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Imputabilidade Penal no CPM
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PENAL MILITAR
Imputabilidade Penal no CPM
Sumário
Douglas Vargas
1. Imputabilidade no CPM............................................................................................................... 4
1.1. Inimputabilidade por Alienação Mental. . .............................................................................. 6
1.2. Supressão Parcial da Capacidade de Entendimento......................................................... 7
1.3. Embriaguez. . ............................................................................................................................... 7
2. Arts. 50 a 52 CPM......................................................................................................................... 8
Resumo............................................................................................................................................. 10
Questões de Concurso................................................................................................................... 11
Gabarito.............................................................................................................................................16
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Imputabilidade Penal no CPM
Douglas Vargas
Apresentação
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Imputabilidade Penal no CPM
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1. Imputabilidade no CPM
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputáveis
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude
de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Em seu Título III o CPM aborda o tema imputabilidade penal (artigos 48 ao 52). Mas antes
que possamos discorrer sobre este conceito propriamente dito, precisamos voltar alguns pas-
sos e tratar de outro assunto: O conceito analítico de crime e de culpabilidade.
Sob o prisma analítico, crime é considerado como um fato típico, antijurídico (ilícito) e
culpável. A estrutura básica para que ocorra o crime, portanto, segue o fluxo abaixo:
Fato
Crime Ilícito Culpável
Típico
Para essa teoria, amplamente aceita pelos estudiosos do Direito Penal, para que ocorra um
fato criminoso é necessária a soma desses três fatores: Fato típico, antijurídico e culpável.
O fato típico se relaciona com elementos como a conduta, a tipicidade, o nexo causal e o
resultado. De forma básica, responde-se à pergunta: Ocorreu a prática prevista na norma penal?
A antijuridicidade ou ilicitude, como o próprio nome diz, trata da ilegalidade do fato típico e
as possibilidades de excluir tal ilicitude. Também de forma básica, responde-se à pergunta: Na
situação em que o fato típico foi praticado, havia justificativa legal para tanto?
E por fim, para o conceito tripartido de delito, não se pode parar por aí. Já sabemos que o
indivíduo praticou um fato considerado típico (exemplo: Matou Alguém). Também já sabemos
que não havia uma justificativa legal aplicável ao caso (por exemplo: Legitima Defesa). Mas
ainda assim é necessário avaliar um terceiro elemento para a configuração do crime: a cul-
pabilidade.
Obs.: a culpabilidade nada mais é do que um juízo de reprovação dos atos do agente. Avaliar,
portanto, se de acordo com as circunstâncias que envolveram os fatos, a conduta do
agente é ou não reprovável.
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Dessa forma, diante de um fato que a princípio é criminoso, precisamos verificar o seguinte:
Verificando o fluxo acima fica um pouco mais fácil entender como se define, segundo o
conceito analítico, a existência de um crime. Primeiro avaliamos o fato típico, depois avalia-
mos a ilegalidade da conduta e, por fim, avaliamos sua reprovabilidade.
E é aqui que chegamos ao tema da aula de hoje: a IMPUTABILIDADE PENAL.
O que acontece é que a CULPABILIDADE, como elemento do crime que é, também possui
seus próprios componentes, segundo a chamada Teoria Normativa Pura:
Potencial Exigibilidade de
Culpabilidade Imputabilidade consciência da conduta
ilicitude diversa
Agora sim podemos iniciar o estudo do assunto que nos interessa. Você já sabe como se
define a existência de um crime, do ponto de vista analítico, e sabe que uma das etapas é a
avaliação da culpabilidade.
Aprendeu também que a imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade – de modo
que depende da existência de imputabilidade a própria existência da culpabilidade!
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Assim como o Código Penal comum, o CPM adota o chamado critério Biopsicológico ou Misto
de imputabilidade, de modo que tanto causas biológicas quanto psicológicas podem ser con-
sideradas causas da inimputabilidade do indivíduo.
Efeitos
Uma vez que o autor de uma determinada infração é considerado inimputável por força de
doença mental ou de seu desenvolvimento mental, é importante ressaltar que este será sub-
metido a uma MEDIDA DE SEGURANÇA, e não a uma PENA propriamente dita.
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Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas diminui consideravelmente
a capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a
imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113.
1.3. Embriaguez
A inimputabilidade por meio da embriaguez é um tema que exige cuidado, pois frequente-
mente este tema é objeto de pegadinhas em provas de concurso. Primeiramente, façamos a
leitura do artigo do CPM:
Embriaguez
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de caso
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Por isso, situações como embriaguez voluntária ou embriaguez para “criar coragem” não
serão capazes de causar a inimputabilidade penal do agente delitivo!
Ademais, cabe ressaltar que à embriaguez aplica-se a mesma regra da inimputabilidade
por reduzida capacidade mental: Se o indivíduo ainda conservar alguma capacidade de enten-
dimento, terá apenas sua pena atenuada, mas ainda preservará sua imputabilidade.
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Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por embriaguez pro-
veniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse en-
tendimento.
2. Arts. 50 a 52 CPM
Observação DE MÁXIMA IMPORTÂNCIA aos alunos que estudam fazendo a leitura do tex-
to de lei (o que é extremamente recomendável, diga-se de passagem).
O CPM é um Código antigo, anterior à CF/88. Nesse sentido, as previsões contidas nos artigos
50 a 52 de seu texto não foram recepcionadas com a edição da Constituição Federal de 1988.
Se forem cobrados, devem sê-lo apenas em sua literalidade, e mesmo assim ensejarão ques-
tões polêmicas, passíveis de recurso, face à doutrina vigente.
Menores
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos, re-
vela suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de
acordo com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até a metade.
Como ensina NUCCI1, o art. 228 garante a inimputabilidade do menor de 18 anos, não ha-
vendo falar em exceções a essa regra. TODOS os menores de 18 anos são penalmente inimpu-
táveis, independentemente da normativa do CPM, anterior à CF/88.
Equiparação a maiores
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham atingido essa idade:
a) os militares;
b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados temporariamente
desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento;
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina militares,
que já tenham completado dezessete anos.
Outro artigo igualmente não recepcionado pela CF/88, como ensina a doutrina.2
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de dezesseis
inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em
legislação especial.
1
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Militar Comentado. Ed. FORENSE, p. 110, 2019.
2
Id., 2019, p. 110.
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Aqui, apenas uma peculiaridade: é a segunda parte do artigo que restou não recepcionada,
pela mesma justificativa anterior (menores de 18 anos são sempre inimputáveis.3
3
Id. 2019, p. 110.
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RESUMO
Conceito analítico de crime:
Fato
Crime Ilícito Culpável
típico
Estrutura da culpabilidade:
Potencial
Exigibilidade de
Culpabilidade Imputabilidade consciência da
conduta diversa
ilicitude
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/STM/JUIZ-AUDITOR) A respeito da imputabilidade penal e do concurso de agen-
tes, assinale a opção correta.
a) Com relação ao concurso de agentes, o CPM adotou, como regra, a teoria dualista.
b) A participação não é possível nos crimes de autoria coletiva necessária, como, por exemplo,
o crime de rixa.
c) Adotou o CPM, nos moldes do CP, o chamado sistema biopsicológico ou misto, que sincre-
tiza os sistemas biológico e psicológico.
d) De acordo com o CPM, a embriaguez completa, ainda que proveniente de caso fortuito ou
força maior, não isenta o réu de pena, mas pode atenuá-la.
e) Para o direito penal militar, o indivíduo com menos de dezoito anos de idade será inimputá-
vel, salvo se, já tendo completado dezesseis anos, revelar suficiente desenvolvimento psíquico
para entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento.
Questão que extrapola o conteúdo da aula de hoje, mas que é importante pois apresenta con-
teúdo importantíssimo relacionado com nosso estudo. Se você conseguir responder adequa-
damente aos itens que tem relação com a imputabilidade, já merece a nota 10, ok? Vamos lá:
a) Errada. A regra é a teoria MONISTA.
b) Errada. É possível a participação nesses casos. Concurso necessário não obsta que um
indivíduo atue como autor e outro como partícipe!
c) Certa. Exatamente conforme estudamos, este é o critério adotado pelo CPM.
d) Errada. Nesse caso, a embriaguez terá o condão de tornar o réu inimputável, e como conse-
quência, torná-lo isento de pena.
e) Errada. Conforme estudamos, este dispositivo do CPM não foi recepcionado pela CF/88.
Letra c.
Mais uma vez: As previsões contidas nos artigos 50 a 52 do CPM não foram recepcionadas
pela CF/88. Por isso a possibilidade de responsabilização do adolescente entre 16 e 18 anos
não pode ser aplicada, posto que a CF/88 dispõe de forma contrária.
Errado.
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003. (CESPE/STM/ANALISTA JUDICIÁRIO) À luz do Código Penal Militar, julgue o item a se-
guir, no que diz respeito a aplicação da lei penal, imputabilidade penal, crime e extinção da
punibilidade.
Situação hipotética: Um cabo das Forças Armadas escalado para serviço na organização mili-
tar a que servia compareceu e assumiu a incumbência em estado de embriaguez, tendo ingeri-
do, voluntariamente, grande quantidade de bebida alcoólica momentos antes de se apresentar
no serviço. Todavia, seu estado não foi notado, e, nas primeiras horas da atividade, ao discutir
com um militar que também estava em serviço, disparou sua arma de fogo na direção des-
te, matando-o instantaneamente. Assertiva: Nessa situação, será considerado inimputável o
cabo, se ficar comprovado que, naquele momento, sua embriaguez era completa e que ele era
plenamente incapaz de entender o caráter criminoso do fato.
Questão fresquinha (2018) e que vai bate diretamente naquele ponto-chave que estudamos: A
embriaguez, para tornar o autor inimputável, não pode ser voluntária. Como o cabo em questão
bebeu voluntariamente, não poderá alegar sua embriaguez para fins de inimputabilidade.
Errado.
Questão extraída diretamente do art. 48 do CPM, e que narra perfeitamente uma situação de
inimputabilidade (haja vista que o agente delitivo não apresenta capacidade de entendimento
ou de autodeterminação).
Certo.
Outra questão que sempre é objeto de análise pelo examinador. Conforme ressaltamos mais
de uma vez na aula de hoje, o dispositivo contido no art. 50 do CPM não foi recepcionado pela
CF/88. Item falso!
Errado.
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Exatamente! Adota-se o sistema VICARIANTE no CPM, de modo que o magistrado deve impor
PENA ou MEDIDA DE SEGURANÇA, mas nunca ambas, exatamente conforme estudamos!
Certo.
Conforme estudamos, não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui
a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retar-
dado, em razão da literalidade dos artigos 48/49 do CPM.
Letra b.
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Note que o enunciado solicita a apresentação da resposta incorreta. Nesse sentido, trata-se de
questão interdisciplinar, que requer a lembrança das teorias relativas ao tempo do crime.
Diferentemente do que afirma a assertiva D, deve-se auferir a imputabilidade ao tempo da ação
ou da omissão, não do resultado ou julgamento (utiliza-se a teoria da atividade), motivo pelo
qual a assertiva D é a incorreta solicitada pelo enunciado.
Letra d.
Questão polêmica, mas muito interessante para verificar como pensa o examinador em algu-
mas situações.
Em primeiro lugar, você já sabe que a referida questão pisa em território divergente, haja vista a
doutrina não reconhecer a recepção do artigo 51 pela CF/88. No entanto, por vezes o examina-
dor quer apenas testar seu conhecimento sobre o texto legal, e não considera a jurisprudência
vigente ao elaborar o item.
Nesse sentido, ainda que considerarmos o texto do art. 51 do CPM, é possível invalidar a as-
sertiva, pois, no caso de alunos de colégios ou estabelecimentos de ensino sob direção e dis-
ciplina militares, o texto puro da lei rege que a idade necessária é de 17 anos, não de 16 anos,
para os referidos casos.
Dessa forma, o item está duplamente incorreto, tanto por desrespeitar a não recepção do arti-
go, quanto por apresentar idade incompatível com a previsão do art. 51.
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GABARITO
1. c
2. E
3. E
4. C
5. E
6. C
7. b
8. d
9. E
10. E
Douglas Vargas
Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).
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