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DIREITO PENAL MILITAR

Teoria do Crime Militar II


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TEORIA DO CRIME MILITAR II


CRIME MILITAR
Falar-se-á dos elementos genéricos do crime.

O candidato pode ter estudado direito penal comum por um autor que tenha afirmado que
crime é fato típico e antijurídico, ou típico e ilícito e não culpável, pois a culpabilidade é mero
pressuposto de aplicação de pena, dessa forma, não compõe o conceito de crime.Caso o aluno
já tenha ouvido essa frase, o professor não estava equivocado, se eleita a premissa de que ele
adota um autor finalista e adepto de uma teoria bipartida (Damásio, René Ariel Dotti etc.).
Em contrapartida, há outros autores que são finalistas e adotam uma teoria tripartite, e
colocam a culpabilidade como conceito de crime, então, é comum encontrar autores que
digam que crime é fato típico, antijurídico e culpável.
No giro finalista do causalismo ou neokantismo para o finalismo, alguns autores não se
convenceram de que a culpabilidade deixou de ser conceito de crime. É um debate acadêmico.
No Código Penal Militar, não se pode ser adepto a uma teoria bipartida.

Crime (influência neokantista – arts. 33, 36 e 39 do CPM):

• Fato Típico:
– Conduta: humana, voluntária, omissiva ou comissiva e sem dolo ou culpa (mera
causação).
– Resultado: especialmente nos crimes materiais.
– Nexo de causalidade ligando conduta ao resultado.
– Tipicidade: Parte Especial e LP / + Art. 9º do CPM.

• Ilícito
– Concepção material é inaugurada.
– Excludentes: EN, LD, ECDL, ERD (CO).

• Culpável
– Imputabilidade: critério biopsicológico.
– Dolo (dolus malus ou dolo normativo) ou culpa.
– Exigibilidade de conduta diversa.

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A conduta no direito penal militar não é preenchida por elemento subjetivo, ou seja,
não há uma conduta finalista, mas meramente causal.
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Para o CPM, crime é fato típico, é ilícito e culpável.

Caso se afirme que no CPM a culpabilidade não integra o conceito de crime, se parte para
uma responsabilidade penal objetiva, pois se diz que é possível crime sem dolo e culpa. Caso
se retire a culpabilidade do conceito de crime, se retira dolo e culpa também.
Todo o sistema causalista ou causalista neoclássico deve colocar culpabilidade no
conceito de crime.

Pode-se aplicar o Código Penal Comum no dia a dia da Justiça Militar? É permitido aplicar o
funcionalismo no dia a dia da justiça Militar? É possível trabalhar com imputação objetiva,
emplacar a teoria do domínio do fato ou ação significativa de Vives Antón na Justiça Militar?
No dia a dia, pode, mas não se pode, em uma prova, afirmar que isso está claro no CPM, em
outros termos, em um concurso, o candidato deve saber o que se pede.
Se o examinador expressar: “no Código Penal Militar está, no que tange a imputação do resultado
ao seu autor, adotada a teoria da imputação objetiva”, deve-se considerar falso, pois no CPM,
no que tange o nexo de causalidade, se adota a teoria da equivalência dos antecedentes.
Na hipótese de o examinador perguntar o seguinte em direito penal: “segundo a teoria
da imputação objetiva...”, ele não pretende saber o que está no CPM, mas se o candidato
conhece a imputação objetiva.
10m

O sistema causal tem esse nome em razão da teoria de conduta em que ele é cen-
trado, o mesmo ocorre com o sistema finalista (teoria finalista da ação).
No CPM, a conduta é causal, pois foi em uma época do conhecimento humano cen-
trada nas ciências naturais, física etc., são ensinamentos que os livros de direito penal
tratam em abundância.

Obs.: na estrutura do crime culposo, o resultado é imprescindível. Exemplo: se um


indivíduo sai dirigindo de São Paulo a Valinhos, em uma velocidade de 300 km/h,
não é crime em princípio, mas a partir do momento que atropela e mata alguém, ou
seja, há um resultado, faz parte da estrutura do crime culposo. Então o resultado
é imprescindível em algumas situações.

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O Código Penal Militar, tal qual o Código Penal Comum, adota a teoria da equivalên-
cia dos antecedentes, centrada na eliminação hipotética, a famosa condição sine qua
non, que trabalha, inclusive, as causas supervenientes e a doutrina se espraia por causas
antecedentes, além da doutrina de causas relativamente independentes.
15m
Até a Lei n. 13.491/2017, apenas se falava em crime militar no Código Penal Militar em
tempo de paz, pois em tempo de guerra se poderia buscar na lei penal comum. O Código de
1969 nunca passou por tempo de guerra; em tempo de paz, crime militar só existia no Código
Penal Militar. A Lei n. 13.491/2017 permitiu que se busque tipos penais fora do Código Penal
Militar, como tortura, abuso de autoridade, racismo etc., todas essas leis penais comuns podem
ser crimes militares em tempos de paz atualmente, até mesmo do Código Penal Comum.
A culpabilidade, no crime militar, é psicológico-normativa, ou seja, há elementos psi-
cológicos (dolo e culpa), mas também elementos normativos.
Elemento normativo é aquele que a norma impõe. A culpabilidade para a norma possui:
20m

• Imputabilidade – no causalismo clássico, a imputabilidade era pressuposto, mas no


causalismo neoclássico é elemento de culpabilidade.
– Não é culpável aquele que é inimputável, que segundo o CPM, é igual ao CPC, ou
seja, é um critério biopsicológico. Além disso, a embriaguez causa a inimputabili-
dade, assim como ser menor de 18 anos (após a reforma de 2023).

O dolo e a culpa no causalismo clássico eram a culpabilidade, pois a teoria da cul-


pabilidade era só psicológica; no causalismo neoclássico, é psicológico-normativa, já no
finalismo, normativa pura.
Se é causalismo neoclássico, não há como não ser o conceito analítico de crime tripartite.

SUBSUNÇÃO DE CONDUTAS AO ART. 9º DO CPM PÓS-LEI


N. 13.491/2017:
25m

QUADRO COMPARATIVO DA REDAÇÃO DO INCISO II DO ART. 9º DO COM (antes e depois da


Lei n. 13.491/2017)
REDAÇÃO ANTERIOR REDAÇÃO ATUAL
II – os crimes previstos neste Código,
II – os crimes previstos neste Código e os pre-
embora também o sejam com igual definição
vistos na legislação penal, quando praticados:
na lei penal comum, quando praticados:

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Na redação anterior, significava que se devia estar no CPM + LP; na atual, pode ser no
CPM ou LP. Assim, atualmente, o crime pode estar previsto no CPM e na legislação penal
comum e mesmo assim ser crime militar.
Em outras palavras, não precisa estar no CPM, em tempo de paz, para ser crime militar, pode
estar só na legislação penal comum. É possível ter crime militar, depois da Lei n. 13.491/2017,
numa lei penal extravagante, no Código Penal Comum etc., sem ter previsão no CPM.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Cícero Robson Coimbra Neves.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.

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