Portugal, os direitos fundamentais encontram-se reunidos na Constituição da Républica


Portuguesa.

Na nossa Constituição estes direitos encontram-se divididos em duas grandes categorias, por
um lado temos os direitos, liberdades e garantias que são intocáveis - por ex., o direito à
liberdade e à segurança, à integridade física e moral; à participação política e à liberdade de
expressão, entre outros. E por outro temos os direitos e deveres económicos, sociais e
culturais que dependem das condições sociais, económicas ou políticas que permitam a sua
efetivação – por ex. o direito ao trabalho, à habitação, à segurança social, entre outros.

 Quais são os Direitos Fundamentais apresentados na Constituição da


Républica Portuguesas?

A Constituição Portuguesa baseia-se no princípio da


igualdade, segundo o qual todos os cidadãos têm a
mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

Assim, ninguém pode ser privilegiado, beneficiado,


prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de
qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça,
língua, território de origem, religião, convicções políticas
ou ideológicas, instrução, situação económica, condição
social ou orientação social.

Partindo deste princípio, encontram-se definidos na nossa Constituição os seguintes Direitos e


Liberdades Fundamentais: cívicos, políticos, económicos, sociais e culturais.

Direitos Cívicos, correspondem os direitos fundamentais da pessoa humana. São eles:

 Direito à vida e à integridade pessoal (física e moral).


 Direito à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade
civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da
intimidade da vida privada e familiar e à proteção legal contra quaisquer formas de
discriminação.
 Direito à liberdade e segurança (no entanto, o direito à liberdade pode ser
suprimido sempre que um individuo seja condenado pela prática de ato punido por
lei).
 Direito à vida pessoal e privada.
 Direito à família, casamento e filiação.
 Direito à liberdade de expressão e de informação.
 Direito à liberdade de consciência, de religião e de culto. 5

São direitos políticos: o direito à participação na vida pública; o direito de sufrágio (é também
um dever cívico); o direito de acesso a cargos públicos; o direito de constituir ou participar em
associações e partidos políticos e finalmente, o direito de petição e direito de ação popular.

Em termos económicos e sociais, podemos falar dos seguintes direitos:

 Direito ao trabalho.
 Direitos dos trabalhadores, englobam:
o direito à greve; o direito à justa
retribuição do trabalho; a salvaguarda
das condições de higiene, segurança e
saúde; a garantia de assistência em
situações de precariedade – por
exemplo: doença profissional, acidente de trabalho e o direito à criação de
comissões de trabalhadores e associações sindicais.
 Direito à segurança social e solidariedade.
 Direito à saúde.
 Direito à habitação.
 Direito ao ambiente e qualidade de vida.

Finalmente, os direitos culturais dizem respeito ao direito à educação, à fruição e criação


cultural e á cultura física e desporto.

 Os Direitos e Liberdades Fundamentais previstos na Constituição da República


Portuguesa podem ser suspensos?

Sim. Casos de calamidade pública (por exemplo) que exijam a declaração estado de sítio ou de
estado de emergência podem levar à suspensão de alguns direitos e garantias previstos nas
Constituição da República Portuguesa. No entanto, esta suspensão não pode exceder os 15
dias nem colocar em causa direitos como o direito à vida, à integridade e à identidade pessoal,
entre outros.

“Os órgãos de soberania não podem, conjunta ou separadamente, suspender o exercício dos
direitos, liberdades e garantias, salvo em caso de estado de Sítio ou de estado de
emergência, declarados na forma prevista na Constituição.”

“A declaração do estado de Sítio ou do estado de emergência é adequadamente


fundamentada e contém a especificação dos direitos, liberdades e garantias cujo exercício
fica suspenso, não podendo o estado declarado ter duração superior a quinze dias, ou à
duração fixada por lei quando em consequência de declaração de guerra, sem prejuízo de 6
eventuais renovações, com salvaguarda dos mesmos limites.”

“A declaração do estado de Sítio ou do estado de emergência em nenhum caso pode afetar


os direitos à vida, à integridade pessoal, à identidade pessoal, à capacidade civil e à
cidadania, a não retroatividade da lei criminal, o direito de defesa dos arguidos e a
liberdade de consciência e de religião.”

Artigo 19º da Constituição da República Portuguesa

 Os Direitos Humanos

O que são direitos Humanos?

São os direitos básicos de todos os seres humanos.

 São direitos civis e políticos (como por exemplo, o direito: à vida, à propriedade
privada, à liberdade de pensamento e de expressão, entre outros – fundamentados no
valor liberdade).
 São direitos económico, sociais e culturais (como por exemplo, o direito ao trabalho, à
educação, à saúde, entre outros – fundamentados no valor igualdade de
oportunidades).
 São direitos coletivos (como por exemplo, o direito à paz, ao progresso, à
autodeterminação dos povos, entre outros – fundamentados no valor fraternidade).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela Nações Unidas em 10 de
dezembro de 1948. Este documento,
contém um total de trinta artigos que
abordam questões relativas aos direitos
básicos de todos os seres humanos. 7

No seu preâmbulo e no Artigo 1.º, a


Declaração proclama inequivocamente os
direitos inerentes de todos os seres
humanos:

“O desconhecimento e o desprezo dos


direitos humanos conduziram a atos de
barbárie que revoltam a consciência da
Humanidade, e o advento de um mundo em
que os seres humanos sejam livres de falar e
de crer, libertos do terror e da miséria, foi
proclamado como a mais alta inspiração do
Homem... Todos os seres humanos nascem
livres e iguais em dignidade e em direitos.”

Assim, os Estados Membros das Nações


Unidas comprometeram–se trabalhar em
conjunto com o objetivo de promover esses mesmos direitos, não sendo por isso de estranhar
que os direitos presentes nesta declaração façam parte das leis constitucionais das nações
democráticas.
Tema 3
A Democracia

 Democracia, o que é?
8
“A Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”
Abraham Lincoln

Podemos falar em 3 tipos de democracias:

 Diretas – todos os cidadãos podem participar


diretamente no processo de decisões.

 Representativas – as decisões são tomadas por


representantes eleitos pelos cidadãos.

 Semidirectas – existe a combinação de


representação política com formas de democracia direta - ex. Suíça - conseguida através
da realização referendos, petições e iniciativas populares.

 A História da Democracia (na Europa Ocidental)

O termo Democracia surgiu na Antiguidade


Clássica, na Grécia (Atenas). Nesta altura,
todos os cidadãos atenienses eram
considerados iguais perante a lei e tinham o
direito de expressar as suas opiniões e de
votar nas propostas apresentadas.

Embora este possa parecer um bom


princípio, a verdade é que ser cidadão não
era uma condição de que usufruíam todos
os habitantes de Atenas. Naquela
sociedade, as mulheres, os escravos e os
estrangeiros não eram considerados
cidadãos e por isso mesmo, estavam totalmente excluídos das grandes decisões. Desse modo,
somente 10% do povo de Atenas estavam aptos a participar da democracia.
Entre os séculos XVI e meados do século XIX a grande maioria dos países europeus eram
governados por monarquias absolutas (o rei detinha todos os poderes - legislativo, executivo e
judiciário e era considerado o representante de Deus na Terra) e hereditárias (o poder – trono
– era transmitido ao filho mais velho ou ao descendente masculino mais próximo do rei, após a
morte deste último.

É um período em que, perante as circunstâncias, a ideia de Democracia cai em completo


desuso, tendo reaparecido muito mais tarde como resposta ao absolutismo.

O aparecimento do Liberalismo,
defendido pelo filósofo John Locke,
conduz à revolta contra a aristocracia (por 9
exemplo, a Revolução Gloriosa na
Inglaterra e a Revolução Francesa) e à sua
consequente queda.

Associado ao liberalismo surge a ideia de


que a representação política só é legitima
se tiver surgido da vontade dos cidadãos,
expressa pelo voto. No entanto, apesar
desta mudança, a representação popular
continuava a ser elitista uma vez que, o
voto era censitário (dependia do pagamento de um imposto).

Na Europa, a Democracia voltou a ficar suspensa com a ascensão de regimes ditatoriais e


totalitários que ocorreu logo após o término da Primeira Guerra Mundial.

“Terminada a Primeira Guerra Mundial, parecia consensual que as democracias liberais iriam
vingar nos países da Europa como modelos ideias de governação. Mas, na realidade, assim não
aconteceu. As dificuldades económicas e sociais sentidas conduziram a profundas
remodelações nas formas de governação das instituições democráticas e, ao mesmo tempo,
conduziram ao aparecimento de regimes totalitários”
Eliseu Alves

Estes regimes ditatoriais tinham por base os seguintes princípios: totalitarismo, autoritarismo,
nacionalismo, culto da personalidade, ideologia oficial assente numa forte propaganda a favor
do Estado, corporativismo, militarismo e imperialismo. Ou seja, eram regimes que se
caracterizavam pela total ausência de democracia.

Ora se a Primeira Guerra Mundial conduziu à ascensão de estados ditatoriais um pouco por
toda a Europa, o fim da Segunda Guerra mundial trouxe consigo um renascimento da
Democracia, embora nesta altura apenas os países aliados (Reino Unido, França, Bélgica,
Holanda, Alemanha Ocidental e Itália) e os Estados Unidos da América podiam ser
considerados países democráticos.
 A Democracia em Portugal

A Primeira República

A Implantação da República foi o resultado de uma revolução organizada pelo Partido 10


Republicado Português que levou à queda da
monarquia e à implantação de um regime
republicano em Portugal.

Após a revolução, o destino do país esteve nas


mãos de um governo provisório chefiado por
Teófilo de Braga. Esta situação durou até à
aprovação da primeira Constituição da
República Portuguesa em 1911 e da eleição do
primeiro Presidente da República (Manuel de
Arriaga). Dava-se início à 1ª Républica que viria
a terminar em 1926 com a implantação de uma ditadura militar no país.

De salientar, que a aprovação da primeira Constituição da República marca o regresso dos


princípios liberais que visam a consagração do sufrágio direto na eleição do parlamento, a
soberania da Nação e a divisão tripartida dos poderes políticos.

Embora a Constituição da República


consagrasse o direito ao voto, este
não era um direito universal. Em
1918 podiam votar em Portugal
todos os cidadãos do sexo masculino
com mais de 21 anos, o que significa
que as mulheres portuguesas
continuavam a não ter voz ativa na
vida política do país.

Para além das mudanças ao nível da


organização política, outras mudanças marcam este período da história de Portugal,
nomeadamente ao nível da educação, com a criação de escolas e o estabelecimento da
escolaridade obrigatória e gratuita para todas as crianças com idades compreendidas entre os
7 e os 10 anos de idade. Ao nível do trabalho, assistiu-se à redução da jornada de trabalho para
8 horas diárias, à obrigatoriedade de seguros contra os acidentes de trabalho, à criação de
sindicatos de trabalhadores e à legalização das greves (proibidas no tempo da monarquia).
Deu-se também nesta altura uma tentativa de laicização do Estado, ou seja, procurou-se
diminuir a influência da Igreja Católica na sociedade e ao mesmo tempo promover a liberdade
de consciência e a liberdade religiosa.

Apesar de todas estas mudanças, a Primeira República foi um período da história marcada por
fortes convulsões sociais, e uma enorme instabilidade política e económica. Surgem então
vozes que defendiam a instauração de uma ditadura, como forma de terminar com a
instabilidade que se vivia no país, o que viria a acontecer após o golpe militar de 28 de maio de
1926.

“Em maio de 1926, uma parte dos oficiais do Exército intitularam-se salvadores de um país que
não tinha necessidade nenhuma de ser salvo. Fizeram uma revolução, suprimiram o
Parlamento, assim como todas as liberdades, criaram uma censura violentíssima à imprensa, 11
perseguiram todos os espíritos liberais.”
Memorial da Liga de Paris

Após este golpe militar e até ao dia 25 de Abril de 1974 o país viria a viver debaixo de uma
ditadura, também conhecida por Estado Novo.

O 25 de Abril e a Construção da Democracia

Antes do dia 25 de Abril de 1974 o país viveu durante quarenta e um anos debaixo de um
regime autoritário e repressivo em que as liberdades individuais e coletivas foram fortemente
restringidas.

Características do Estado Novo

 Conservadorismo

 Defesa da tradição “Deus, Pátria e Família”

 Totalitarismo/ Autoritarismo: a liberdade de associação, reunião e de expressão estava limitada

 Só era permitido um partido político, a União Nacional.


 A criação de associações culturais e desportivas estava dependente da autorização prévia
do governo.
 As greves estavam proibidas.
 A liberdade de expressão estava limitada pela Censura.
 Criação de uma polícia política, a PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado).

 Nacionalismo

 Culto da Personalidade: o regime do Estado Novo ficou também


conhecido por Salazarismo (esta designação deve-se ao facto do
Estado Novo se ter centrado na figura do “Chefe”, António de Oliveira
Salazar).

 Forte propaganda política: criação da Mocidade e Legião Portuguesa.


 Colonialismo

 Corporativismo

 Protecionismo económico

A oposição ao Estado Novo

A política autoritária e repressiva praticada durante o Estado Novo não agradava a muitos
portugueses. No entanto, todos aqueles que ousavam expressar a sua opinião eram 12
perseguidos pelo regime e obrigados a viver na clandestinidade.

Em 1958, a oposição ao regime ganha fôlego com a candidatura do general Humberto Delgado
que pretendia afastar Salazar do Governo e instaurar um regime democrático em Portugal.
Apesar de ter contado com um forte apoio, a verdade é que o general acabou por perder as
eleições para o almirante Américo Tomás, o candidato apoiado pelo regime.

Nos anos 60 a oposição tornou-se ainda mais expressiva, principalmente através de


movimentações de estudantes e professores universitários que contestavam a opressão
sentida nas universidades.

É também nos meios académicos que surge uma nova forma de oposição – a música de
intervenção. Artistas como José Afonso e Adriano Correia de Oliveira cantavam poemas que
falavam da miséria do povo, da dor da emigração, da injustiça da guerra colonial, da repressão
e da coragem de alguns.

O 25 de Abril de 1974

Em 1968 Salazar adoeceu gravemente e viu-se impedido de continuar a governar tendo sido
substituído por Marcelo Caetano. De um modo geral, esperava-se que o novo presidente do
Conselho modernizasse o país, tanto a nível político como económico, coisa que não viria a
acontecer.

No fundo, continuava tudo na mesma. A formação de partidos políticos continuava a não ser
permitida, a polícia política continuava a existir, a guerra colonial parecia não ter fim à vista e a
situação económica no país encontrava-se cada vez mais fragilizada o que levou a um aumento
significativa do número de emigrantes, pessoas que deixavam o país à procura de melhores
condições de vida. Perante tudo isto, não é de estranhar que o descontentamento tivesse
aumentado e fosse transversal a todos os grupos sociais, incluindo as Forças Armadas.

No dia 25 de abril de 1974, um grupo de miliares do Movimento das Forças Armadas (MFA),
composto maioritariamente por capitães que defendiam o fim da guerra colonial e o
estabelecimento de um regime democrático em Portugal, ocuparam pontos estratégicos na
capital do país e derrubaram o regime vigente até à data.
Democratizar, Descolonizar e Desenvolver eram os principais objetivos deste movimento.

“Manhãzinha cedo, senti


acordar-me a voz da
minha mulher: - O Fafe
telefonou de Cascais (…)
Lisboa está cercada por
tropas (…). E daí a
instantes a minha mulher
insistiu (…): - Só funciona o
13
Rádio Clube, que pede às
pessoas que se conservem
em casa.

Levanto-me e espreito
através da janela. Pouca
gente na rua. A Rosália chama-me, nervosa: - Outro comunicado na rádio. Vem depressa. Corro e ouço: -
Aqui o Movimento das Forças Armadas, que resolveu libertar a nação das forças que há muito
dominavam. Viva Portugal!

(…) Sinto os olhos a desfazerem-se em lágrimas. Ainda assisti à morte deste maldito meio século de
opressão imbecil (…) Abro a janela e apetece-me berrar. Acabou-se! Acabou-se! (…) Antes de morrer, a
televisão mostrou-me um dos mais belos momentos humanos da história deste povo: a saída dos
prisioneiros políticos de Caxias. E o telefone toca, toca, toca (…).

Saio de casa. E uma rapariga que não conheço, que nunca vi na vida, agarrou-se a mim aos beijos.
Revolução”

José Gomes Ferreira, Poeta Militante

A partir desse dia, o quotidiano nacional altera-se substancialmente dando início a uma
viragem na história do nosso país.

O pós 25 de Abril

Foram muitas as mudanças que ocorreram no nosso pais após a Revolução, das quais podemos
destacar:

 O fim da Polícia Política.


 A libertação dos presos políticos.
 O retorno dos políticos que estavam
exilados no estrangeiro por se operem ao
estado Novo (por exemplo, Mário Soares
e Álvaro Cunhal).
 A extinção da Mocidade Portuguesa e da
Legião Portuguesa.
 A legalização dos partidos políticos e a autorização de sindicatos livres.
 O fim da Guerra Colonial e a independência das colónias (descolonização) que se
traduziu no regresso de milhares de pessoas ao país.
 A abolição da censura.
 A realização de eleições livres.
 O direito à greve.
 A igualdade de todos os cidadãos perante a lei.

A Constituição de 1976 e o Restabelecimento da Democracia


14
A Constituição da Républica promulgada em 1976 representou o fim legal do Estado Novo.
Nesta nova Constituição encontram-se definidos os direitos, as liberdades e as garantias do
povo português, dos quais podemos destacar: a igualdade de direitos e deveres; a liberdade de
expressão, de reunião e de opinião; a liberdade de reunião e associação; o direito à educação e
à saúde; o direito ao voto e o direito à greve.

Para além disso, fica estabelecido o modo de funcionamento do poder político central, local e
regional.

 O Poder Central – os órgãos do poder central tomam decisões que se destinam a todo
o território nacional e consequentemente a toda a população portuguesa.
 O Poder Local – é exercido pelas autarquias e pelas freguesias. A partir de 1976 os
órgãos do poder local adquiriram autonomia administrativa e financeira e os seus
representantes passaram a ser eleitos (de quatro em quatro anos) pelas suas
populações.
 O Poder Regional – a Constituição de 1976 estabelece um regime especial de governo
para as Regiões Autónomas (Açores e Madeira). Estas regiões têm o poder para fazer
leis de interesse regional e para exercer o poder executivo através de dois órgãos de
soberania: a Assembleia Regional (detém o poder legislativo) e o Governo Regional
(detém o poder executivo).

Sabia que?

Em 2019, Portugal tornou-se uma “democracia plena” (existem apenas 22 países no mundo
com este estatuto).

 Democracia, é a melhor opção?

“Muitas formas de governo foram tentadas, e serão testadas neste mundo de pecado e aflição.
Ninguém finge que a democracia é perfeita ou onisciente. De fato, diz-se que a democracia é a
pior forma de governo exceto todas as outras formas que foram testadas de tempos em
tempos.”
Winston Churchill
Tema 4
Os Estados Democráticos

 Estados Democráticos, o que são?

O Estado democrático de direito é um conceito que designa qualquer Estado que se aplica a 15
garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos humanos e pelas
garantias fundamentais, através do estabelecimento de uma proteção jurídica.

É ainda importante realçar que num Estado de direito, as próprias autoridades políticas estão
sujeitas ao respeito das regras de direito.

Portugal, um Estado Democrático

Segundo o artigo 2.º da Constituição da Républica Portuguesa:

“A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular,


no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de
efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de
poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento
da democracia participativa.”

Estados Democráticos no mundo

Fonte: Democracy Index, 2019. The Economist


Este mapa, elaborado pela Economist Intelligence Unit, retrata o Indicie de Democracia
existente em 167 países, tendo em conta os seguintes critérios: processo eleitoral e
pluralismo, funcionamento do Governo, participação política, cultura política democrática e
liberdades civis.

Entre os países mais democráticos do mundo (democracias plenas) encontramos países como:
a Noruega, a Islândia, a Suécia, a Nova Zelândia e a Finlândia que integram o Top 5 dos países
mais democráticos do mundo. Também Portugal, passou a fazer parte deste grupo restrito de
países, tendo ficado em 22º lugar à frente de países como os Estados Unidos da América e o
Japão.

Por sua vez, países como: o Chad, a Síria, a Républica Centro Africana, a Républica Democrática 16
do Congo e a Coreia do Norte apresentam os piores resultados, sendo considerados “regimes
autoritários”.

Sabia que? Em 2020, um relatório da Varieties of Democray, que analisa mais de 200 países
em todo o mundo, coloca Portugal no topo da lista dos países mais democráticos do mundo –
ocupando a sétima posição.

 Estados Democráticos Vs. Outras formas governamentais

De seguida apresentamos alguns dos princípios e práticas que distinguem as formas de


governo democrático de outras formas governamentais.

Assim, nos Estados Democráticos ao contrário do que acontece por exemplo nos regimes
ditatoriais, o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos,
diretamente ou através dos seus representantes livremente eleitos.

Para além disso, as formas de governo democráticos:

 Promovem e protegem a liberdade humana.


 Promovem e protegem os direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias.
 Promovem a descentralização do poder (importância do poder regional e local).
 Protegem os direitos humanos fundamentais (por exemplo, liberdade de expressão e
de religião, entre outros).
 Promovem eleições livres e justas, abertas a todos os cidadãos.
 Asseguram que todos os cidadãos recebem a mesma proteção legal e que todos os
seus direitos são protegidos – Estado de Direito.
 Regem-se por valores de tolerância e cooperação.

Finalmente, nos Estados Democráticos os cidadãos têm não só o direito, mas também, o dever
de participar no sistema político.
Tema 5
A Organização Institucional do Estado Português

 As Instituições Democráticas em Portugal

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 Os Órgãos de Soberania e o Poder Central

O poder central corresponde ao poder político que toma decisões que se destinam a todo o
território e a toda a população portuguesa.

Em Portugal existem quarto órgãos de soberania, são eles: o Presidente da Républica, a


Assembleia da República, o Governo e os Tribunais.

O Presidente da Républica

 É o Chefe de Estado

 “Representa a República Portuguesa”.


 “Garante a independência nacional, a
unidade do Estado e o regular
funcionamento das instituições
democráticas”.
 E o comandante supremo das forças armadas.

Quais os poderes do Presidente da República?

Compete ao Presidente República:

 Presidir ao Conselho de Estado


 Marcar o dia das eleições
 Convocar extraordinariamente a Assembleia da República
 Dissolver a Assembleia da República
 Nomear o Primeiro Ministro
 Nomear e exonerar: os membros do governo, os Representantes da República para
as regiões autónomas, o Presidente do tribunal de contas e o Procurador-geral da 18
República
 Demitir o Governo
 Dissolver as Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas
 Promulgar ou vetar leis
 Convocar referendos
 Presidir ao Conselho Superior de Defesa Nacional
 Declarar o estado de sítio ou o estado de emergência
 Perdoar e trocar penas
 Nomear os embaixadores
 Ratificar os tratados internacionais
 Declarar a guerra - em caso de agressão efetiva ou eminente - e fazer a paz.

Como é eleito o Presidente da República?

O Presidente da República é eleito pelos portugueses através da realização de eleições diretas


– eleições presidenciais – o que acontece de cinco em cinco anos.

Nota! O Presidente da República só pode ser eleito por dois mandatos consecutivos. Podem
candidatar-se a este cargo todos os portugueses (cidadãos eleitores, maiores de 35 anos).

Quem pode votar nas eleições presidenciais?

Podem votar os cidadãos portugueses – maiores de 18 anos – recenseados no território


nacional.

Os cidadãos portugueses residentes no estrangeiro inscritos nos cadernos eleitorais e os


cidadãos de outros países de língua portuguesa que residam em território nacional e
beneficiem do estatuto de igualdade de direitos políticos.

Quem é o Presidente da República Portuguesa?

No ano de 2020, o cargo de Presidente da República Portuguesa é ocupado pelo professor Dr.
Marcelo Rebelo de Sousa.

A Assembleia da República
A Assembleia da República é um órgão de soberania consagrado na Constituição da República
Portuguesa, composta por todos os deputados eleitos pelos portugueses para os
representarem a nível nacional.

Compete à da Assembleia da República assegurar a aprovação de leis (poder legislativo) e a


vigilância pelo cumprimento da Constituição, das leis e dos atos do Governo e da
Administração.

Como é eleita a Assembleia da República?

As eleições que permitem eleger os 230 deputados que compõem a Assembleia da República 19
têm o nome de eleições legislativas. Estas eleições realizam-se de 4 em 4 anos.

Depois de obtidos os resultados eleitorais, a atribuição dos mandatos de cada partido é feita
através da aplicação de um modelo matemático chamado “Método de D’Hont”.

Se com as legislativas são eleitos os deputados para a Assembleia da República, porque é


que durante as campanhas eleitorais se houve falar em escolher o primeiro ministro?

É fácil, depois de eleitos os 230 deputados o Presidente da República ouve todos os partidos
com assento parlamentar – mesmo aqueles que só elegeram um deputado, ou seja, que não
podem formar um grupo parlamentar. Depois de ouvidos os partidos, o Presidente convida a
pessoa que lhe parece ter melhores condições para formar Governo e cumprir o mandato de 4
anos da legislatura.

Isto significa, que o partido convidado a formar Governo, de acordo com a Constituição, não
tem de ser o mais votado nas eleições, mas sim aquele que apresenta maior apoio
parlamentar. Ou seja, aquele que poderá governar com maior estabilidade.

O Governo

O Governo conduz a política geral do país e dirige a Administração Pública, que executa a
política do Estado – poder executivo. Exerce as seguintes funções políticas, legislativas e
administrativas:

 Negociar com outros Estados ou organizações internacionais.


 Propor leis à Assembleia da República.
 Estudar problemas e decidir sobre as melhores soluções (normalmente fazendo leis).
 Fazer regulamentos técnicos para que as leis possam ser cumpridas.
 Decidir onde se gasta o dinheiro público.

O Governo tem responsabilidades perante o Presidente da República – a quem responde


através do Primeiro-Ministro – e perante a Assembleia da República – através da prestação de
contas da sua atuação política, por exemplo nos debates quinzenais em que o Primeiro-
Ministro responde às perguntas dos deputados.

Os Tribunais
Os tribunais administram a justiça – poder judicial – e são o único órgão de soberania não
eleito.

Nos regimes democráticos os tribunais caracterizam-se por serem independentes e


autónomos e as decisões dos juízes sobrepõem-se às de qualquer outra autoridade.

Entre os tribunais, destaca-se o Tribunal Constitucional que tem o poder de decidir se uma lei
ou não está de acordo com a Constituição. Escusado será dizer que todas as leis ou disposições
que o tribunal julgue institucionais deixam automaticamente de estar em vigor.

20
 Os Órgãos de Poder Local e Regional

O Poder Local

Os órgãos de Poder Local – Câmaras Municipais, Assembleias Municipais, Juntas de Freguesia


e Assembleia de Freguesia – pela sua proximidade às populações que os elegem, devem
garantir a concretização dos interesses dessa população e ao mesmo tempo dar resposta aos
seus problemas e necessidades, tais como: saneamento, recolha de lixo, conservação de bens
públicos (parques, ruas, praças), licenças de construção e distribuição de água. Cabe ainda aos
órgãos de poder local promover eventos culturais e o turismo da região.

O Poder Regional – o caso das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores

As Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores usufruem de um regime de governo especial.


Têm o poder de fazer leis em matérias de interesse regional e exercer o poder executivo
através de dois órgãos de soberania: a Assembleia e o Governo Regional.

Tema 6
A União Europeia
 União Europeia, o que é?

A União Europeia (UE) é uma união económica e política composta por 27 Estados-membros.

Países que fazem parte da UE

Alemanha Grécia 21
Áustria Hungria
Bélgica Irlanda
Bulgária Itália
Chéquia Letónia
Chipre Lituânia
Croácia Luxemburgo
Dinamarca Malta
Eslováquia Países Baixos
Eslovénia Polónia
Espanha Portugal
Estónia Roménia
Finlândia Suécia
França

Há países em lista de espera para entrarem na União Europeia?

Sim. Neste momento a Albânia, a Macedónia do Norte, o Montenegro, a Sérvia e a Turquia são
países que se encontram na fase de “transposição” da legislação europeia para o direito
nacional.

Também a Bósnia-Herzegovina e o Kosovo são potenciais candidatos à adesão, mas que ainda
não satisfazem as condições para aderir à União Europeia.

E que condições são estas?

Os países que pretendem entrar na União Europeia precisam ter:

 Instituições estáveis que garantam a democracia, o Estado de direito, os direitos


humanos e o respeito e a proteção das minorias.
 Uma economia de mercado viável e capacidade de lidar com a concorrência e as forças
de mercado na EU.
 A capacidade de assumir e implementar efetivamente as obrigações dos membros,
incluindo a adesão aos objetivos da união política, econômica e monetária.

 A Cidadania Europeia

A cidadania europeia foi instituída pelo Tratado de Maastricht, em 1992, e confere direitos e
deveres aos cidadãos da União Europeia.

“É cidadão da União qualquer pessoa que tenha a nacionalidade de um Estado-membro.” 22

Artigo 8 º. Tratado de Maastricht

De salientar que a cidadania da União é complementar à cidadania nacional, e por isso mesmo
não a substitui.

Sabia que?

Para facilitar o exercício da cidadania europeia foram criados documentos idênticos para todos
os Estados-Membros. São exemplos dessa harmonização: o modelo de currículo Europass, a
Carta de Condução, o Cartão Europeu de Seguro de Doença, o Formulário Europeu de
Reclamação do Consumidor, entre outros.

 Direitos e Deveres do Cidadão Europeu

Direitos do cidadão europeu

Todos os cidadãos europeus têm o direito:

 A viajar e viver na UE – liberdade de circulação.


 A participar na vida política da UE – direito ao voto e à participação ativa na vida
política.
 De apresentar petições e queixas ao Parlamento Europeu.
 À proteção diplomática e consular.
 À defesa do consumidor.

Deveres do cidadão europeu

Todos os cidadãos europeus devem:

 Assumir a identidade europeia (dever de compreender a história, dever de


identidade e o dever de defesa);
 Aplicar na prática os valores europeus (dever de partilhar, dever de trabalhar e o
dever democrático);
 Reclamar o direito à justiça (dever de justiça e o dever de contribuir para a
construção de uma sociedade mais justa).
 A História da União Europeia

Quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim, a Europa estava destruída. Os europeus
acreditavam, então, que era necessário unir esforços para recuperar da crise provocada pela
guerra, e que novas guerras só seriam evitadas se existisse cooperação entre países.

1945 – 1959

Uma Europa Pacífica – o início da cooperação 23


Tal como dissemos anteriormente, depois da Segunda
Guerra Mundial a cooperação entre países foi vista como
essencial para alcançar a paz numa Europa devastada pela
guerra. Assim, a partir de 1950, a Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço (CECA) começa a unir economicamente os
seguintes países europeus: Alemanha (Ocidental), a
Bélgica, a França, a Itália, o Luxemburgo e os Países Baixos.

Em 1957, o Tratado de Roma institui a Comunidade Económica Europeia (CEE). Surge nesta
altura o chamado “Mercado Comum” assente na livre circulação de pessoas, mercadorias,
serviços e capitais.

1970 – 1979

Uma comunidade em expansão – o primeiro alargamento

A 1 de janeiro de 1973 a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido aderem á CEE, elevando assim
para nove o número de Estados-Membros.

É também nesta década, que os cidadãos elegem pela primeira vez os seus deputados para o
Parlamento Europeu (1979).

1980 – 1989

Uma comunidade em expansão – o segundo alargamento

Em 1981, a Grécia torna-se o décimo Estado-Membro da CEE, seguindo-se a Espanha e


Portugal cinco anos mais tarde (em 1986).

1990 – 1999

Uma Europa Sem Fronteiras


Com o desmoronamento do comunismo na Europa Central e Oriental, assiste-se a um
estreitamento das relações entre os europeus.

Em 1993, é concluído Mercado Único com as suas “quatro liberdades”: livre circulação de
mercadorias, serviços, pessoas e capitais.

A década de noventa é também marcada pela assinatura de dois tratados: o Tratado de


Maastricht (1993) – com a assinatura deste tratado a Comunidade Económica Europeia passou
a chamar-se União Europeia – e o Tratado de Amesterdão (1999).

Em 1995, a União Europeia acolhe três novos Estados-Membros: a Áustria, a Finlândia e a


Suécia.
24
Também nesta década uma pequena cidade luxemburguesa dá o seu nome aos acordos de
“Schengen”, que permitem aos cidadãos viajar sem que os seus passaportes sejam controlados
nas fronteiras.

Milhões de jovens estudam noutros países com o apoio da UE.

Sabia que?

O espaço Schengen é um dos maiores feitos da União Europeia. Trata-se de um espaço sem
fronteiras internas no interior do qual os cidadãos europeus e muitos nacionais de países que
não pertencem à UE podem circular livremente, sem serem sujeitos a controlos fronteiriços.

Países pertencentes à União Europeia que pertencem ao espaço Schengen – Alemanha,


Áustria, Bélgica, Dinamarca, Chéquia, Eslováquia, Espanha, Eslovénia, Estónia, Finlândia,
França, Grécia, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia,
Portugal e Suécia.

Países que não fazem parte da União Europeia, mas que fazem parte do espaço Schengen –
Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.

2000 – 2009

Continuação do alargamento

O Euro é agora a nova moeda de muitos europeus.

Nesta década é marcada pela adesão de mais 12 países à União Europeia. No ano de 2004,
passaram a fazer parte da família Europeia os seguintes países: Chipre, Eslováquia, Eslovénia,
Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Chéquia e a Polónia. A que se seguiram a Bulgária e
a Roménia em 2007.
2010 – Atualidade

Uma Década de Desafios

A crise económica mundial tem repercussões profundas na Europa. A UE ajuda vários países a
enfrentar as suas dificuldades e cria uma “União Bancária” para garantir bancos mais seguros e
fiáveis.

Para além da crise económica, a União Europeia tem vindo a debater-se com a chegada de
milhares de migrantes que fogem dos seus países em guerra e procuram refúgio na Europa.

Em 2012, a União Europeia recebe o Prémio Nobel da Paz.


25
Em 2013, a Croácia torna-se o 28.º Estado-Membro da UE.

Com as eleições europeias de 2014, o número de eurocéticos no Parlamento Europeu


aumenta.

Em junho de 2016 foi realizado, no Reino Unido, um referendo sobre a permanência (ou não)
deste país na União Europeia cujo resultado foi favorável à saída. Assim, a partir de 31 de
dezembro de 2020, o Reino Unido deixa de ser um país-membro da UE.

 Objetivos e Valores da União Europeia

Os objetivos da União Europeia, passam por:

 Promover a paz e o bem-estar dos seus cidadãos.


 Garantir a liberdade, a segurança e a justiça, sem fronteiras internas
 Favorecer o desenvolvimento sustentável - assente num crescimento económico
equilibrado, numa economia de mercado altamente competitiva – e a proteção do
ambiente.
 Lutar contra a exclusão social e a discriminação.
 Promover o progresso científico e tecnológico.
 Reforçar a coesão económica, social e territorial dos países da UE.
 Reforçar a solidariedade entre os países da UE.
 Respeitar a diversidade cultural e linguística existente na UE.
 Estabelecer uma união económica e monetária cuja moeda é o euro.

São valores da União Europeia:

 Dignidade do ser humano.


 Liberdade (de circulação – confere aos cidadãos europeus o direito de viajarem e de
residirem onde quiserem no território da União – e as liberdades individuais, como por
exemplo a liberdade de pensamento, de religião e de expressão).
 Igualdade de todos os cidadãos perante a lei.
 Estado de Direito
 Direitos Humanos
Estes objetivos e valores constituem a base da União Europeia e estão estabelecidos no
Tratado de Lisboa e na Carta dos Direitos Fundamentais da UE.

 Funcionamento da União Europeia – Instituições e Órgãos da UE

A União Europeia é constituída por três organismos principais: a Comissão Europeia, o


Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia.

Comissão Europeia

 Funções: Defende os interesses gerais da União


26
Europeia, mediante a apresentação de propostas
legislativas e a execução de legislação, das políticas e
do orçamento da UE.
 Membros: uma equipa de Comissários, um por cada
Estado-Membro.
 Sede: Bruxelas (Bélgica)

A Comissão Europeia é o órgão executivo da UE, sendo politicamente independente.

Parlamento Europeu

 Funções: Órgão da União Europeia diretamente eleito,


com responsabilidades legislativas, orçamentais e de
supervisão.
 Membros: 705 deputados (o número de deputados por
país é aproximadamente proporcional à população de
cada país).
 Sede: Estrasburgo (França), Bruxelas (Bélgica),
Luxemburgo (Luxemburgo).

O Parlamento Europeu é o órgão legislativo da União Europeia. É diretamente eleito pelos


cidadãos europeus de cinco em cinco anos.

Conselho da União Europeia

 Funções: É a voz dos governos dos países da


União Europeia, aprova a legislação e coordena
políticas.
Assim, o Conselho da União Europeia:
 Negoceia e adota a legislação europeia.
 Coordena as políticas dos países da UE.
 Define a política externa e de segurança.
 Celebra acordos entre a UE e outros países ou organizações internacionais.
 Aprova o orçamento da UE em conjunto com o Parlamento Europeu.
 Membros: ministros dos governos de cada país-membro, em função da matéria
agendada.
 Presidente: a presidência do conselho da União Europeia é exercida rotativamente
pelos países da UE, por períodos de 6 meses.
 Sede: Bruxelas (Bélgica)

O Conselho da União Europeia é, juntamente com o Parlamento Europeu, o principal órgão de


decisão da UE.

Outros Órgãos e Instituições da União Europeia

 Tribunal de Justiça da União Europeia – tem como missão, zelar para que o direito
europeu seja interpretado e aplicado da mesma forma em todos os países da UE e 27
garantir que as instituições e os países da UE respeitam o direito europeu.

 Tribunal de Contas Europeu – tem como missão de controlar a cobrança e a utilização


dos fundos da UE e ajudar a melhorar a gestão financeira da UE.

 Os símbolos da União Europeia

A Bandeira Europeia

A Bandeira Europeia o símbolo da União


Europeia e da unidade e identidade da Europa. É
constituída por doze estrelas douradas dispostas
em círculo sobre um fundo azul, que simbolizam
os ideais de unidade, solidariedade e harmonia
entre os povos da Europa.

O Hino Europeu

A melodia escolhida para simbolizar a UE é o “Hino à Alegria”, composto por Ludwig Van
Beethoven.

O Hino Europeu, que não tem letra, utiliza a linguagem universal da música para exaltar os
ideais europeus da liberdade, paz e solidariedade.

Este hino não se destina a substituir os hinos nacionais dos países pertencentes à UE, mas
antes celebrar os valores que estes países partilham entre si.

O Dia da Europa

Todos os anos, no dia 9 de maio comemora-se o Dia da Europa. Neste dia festeja-se a paz e a
unidade do continente europeu.

A Divisa Europeia
A divisa da União Europeia, “Unida na diversidade” evoca a forma como os europeus e
formaram a UE para trabalhar em conjunto pela paz e prosperidade, sem nunca esquecer a
enriquecedora diversidade de culturas, tradições e línguas que caracteriza o continente
europeu.

O Euro

O Euro (€) foi introduzido em 2002 e é a moeda oficial de 19 países


da União Europeia, que em conjunto constituem a “zona euro”.

 Países da Zona Euro – países que substituíram as suas 28


moedas nacionais pela moeda única, o Euro: Áustria,
Bélgica, Chipre, Estónia, Finlândia, França, Alemanha,
Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal,
Eslováquia, Eslovénia, Espanha.
 Países da UE que não pertencem ao Euro – países que ainda não adotaram o Euro,
mas que o farão assim que reúnam as condições necessárias: Bulgária, Croácia,
Républica Checa, Hungria, Polónia, Roménia e Suécia.
 Países da UE que não adotaram o Euro como moeda oficial – a Dinamarca.

 A União Europeia no Mundo

A União Europeia desempenha um papel importante no mundo atual, quer a nível comercial,
quer a nível humanitário e diplomático.

Comércio

A União Europeia é o principal bloco comercial do mundo. Para além disso, a UE é o maior
exportador mundial de bens e serviços e o maior mercado de importação para mais de 100
países.

Ajuda Humanitária

A UE encontra-se empenhada em ajudar as vítimas de catástrofes (naturais ou não) em todo o


mundo, prestando apoio a mais de 120 milhões de pessoas por ano. No seu conjunto, a União
Europeia e os países que a compõem são o principal doador de ajuda humanitária.

Diplomacia e Segurança

A União Europeia desempenha um papel importante no plano diplomático, procurando


promover a estabilidade, a segurança e a prosperidade, a democracia, as liberdades
fundamentais e o Estado de Direito a nível internacional.
 Portugal na União Europeia

Data de adesão: dia 1 de janeiro de


1986

Moeda: Euro

Schengen: membro do Espaço


Schengen desde 26 de março de 1995
29
Parlamento Europeu: Portugal tem
21 deputados no Parlamento Europeu

Conselho da UE: os representantes


do governo português participam
regularmente nas reuniões do
Conselho Europeu, em função da matéria tratada.

Presidência do Conselho da União Europeu: Portugal presidiu ao Conselho da União Europeia


em janeiro a junho de 1992; de janeiro a junho de 2000 e de julho a dezembro de 2007.

Contribuições: Portugal contribui para o orçamento da UE. Esta contribuição é calculada de


forma equitativa, de acordo com os meios de cada país.

Projetos financiados pela União Europeia em Portugal: os fundos com que todos os países
contribuem, para o orçamento da UE, são usados para financiar programas e projetos em
todos os países-membros. Em Portugal, o financiamento da UE tem sido investido em áreas
consideradas prioritárias, tais como investigação e inovação, projetos de apoio à
descarbonização e outras medidas para combater as alterações climáticas e em iniciativas que
aumentem o emprego, apoiem a educação, a formação e promovam a inclusão social.

Desde a sua adesão, Portugal é um país com uma voz ativa na UE. Mas afinal o que mudou
desde aí?

“Portugal é hoje um país completamente diferente, onde a esperança média de vida aumentou
bastante, onde a mortalidade precoce caiu vertiginosamente, o nível de qualificações dos
portugueses subiu de forma exponencial, as redes de apoio social e de cuidados de saúde
alargaram-se a todos os pontos do país, sem esquecer os ganhos de produtividade e o avanço
tecnológico, que são hoje inquestionáveis.”
Duarte Marques. In Expresso
Tema 7
A Organização das Nações Unidas

 Organização das Nações Unidas, o que é?

A Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações


30
Unidas, é uma organização intergovernamental – composta por 193
estados-membros – criada para promover a cooperação
internacional.

Assim, a ONU é uma organização internacional formada por vários


países que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e
pelo desenvolvimento mundial.

Sabia que? A ONU é financiada pelos seus estados-membros através de doações voluntárias.

 A História da Organização das Nações Unidas

A Organização das Nações Unidas (ONU), tal como a conhecemos hoje, nasceu após a II Guerra
Mundial, no dia 24 de outubro de 1945, com o objetivo de promover a paz e a cooperação
internacionais. Nas últimas décadas, a ONU, também se empenhou na implementação de
projetos de desenvolvimento em países necessitados.

O nome Nações Unidas foi concebido pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt e é
utilizado pela primeira vez na Declaração das Nações Unidas, de 1º de janeiro de 1942, quando
representantes de 26 países assumiram o compromisso de que os seus governos iriam
continuar a lutar contra as potências do Eixo – Alemanha, Japão e Itália.

No dia 28 de junho de 1945, foi assinada em São Francisco a Carta das Nações Unidas – que
onde os estados se comprometiam a defender os Direitos Humanos e as Liberdades
Fundamentais dos cidadãos.

A existência das Nações Unidas torna-se oficial no dia 24 de outubro de 1945, após a
ratificação da Carta pela China, Estados Unidos da América, França, Reino Unido e a ex-União
Soviética, bem como pela maioria dos outros signatários.

 A Carta das Nações Unidas


A Carta das Nações Unidas de 1945, é o tratado fundamental da Organização das Nações
Unidas. Trata-se de um acordo constitutivo, em que todos os seus membros estão sujeitos aos
seus artigos. Ou seja, este tratado reforça a ideia que as obrigações das Nações Unidas
prevalecem sobre quaisquer outras estabelecidas em tratados distintos.

“Nós os povos das Nações Unidas, resolvidos a


preservar as gerações vindouras do flagelo da
Guerra, que por duas vezes (…) trouxe
sofrimentos indizíveis à humanidade, e a
reafirmar a fé nos direitos fundamentais do 31
Homem, na dignidade e no valor do ser
humano, na igualdade de direitos dos homens e
das mulheres, assim como das nações grandes e
pequenas, e a estabelecer condições sob as
quais a justiça e o respeito às obrigações
decorrentes de tratados e de outras fontes de
direito internacional possam ser mantidos, e a
promover o progresso social e melhores
condições de vida dentro de uma liberdade mais
ampla.

E para tais fins, praticar e viver em paz uns com


os outros, como bons vizinhos, unir as nossas forças para manter a paz e a segurança
internacionais, garantir (…) que a força armada não será usada a não ser no interesse comum,
e empregar um mecanismo internacional para promover o progresso económico e social de
todos.

Resolvemos conjugar os nossos esforços para a consecução deste objetivo.”


Preâmbulo da Carta das Nações Unidas

 A Organização das Nações Unidas no Mundo

A Organização das Nações Unidas é composta por 193 estados-membros.


 Missão da ONU Mapa dos Estados Membros das Nações Unidas

O propósito das Nações Unidas passa por:

 Manter a paz e a segurança internacional


 Desenvolver relações amistosas entre as nações
 Realizar a cooperação internacional com o intuito de resolver problemas mundiais de
carácter económico, social e humanitário. 32
 Promover o respeito pelos Direitos Humanos e pelas Liberdades Fundamentais.

 Modo de funcionamento

São seis os órgãos principais da ONU:

 A Assembleia Geral – é o principal órgão deliberativo das Nações Unidas e tem como
objetivo definir as políticas da Organização.

 O Conselho de Segurança – é o principal responsável pela manutenção da paz e


segurança internacionais.
Mapa dos Estados Membros das Nações Unidas
 O Conselho Económico e Social – é o principal órgão de coordenação, revisão e
diálogo sobre políticas e recomendações relacionadas com questões económicas,
sociais e ambientais, bem como a implementação de metas de desenvolvimento
acoradas internacionalmente.

 O Conselho de Tutela – tem com missão supervisionar a administração dos territórios


sob regime de tutela internacional.

 O Tribunal Internacional de Justiça – é o principal órgão judicial das Nações Unidas.

 O Secretariado das Nações Unidas – presta serviço a outros órgãos da ONU e


administra os programas e políticas por eles elaborados.

Sabia que? A sede da ONU está localizada em Nova York.

 O Sistema da ONU

O sistema da ONU, também conhecido como “Família das Nações Unidas”, é formado por
programas, fundos e agências especializadas.
Fundos e Programas da ONU

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), tem como objetivo erradicar a
pobreza, reduzir as desigualdades e aumentar a resiliência.

Programa de Voluntariado das Nações Unidas (UNV), contrata voluntários internacionais para
auxiliarem parceiros das Nações Unidas no seu trabalho. 33

Fundo das Nações Unidos para o Desenvolvimento de Capital (UNCDF), concentra o seu
trabalho na África, nos países mais pobres da Ásia e em determinadas zonas associadas pelo
conflito ou por outras crises e tem como objetivo ajudar as instituições de microfinanciamento
e os governos locais a financiar projetos com impacto nas comunidades.

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), atua como agente catalisador,
defensor, educador e facilitador do desenvolvimento sustentável do meio ambiente.

Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), é a agência de saúde sexual e
reprodutiva das Nações Unidas.

Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-HABITAT) é uma agência
especializada da ONU dedicada à promoção de cidades sustentáveis.

Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), tem como objetivo promover a defesa dos
direitos das crianças.

Programa Alimentar Mundial (PAM), visa erradicar a fome e a malnutrição.

As Agências Especializadas

Existem uma série de agências especializadas que atuam em cooperação com a Organização
das Nações Unidas nas seguintes esferas: economia, segurança, energia, cultura, entre outros.

Atualmente são 15 as agências especializadas que trabalham em nome da ONU.

FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

A FAO tem como objetivo a erradicação da fome e da pobreza. O seu lema é fiat panis que
significa “haja pão”.
FIDA – Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola

O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, tem em vista a redução da pobreza rural


nos países em desenvolvimento.

OACI – Organização da Aviação Civil Internacional

A OACI tem como principais objetivos o desenvolvimento seguro e ordenado da aviação civil
mundial. 34

OIT – Organização Internacional do Trabalho

Tem como missão promover oportunidades como o acesso a um trabalho digno e produtivo
em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas.

OMI – Organização Marítima Internacional

Tem como objetivo instituir um sistema de colaboração entre governos no que se refere a
questões técnicas que interessam à navegação comercial internacional.

FMI – Fundo Monetário Internacional

É uma organização composta de 188 países, que trabalham para promover a cooperação
monetária global, a estabilidade financeira. São também objetivos do FMI: facilitar o comércio
internacional, promover o emprego e o crescimento económico e reduzir a pobreza em todo o
mundo.

UIT – União Internacional de Telecomunicações

A UIT está comprometida em conectar todas as pessoas do mundo, onde quer que vivam e
independentemente dos seus meios económico-sociais.

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

A UNESCO tem como objetivo proteger locais históricos e culturais.

UNUDO – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial

Promove o desenvolvimento Industrial e tem como objetivos reduzir a pobreza, incentivar a


globalização inclusiva e a promoção da sustentabilidade ambiental.
UPU – União Postal Universal

É o principal fórum de cooperação entre os agentes do setor postal. Ajuda a garantir uma rede
verdadeiramente universal de produtos e serviços atualizados.

Banco Mundial

É uma instituição financeira internacional que efetua empréstimos a países em


desenvolvimento. 35

OMS – Organização Mundial da Saúde

A OMS tem como principal objetivo assegurar o mais alto nível de saúde em todo o mundo.

OMPI – Organização Mundial da Propriedade Intelectual

Protege a propriedade intelectual em todo o mundo através de 23 tratados internacionais.

OMM – Organização Meteorológica Mundial

Facilita o livre intercâmbio internacional de dados e informações meteorológicas bem como a


sua utilização na aviação, navegação, segurança e agricultura.

OMT – Organização Mundial de Turismo

É responsável pela promoção do turismo responsável, sustentável e universalmente acessível.

Outas Entidades e Órgãos da ONU

 Programa Conjunto das Nações Unidas sobre VIH/SIDA, lidera e inspira o mundo a alcançar
uma visão partilhada de zero novas infeções por VIH, zero discriminação e zero mortes
relacionadas com SIDA.
 Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, apoia os países em
desenvolvimento a terem acesso aos benefícios de uma economia globalizada de maneira mais
justa e eficaz.
 Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, protege os refugiados em todo o
mundo e facilita o seu regresso a casa ou o seu realojamento.
 Instituto das Nações Unidas para a Investigação para o desenvolvimento, gera ideias e
promove ações de desarmamento e segurança.
 Entre outras
 Os Símbolos da ONU

A Bandeira das Nações Unidas


A Bandeira das Nações Unidas foi oficialmente
adotada em 1944.

Simbolismo da Bandeira:

 A coroa de folhas e ramos de 36


oliveira – simboliza a paz.
 A forma como os países estão
representados, simboliza que a
organização pretende englobar
todas as pessoas, culturas e credos,
com vista à manutenção da paz
mundial.

 Portugal na ONU

Portugal foi admitido na Organização das Nações Unidas no dia 14 de dezembro de 1955. Para
Portugal. Esta foi uma decisão muito aguardada, já que o primeiro pedido feito anteriormente,
em 1946, tinha sido vetado pela ex-União Soviética e pela Polónia. Estes dois países alegavam
que o nosso país tinha mantido relações de amizade com a Itália e a Alemanha durante a
guerra.

Mesmo depois sua adesão, a posição de Portugal na ONU foi muito frágil e contestada até
1974. Esta contestação deveu-se à política ultramarina portuguesa, que passou a ser motivo de
constante fricção e crítica da comunidade internacional uma vez que a Carta das Nações
Unidas previa a autodeterminação dos territórios administrados por potências coloniais – com
era o caso de Portugal.

Com a descolonização e a adesão à CEE, Portugal foi readquirindo gradualmente o prestígio


nos fóruns internacionais. Este aumento do prestígio português culminou, recentemente, com
a eleição de António Guterres para Secretário-Geral da ONU.

Sabia que? O engenheiro António Guterres é o nono secretário-geral das Nações Unidas – foi
empossado no dia 1 de janeiro de 2017 – e é o único português a conseguir tal feito.

 Objetivos da ONU até 2030


Em 2015 foram definidos pelas da Organização das Nações Unidas, os seguintes objetivos de
desenvolvimento sustentável:

1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

Sabia que? Existem 836 milhões de pessoas que vivem em


extrema pobreza.

2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e a melhoria da


nutrição e promovera agricultura sustentável.
37

Sabia que? A má nutrição causa quase metade (45%) das


mortes de crianças abaixo dos cinco anos de idade – 3,1
milhões de crianças anualmente.

3. Assegurar a vida saudável e promover o bem-estar para todos, em


todas as idades
Sabia que? Metade da população mundial não tem acesso a
serviços essenciais de Saúde.

4. Assegurar uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade.


Promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida.

Sabia que? Mais de metade das crianças que não se matriculam na


escola vivem na África Subsaariana.

5. Alcançar a igualdade de género

Sabia que? Em Portugal no ano de 2019, foram registados, na


região de Lisboa, 129 casos de mutilação genital feminina.

6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e


saneamento para todos

Sabia que? Todos os dias morrem cerca de 5 mil crianças com


doenças relacionadas com a má qualidade da água.

7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço


acessível à energia
8. Promover o crescimento económico sustentado, inclusivo e
sustentável. Promover o emprego pleno e o trabalho digno

Sabia que? Aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas vivem abaixo


da linha da pobreza e a erradicação do problema só é possível por
meio de empregos bem pagos e estáveis.

9. Promover a industrialização inclusiva e sustentável. Fomentar a


inovação. Desenvolver instruturas de qualidade e de confiança 38

Sabia que? Cerca de 2,6 bilhões de pessoas no mundo em


desenvolvimento têm dificuldade no acesso à eletricidade.

10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles

Sabia que? As crianças que fazem parte da camada mais pobre da


população têm três vezes mais hipóteses de virem a morrer antes de
completar os cinco anos, quando comparados com crianças da
mesma idade pertencentes às classes mais ricas.

11. Garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço


sustentável.

Sabia que? Cerca de 900 milhões de pessoas vivem em favelas e que


este número continua a aumentar.

12. Assegurar padrões de produção e de consumos sustentáveis

Sabia que? Os portugueses deitam para o lixo, anualmente um


milhão de alimentos que correspondem a 50 mil refeições diárias.

13. Tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e


os seus impactos

Sabia que? Segundo a ONU, existem 1 milhão de espécies


que correm o risco de extinção.

14. Proteger a vida marítima – conservação e uso sustentável dos


oceanos, mares e dos recursos marinhos
Sabia que? Mais de 3 bilhões de pessoas dependem dos oceanos, que são a sua fonte primária
de alimentação.

15. Proteger a vida terrestre – proteger, recuperar e promover o uso


sustentável dos ecossistemas terrestres e das florestas. Combater a
desertificação, a degradação da Terra e a perda de biodiversidade

Sabia que? Todos os anos se pedem cerca de treze milhões de


hectares de floresta.

39
16. Promover o Estado de Direito, ao nível nacional e internacional, e
garantir a igualdade de acesso à justiça para todos

Sabia que? Na Síria, desde o início da guerra, morreram


mais de 370 mil pessoas.

17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria


global para o desenvolvimento sustentável

Tema 8
Outras Organizações Importantes

Atualmente existem inúmeras organizações governamentais/intergovernamentais e não


governamentais que trabalham com o intuito de tornar o mundo um lugar mais justo e
equilibrado a todos os níveis.

As organizações intergovernamentais são, tal como o nome indica, associações voluntárias de


Estados-soberanos, que trabalham entre si com o intuito de atingir os objetivos políticos,
40
económicos, sociais, culturais, bélicos.

São exemplos de organizações governamentais: a ONU, a Organização Mundial de Comércio


(OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a União Europeia, a NATO, entre outros.

Por outro lado, as organizações nãos governamentais (ONG) são organizações sem fins
lucrativos formadas pelas sociedades. Estas organizações têm como missão: a resolução de
alguns dos problemas da sociedade – económicos, raciais, ambientais, entre outros – a
reivindicação de direitos e melhorias e ainda, a fiscalização do poder público.

São exemplos de organizações não governamentais: a Assistência Médica Internacional (AMI),


a Cruz Vermelha, a Amnistia Internacional, os Médicos Sem Fronteiras, o Greenpeace, as
Cáritas, os Médicos dos Mundo, a World Wide Fund For Nature (WWF), entre outros.

 Organizações Intergovernamentais – alguns exemplos

São Organizações Intergovernamentais,

 Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO)

A NATO é uma aliança intergovernamental, composta


por 28 países – incluindo Portugal. Apesar de defender
a resolução pacífica dos conflitos, a NATO é uma
instituição militar preparada para entrar em guerra. As
suas missões tentam restabelecer a paz e garantir a segurança mundial.

 Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO)*

A FAO é uma agência especializada da ONU que lidera os


esforços internacionais para erradicar a fome do mundo. Com
mais de 194 Estados-Membros, a FAO trabalha em mais de 130 pessoas em todo o
mundo e tem como objetivos:
 Erradicar a fome, a insegurança e a desnutrição
 Erradicar a pobreza e fomentar o progresso económico e social para todos
 Gerir e utilizar de forma sustentável os recursos naturais e os recursos
genéticos, em benefício das gerações presentes e futuras

 Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)*

A UNESCO é uma agência especializada da ONU 41


que trabalha com o objetivo de criar condições
para um genuíno diálogo fundamentado no
respeito pelos valores compartilhados entre as civilizações, cultuas e pessoas. Das
diversas missões a que se propõe esta organização destacam-se: a formação de
professores, a construção e o equipamento de escolas, a preservação do
património cultural e o fomento da liberdade de expressão.

 Organização Mundial de Saúde (OMS) *

A OMS é a agência da ONU especializada nas


questões médicas e de saúde, que tem como
objetivo promover o acesso à saúde de qualidade a
todos os povos. São então funções da OMS: ajudar os governos no fortalecimento
dos seus serviços de saúde e desenvolver trabalhos que permitam a erradicação
de doenças.

 Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)*

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os


Refugiados, é um órgão das Nações Unidas que tem
como missão apoiar e proteger refugiados de todo o
mundo.

Sabia que? O português António Guterres ocupou o posto de Alto Comissário das
Nações Unidas para os refugiados durante 10 anos (2005-2015), tendo sido muito
elogiado internacionalmente pelo trabalho que desenvolveu.
 Fundo das Nações para a Infância (UNICEF) *

A UNICEF é um fundo da ONU que atua em 190


países e territórios com o objetivo de fomentar a
proteção, a defesa de direitos e o desenvolvimento
das crianças e dos adolescentes no mundo

 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

A OCDE é uma organização económica


42
intergovernamental composta por 36 países
membros e que tem como principais objetivos
estimular o progresso económico e o comércio mundial.

 Organização Mundial do Comércio (OMC)

A OMC é única organização internacional que


lida com as regras do comércio e tem como
principal objetivo a liberalização progressiva
do comércio internacional tornando-o mais transparente e previsível, mais
competitivo, não discriminatório e mais favorável aos países menos
desenvolvidos.

 Entre outras.
* Ver Tema 7 – A Organização das Nações Unidas (O Sistema da ONU)

 Organizações Não Governamentais (ONG) – alguns exemplos

São Organizações Não Governamentais,

 Assistência Médica Internacional (AMI)

A AMI é uma Organização Não


Governamental (ONG) portuguesa, privada,
independente, apolítica e sem fins
lucrativos que tem como objetivo lutar contra a pobreza, a exclusão social, o
subdesenvolvimento, a fome e as sequelas da guerra, em qualquer parte do
Mundo.

 Cruz Vermelha
A Cruz Vermelha é uma organização
internacional, sem fins lucrativos, cujo objetivo
principal é prestar socorro e assistência às
pessoas vítimas de guerra e catástrofes naturais (terramotos, tornados,
enchentes, entre outras).

 Amnistia Internacional
43
A Amnistia Internacional é um movimento global de mais
de 7 milhões de pessoas em mais de 150 países e
territórios que luta para pôr fim aos abusos dos direitos
humanos.

 Médicos Sem Fronteiras

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma


organização humanitária internacional que
leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias.

 Cáritas

A Cáritas Internacionalis é uma confederação de


162 organizações humanitárias da Igreja Católica
que trabalham em mais de 200 países e
territórios. Os valores que a guia são: a dignidade da pessoa humana, a opção
preferencial pelos pobres, o destino universal dos bens, a subsidiariedade. A sua
missão é trabalhar para a construção de um mundo melhor, especialmente para
os pobres e oprimidos.

 Greenpeace

O Greenpeace é uma das organizações não


governamentais ambientais mais conhecidas do
Mundo. A sua missão passa por defender o meio
ambiente e promover a paz através de campanhas independentes.

 Médicos do Mundo
A Associação Médicos do Mundo é uma
organizaçáo não governamental de ajuda
humanitária e de cooperação para o
desenvolvimento, cujo trabalho assenta no
direito fundamental de todos os seres humanos terem acesso aos cuidados de
saúde. Independentemente da sua nacionalidade, religião, ideologia, raça ou
possibildades económicas.

44

Tema 9
Participação Organizada e Solidariedade Social

 Solidariedade

“É um comportamento social que suscita sempre a ideia de coesão, agregação, ordenação


e integração unificante dos homens que se sentem agentes sociais de solidariedade”.
Gutiérrez Garcia

A Solidariedade Social

A solidariedade social é um serviço à pessoa humana, sobretudo à


pessoa frágil.

 As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS)

Com o desenvolvimento industrial e da rápida evolução do mercado livre, as crises sociais


graves sucedem-se de forma mais ou menos avassaladora em todos os países. Perante a
fragmentação social, à qual o Estado não conseguia responder adequada e atempadamente,
surge a necessidade de uma reorganização da sociedade que culmina na criação de
associações cujo principal objetivo passa pela defesa dos interesses de um determinado grupo,
causa ou minoria. São as chamadas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).

O que são?
As IPSS são,

“entidades sem finalidade lucrativa, constituídas exclusivamente por iniciativa de particulares,


com o propósito de dar expressão organizada ao dever moral de justiça e de solidariedade,
contribuindo para a efetivação dos direitos sociais dos cidadãos, desde que não sejam
administradas pelo Estado ou por outro organismo público”
Estatuto das IPSS, 2014

A História das IPSS em Portugal

Até à criação das misericórdias no final do século XV e desde os primórdios da nacionalidade, 45


as necessidades da população portuguesa, em matéria de assistência, tinham dado origem a
uma multiplicidade de iniciativas locais.

No final do século XV existiam quatro tipos de estabelecimentos assistenciais: Albergarias,


Hospitais (como hospedarias para os pobres), Gafarias ou Leprosarias e Mercearias (obrigação
religiosa de fazer o bem pela alma ou saúde de alguém).

A partir do século XVII a solidariedade começa a desmarcar-se do sentido puramente religioso


da caridade para se assumir como um dever social do Estado e da sociedade civil “. Em
Portugal, a criação da Casa Pia nos finais do século XVIII pode ser considerada como uma
referência para o lançamento da assistência social com origem pública/estatal em Portugal.

A Lei 2120 de 19 de julho de 1963 instituiu as Instituições Particulares de Assistência, que eram
consideradas Pessoas Coletivas de Utilidade Pública Administrativa (PCUPA) e assumiam as
formas de Associações de Beneficentes, Institutos de Assistência (religiosos ou não) ou
Institutos de Utilidade Local (Fundações). Foi com a Constituição de 1976 (artigo nº 63) que
surgiu pela primeira vez o termo IPSS.

Formas Jurídicas de IPSS

As principais formas jurídicas de IPSS são:

 As Santas Casas da Misericórdias – fundadas em 1948 por iniciativa da Rainha Dona


Leonor e do Frei Contreiras.
 O Centros Sociais Paroquiais
 Associações de Socorros Mútuos
 Associações de Solidariedade Social (de iniciativa privada ou associativa) – surgiram
depois de 1974 como resultado do impulso de participação na democratização da
sociedade portuguesa. São estas novas IPSS que estão melhor preparadas e mais
vocacionadas para lidar com novos problemas sociais, como a toxicodependência e a
exclusão social.

Atividades desenvolvidas pelas IPSS


A missão das IPPS concretiza-se através de concessão de bens, prestação de serviços e outras
iniciativas de promoção do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas, famílias e
comunidades.

Entre as diversas ações desenvolvidas pelas IPSS encontram-se:

 Apoio à infância e juventude, incluindo as crianças e jovens em perigo


 Apoio à família
 Apoio às pessoas idosas
 Apoio às pessoas com deficiência e incapacidade 46
 Apoio à integração social e comunitária
 Proteção social dos cidadãos nas eventualidades da doença, velhice, invalidez, morte.
E ainda, em todas as situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de
capacidade para o trabalho
 Prevenção, promoção e proteção da saúde
 Educação e formação profissional dos cidadãos
 Resolução dos problemas habitacionais das populações

A Importância das IPSS

A Importância das IPSS advém do facto de muitas delas ocuparem os espaços vazios deixados
pelo Estado. Aliás, não é por acaso que nas últimas décadas, sucessivos Governos têm
estabelecido várias parcerias com estas instituições. Assim, a importância das IPSS está
intimamente ligada ao interesse público do trabalho que desenvolvem e porque, tal como já
foi referido, estão onde o Estado não está – ou, estando, está com deficiente trabalho.

Podemos afirmar que as IPSS,

são economia das pessoas e para as pessoas, com abordagem mais humanista, mais próxima
e mais benéfica para os cidadãos, sobretudo, para os que vivem em situações de maior
fragilidade social. São associações, cooperativas, fundações ou mutualidades de solidariedade
social, casas do povo, centros sociais paroquiais, institutos de organização religiosa e
misericórdias, num conjunto global de quase 6700 instituições, agrupadas em federações,
uniões e confederações, com a capacidade de responder aos problemas/necessidades da
sociedade.

Serviços prestados pelas IPSS

 Acolhimento institucional para crianças e jovens em perigo


 Alojamento social de emergência
 Cantinas sociais
 Casas abrigo
 Centros de acolhimento, de convívio, de dia e de noite para pessoas idosas
 Centros de apoio à vida e a toxicodependentes
 Centros de apoio familiar e aconselhamento parental
 Centros comunitários e protocolares
 Centros de atividades ocupacionais e de tempos livres (CATL)
 Creches e jardins de infância
 Cuidados continuados integrados
 Lares residenciais (de infância e juventude ou pessoas idosas)
 Serviços de apoio domiciliário

IPSS na Região Centro – alguns exemplos

Em toda a região centro existem inúmeras Instituições Particulares de Solidariedade Social que 47
desenvolvem, um trabalho de extrema importância junto das comunidades em que se
encontram inseridas.

Entre estes IPSS, destacamos pela sua proximidade geográfica: a Fundação ADFP – Assistência,
Desenvolvimento e Formação profissional, a Cáritas Diocesana de Coimbra, Santa Casa da
Misericórdia da Lousã, a Associação de Defesa do Idoso e da Criança de Vilarinho, APPCDM de
Coimbra, ANIP Intervenção Precoce, a ARCIL – Associação para Recuperação de Cidadãos
Inadaptados da Lousã e o Banco Alimentar Contra a Fome.

Fundação ADFP – Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional

A Fundação ADFP á uma Instituição de Solidariedade Social


sem fins lucrativos, com reconhecimento de utilidade
pública, nascida em novembro de 1997 em Miranda do
Corvo.

O Lema desta IPSS é “Investimos com bondade em Pessoas”, seguindo a lógica de integração
dos diferentes grupos sociais, no convívio de intergerações e na igualde de género.

Em termos de apoio social a Fundação ADFP presta assistência a crianças, jovens, pessoas com
deficiência ou doença mental crónica, a idosos, mulheres grávidas ou mães em risco,
refugiados e sem abrigo.

Cáritas Diocesana de Coimbra

A Cáritas Diocesana de Coimbra é uma Instituição


Particular de Solidariedade Social que apoia de forma
transversal as comunidades nos âmbitos social, saúde,
educação e pastoral, em cinco distritos da região Centro.

Em termos sociais a Cáritas Diocesana apoia crianças e jovens em risco, idosos, sem abrigo,
toxicodependentes e portadores de enfermidades como o VIH/Sida.

Santa Casa da Misericórdia da Lousã

A Santa Casa da Misericórdia é uma Instituição Particular de Solidariedade


Social, sem fins lucrativos e de âmbito da ação social, apresentando
respostas sociais que se concretizam através de diversos equipamentos e
serviços – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, Serviço de Apoio
Domiciliário, Centro de Dia, Creche e Jardim de Infância, Cantina Social e do Programa
Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas.

ADIC- Associação de Defesa do Idoso e da Criança de Vilarinho. Lousã

ADIC é uma associação de natureza particular de solidariedade social, que


tem por objetivos o apoio da criança e do idoso, na área da freguesia de
Vilarinho, primeiramente, e subsidiariamente, nas restantes freguesias do
Concelho da Lousã, trabalha diretamente junto da comunidade, ou através
de parcerias com outros órgãos/projetos concelhios
48
APPCDM de Coimbra

A Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente


Mental de Coimbra (APPCDM) de Coimbra tem como missão criar
condições para que cada pessoa com deficiência mental (ou em
situação de exclusão) possa atingir a sua plenitude como ser
humano e social, potenciando a sua individualidade e consolidando a sua participação efetiva
na sociedade.

ANIP Intervenção Precoce

A ANIP é uma IPSS especializada em Intervenção Precoce cuja missão passa


por desenvolver, implementar e disseminar práticas recomendadas em
intervenção precoce na infância para responder às necessidades das
famílias, profissionais e agentes da comunidade, de forma individualizada e
qualificada, com vista a promover o desenvolvimento da criança dos 0-6
anos.

ARCIL – Associação para Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã

A ARCIL é uma Organização Privada de Solidariedade Social, sem fins


lucrativos, reconhecida como entidade de utilidade pública que procura
contribuir para a efetiva inclusão social de pessoas com deficiência e outras
necessidades especiais, promovendo uma mudança no olhar sobre a
incapacidade e a diferença.

Banco Alimentar Contra a Fome – Coimbra

Os Bancos Alimentares são Instituições Particulares de Solidariedade Social que lutam


contra o desperdício de produtos alimentares, encaminhando-os para distribuição
gratuita às pessoas carenciadas.

 O Voluntariado
O voluntariado e a solidariedade social ocupam nas sociedades modernas um lugar de
destaque, pela importância que têm e por serem cada vez mais atuais e úteis à sociedade. De
facto, não se pode descurar a dimensão que o voluntariado e a solidariedade assumem nos
dias de hoje, na unidade dos povos e na solução dos seus problemas.

Mas final afinal, o que é o Voluntariado?

É um conjunto de ações de interesse social e comunitário realizadas


de forma desinteressada e estruturada por pessoas (voluntários) ao 49
serviço dos indivíduos, das famílias e da comunidade.

Princípios do voluntariado: gratuito; voluntário; organizado – ligado a


uma organização institucionalizada; compromisso – assume-se um
dever, com alguma atividade estável embora o tempo ou a ação sejam
reduzidos; bem-estar da comunidade.

Sabia que? O Dia Internacional do Voluntariado se celebra no 5 de dezembro.

E quem é o Voluntário?

“O voluntário será aquele que dá uma parte do seu tempo gratuitamente, pondo toda a sua
capacidade no desempenho de uma tarefa de carácter social, cultural ou cívico, em favor de
uma comunidade”.
Rebelo de Carvalho

Direitos e Deveres do Voluntário

O voluntário beneficia de um conjunto de direitos, consagrados na Lei, nomeadamente:

 Desenvolver um trabalho de acordo com os seus conhecimentos, experiências e


motivações

 Ter acesso a programas de formação inicial e contínua, “tendo em vista o


aperfeiçoamento do seu trabalho voluntário”

 Receber apoio no desempenho do seu trabalho com acompanhamento e avaliação


técnica

 Exercer o trabalho voluntário em condições de higiene e segurança

 Ser reconhecido pelo trabalho desenvolvido

 Dispor de um cartão de identificação de voluntário

Na relação com a organização beneficiária, os voluntários devem assegurar-se de que:

 Seguem os princípios e normas que regulam a atividade da organização


 Conhecem e respeitam as regras de funcionamento da organização e dos respetivos
programas e projetos

 Atuam de forma diligente, isenta e solidária

 Zelam pela boa utilização dos bens e meios colocados ao seu dispor

 Têm autorização prévia antes de assumir o papel de representantes da organização


perante terceiros

Os voluntários devem ainda participar nos programas de formação destinados ao correto


desenvolvimento do trabalho voluntário. A organização beneficiária deve ser informada, com a
maior antecedência possível, sempre que pretendam interromper ou cessar o trabalho 50
voluntário.

Voluntariado em Portugal

Em 2019 existiam em Portugal quase 700 mil voluntários. No entanto, o nosso país continua
muito abaixo da média europeia.

Onde fazer voluntariado?

São várias as instituições internacionais, nacionais, regionais e locais que promovem nas suas
atividades o voluntariado. Assim, se tiver intenção de fazer voluntariado pode, por exemplo,
contactar as Instituições de Solidariedade Social (IPSS) da sua área de residência, ou então
consultar plataformas como:

 Plataforma Portugal Voluntário em, https://www.portugalvoluntario.pt/


 Bolsa de Voluntariado em, https://bolsadovoluntariado.pt/
 Serviço Voluntário Europeu em, https://europa.eu/
 Global Volunteers em, https://globalvolunteers.org/
 Programa Internacional de Voluntariado WWF em, https://www.natureza-
portugal.org/

Razoes para fazer voluntariado

Fazer voluntariado não é apenas uma forma de ajudar os outros, é também um contributo
para o crescimento e enriquecimento pessoal de quem o realiza.

Assim, fazer voluntariado

 É bom para a saúde – permite a redução dos níveis de stress, o sistema imunitário é
fortalecido e a satisfação geral aumenta.
 É impulsionador de carreira – fazer voluntariado torna-o mais inovador, criativo e dá-
lhe a possibilidade de desenvolver uma série de competências úteis no mercado de
trabalho, como por exemplo, a capacidade de trabalhar em equipa, liderança,
resolução de problemas e competências interpessoais.
 É uma experiência no mundo real
 É uma oportunidade de criar impacto positivo e de fazer a diferença numa
comunidade ou no mundo.
 É defender uma causa na qual acredita
 É criar laços com outras pessoas
 É ganhar uma nova perspetiva da vida e do mundo

Importância do Voluntariado

A prática do voluntariado traz consigo inúmeros benefícios não só para a sociedade, mas
também para o indivíduo que se dispõem a dar o seu tempo para ajudar os outros sem esperar 51
nada em troca (voluntários).

Em termos socias o voluntariado tem permitido discussões sobre valores como a ética e
cidadania, além de estimular a solidariedade e a cultura de paz.

Por outro lado, o voluntariado permite um crescimento pessoal, social e emocional de todos
aqueles que o praticam.

Tema 10
Justiça e Equidade Social

 Justiça

Podemos afirmar que,

“A Justiça é a primeira Virtude das Instituições Sociais”


Jonh Rawls

Neste sentido, a Justiça Social


“é um princípio fundamental de coexistência pacífica e próspera entre as nações.
Defendemos os princípios da justiça social quando promovemos a igualdade de género ou os
direitos dos povos indígenas e dos migrantes. Favorecemos a justiça social eliminamos as
barreiras que as pessoas enfrentam, por motivos de género ou relacionados com a idade, raça,
origem étnica, religião, cultura ou deficiência”
Ban Ki-moon

Por outas palavras, justiça social é uma construção moral e política baseada na igualdade de
direitos e na solidariedade coletiva.
 Justiça e Equidade Social

A conceção de justiça é-nos apresentada pelo filósofo John Rawls em 1971. Este filósofo
defende que uma sociedade para ser justa deve respeitar três princípios:

 Garantia das liberdades fundamentais para todos.


 Igualdade equitativa de oportunidades.
 Manutenção de desigualdades apenas para favorecer os mais desfavorecidos.

Relembrando que…
52

Assim, igualdade baseia-se


no princípio da não
discriminação entre as
pessoas. Isto significa que
todos são tratados da mesma forma independentemente das diferenças que existem entre si.

Por sua vez equidade procura promover a justiça e a igualdade de oportunidades tendo em
conta as diferenças existentes entre as pessoas ou grupo de pessoas. Ou seja, parte-se do
princípio que pessoas diferentes precisam de ser tratadas de forma diferenciada para que
possuam as mesmas oportunidades.

Equidade é a busca da igualdade tendo em conta as diferenças


individuais, sociais e económicas de cada um

Resumindo…

Igualdade Equidade

Igualdade baseada
Não discriminação
no senso de justiça
53

Tema 11
Imigração e Interculturalidade

 Imigração

É o movimento de entrada de estrangeiros num determinado país de


forma temporária ou permanente.

Porque ocorre?

De uma forma geral, as pessoas que imigram procuram melhores


condições de vida.

No entanto, há quem saia do seu país de origem por ter sido, em algum
momento, alvo de perseguição e/ou descriminação devido às suas
opções políticas e religiosas (por exemplo).

 Interculturalidade

A interculturalidade tem em conta a diversidade cultural presente nas sociedades


atuais, procurando favorecer – através do diálogo – a integração e a convivência
harmoniosa de pessoas com culturas diferentes.
Diversidade
Cultural

Diversidade
Diversidade Diversidade Diversidade de costumes e 54
étnica linguística Religiosa tradições

Vantagens da
Interculturalidade

 Enriquecimento pessoal e cultural


 Troca de saberes
 Progresso e desenvolvimento

Desvantagens da Interculturalidade

 Aumento da exclusão social

 Perda de identidade cultural - desculturação

 Aumento dos sentimentos de ódio e de rejeição face ás minorias (racismo, xenofobia,


etnocentrismo, etc.)

Alguns conceitos…

O que é o racismo?

“Atitude ou comportamento sistematicamente hostil, discriminatório ou opressivo em relaçã


o a uma pessoa ou a um grupo de pessoas com base na sua origem étnica ou racial, em pa
rticular quando pertencem a uma minoria ou a uma comunidade marginalizada.”
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

e a xenofobia?

“Aversão aos estrangeiros, ao que vem do estrangeiro ou ao que é estranho ou menos com
um”

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

55
e o etnocentrismo?

“Visão ou forma de pensamento de quem crê na supremacia do seu grupo étnico ou da sua
nacionalidade.”

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Para evitar estas forma de discriminação devemos ter presente que…

“Nenhuma cultura é superior ou inferior a outra. Todas as culturas são formas genuínas de
encarar o mundo e de viver humanamente.”

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