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MILITAR
CONCEITO – CRIME MILITAR
Livro Eletrônico
DIREITO PENAL MILITAR
Conceito – Crime Militar
Prof. Douglas Vargas
SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................3
Crimes Militares..........................................................................................3
Classificação dos Crimes Militares..................................................................6
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Conceito – Crime Militar
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Introdução
• Crimes militares;
− conceito;
− disposições do CPM.
Vamos nessa!
Crimes Militares
Vou começar a aula de hoje repetindo uma pergunta que sempre faço quando
vou tratar o tema crimes militares (a qual, inclusive, você já pode ter visto em
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Conceito – Crime Militar
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A tabela acima é excelente porque nos mostra que não basta ler o Código
Penal Militar para saber se uma determinada conduta é crime militar. É possí-
vel notar claramente que o art. 121 do Código Penal e o art. 205 do Código Penal
inclusive, é a mesma!
Então, quando um indivíduo mata alguém, qual vai ser o ponto-chave para dife-
renciar se foi um homicídio comum (art. 121 do CP) ou o crime militar de homicídio
Mas, antes de mais nada, vejamos o que estabelece a doutrina sobre o assunto:
Pode-se dizer que crime militar é aquela conduta que, direta ou indiretamente,
ATENTA CONTRA OS BENS E INTERESSES JURÍDICOS DAS INSTITUIÇÕES MI-
LITARES, qualquer que seja o agente.
Direito Penal Militar: Marcelo Uzeda de Faria – 4ª Edição.
Com base nesse conceito, podemos compreender melhor a diferença entre am-
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Códigos:
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Dependendo das circunstâncias (as quais ainda iremos estudar na aula de hoje),
uma mesma conduta pode atingir bens jurídicos diferentes, ensejando a aplicação
Portanto, numa primeira abordagem, pode-se dizer que crime militar é aquela conduta
que, direta ou indiretamente, ATENTA CONTRA OS BENS E INTERESSES JURÍDICOS
DAS INSTITUIÇÕES MILITARES, qualquer que seja o agente.
Direito Penal Militar: Marcelo Uzeda de Faria – 4ª Edição.
É isso mesmo: qualquer um pode praticar um crime militar. Não são apenas os
militares que têm essa prerrogativa! Fique muito atento(a) com essa observação,
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Resumindo:
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Errado.
Como você já sabe, os crimes militares podem ser praticados tanto por civis quanto
Além disso, crime propriamente militar (ou crime militar próprio) é aquele que está
militares, que estão previstos em outras leis penais e que podem também ser pra-
O militar que cometer homicídio contra outro militar dentro de um quartel cometerá
um crime propriamente militar, pois o ato terá sido praticado nessa condição.
Errado.
Questão fácil depois da nossa aula, certo? Crime propriamente militar é aquele
previsto unicamente no CPM. O delito de homicídio está previsto tanto no CPM quan-
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uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do direito
penal militar:
tencionalmente, disparou sua arma de fogo contra o outro, que faleceu imediata-
Certo.
praticou homicídio, sendo que tal delito está previsto tanto no CP quanto no CPM (o
meio das regras contidas no CPM (e em relação ao bem jurídico atingido pela
conduta).
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Durante nosso estudo, você já aprendeu que o crime militar, em geral, não é
nas no CPM, pode também ser praticado por um indivíduo que não tem a condição
de militar!
Pouca gente sabe, mas o convocado a se apresentar para incorporação que dei-
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Vamos praticar?
são crimes militares próprios, ou seja, não são perpetrados por civis.
Errado.
Veja como fica fácil depois que estudamos apresentando alguns exemplos. Você
acabou de ver um delito que é propriamente militar e que é praticado por CIVIL!
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Errado.
Opa examinador... você disse FURTO? Não precisamos nem ler o restante da
afirma a assertiva!
petência da Justiça Militar (tanto dos estados quanto da União), para que possa-
mos enfim passar ao conteúdo MAIS IMPORTANTE da aula de hoje: o art. 9º do CPM.
Como você já sabe, é o Código Penal Militar o diploma legal responsável por de-
finir as condições que irão ensejar a atuação da justiça castrense (justiça militar).
Por esse motivo, quando houver dúvidas se um crime foi militar ou comum, é o
Mas antes de adentrar o art. 9º do CPM, que trata dos crimes militares em
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da reforma – termos que utilizaremos bastante daqui para frente. Mas antes que
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Por força dessa previsão constitucional é que temos as seguintes regras que
• Por outro lado, a Justiça Militar da UNIÃO pode julgar tanto militares
quanto civis, pois a CF/1988 não restringiu sua competência da mesma for-
Muitas questões vão tentar te induzir em erro, dizendo que há previsão de in-
frações disciplinares no CPM. Isso não é verdade. Veja que a CF/1988 dispõe que a
Justiça Militar Estadual tem competência para julgar “as ações judiciais contra atos
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Em outras palavras, a JME tem competência para julgar uma ação judicial inten-
tada por um militar CONTRA uma punição disciplinar que este considera ter sofrido
Art. 9º do CPM
Você já sabe que a diferença entre um crime militar e um crime comum está no
bem jurídico atingido pela conduta. A questão que resta é a seguinte: Como dizer
E a resposta está no CPM, em seu art. 9º, o qual apresenta as situações em que
tra, de forma direta, que uma determinada situação irá ensejar a responsabilização
do autor por crime militar, perante a Justiça Militar, por ter atingido um bem jurídico
inerentemente castrense.
Você verá que, uma vez que você trabalhe alguns exemplos práticos, o CPM fica
mais fácil de entender. Dessa forma, as confusões entre Direito Penal e Penal Militar
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Inciso I
Veja que isso você já sabia, só com base na nossa aula (sem sequer ler o CPM).
Vejamos um exemplo:
visto no CPM, muito embora tal delito não se encontre previsto na lei penal comum.
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II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando prati-
cados: (Redação dada pela Lei n. 13.491, de 2017)
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situ-
ação ou assemelhado;
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Veja que a situação acima seria um crime comum (de lesões corporais ou vias
de fato) se não envolvesse dois militares da ativa. Por força do CPM, no entanto,
quando um militar da ativa pratica um delito contra outro militar da ativa (mesmo
Esse exemplo é muito bom, pois nos permite verificar o seguinte: Porque uma
Pense de uma maneira prática: não “pega bem” para o Exército e para a Aero-
náutica ter dois de seus membros da ativa brigando, bêbados, em um bar. Por esse
a Justiça Militar.
Há mais em jogo do que a mera integridade física de ambos: outros bens jurí-
Simples assim!
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Nessa situação, veja que o local foi fundamental para a configuração da ofen-
sa aos bens jurídicos militares. Se Sargento Jack ainda estivesse na ativa, o crime
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Mais uma vez, veja que a competência da Justiça Castrense é atraída pelas cir-
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No exemplo acima, temos o que seria um crime de dano, mas que, como foi
praticado por militar da ativa e contra patrimônio sob administração militar, acaba
configurando o crime militar da mesma espécie – cuja apuração fica sob compe-
Inciso III
III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I,
como os do inciso II, nos seguintes casos [...]
O inciso III nos apresenta outras situações em que militares da reserva, re-
formado ou civil podem praticar crimes militares, uma vez que irão praticar sua
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Cuidado! Note que não basta que a prática do delito seja contra as instituições mi-
estar presentes!
da reserva e reforma, bem como aos civis. Caso tais indivíduos pratiquem um de-
Por exemplo:
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Sobre esse ponto, cabe fazer uma orientação que sempre tenho feito em mi-
nhas aulas. Pensando com base no que estudamos até agora, faça a análise da
situação abaixo:
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Na imagem, temos uma viatura da PM-SP, alvo de ataques (dano) por parte de
(Não fique triste se você errar, essa é uma pergunta difícil). A resposta é NÃO!
aula, a Justiça Militar Estadual não tem competência para julgar civis!
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Por isso, em uma situação como essa, se os autores são presos, devem ser con-
duzidos a uma delegacia da polícia civil, para que sejam tomadas as providências
de acordo com o Código Penal Comum – mesmo que um bem jurídico militar tenha
bora o art. 299 do CPM apresente o chamado Desacato a Militar, o civil irá prati-
car o delito de DESACATO previsto no CP, pois a Justiça Militar Estadual não possui
aplicar a previsão do COM, pois a Justiça Militar da União possui competência para
julgar civis.
do delito!
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Do mesmo modo, é também crime militar praticável por militar da reserva, re-
Lembre-se que se o autor for civil, o militar deverá ser da União, por
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da
ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele
fim, ou em obediência a determinação legal superior.
Por fim, temos ainda o crime militar praticado por militar da reserva, reformado
ou civil, ainda que fora de lugar sujeito à administração militar, contra militar
ordem pública.
Os alunos que estudam a mais tempo podem estar estranhando uma mudança
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Em 2017, a Lei n. 13.491/2017 alterou o Código Penal Militar (e seu art. 9º), e
Ou seja, até o início de 2017, era muito mais fácil identificar um crime militar,
pois só seria possível sua configuração se esse delito estivesse previsto no Código
Penal Militar.
Desse modo, um delito que estava previsto apenas em uma lei especial, ou ape-
sem dúvidas, começará a ser cobrado. O problema é que ainda não há muita dou-
podiam ser considerados como crime militar, mesmo que praticados por militares
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art. 9º do CPM e de uma lei penal específica, novos crimes de natureza militar aca-
bem se configurando.
Veja que a Súmula n. 172 do STJ vai de encontro à nova redação do CPM, a qual
permite que o CPM alcance uma conduta praticada por um militar e prevista em
em legislação penal especial, quando praticado por militar, passou a ser competên-
A verdade é que ainda não existe resposta para essa questão. Não há ainda ma-
nifestação expressa da jurisprudência ou da doutrina no sentido de que a Súmula
Resumindo:
crimes militares.
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• Existem algumas súmulas (como a n. 172 do STJ) que foram afetadas por
Esquematizando
Era crime militar apenas aquele crime previsto no Código Penal Militar.
Crimes previstos unicamente em leis externas eram sempre crimes comuns, mesmo
Dessa forma, delitos (como o de tráfico, abuso de autoridade, entre outros), quando
praticados dentro das circunstâncias narradas no art. 9º do CPM, podem vir a ser
E você aí, achando que os seus problemas já tinham acabado... Infelizmente não.
tares está em outra mudança causada no CPM pelo texto da Lei n. 13.491/2017.
Vejamos:
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da
União, se praticados no contexto[...]
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Quase todo aluno sabe que, por expressa previsão constitucional, a competên-
para julgar militares das Forças Armadas quando estes praticarem crimes dolosos
dos (de que tal norma é inconstitucional ou mesmo de que é perfeitamente válida).
A verdade é que o Supremo Tribunal Federal é o único que tem competência para
Por esse motivo, o correto é considerar que a letra da lei está valendo – e que
vida quando praticados por militares das Forças Armadas e dentro do con-
§ 2º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e come-
tidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da
Justiça Militar da União, se praticados no contexto: (Incluído pela Lei n. 13.491,
de 2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da Re-
pública ou pelo Ministro de Estado da Defesa;
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo
que não beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem
ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais:
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res das Forças Armadas que praticarem o crime de homicídio doloso contra a vida
de civil fora das circunstâncias do parágrafo 2º, aplica-se a regra do parágrafo 1º:
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
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É claro que nossos problemas não param por aí. Vamos ler o art. 82 do CPPM:
O CPPM (assim como o CPM) é um Código antigo, e, em seu texto original, prevê
que o foro militar não se aplica aos crimes dolosos contra a vida praticados
E agora?
tras palavras, esse artigo perdeu parcialmente sua validade, pois se encontra ob-
Temos que ser cautelosos em situações assim. Não temos provas anteriores so-
bre o assunto, nem jurisprudência, ou seja, quase respaldo nenhum. Minha orien-
tação é a seguinte:
que correto.
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Esse é o caminho mais seguro, e também que possibilita maior chance de su-
cesso em caso de necessidade de elaboração de recurso contra um gabarito desfa-
vorável para as questões.
Infelizmente, até que existam questões específicas sobre o tema, não há como
oferecer uma orientação mais assertiva sem ser um professor irresponsável!
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RESUMO
Crimes Militares
• Crime militar é aquela conduta que, direta ou indiretamente, ATENTA
CONTRA OS BENS E INTERESSES JURÍDICOS DAS INSTITUIÇÕES MI-
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Art. 9º CPM
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Quadro Geral
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MILITAR
CRIMES MILITARES EM ESPÉCIE
Livro Eletrônico
DIREITO PENAL MILITAR
Crimes Militares em Espécie
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SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................3
Crimes Militares em Tempos de Paz................................................................4
Aspectos Introdutórios.................................................................................4
Crimes Militares em Tempos de Paz................................................................6
Crimes Militares RECORRENTES em Provas de Concursos..................................7
Motim, Revolta, Conspiração e Aliciação para Motim e Incitamento.....................8
Violência contra Superior e Violência contra Militar em Serviço........................ 12
Despojamento Desprezível e Desrespeito a Símbolo Nacional.......................... 13
Ofensa Aviltante a Inferior.......................................................................... 17
Uso Indevido de Uniforme (e suas Variações)................................................ 18
Insubmissão e Deserção............................................................................. 20
Omissão de Eficiência da Força.................................................................... 22
Exercício de Comércio por Oficial................................................................. 24
Lesões Corporais....................................................................................... 25
Dano....................................................................................................... 27
Desacato.................................................................................................. 29
Corrupção Ativa........................................................................................ 35
Observações Finais de Estudo..................................................................... 37
Resumo.................................................................................................... 39
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Crimes Militares em Espécie
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Introdução
Nesta aula, iremos iniciar o estudo dos Crimes Militares em Espécie, mais espe-
Essa aula merece uma pequena observação inicial: estudar os crimes militares
causa um pouco de confusão, pois inúmeros dos crimes aqui previstos possuem um
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Aspectos Introdutórios
É isso mesmo. Nós temos à nossa frente 218 artigos referentes aos crimes
É claro que memorizar todos estes artigos bem como toda a jurisprudência e
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Mas o que fazer se nenhum de nós é Mike Ross, capaz de dominar tanto conte-
údo? A resposta é simples: devemos adotar alguma estratégia de estudo que nos
Comparativamente, para você ter uma ideia geral, só os crimes contra a vida
contidos no Código Penal, na mesma base de dados, possuem 384 questões ca-
Nosso objetivo e nossa proposta nesse curso de Direito Penal Militar é uma só:
levar você à sua aprovação. E, embora possamos trabalhar entregando uma leitura
MACIÇA e DENSA sobre os 218 artigos contidos no Livro I, Título I do CPM, não é
isso que faremos, pois simplesmente essa abordagem não tem eficácia!
da seguinte forma:
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Os mais importantes crimes militares, para fins de concursos públicos, sem dú-
vida são os crimes propriamente militares, aqueles que, conforme estudamos,
estão previstos apenas no CPM, não encontrando conduta similar prevista como
crime na legislação comum.
Certamente, é a esses delitos que daremos destaque em nossas aulas, sendo
cabível desde já uma observação: o mínimo que você precisa conhecer são QUAIS
SÃO os crimes militares previstos no CPM, e qual a conduta prevista no caput do
artigo. Além disso, lembre-se que, para a parcela majoritária da doutrina, apenas
o militar poderá praticar crime propriamente militar, salvo no caso do de-
lito de insubmissão.
Acredite: se você apenas conhecer os crimes e a conduta básica prevista no
caput de cada artigo, você já irá acertar a maioria das questões (como você verá
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Os delitos não estão agrupados dessa forma por acaso. Foram escolhidos os cri-
mes que apresentam similaridades que podem ser utilizadas pelo examinador para
te confundir na hora da prova – já pensando em evitar que isso aconteça com você.
Além disso, crimes militares impróprios como o de Corrupção Ativa foram in-
cluídos, pois possuem uma conduta semelhante no Código Penal Comum, ao passo
que apresentam uma ou mais diferenças que poderão também te confundir na hora
de responder questões.
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militar, os delitos acima merecem ser estudados em conjunto, tendo em vista seus
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A Revolta, por sua vez, nada mais é do que o Motim praticado por agentes
armados.
Lembre-se:
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Observações Importantes
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aceitável que o delito fosse praticado por civil, entretanto, este posicionamento é
minoritário.
Em hipótese alguma confunda o art. 157 com o art. 158, e note que as diferen-
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Observações Importantes
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Título em estudo).
Você deve tomar cuidado, pois o termo é símbolo NACIONAL. Dessa forma,
por conta da vedação de analogias in malam partem no Direito Penal, não estará
em estudo!
conduta contra seu próprio uniforme, haja vista a utilização do termo despojar-se
(retirar de si).
caracterizar outro tipo penal (como violência contra superior ou ofensa aviltante a
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Observações
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guintes observações:
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Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo
diferença entre o delito do art. 176 e o art. 175 (violência contra inferior).
ofendido (perceba, portanto, que a ofensa vai além da integridade física da vítima).
Exemplos Doutrinários
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Esses dois delitos são de essencial estudo pelo seguinte fato: em regra, a dou-
trina não admite que crimes propriamente militares sejam praticados por civis,
sendo a única exceção o crime de INSUBMISSÃO.
Entretanto, para parcela da doutrina, o art. 172 é considerado como crime im-
propriamente militar, embora tal delito esteja previsto apenas no CPM. E, nesse
sentido, poderia ser praticado por civil (desde que em desfavor de bens jurídicos
da Justiça Militar Federal, haja vista que a Justiça Militar da União é a única quem
possui competência para julgar civis).
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Dessa forma, enquanto o art. 171 é claramente um delito praticado apenas por
o art. 172, PARA O STM e PARCELA DA DOUTRINA, poderia ser praticado por
menda-se adotar esse entendimento. Já na regra geral, civil não poderia praticar esse
delito. Mas tenha sempre em mente que há divergência doutrinária sobre o assunto!
CABO das forças armadas utiliza uniforme de SARGENTO: incide nas penas
Quanto ao civil:
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Insubmissão e Deserção
Insubmissão
lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorpora-
ção:
Deserção
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar
Esses dois delitos são bastante interessantes, e não é à toa que foram selecio-
tária da doutrina, o único crime propriamente militar que pode ser praticado
por civil.
Afinal de contas, estamos diante do indivíduo que completou 18 anos, foi convo-
Note que o autor do delito ainda não é militar (pois o ato de incorporação
não foi completado), mas praticou crime previsto unicamente no CPM (e, portan-
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se ausenta, sem licença, por mais de oito dias, da unidade em que serve ou do
Observações
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Polícia Militar ou das Forças Armadas) em estado de eficiência, pronta para aten-
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Art. 198. Deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de
eficiência:
É a existência dessa omissão que será apurada pelo Ministério Público no caso
foi acionado, mas não atendeu adequadamente ao chamado (de modo que houve
com a conclusão do IPM é que se poderá dizer (haja vista que inúmeras situações
Repare que o sujeito ativo do delito não é algum dos membros da força que não
ração de sua força para seu efetivo emprego. Curiosamente, note que, na práti-
ca, só é possível perceber que a força não está em estado de eficiência quando ela é
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ao vedar que o Oficial possa comerciar, tendo em vista sua influência e ascendência
O sujeito ativo do delito, por óbvio, é o Oficial, seja ele federal ou dos Estados
Tornando-se sócio
Tomando parte em
Por meio da ou participando de
administração ou gerência
prática de comércio sociedade comercial,
de sociedade comercial
salvo como cotista
comercial de forma alguma, salvo como cotista e sem realizar atos de cunho admi-
nistrativo.
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Lesões Corporais
Lesão Leve
Lesão Grave
de trinta dias:
formidade duradoura:
cunstâncias evidenciarem que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco
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§ 5º No caso de lesões leves, se estas são recíprocas, não se sabendo qual dos
Lesão Levíssima
ciplinar.
Lesão Culposa
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Dano
taque, pois apresentam variações específicas da esfera MILITAR, que podem ser
Enquanto o Código Penal possui poucas variações das condutas de dano, o CPM
possui outras bem mais específicas, as quais merecem ser enumeradas abaixo:
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É muito importante que você conheça essas variações específicas (via de regra,
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Desacato
nas provas DISCURSIVAS. Isso ocorre porque suas variações são confusas, e sua
Foi exatamente o que aconteceu na prova para Oficial da Polícia Militar do Dis-
trito Federal (2017), cuja redação solicitava que o candidato identificasse se a ação
praticada por um civil caracterizava o delito de desacato a militar (art. 299, CPM).
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Note como todas as condutas têm como pressuposto básico o desacato, a ofen-
ou em razão dela.
a doutrina:
por militares;
te militar.
joritária (que via de regra é respeitada pelas decisões do STF), causando a maior
A resposta da banca foi o art. 299 (desacato a militar), e não desacato comum,
previsto no CP.
não haveria dúvidas: o delito é de desacato comum (posto que a Justiça Militar Es-
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pois o militar age como se fosse membro da segurança pública – não havendo ofen-
para julgar civis. O problema é que esse julgado deixa de lado o fato de que crimes
A minha dica, específica sobre o desacato, é que você tente responder as ques-
civis!
• se o autor for civil, e o militar for das forças armadas, para o STM, é crime
de desacato comum.
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resposta que a banca deseja ver. Em uma prova objetiva, será mais fácil. Já na
prova discursiva, raciocinar o delito dessa forma poderá fazer toda a diferença para
a sua nota!
Corrupção Ativa
O delito de corrupção ativa merece destaque unicamente por conta de uma pa-
A corrupção ativa no direito penal comum não inclui o verbo DAR em seu tipo penal!
A corrupção ativa prevista no CPM, por sua vez, apresenta essa previsão.
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É por esse motivo que, quando um funcionário público (fora do contexto militar)
Por isso, muito cuidado com essa pequena diferença entre a corrupção ativa em
ambos os códigos!
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os crimes militares em tempos de paz, bem como os delitos que mereciam maior
destaque.
Nos cabe agora fazer algumas recomendações de estudo para maximizar o nos-
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Fazendo isso (estudando nossas aulas, lendo a lei seca de forma complemen-
tar, e fazendo o acompanhamento dos julgados mais recentes do STM), você irá
maximizar as suas chances no concurso, sem perder tempo estudando aquilo que
Só para você ter uma ideia, uma das mais populares obras da doutrina sobre o
CPM tem mais de 2.000 páginas. Quão eficiente seria estudar toda essa doutrina,
Com certeza, você concorda que um estudo direcionado é muito mais efetivo.
Por fim, cabe ressaltar que, atualmente, é mais fácil estudar a jurisprudência
do STJ e do STF (tribunais que têm por hábito emitir os chamados informativos,
inferiores). Infelizmente, ainda não existem informativos do STM (os que existem
Dessa forma, o que eu recomendo que o aluno faça (e eu mesmo sempre cos-
tumo fazer quando estou estudando uma disciplina) é pesquisar e fazer a leitura
seguinte: https://www.stm.jus.br/servicos-stm/juridico/jurisprudencia-do-stm/ju-
risprudencia.
quanto aos delitos mais relevantes contidos no CPM. É muito comum que os exami-
nadores utilizem esses julgados para elaborar questões, e conhecê-los, sem dúvi-
da, irá te dar uma vantagem e também servirá como ótima base para fundamentar
E é isso!
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RESUMO
• O mínimo que você precisa conhecer são QUAIS SÃO os crimes militares
insubmissão.
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Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo
Pena – detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia militar a que não
tenha direito:
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Insubmissão e Deserção
Insubmissão
lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorpora-
ção:
Deserção
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar
Art. 198. Deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de
eficiência:
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Lesões Corporais
Dano
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Desacato
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Corrupção Ativa
• A corrupção ativa no direito penal comum não inclui o verbo DAR em seu tipo
penal! A corrupção ativa prevista no CPM, por sua vez, apresenta essa previsão.
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DIREITO PENAL
MILITAR
CONCURSO DE AGENTES NO CPM
Livro Eletrônico
DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS
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Concurso de Agentes no CPM
Prof. Douglas Vargas
SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................4
Direito Penal Militar – Concurso de Agentes.....................................................4
Teorias.......................................................................................................6
Autoria.......................................................................................................9
Autor....................................................................................................... 10
Partícipe................................................................................................... 11
Participação – Espécies.............................................................................. 13
Requisitos do Concurso de Pessoas.............................................................. 19
Autoria Colateral ou Acessória..................................................................... 20
Aspectos Complementares.......................................................................... 22
Comunicabilidade de Condições Pessoais...................................................... 23
Impunibilidade da participação.................................................................... 27
Agravação, Atenuação e Cabeças................................................................. 28
Resumo.................................................................................................... 31
Questões de concurso................................................................................ 36
Gabarito................................................................................................... 38
Gabarito Comentado.................................................................................. 39
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Concurso de Agentes no CPM
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Introdução
Parte I:
Como fizemos durante todo o nosso curso, vamos apresentar, ao final da aula,
Logo em seguida, faremos uma breve lista de exercícios com as questões exis-
tentes e atualizadas sobre o tema (as quais infelizmente são muito escassas).
De todo modo, busque seu café. Essa aula vai ser PESADA na teoria!
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TÍTULO IV
DO CONCURSO DE AGENTES
Coautoria
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este co-
minadas.
Entretanto, é claro que o concurso de agentes nem sempre será tão organizado
e romantizado como na série. Existem diversas nuances que devem ser observadas
para que possamos compreender o concurso de agentes, que vai desde o conluio
para praticar um furto simples até o planejamento para realizar um grande assalto.
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É necessário
• o concurso de agentes pode ser eventual, quando o delito poderia ter sido
praticado por um agente só, ou necessário, quando o próprio tipo penal exi-
Uma vez que já dominamos esses pontos introdutórios, podemos passar ao pró-
Teorias
maneira:
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Cada uma dessas teorias tem como objetivo distinguir as formas de responsa-
bilização dos autores que agirem em concurso. De forma bastante resumida (que
por hora é suficiente para nós), podemos definir cada uma delas nos seguintes
termos:
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tornarão mais claros. A princípio, só quero que você tome nota do seguinte.
Das teorias acima, a mais importante para nós é a Teoria Monista ou Unitária, pois
Repare bem, a teoria unitária é a regra. Dizemos isso, pois ela não é a única
e, também, não é adotada de forma absoluta. Por isso, devemos considerar que,
embora seja a regra geral, a teoria monista foi adotada pelo legislador de forma
Por exemplo:
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Tenha em mente que o que é essencial é entender que quando dois agentes,
em conluio, praticarem o mesmo delito, estamos diante da aplicação da
teoria monista. Já quando tais agentes praticarem, em um mesmo contexto, cri-
mes diferentes, estaremos diante da teoria dualista ou pluralista, a depender
do caso.
Autoria
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Você já sabe que aquele que pratica uma determinada infração penal é chamado
de autor. Quanto a isso não há segredo. A questão mesmo é entender como essa
É justamente aí que surge a importância das três figuras que iremos estudar
agora.
Com o estudo das figuras acima, poderemos dominar a maneira correta de no-
Autor
O autor, nos termos do CPM, é aquele que realiza a figura típica. Em outras
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Homicídio simples
Art. 205. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos
No delito acima, por exemplo, deverá ser considerado autor aquele que efetiva-
mente praticar o núcleo do tipo (“MATAR”). Ou seja, aquele que realiza os disparos,
que desfere as facadas ou que coloca o veneno na bebida. Quem praticar essas
Partícipe
O conceito de autor nos leva ao segundo conceito mais importante desse capí-
tulo: o de partícipe.
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aquele que contribui para a realização do delito, mas cuja ação se limite a ins-
Kate, tenente da Marinha, pretende matar seu desafeto, o coronel Jack. Com medo
de ser presa, resolve comprar uma arma de fogo com numeração suprimida.
Para isso, Kate procura Sawyer, outro tenente da Marinha, que ao saber do intento
de Kate e por também não gostar de Jack, fornece-lhe uma arma com numeração
suprimida, bem como lhe incentiva moralmente a prosseguir com o intento crimi-
noso.
De posse da arma fornecida por Sawyer, Kate segue em seu intento e desfere 6
Com o exemplo acima fica bem mais fácil entender a diferença entre o autor e
o partícipe!
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Lembre-se de que, por força da Teoria MONISTA, tantos autores quanto partícipes
irão responder pelo mesmo crime, cada qual na medida de sua culpabilidade.
Por isso, na situação acima, tanto Kate quanto Sawyer irão responder pelo cri-
me militar de homicídio (art. 205), mesmo que apenas Kate tenha, efetivamente,
regra será mais branda do que a de Kate, haja vista que sua participação
Participação – Espécies
Primeira Classificação
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Note que ambas as classificações são muito parecidas (só o que muda é a no-
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Cabe observar que esse não é um tópico tão cobrado em provas de con-
Coautoria
Obs.: coautoria nada mais é do que a autoria praticada por dois ou mais indivídu-
os!
bastante distintas em seu conteúdo (ela praticou o núcleo do tipo e ele apenas se
limitou a auxiliá-la).
do tipo penal. Quando isso acontece, não há que se falar em autoria e parti-
Exemplo
Sabendo que ele estava viajando, ambos pulam o muro de sua casa e arrombam
a porta.
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tipo penal (subtraíram coisa alheia móvel), de modo que não podemos falar em
Outras Classificações
Para finalizar este tópico, precisamos ainda apresentar dois conceitos de autoria
Veja que a autoria direta é simples. O indivíduo deseja praticar um delito, toma
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nipulando a situação para atingir seu intento. É muito importante perceber que o
terceiro não pode saber o que está fazendo, pois do contrário (agindo de forma
voluntária) estará participando do crime! E isso nos leva ao ponto chave desse tre-
cho da aula.
Esse ponto é importante, pois pode ser utilizado pelo examinador para elaborar
tico no crime, embora sem consciência do que faz. Por isso, não se deixe levar
Exemplo
Sayid, sem saber da desavença entre ambos, pede a Locke que o ajude a preparar
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Analisando apenas os fatos acima, foi Sayid que praticou o núcleo do tipo
penal (matar alguém) ao injetar o veneno nas veias do paciente. Dessa forma, se
Locke utilizou-se de Sayid como um instrumento para seu intento. Sayid de nada
sabia e, por isso, não será responsabilizado. Não há concurso de agentes nesse
caso!
erro de fato.
Obediência
Em todas as situações acima, haverá autoria mediata, de modo que não exis-
tirá o concurso de agentes. Vamos verificar alguns exemplos para facilitar o enten-
dimento.
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Obediência
requisitos. Esse ponto de nossa aula é de extrema importância, pois irá permitir a
diferenciação do concurso de pessoas com outro instituto muito cobrado pelos exa-
Mas, antes de mais nada, vamos verificar quais são os requisitos para que haja
concurso de pessoas.
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Agora que já deixamos isso bem claro, vamos explicar, com calma, o que é a
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Na situação acima, veja que a conduta de ambos tinha o mesmo objetivo: o ho-
micídio. Ambos os agentes tinham a mesma intenção e praticaram atos que tinham
nios!
O agente delitivo tem que querer trabalhar em concurso com seu comparsa,
devem desejar participar do mesmo crime (atuar de forma conjunta). O que acon-
Não havia ajuste e tampouco conhecimento dos desígnios de cada um. Dessa
Obs.: autoria colateral é aquela que ocorre quando duas ou mais pessoas, simul-
entre os agentes).
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tribuam para um mesmo delito sem ajuste prévio, mas COM unidade de de-
sígnios.
Por exemplo:
Brad decide agredir Tom, seu desafeto. Ao encontrá-lo andando pela rua, inicia as
Acontece que, naquele momento, está passando pela rua a pessoa de Will, que
também não gosta de Tom. Ao ver que Brad está agredindo seu desafeto, Will parte
Cabe informar que Wil, nunca antes havia visto Brad em sua vida. Apenas não gos-
tava de Tom.
Na situação acima, veja que Will e Brad sequer se conheciam. Não havia ajuste
prévio algum, mas ainda assim houve unidade de desígnios (ambos queriam par-
nesse caso!
Aspectos Complementares
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Com isso, todo o aspecto básico desse assunto já está apresentado, nos restan-
do apresentar alguns conceitos mais complexos, mas que não podem ser ignora-
Esse tópico é um pouco chato, porque é cheio de conceitos abstratos. Mas não
Em primeiro lugar, para bem entender esse ponto, você precisa saber o que é
uma ELEMENTAR:
Circunstâncias são outros dados relacionados ao crime, que não afetam o tipo
penal básico, mas que podem influenciar a pena cominada. Um bom exemplo está
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Agora que você sabe o que são elementares e o que são circunstâncias para fins
entender se elas possuem caráter pessoal ou não. Podemos, enfim, tratar da cha-
soas!
A regra é a seguinte:
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Confuso, certo? Calma que com os exemplos tudo vai ficar mais fácil. Imagine
a seguinte situação:
cídio privilegiado não vai se comunicar ao coautor / partícipe que não estava sob
Sabe por que essa circunstância pessoal não se comunica? Porque ela não é
uma elementar do crime (não faz parte do caput do art. 121, ou seja, não integra
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Peculato
Art. 312 – Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo,
em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Ainda nesse sentido, vejamos mais um exemplo extraído do Código Penal Co-
mum:
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:
Pena – detenção, de dois a seis anos.
também integra o tipo penal do art. 123. Dessa forma, suponha que a mãe peça
uma faca para um terceiro que está na sala, logo após o parto, e este terceiro a
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Impunibilidade da participação
Casos de impunibilidade
Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrá-
rio, não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
Aquele que atua como partícipe, por força desse artigo, somente será punível
iniciar.
Mildred decide matar Bill, seu desafeto. Jason, amigo de Mildred, atua como partíci-
Mildred, no entanto, desiste do delito – não chegando sequer a iniciar sua execu-
ção.
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tar uma faca não constitui crime autônomo, Jason não poderá ser responsabilizado
penalmente por sua conduta de partícipe do delito de homicídio, haja vista que o
Para que possamos finalizar (e exaurir!) esse tema, falta falar sobre os parágra-
fos 2º, 3º, 4º e 5º do art. 53 do CPM, os quais merecem ser lidos na íntegra. Vamos
Agravação de pena
§ 2º A pena é agravada em relação ao agente que:
I – promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agen-
tes;
II – coage outrem à execução material do crime;
III – instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não
punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV – executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
do agente será aumentada, dependendo da forma com que este decide atuar na
prática delitiva.
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Atenuação de pena
§ 3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos
importância.
partícipe pouco fez na prática do crime (trata-se de uma participação menor, pouco
relevante).
Além disso, cabe informar que a doutrina considera essa atenuante uma EXCEÇÃO
Cabeças
Cabeças
§ 4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os
que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação.
§ 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes
considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.
Por fim, o último conceito que precisamos apresentar é o de cabeça, que nada
mais é do que aquele que tem o papel de direção, provocação da ação (basica-
tivo:
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Tome nota
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RESUMO
Concurso de Agentes
É necessário
NECESSÁRIO.
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Autor
Partícipe
Espécies de Participação
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Coautoria
• Coautoria nada mais é do que a autoria praticada por dois ou mais indivíduos!
Autoria Mediata
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• Autoria colateral é aquela que ocorre quando duas ou mais pessoas, simulta-
os agentes).
Impunibilidade da Participação
• Aquele que atua como partícipe, por força do art. 54 CPM, somente será
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Agravação
Atenuante
somenos importância.
Cabeças
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QUESTÕES DE CONCURSO
qualquer modo, concorrer para o crime incidirá nas penas a este cominadas, ado-
de agentes.
coautores serão consideradas apenas nos casos em que os agentes tenham cons-
delituoso.
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dois ou mais oficiais, a pena desses oficiais deverá ser aplicada em dobro.
nor importância deve ser apenado na mesma proporção que os demais agentes
envolvidos no delito.
mente com um ou mais oficiais, estes, assim como os demais inferiores que esti-
mente com um ou mais oficiais, estes, assim como os demais inferiores que esti-
participação de oficiais em crime militar, ainda que de menor importância, para to-
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GABARITO
1. E
2. E
3. C
4. C
5. E
6. E
7. E
8. E
9. C
10. C
11. C
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GABARITO COMENTADO
Errado.
Errado.
Claro que é possível a participação nesses casos. Concurso necessário não obsta
qualquer modo, concorrer para o crime incidirá nas penas a este cominadas, ado-
Letra c.
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de agentes.
Letra c.
to do concurso de agentes!
coautores serão consideradas apenas nos casos em que os agentes tenham cons-
Letra e.
Vamos relembrar o que diz o art. 53, parágrafo 1º, CPM, em seu trecho final:
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Concurso de Agentes no CPM
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delituoso.
Letra e.
Pegadinha esperta e antiga do CESPE, mas que pode ser utilizada pelas mais diver-
sas bancas. Causa de aumento de pena é uma coisa, agravante é outra. O art. 53,
narrada na assertiva:
Art. 53, § 2º, I
§ 2º A pena é agravada em relação ao agente que:
I – promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agen-
tes;
II – coage outrem à execução material do crime;
III – instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não
punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV – executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
dois ou mais oficiais, a pena desses oficiais deverá ser aplicada em dobro.
Letra e.
Questão maldosa, mas que vale a pena ser inserida para ressaltar a importância
da leitura do texto de lei, o qual, muitas vezes, basta para a resolução de algumas
questões.
§ 5º “Quando o crime é cometido por [...] um ou mais oficiais, são estes considerados
cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.
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Note que o referido artigo não fala da aplicação da pena em dobro, e fala apenas
nor importância deve ser apenado na mesma proporção que os demais agentes
envolvidos no delito.
Letra e.
Veja, portanto, que não estamos diante da aplicação da mesma pena, mas, sim, de
mente com um ou mais oficiais, estes, assim como os demais inferiores que esti-
Letra c.
Assertiva correta!
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mente com um ou mais oficiais, estes, assim como os demais inferiores que esti-
Letra c.
Assertiva correta!
participação de oficiais em crime militar, ainda que de menor importância, para to-
Letra c.
Como você já sabe, de fato, os oficiais, em razão da posição que ocupam na hie-
de menor importância.
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AÇÃO PENAL NO CPM E EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Livro Eletrônico
DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS
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Ação Penal no CPM e Extinção da Punibilidade
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SUMÁRIO
Ação Penal Militar no CPM.............................................................................5
1.1. Art. 121...............................................................................................5
1.2. Observações Finais................................................................................6
2. Extinção da Punibilidade no COM...............................................................7
2.1. Aspectos Iniciais...................................................................................7
2.2. Extinção da Punibilidade no COM.............................................................8
2.2.1. Morte do Agente.............................................................................. 10
2.2.2. Anistia e Indulto............................................................................... 11
2.2.3. Abolitio Criminis .............................................................................. 12
2.2.4. Reabilitação..................................................................................... 12
2.2.5. Ressarcimento do Dano (Peculato Culposo).......................................... 14
2.2.6. Perdão Judicial – Receptação Culposa.................................................. 15
2.2.7. Prescrição....................................................................................... 15
Resumo.................................................................................................... 19
Questões de Concurso................................................................................ 25
Gabarito................................................................................................... 28
Gabarito Comentado.................................................................................. 29
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Ação Penal no CPM e Extinção da Punibilidade
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Introdução
Será uma aula breve, mas de suma importância para a compreensão da disci-
Ademais, cabe relembrar que, como ocorre com toda a disciplina de Direito
Penal Militar, não há tantas questões sobre o tema. Inseri questões atualizadas e
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Público, para que este possa se manifestar sobre o fato em apuração (solicitando o
e que existem indícios suficientes de autoria para que o investigado seja levado a
Na aula de hoje, portanto, resta apenas tratar dos aspectos da ação penal mili-
da ação penal militar. Por esse motivo, a doutrina nos ensina que a ação penal, na
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Dependência de requisição
Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a ação penal, quando o agente for
militar ou assemelhado, depende da requisição do Ministério Militar a que aquele estiver
subordinado; no caso do art. 141, quando o agente for civil e não houver coautor militar,
a requisição será do Ministério da Justiça.
O tema ação penal no CPM é muito breve (apenas dois artigos), haja vista que
a maior parte da normatização da ação penal está no CPPM, e não no CPM, como
já observamos.
De todo modo, cabe fazer as seguintes observações que já foram objeto de pro-
va anteriormente:
• em regra, os bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal Militar são conside-
rados indisponíveis. É por esse motivo que não há previsão de ação penal
do ofendido no COM;
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Lembre-se de que, no CPM, não há previsão de ação penal privada originária nem
de ação penal pública condicionada à representação do ofendido.
Já a ação penal privada subsidiária da pública é admitida.
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A compreensão desse tema não é tão simples, mas podemos pensar da seguinte
De todo modo, em algumas situações, pode ser que o indivíduo tenha praticado
um crime, mas que o Estado seja impedido de lhe impor a sanção penal (o Estado
não poderá mais exercer seu direito de punir), seja ainda no estágio de pretensão
Basicamente:
• alguma situação prevista na lei faz com que o Estado abra mão de seu direito
As situações em que o Estado não poderá exercer seu direito de punir devem estar
Quem já estudou Direito Penal sabe que o Código Penal comum possui seu rol
de causas extintivas da punibilidade. Nessa aula, peço que você não pense em tais
CPM, haja vista que tal Código possui seu próprio artigo tratando sobre o assunto.
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Para começar, portanto, façamos a leitura da previsão legal contida no art. 123
do CPM:
Causas extintivas
Art. 123. Extingue-se a punibilidade:
I – pela morte do agente;
II – pela anistia ou indulto;
III – pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV – pela prescrição;
V – pela reabilitação;
VI – pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, § 4º).
Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime, que é pressuposto, elemento
constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a este. Nos crimes
conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agra-
vação da pena resultante da conexão.
Além da previsão contida no art. 123, há ainda UMA previsão especial, no art.
Receptação culposa
Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela manifesta despro-
porção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se
obtida por meio criminoso:
Pena – detenção, até um ano.
Parágrafo único. Se o agente é primário e o valor da coisa não é superior a um
décimo do salário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
Por fim, cabe fazer uma observação que já foi objeto de prova: a extinção da
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2.2.1. Morte do Agente
A primeira das causas de extinção da punibilidade previstas no CPM é a morte
do agente.
Essa é a causa mais fácil de entender, haja vista o princípio de intranscendência
da pena:
CF/1988, Art. 5º, XLV – Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patri-
mônio transferido.
Dessa forma, uma vez que ocorre o falecimento do agente delitivo, cessa a
aplicabilidade do direito de punir do Estado, face à sua morte. Torna-se, é claro,
necessário comprovar a ocorrência do óbito para que se reconheça essa causa
de extinção da punibilidade.
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concedido pelo Congresso Nacional por meio de LEI (que deve ser sancionada pelo
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vistos no CPM não podem ser objeto da anistia. Tais delitos não integram o rol
taxativo da Lei n. 8.072/1990, de modo que podem ser SIM objeto de tais cau-
A abolitio criminis nada mais é do que a retroatividade de lei que não mais
civis.
2.2.4. Reabilitação
A reabilitação criminal é um benefício previsto nos Códigos Penais comum (artigo 93) e
Militar (artigo 134), aplicável a qualquer sentença definitiva e assegura ao condenado o
sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.
Na prática, ela restitui ao condenado o direito a ter sua ficha de antecedentes criminais
“apagada” após o cumprimento de sua pena.
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para sua requisição e, em caso de negativa, para que tal instituto possa ser plei-
teado novamente. Esses prazos são objeto de prova, e merecem atenção especial:
Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas impostas por sentença definitiva.
§ 1º A reabilitação poderá ser requerida decorridos cinco anos do dia em que for extin-
ta, de qualquer modo, a pena principal ou terminar a execução desta ou da medida de
segurança aplicada em substituição (art. 113), ou do dia em que terminar o prazo da
suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, desde que o condenado:
a) tenha tido domicílio no País, no prazo acima referido;
b) tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom compor-
tamento público e privado;
c) tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre absoluta impossibilidade
de o fazer até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima
ou novação da dívida.
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Ademais, cabe ressaltar os casos em que a reabilitação não poderá ser con-
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Muito cuidado, pois o Código Penal possui uma causa de extinção de punibilidade
idêntica a essa, prevista ao crime de peculato culposo comum (art. 312, § 3º, Có-
digo Penal).
dade nos casos do delito de receptação culposa. Tal previsão se dá por meio do
Receptação culposa
Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela manifesta despro-
porção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se
obtida por meio criminoso:
Pena – detenção, até um ano.
Parágrafo único. Se o agente é primário e o valor da coisa não é superior a um décimo
do salário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
2.2.7. Prescrição
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Em outras palavras: o Estado demorou demais, e não pode mais realizar a per-
vesse a prescrição, poderia ocorrer uma situação esdrúxula, como uma punição
É claro que os prazos prescricionais são variáveis, sendo que, em regra, quanto
do delito, sendo que a Constituição Federal determina que alguns delitos são im-
prescritíveis.
Este não é um tema tão recorrente em provas, de modo que não vamos fazer
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pelo juiz), há que se utilizar a pena abstrata cominada ao delito, e verificar a pres-
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diversas bancas, haja vista que estamos estudando temas pouco cobrados. É co-
Uma última recomendação, como sempre faço: leia o texto de lei diversas
vezes (arts. 121 a 135), pois nos casos em que o examinador inovar, a maior
E vamos revisar!
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RESUMO
Ação penal:
Dependência de requisição
Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a ação penal, quando o agente for
militar ou assemelhado, depende da requisição do Ministério Militar a que aquele estiver
subordinado; no caso do art. 141, quando o agente for civil e não houver coautor militar,
a requisição será do Ministério da Justiça.
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Regra geral:
• alguma situação prevista na Lei faz com que o Estado abra mão de seu di-
As situações em que o Estado não poderá exercer seu direito de punir devem estar
Causas:
Causas extintivas
Art. 123. Extingue-se a punibilidade:
I – pela morte do agente;
II – pela anistia ou indulto;
III – pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV – pela prescrição;
V – pela reabilitação;
VI – pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, § 4º).
Causa especial:
Receptação culposa
Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela manifesta despro-
porção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se
obtida por meio criminoso:
Pena – detenção, até um ano.
Parágrafo único. Se o agente é primário e o valor da coisa não é superior a um
décimo do salário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
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samente na lei.
Causas em espécie:
• morte do agente:
• anistia e indulto:
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Penais Comum (art. 93) e Militar (art. 134), aplicável a qualquer sentença
pena;
• requisitos da reabilitação:
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porção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se
obtida por meio criminoso:
Pena – detenção, até um ano.
Parágrafo único. Se o agente é primário e o valor da coisa não é superior a um
décimo do salário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
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QUESTÕES DE CONCURSO
punibilidade de um dos delitos impede que este agrave a pena resultante dos de-
no CP quanto no CPM.
por edital, não comparecendo o réu e nem constituindo advogado, ficarão sus-
prisão preventiva.
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pública.
à prática de conjunção carnal, mediante grave ameaça, e por isso tenha sido
CPM (estupro). Considere ainda que, durante o processo, tenha sido juntada
aos autos certidão de casamento do referido tenente com a vítima, fato ocor-
rido após o dia do delito. Em face dessas considerações e com base no CPM, é
correto afirmar que a ação penal militar será pública e condicionada à repre-
sentação da vítima.
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dispuser.
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GABARITO
1. E
2. E
3. C
4. E
5. E
6. E
7. C
8. E
9. E
10. E
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GABARITO COMENTADO
punibilidade de um dos delitos impede que este agrave a pena resultante dos de-
Errado.
Conforme estudamos, o art. 123, parágrafo único, do CPM, prevê que mesmo a ex-
tinção da punibilidade de tais delitos não impede o agravamento da pena nos casos
de conexão.
Errado.
Questão maldosa, que extrapola nosso estudo do Direito Penal Militar e cobra tam-
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no CP quanto no CPM.
Certo.
para o crime de peculato culposo existe tanto no CPM (art. 303, § 4º) quanto no CP
Errado.
e não 20.
por edital, não comparecendo o réu e nem constituindo advogado, ficarão sus-
prisão preventiva.
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Errado.
atual é de que não se pode aplicar a previsão do art. 366 do Código de Processo
Dessa forma, a assertiva está incorreta ao afirmar que ocorre tal suspensão de
outras causas, pela prescrição, a qual, no curso da ação penal, é interrompida pela
Errado.
Na verdade, a prática de outro crime pelo acusado não integra o rol de causas de
Certo.
Exatamente! O examinador falou muito para deixá-lo(a) inseguro, mas veja que
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viço, em área fora da administração militar, tenha constrangido uma mulher à prá-
tica de conjunção carnal, mediante grave ameaça, e por isso tenha sido preso em
flagrante e denunciado pela prática do crime previsto no art. 232 do CPM (estupro).
Considere ainda que, durante o processo, tenha sido juntada aos autos certidão de
casamento do referido tenente com a vítima, fato ocorrido após o dia do delito. Em
face dessas considerações e com base no CPM, é correto afirmar que a ação penal
Errado.
do ofendido.
contida no CPM.
Errado.
Essa foi fácil, né? Fala sério. Conforme estudamos, a regra realmente é a ação
penal pública incondicionada, mas existem sim outras modalidades de ação penal
prevista no CPM.
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DIREITO PENAL MILITAR
Ação Penal no CPM e Extinção da Punibilidade
Prof. Douglas Vargas
dispuser.
Errado.
Questão errada e duplamente errada. Em primeiro lugar, não existe ação penal
pública condicionada no âmbito do Direito Penal Militar. Além disso, não há previ-
são de ação privada no âmbito penal militar, salvo no caso de ação penal privada
subsidiária da pública.
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