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PM-BA

POLÍCIA MILITAR DA BAHIA

DIREITO PENAL MILITAR


CRIMES MILITARES EM ESPÉCIE

Pós-edital

Livro Eletrônico
DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS

Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, apro-


vado em 6º lugar no concurso realizado em
2013. Aprovado em vários concursos, como Po-
lícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agen-
te), PRF (Agente), Ministério da Integração,
Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado –
2012 e Oficial – 2017).

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DIREITO PENAL MILITAR
Crimes Militares em Espécie
Prof. Douglas Vargas

Apresentação..............................................................................................4
Crimes Militares..........................................................................................5
Aspectos Introdutórios.................................................................................5
Crimes Militares em Tempos de Paz................................................................7
Motim, Revolta, Conspiração e Aliciação para Motim e Incitamento.....................8
Violência contra Superior e Violência contra Militar em Serviço........................ 11
Despojamento Desprezível e Desrespeito a Símbolo Nacional.......................... 14
Recusa de Obediência e Publicação ou Crítica Indevida................................... 16
Ofensa Aviltante a Inferior.......................................................................... 17
Uso Indevido de Uniforme (e Suas Variações)................................................ 18
Insubmissão e Deserção............................................................................. 20
Omissão de Eficiência da Força.................................................................... 21
Exercício de Comércio por Oficial................................................................. 23
Desacato.................................................................................................. 24
Aspectos Complementares.......................................................................... 29
Coação Irresistível no Direito Penal Militar..................................................... 29
Obediência Hierárquica............................................................................... 36
Corrupção Ativa........................................................................................ 37
Observações Finais de Estudo..................................................................... 39
Resumo.................................................................................................... 41
Questões de Concurso................................................................................ 46
Gabarito................................................................................................... 48
Gabarito Comentado.................................................................................. 49

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Crimes Militares em Espécie
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Apresentação
Diga aí, querido(a) aluno(a)!

Hoje finalmente iremos estudar os Crimes Militares em Espécie cobrados em seu

edital.

Esta aula merece uma pequena observação inicial: estudar os crimes militares

causa um pouco de confusão, pois inúmeros dos crimes aqui previstos possuem um

delito paralelo na legislação comum.

Dessa forma, um dos nossos objetivos precípuos neste material é o de forne-

cer as informações estritamente necessárias para você acertar as questões sobre

o assunto, sem te confundir com os crimes contidos no Código Penal e na

legislação penal comum.

E como eu sempre digo: pegue seu café e vamos nessa!

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CRIMES MILITARES
Aspectos Introdutórios
Os crimes militares estão divididos, no Código Penal Militar, da seguinte forma:

É isso mesmo. O CPM contempla 218 artigos referentes aos crimes militares

em tempos de paz.

Em um estudo sistematizado, devemos considerar todo o contexto de cobran-

ça da nossa disciplina. Afinal de contas, não temos tempo a perder com conteúdo

pouco cobrado ou que não costuma ser aprofundado pelo examinador.

Assim, é sabido (e pouco útil) memorizar todos os artigos em conjunto com

toda a jurisprudência e doutrina a eles relacionados. Se torna uma tarefa muito

pouco produtiva, exceto para esse cara aqui:

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Mas o que fazer se nenhum de nós é Mike Ross, capaz de dominar tanto conte-

údo? A resposta é simples: devemos adotar alguma estratégia de estudo que nos

permita maximizar nossas chances de acerto, da melhor forma possível.

E o caminho está na estatística!

Se analisarmos alguns dos mais populares bancos de questões de concursos

online disponível na internet, temos a seguinte estatística básica:

Comparativamente, para você ter uma ideia geral, só os crimes contra a vida

contidos no Código Penal, na mesma base de dados, possuem 384 questões ca-

dastradas. E são apenas OITO artigos!

Nosso objetivo e nossa proposta nesse curso de Direito Penal Militar é uma só:

levar você à sua aprovação. E muito embora possamos trabalhar entregando uma

leitura doutrinária DENSA sobre os artigos previstos no seu edital, não é isso que

faremos, pois simplesmente essa abordagem não tem eficácia!

E partindo dessa premissa base, nossas aulas sobre o assunto estarão organi-

zadas da seguinte forma:

1. estudo detalhado dos crimes mais comumente cobrados em prova e re-

levantes para o seu edital;

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2. apresentação de aspectos jurisprudenciais e doutrinários relevantes sobre

o assunto;

3. esquematização das demais condutas contidas no CPM.

Com isso, maximizaremos a eficiência do nosso estudo, garantindo uma maior

chance de acerto das questões sobre o assunto sem prejudicar o seu estudo das

demais disciplinas contidas no conteúdo programático do edital.

 Obs.: Usualmente, questões sobre Crimes Militares não costumam ser objeto de

detalhamento pelos examinadores. A letra fria da lei costuma embasar a

imensa maioria das questões. Dessa forma, a orientação mais importante

da aula de hoje é simples: faça a leitura de CADA UM dos artigos pre-

vistos no seu edital.

A letra fria do CPM te permitirá acertar uma boa parte das questões (como vere-

mos em nossa lista de exercícios). A leitura do texto de lei é indispensável. E nesse

sentido, não se preocupe. Ao final da aula, compilei o texto do CPM pra vocês, num

formato resumido, para que você não tenha que perder seu tempo procurando os

crimes no edital.

Assim você poderá estudar os principais aspectos nessa apostila, e ao final, realizar

a leitura fria dos artigos, de forma esquematizada, antes de seguir para os exercícios.

Simples assim! E vamos ao trabalho!

Crimes Militares em Tempos de Paz


Os mais importantes crimes militares, para fins de concursos públicos, sem dú-

vidas são os crimes propriamente militares, aqueles que, conforme estudamos,

estão previstos apenas no CPM, não encontrando conduta similar prevista como

crime na legislação comum.

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Sem dúvidas é a esses delitos que daremos destaque em nossas aulas, sendo

cabível desde já uma observação:

 Obs.: O mínimo que você precisa conhecer são QUAIS SÃO os crimes militares

previstos no CPM (dentre os exigidos pela BANCA), e qual a conduta previs-

ta no caput do artigo.

Além disso lembre-se de que, para a parcela majoritária da doutrina, apenas o mili-

tar poderá praticar crime propriamente militar, salvo no caso do delito de insubmissão.

Reitero: fica novamente nossa recomendação básica (e chata) para que você

faça, ao menos UMA vez, a leitura dos artigos pertinentes do texto de lei.

Acredite: se você apenas conhecer os crimes e a conduta básica prevista no

caput de cada artigo você já irá acertar a imensa maioria das questões (como você

verá em nossa lista de exercícios), e terá a base necessária para responder even-

tuais questões discursivas sobre o assunto.

Mas chega de amenidades. Vamos aos crimes de destaque!

Motim, Revolta, Conspiração e Aliciação para Motim e


Incitamento

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Previstos nos Capítulos I e II dos Crimes contra a autoridade ou disciplina

militar, os delitos acima merecem ser estudados em conjunto tendo em vista seus

temas interligados por natureza.

O Motim é a reunião de militares de forma a desrespeitar a hierarquia e a disci-

plina da caserna. Perceba que a palavra-chave de todas as modalidades de motim

é a desobediência, que acaba ocorrendo, com maior ou menor gravidade.

Lembre-se de que, atualmente, não existe mais a figura do assemelhado.

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A Revolta, por sua vez, nada mais é do que o Motim praticado por agentes

armados.

A Conspiração é a reunião de militares com o objetivo de praticar o delito de

Motim ou Revolta, ambos previstos no art. 149 do CPM.

E, por fim, a Aliciação diferencia-se do Incitamento visto que incide sobre

qualquer delito previsto no Capítulo I (arts. 149 a 152), enquanto o incitamen-

to se aplica quando o autor incentiva terceiros à desobediência, indisciplina, ou à

prática de qualquer crime militar.

Lembre-se:

Observações Importantes

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Violência contra Superior e Violência contra Militar em


Serviço

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Crimes Militares em Espécie
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A violência contra superior é delito cujo sujeito ativo é o inferior hierárquico.

É interessante notar que, segundo a doutrina majoritária, o militar inativo tam-

bém poderá praticar o delito em questão.

Já a violência contra militar de serviço é delito cujo sujeito ativo é o militar

(na esfera federal ou estadual). Existe posicionamento na doutrina de que seria

aceitável que o delito fosse praticado por civil, entretanto, este posicionamento é

minoritário.

Em hipótese alguma confunda o art. 157 com o art. 158, e note que as diferen-

ças vão além da mera tipicidade do fato.

Observações Importantes

É importante ainda apresentar o conceito de superior, contido na própria nor-

ma castrense:

Conceito de superior
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual
posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.
Desrespeito a superior
Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

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Enquanto a conduta de Violência contra superior é um crime militar previsto

no Capítulo III (da violência contra superior ou militar de serviço), o delito

de Desrespeito a superior encontra-se no Capítulo IV (do desrespeito a superior

e a símbolo nacional ou farda).

Embora ambos os delitos busquem tutelar o respeito à autoridade militar, e pos-

suam o mesmo sujeito ativo (o militar inferior hierárquico ou funcional),

divergem quanto à sua conduta. Enquanto o art. 157 requer violência para sua

prática, o art. 160 se configura com o mero desrespeito (falta de consideração, de

acatamento) para com o superior.

Por exemplo, o delito do art. 160 pode se configurar quando o inferior

hierárquico produz escritos, imita, faz caricaturas, grita ou profere pala-

vras desrespeitosas contra o superior hierárquico.

Assim como ocorre com o delito de violência contra superior, o art. 160 admite

apenas a forma dolosa. Não há desrespeito culposo contra superior, mas tão somente

aquele realizado com a vontade livre e consciente de ofender o superior hierárquico.

Ademais, note que o delito do art. 160 é subsidiário, que pode vir a ser absor-

vido por outras condutas mais gravosas (como por exemplo, o delito de desacato a

superior, art. 298 do CPM), no qual o autor não apenas desrespeita, mas menos-

preza a autoridade representada por seu superior.

Lembre-se de que, para a configuração do art. 160 CPM, é necessário que o des-

respeito seja praticado diante de outro militar.

A consumação do delito ocorre quando o autor ofende a vítima. A tentativa, se-

guindo a doutrina, é de difícil configuração, porém possível.

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O crime é propriamente militar.

Por fim, cabe fazer menção ao parágrafo único, que merece ser lido:

Desrespeito a comandante, oficial general ou oficial de serviço


Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que perten-
ce o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumen-
tada da metade.

Despojamento Desprezível e Desrespeito a Símbolo Nacional

Ambos são crimes de desrespeito ao símbolo nacional e à farda (Capítulo IV do

Título em estudo).

O delito de desrespeito a símbolo nacional é simples, aplicando-se nos casos

em que o militar, diante da tropa ou em lugar sujeito à administração militar,

praticar ato que seja considerado ultraje a símbolo nacional.

Você deve tomar cuidado pois o termo é símbolo NACIONAL. Dessa forma,

por conta da vedação de analogias in malam partem no Direito Penal, não estará

configurado o delito se o símbolo ultrajado for de um Estado-Membro.

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Imagine que um militar estadual (como um Policial Militar) cuspa na bandeira

do Estado de Minas Gerais, por exemplo. Não estará configurado o delito em

estudo!

Já no caso do delito de despojamento desprezível, o militar demonstra me-

nosprezo ou vilipêndio contra seu próprio uniforme. Em outras palavras, o militar

retira seu uniforme, condecoração, insígnia ou distintivo de forma a me-

nosprezar o seu valor.

Para a doutrina majoritária, o delito só se configura quando o militar pratica a

conduta contra seu próprio uniforme, haja vista a utilização do termo despojar-se

(retirar de si).

Por isso, se a conduta do militar incide sobre o uniforme de terceiro, poderá

caracterizar outro tipo penal (como violência contra superior ou ofensa aviltante a

inferior, dependendo do caso) mas não o delito do art. 162.

Observações

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Recusa de Obediência e Publicação ou Crítica Indevida

A recusa de obediência e a publicação de crítica indevida são dois delitos

previstos no capítulo V, que trata dos delitos de insubordinação.

Usualmente, são delitos abordados em sua literalidade, cabendo fazer as se-

guintes observações:

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Ofensa Aviltante a Inferior

A ofensa aviltante a inferior merece comentários específicos pois o termo avil-

tante costuma causar um pouco de confusão – e este termo é basicamente a única

diferença entre o delito do art. 176 e o art. 175 (violência contra inferior).

Aviltante é toda ofensa humilhante, capaz de inferiorizar e atingir a honra do

ofendido (perceba, portanto, que a ofensa vai além da integridade física da vítima).

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Uso Indevido de Uniforme (e Suas Variações)

Esses dois delitos são de essencial estudo pelo seguinte fato: em regra, a dou-

trina não admite que crimes propriamente militares sejam praticados por civis,

sendo a única exceção o crime de INSUBMISSÃO.

Entretanto, para parcela da doutrina, o art. 172 é considerado como crime im-

propriamente militar, muito embora tal delito esteja previsto apenas no CPM. E nes-

se sentido, poderia ser praticado por civil (desde que em desfavor de bens jurídicos

da Justiça Militar Federal, haja vista que a Justiça Militar da União é a única quem

possui competência para julgar civis).

Logo, temos o seguinte:

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Dessa forma, enquanto o art. 171 é claramente um delito praticado apenas por

militar, que utiliza uniforme, distintivo ou insígnia de posto ou graduação superior,

o art. 172, PARA O STM e PARCELA DA DOUTRINA, poderia ser praticado por

civil que venha a utilizar uniforme militar indevidamente.

Dessa forma, se na sua prova o examinador solicitar o posicionamento do STM, re-

comenda-se adotar esse entendimento. Já na regra geral, civil não poderia praticar esse

delito. Mas tenha sempre em mente que há divergência doutrinária sobre o assunto!

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Insubmissão e Deserção

Esses dois delitos são bastante interessantes, e não é à toa que foram selecio-

nados para figurar como destaque.

Primeiramente, o delito de insubmissão é curioso, pois é, para parcela ma-

joritária da doutrina, o único crime propriamente militar que pode ser pra-

ticado por civil.

Afinal de contas, estamos diante do indivíduo que completou 18 anos, foi convo-

cado para incorporar-se às Forças Armadas, e deixou de fazê-lo (ou apresentou-se

e se ausentou antes de ser efetivamente incorporado).

Note que o autor do delito ainda não é militar (pois o ato de incorporação

não foi completado) mas praticou crime previsto unicamente no CPM (e, portan-

to, propriamente militar).

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Já o delito de deserção tem como sujeito ativo o militar, que já incorporado,

se ausenta, sem licença, por mais de oito dias, da unidade em que serve ou do

lugar em que deve permanecer.

Observações

Omissão de Eficiência da Força

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É dever do comandante manter a força militar (seja ela do Corpo de Bombeiros,

Polícia Militar ou das Forças Armadas) em estado de eficiência, pronta para aten-

der às suas responsabilidades e atribuições legais.

Se não o fizer, incorrerá no abstrato (porém necessário) delito omissivo previsto

no art. 198 do CPM:

É a existência dessa omissão que será apurada pelo Ministério Público no caso

da reportagem acima, em que o Corpo de Bombeiros do município de Castanhal

foi acionado, mas não atendeu adequadamente ao chamado (de modo que houve

necessidade de acionamento de equipes de municípios limítrofes).

Se o delito efetivamente ocorreu, ou não, só com a análise do caso concreto e

com a conclusão do IPM é que se poderá dizer (haja vista que inúmeras situações

podem justificar a falha narrada na reportagem). Mas o exemplo é excelente para

um bom entendimento da norma!

Repare que o sujeito ativo do delito não é nenhum dos membros da força que não

estava em estado de eficiência. O autor do delito é o comandante, e somente ele!

O delito admite apenas a forma dolosa.

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A consumação ocorre quando o comandante deixa de providenciar a pre-

paração de sua força para seu efetivo emprego. Curiosamente, note que na

prática só é possível perceber que a força não está em estado de eficiência quando

ela é demandada, na prática, a prestar seus serviços (ato em que o delito já con-

sumou-se há muito).

A tentativa não é admissível para a parcela majoritária da doutrina, que

classifica o delito como omissivo.

O delito é propriamente militar.

Exercício de Comércio por Oficial

Este delito é particularmente importante pois tutela o serviço militar em si,

ao vedar que o Oficial possa comerciar, tendo em vista sua influência e ascendência

sobre a tropa como um todo.

O sujeito ativo do delito, por óbvio, é o Oficial, seja ele federal ou dos Estados

(como um Capitão do Exército ou da Polícia Militar, por exemplo).

Note ainda que o delito pode ser praticado de três formas:

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Resumindo: oficial não pode praticar comércio ou fazer parte de sociedade

comercial de forma alguma, salvo como cotista e sem realizar atos de cunho ad-

ministrativo.

O delito admite apenas a forma dolosa, e se consuma quando o autor vem a

comerciar ou a tomar parte, na forma prevista no art. 204, de sociedade comercial.

Para a parcela majoritária da doutrina, o delito não admite a tentativa, e é clas-

sificado como propriamente militar.

Desacato

Os delitos relacionados ao desacato são CAMPEÕES de provas – principalmen-

te nas provas DISCURSIVAS. Isso ocorre, pois suas variações são confusas, e sua

jurisprudência também, de modo que acaba surgindo um leque enorme de opções

para elaboração de questões.

Foi exatamente o que aconteceu na prova para Oficial da Polícia Militar do Dis-

trito Federal (2017), cuja redação solicitava que o candidato identificasse se a ação

praticada por um civil caracterizava o delito de desacato a militar (art. 299, CPM).

Para tratar do assunto, no entanto, primeiro devemos conhecer os delitos rela-

cionados à conduta de DESACATO previstos tanto no CPM quanto no CP. Vejamos:

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De forma básica, a conduta de desacatar é a mesma, consistindo em ofensa a

funcionário público no exercício da função ou em razão dela. Os pontos que diferen-

ciam os delitos em estudo são quase que exclusivamente relacionados ao sujeito

ativo e passivo da infração penal. Simplificando:

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Note como todas as condutas têm como pressuposto básico o desacato, a ofen-

sa a um funcionário público (civil ou militar) no exercício de suas funções públicas

ou em razão dela.

Entretanto, é importante compreender o seguinte “dilema” que nos apresenta

a doutrina.

• A doutrina majoritária entende que crimes propriamente militares são aque-

les previstos unicamente no CPM, e só podem, em regra, ser praticados por

militares.

• A doutrina minoritária entende que outros fatores devem ser levados em

consideração para classificar o delito como propriamente ou impropria-

mente militar.

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E algumas vezes, o STM adota um posicionamento divergente da doutrina ma-

joritária (que via de regra é respeitada pelas decisões do STF) causando a maior

confusão para o aluno.

Foi o que aconteceu no caso da redação do CFOPM. O texto motivador apre-

sentava um desacato a um militar das Forças Armadas no exercício de função de

pacificação de uma favela do Rio de Janeiro. E pedia que o candidato classificasse

qual seria o crime praticado.

A resposta da banca foi o art. 299 (Desacato a militar), e não desacato comum,

previsto no CP.

Primeiramente, é salutar perceber que se o desacato fosse a um policial militar,

não haveria dúvidas: o delito é de desacato comum (posto que a Justiça Militar Es-

tadual não tem competência para julgar civis).

O problema é que o próprio STF já se posicionou dizendo que desacato a militar,

mesmo que das forças armadas, em atividade de pacificação, é desacato comum,

pois o militar age como se fosse membro da segurança pública – não havendo ofen-

sa direta aos bens jurídicos militares. O STM entende de forma contrária!

Para o STM, seguindo a posição da doutrina minoritária, o caso narrado pelo

examinador é desacato a militar, pois a Justiça Militar da União tem competência

para julgar civis. O problema é que esse julgado deixa de lado o fato de que crimes

propriamente militares estão previstos apenas no CPM, como é o caso do

art. 299 de tal diploma legal.

Mas e agora, o que você vai fazer na hora da prova?

A minha dica, específica sobre o desacato, é que você tente responder as ques-

tões da seguinte forma.

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• Quando o examinador narrar uma forma específica de desacato na esfera mi-

litar, verifique se o autor é militar. Em caso afirmativo, estaremos diante da

aplicação de um dos artigos do CPM.

• Se o autor for civil, verifique se a vítima é militar ESTADUAL. Se for militar ES-

TADUAL, o delito é o de desacato comum. Justiça Militar Estadual não julga civis!

• Se o autor for civil, e o militar for das forças armadas, para o STM é crime

militar. E, normalmente, em concursos que cobram o Direito Penal Militar,

é a posição do STM que é adotada.

• Caso o examinador apresente um desacato praticado por civil, contra militar

federal, e peça a posição do STF, a tendência será responder que o delito é

de desacato comum.

Resumindo, você deve se perguntar:

Respondendo à essas perguntas, você terá maiores chances de apresentar

a resposta que a banca deseja ver. Em uma prova objetiva, será mais fácil. Já

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na prova discursiva, raciocinar o delito dessa forma poderá fazer toda a dife-

rença para a sua nota!

Aspectos Complementares
Querido(a) aluno(a), neste momento, vamos discutir alguns aspectos comple-

mentares que costumam ser utilizados na elaboração de questões sobre os cri-

mes previstos no seu edital.

Assim, garantimos que questões com situações hipotéticas não possam nos

fazer perder pontos preciosos, haja vista que os temas abaixo, embora ineren-

tes à parte geral do CPM, são tratados pela doutrina também ao fazer a análise

dos crimes.

Coação Irresistível no Direito Penal Militar


Art. 38. Não é culpado quem comete o crime:
Coação irresistível
a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria
vontade;

Rege o CPM que não é culpado aquele que comete o crime sob coação irresistível.

Mas antes de entender adequadamente esse instituto, é necessário relembrar

os elementos que constituem o delito, para a doutrina majoritária:

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Para que você pratique um crime, portanto, deverá praticar um fato típico (um

fato descrito na norma penal como crime), de forma ilícita ou antijurídica (con-

trariando as permissões que o Direito lhe oferece) e deve ser culpável (ou seja,

submetido a um juízo de reprovabilidade da conduta.

Para entender melhor (e de forma bastante sucinta), vamos a um exemplo: o

indivíduo mata alguém.

Oras, matar alguém é uma conduta típica, pois está prevista tanto no Código

Penal (Art. 121) quanto no Código Penal Militar. De uma forma bastante básica

(pois este não é nosso tema de estudo na aula de hoje), estando presentes alguns

outros elementos, podemos dizer que há um fato típico.

Dito isso, temos que avaliar se a conduta do indivíduo foi também antijurídi-

ca, ou seja, em desacordo com o direito. Se um indivíduo matou, devemos avaliar

se ele estava amparado por alguma excludente de ilicitude, pois caso isso se con-

firme, não haverá crime, pois faltará o segundo elemento (a antijuridicidade).

Por exemplo:

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Tudo bem. Feita a análise do fato típico e antijurídico, o próximo passo é ava-

liar a culpabilidade, que nada mais é do que um juízo de reprovabilidade da

conduta do agente. Já sabemos que o autor da conduta se comportou de forma

típica e ilícita.

Mas podemos condená-lo pelo que fez?

A grande realidade é que, algumas vezes, o indivíduo irá praticar algo que em

regra seria um fato típico e ilícito, mas que devido às circunstâncias, o fez pois não

tinha outra alternativa, ou o fez de forma que não pode ser considerado culpável.

São elementos da culpabilidade:

• imputabilidade: capacidade de entender o caráter ilícito de um determina-

do fato;

• potencial consciência da ilicitude: o indivíduo deve ter a possibilidade de

entender que o fato praticado é juridicamente proibido ou ilícito;

• exigibilidade de conduta diversa: formação de juízo de reprovabilidade,

ao analisar se no contexto fático era possível exigir que a pessoa se portasse

de modo diverso do que fez.

Uma vez que o indivíduo pratica um fato típico, ilícito, é imputável, tem consci-

ência da ilicitude do que fez, em situação na qual era possível esperar que ele agis-

se de outro modo, bingo: Estamos diante de um delito devidamente configurado

(ou seja, de um fato típico, ilícito e culpável).

Pronto. Agora que relembramos isso, podemos finalmente entender o conceito de

Coação Irresistível, previsto no art. 38 do CPM. Tal instituto se divide em duas espécies:

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Esse tipo de conceito é muito abstrato, mas fica fácil de entender com exem-

plos. Vamos a eles:

Cena do filme O Legado Bourne (2012)

Quem já assistiu ao filme O Legado Bourne (e quem não assistiu, assista!)

deve se lembrar da cena em que a Dra. Marta Shearing é vítima de uma tentativa

de assassinato em sua própria casa.

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Na cena, um dos agentes governamentais tenta forçar a mão da própria Dra.

Marta, contra sua vontade, a pressionar o gatilho da arma, para fazer parecer que

sua morte foi um suicídio.

Essa cena é um excelente exemplo de coação física irresistível. Não há

conduta, pois o corpo da vítima é forçado a praticar uma ação sem vontade. Des-

sa forma, o indivíduo não pode ser responsabilizado por seus atos, que não serão

considerados típicos.

Portanto, se um indivíduo força a mão de um terceiro contra o gatilho de uma

arma, fazendo-o disparar em alguém contra a sua vontade, quem pratica o crime

é a pessoa que forçou a mão do terceiro, e não a pessoa que efetivamente

pressionou o gatilho!

Já no caso da coação moral irresistível, a vítima da coação se comporta de

forma voluntária. A coação é realizada no plano psicológico, forçando o indivíduo

a se comportar de maneira que não o faria, em razão de um mal grave que é pre-

nunciado se ele não agir de uma determinada maneira.

Nessa situação, haverá conduta (e haverá tipicidade), mas não haverá culpabi-

lidade, pois por conta da ameaça de mal injusto e grave ter forçado a vítima a se

comportar de tal maneira, sem que se possa exigir dela uma conduta diversa!

Exemplo

Um gerente de um banco tem sua filha sequestrada, e os sequestradores exigem

que este retire R$ 100.000,00 dos cofres da agência em que trabalha e entregue

em troca da liberdade de sua filha.

Na situação anterior, note que o gerente sabe que furtar R$ 100.000,00 da

instituição em que trabalha é um fato típico e ilícito.

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O gerente sem dúvidas é imputável, tem consciência da ilicitude do fato, mas o

praticará mesmo assim, pois o faz pelo bem de sua filha.

Qualquer pessoa que analisar a situação acima é capaz de notar que não há

como exigir que o gerente sacrifique a própria filha para salvaguardar o

patrimônio do banco. Não há, portanto, exigibilidade de conduta diversa,

pois qualquer um no lugar do gerente agiria da mesma forma!

Note que a conduta, no exemplo, existe! O autor pratica o fato ilícito com cons-

ciência do que está fazendo, e voluntariamente. Mas o faz pois está moralmente

obrigado a fazê-lo, por conta de um mal grave que irá acontecer caso não atenda

às exigências do coator.

Esquematizando:

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Pronto. Uma vez que entendemos os conceitos aplicáveis ao caso, precisamos

discutir as especificidades sobre a coação contidas no CPM.

Aspectos do Direito Penal Militar sobre a Coação Irresistível

Primeiramente, é importante observar que o CPM veda a invocação da coação

moral irresistível nos crimes onde há a violação do dever militar (delitos

previstos entre os artigos 187 a 204 do CPM).

Isso ocorre pois exige-se do militar, em razão da natureza de suas atividades,

maior capacidade de suportar pressões no cumprimento de seu dever. Um exemplo

clássico da doutrina está no delito de abandono de posto. Se um militar aban-

dona seu posto, nos termos do art. 195 do CPM, não poderá alegar que o fez pois

estava sob coação moral irresistível.

Isso não se aplica à coação física irresistível, que é aplicável mesmo aos crimes

onde há violação do dever militar.

É o que rege o art. 40 do CPM:

Coação física ou material


Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar
coação irresistível senão quando física ou material.

Além disso, cabe informar que caso exista coação, mas que essa coação seja

considerada resistível, o juiz poderá atenuar a pena do réu:

Atenuação de pena
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b, se era possível resistir à coação, ou se a
ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente

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exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais


do réu, pode atenuar a pena.

Obediência Hierárquica
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime:
Obediência hierárquica
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços.
§ 1º Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem.
§ 2º Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso,
ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.

Ainda no art. 38 há a previsão da obediência hierárquica como excludente de

culpabilidade, assim como ocorre com a coação moral irresistível, desde que em

matéria de serviços.

Basicamente, o autor de uma determinada conduta típica, quando subordi-

nado hierarquicamente a um indivíduo que lhe dá uma ordem DIRETA, estará

amparado pelo instituto da obediência hierárquica.

Nesse caso, só quem responderá pelo delito é o autor da ordem, e não

seu executor.

A matéria da ordem deverá versar sobre serviços, e não poderá ser MANIFES-

TAMENTE criminosa, pois do contrário, responderá também o inferior que cum-

priu a ordem ilegal.

É interessante notar que tal artigo tem por objetivo amparar o subordinado que

cumpre uma ordem não manifestamente ilegal sem questionar, haja vista que se

recusar a cumprir uma ordem legal configura o delito de insubordinação previsto

no art. 163 do CPM.

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Ademais, de forma parecida com o que ocorre com a coação resistível, se o

magistrado entender que havia dúvida sobre a legalidade da ordem, e que o subor-

dinado poderia ter percebido a ilegalidade da ordem recebida, poderá atenuar a

pena, dependendo das condições pessoais do réu:

Atenuação de pena
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b, se era possível resistir à coação, ou se a
ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente
exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais
do réu, pode atenuar a pena.

Além disso, note que o subordinado só estará amparado se atuar nos limites da

ordem recebida. Se passar dos limites de origem, não será amparado pela obedi-

ência hierárquica e responderá pelos excessos praticados, nos termos do CPM:

§ 2º Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso,


ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.

Corrupção Ativa

Outro delito que é importante tratar é o de Corrupção Ativa, crime impropria-

mente militar previsto tanto no CPM quanto no CP:

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O delito de corrupção ativa merece destaque unicamente por conta de uma pa-

lavra: o verbo dar.

A corrupção ativa no Direito penal comum não inclui o verbo DAR em seu tipo pe-

nal! A Corrupção ativa prevista no CPM, por sua vez, apresenta essa previsão.

É por esse motivo que quando um funcionário público (fora do contexto militar)

solicita vantagem indevida em razão da função, e recebe essa vantagem do

particular, ocorre o seguinte:

Dessa forma, o autor de corrupção ativa irá responder apenas se oferecer ou

prometer a vantagem indevida (de acordo com o Código Penal). Se o funcionário

público solicitar e o particular concordar, não se configura o art. 333 do CP (apenas

a corrupção passiva praticada pelo funcionário público).

Já no caso do CPM, é diferente, pois a corrupção passiva inclui o verbo dar!

Dessa forma, temos o seguinte:

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Por isso, muito cuidado com essa pequena diferença entre a corrupção ativa em

ambos os códigos!

Observações Finais de Estudo


Caro(a) aluno(a), com isso, finalizamos os comentários mais importantes sobre

os crimes militares em tempos de paz, bem como os delitos que mereciam maior

destaque e os aspectos doutrinários relacionados.

Como você percebeu, abordamos em detalhes os seguintes delitos (que são es-

tatisticamente mais cobrados em provas de concursos): 149, 149 – § único, 152,

154, 155, 157, 158, 160, 161, 162, 163, 166, 171, 172, 176, 183, 187, 198, 204,

298, 299, 300.

Vamos, agora, fazer algumas recomendações de estudo para maximizar o nosso

desempenho diante de nossa prova:

Fazendo isso (estudando nossas aulas, lendo a lei seca de forma complemen-

tar, e fazendo o acompanhamento dos julgados mais recentes do STM) você irá

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maximizar as suas chances no concurso, sem perder tempo estudando aquilo que

dificilmente será cobrado.

Só para você ter uma ideia, uma das mais populares obras da doutrina sobre o

CPM tem mais de 2000 páginas. Quão eficiente seria estudar toda essa doutrina,

para fins de prova?

Com certeza, você concorda que um estudo direcionado é muito mais efetivo.

Por fim, cabe ressaltar que atualmente é mais fácil estudar a jurisprudência

do STJ e do STF (Tribunais que tem por hábito emitir os chamados Informativos,

resumindo as decisões mais importantes e orientando os tribunais de instâncias

inferiores). Infelizmente, ainda não existem informativos do STM (os que existem

não tratam da jurisprudência de tal Corte).

Dessa forma, o que eu recomendo que o aluno faça (e eu mesmo sempre

costumo fazer quando estou estudando uma disciplina) é pesquisar e fazer a lei-

tura dos julgados mais recentes no site do Tribunal. No caso do STM, o endereço

é o seguinte:

https://www.stm.jus.br/servicos-stm/juridico/jurisprudencia-do-stm/jurisprudencia

Sempre costumo verificar quais são os julgados mais recentes, principalmente

quanto aos delitos mais relevantes contidos no CPM. É muito comum que os exami-

nadores utilizem esses julgados para elaborar questões, e conhecê-los sem dúvida

irá te dar uma vantagem e servirá como ótima base para fundamentar a sua argu-

mentação em uma eventual prova discursiva sobre o tema.

E é isso!

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RESUMO
Crimes Militares em Tempos de Paz

• O mínimo que você precisa conhecer são QUAIS SÃO os crimes militares

previstos no CPM, e qual a conduta prevista no caput do artigo. Além disso

lembre-se que, para a parcela majoritária da doutrina, apenas o militar po-

derá praticar crime propriamente militar, salvo no caso do delito de

insubmissão.

Motim, Revolta, Conspiração e Aliciação para Motim e Incitamento

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Violência contra Superior e Violência contra Militar em Serviço

Despojamento Desprezível e Desrespeito a Símbolo Nacional

• Para a doutrina majoritária, o delito só se configura quando o militar pratica

a conduta contra seu próprio uniforme, haja vista a utilização do termo des-

pojar-se (retirar de si).

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Recusa de Obediência e Publicação ou Crítica Indevida

Ofensa Aviltante a Inferior

Uso Indevido de Uniforme (e Suas Variações)

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Lesões Corporais

Desacato

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1    (2018/CESPE/STM/ANALISTA JUDICIÁRIO) Durante a formatura em de-

terminada unidade militar, na presença da tropa, um sargento desacatou o coman-

dante da subunidade a qual pertencia. Assertiva: Nessa situação, a pena prevista

para o crime de desacato a superior será agravada em razão da pessoa ofendida.

Questão 2    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) O crime de recusa de

obediência (art. 163 do CPM) é espécie do gênero insubordinação.

Questão 3    (VUNESP/TJM-SP/ESCREVENTE/ADAPTADA) Desrespeitar um su-

perior hierárquico diante de um civil caracteriza o crime militar de desrespeito a

superior.

Questão 4    (VUNESP/TJM-SP/ESCREVENTE/ADAPTADA) O despojamento, apenas

por menosprezo, de uniforme militar por parte do militar não caracteriza crime militar.

Questão 5    (VUNESP/TJM-SP/ESCREVENTE/ADAPTADA) O militar que critica pu-


blicamente em rede social na internet uma resolução do Governo pratica o crime

militar de publicação ou crítica indevida.

Questão 6    (VUNESP/TJM-SP/ESCREVENTE/ADAPTADA) O crime militar de des-

respeito a símbolo nacional se caracteriza com base no ato ultrajante praticado pelo

militar ao símbolo nacional independentemente do lugar ou diante de quem o ato

for praticado.

Questão 7    (CESPE/STM/JUIZ-AUDITOR) Para a tipificação dos crimes de violên-

cia contra superior e contra militar de serviço, exige-se a condição de militar do

sujeito ativo.

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Questão 8    (CESPE/MPE-ES/PROMOTOR) O crime de violência contra superior so-

mente se caracteriza como delito material com a efetiva lesão ao superior hierár-

quico direto do agente, tendo como bem jurídico tutelado a integridade física do

militar que exerce as funções de comando. Somente o militar em atividade poderá

ser autor desse delito.

Questão 9    (CESPE/STM/ANALISTA JUDICIÁRIO) No CPM, as circunstâncias que

atenuam a pena incluem a prática de crime sob coação a que poderia ter resistido

ou em cumprimento de ordem de autoridade superior.

Questão 10    (CESPE/MPU/ANALISTA) Considere que militares do Exército brasilei-

ro, reunidos em alojamento militar, tenham criado uma coreografia ao som de uma

versão funk do Hino Nacional, além de terem filmado a dança e divulgado o vídeo

na Internet. Nessa situação, segundo entendimento do Superior Tribunal Militar,

a conduta dos militares não constitui crime de desrespeito a símbolo nacional, de-

vendo ser tratada, na esfera disciplinar, como brincadeira desrespeitosa.

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GABARITO
1. E

2. C

3. E

4. E

5. C

6. E

7. E

8. E

9. E

10. E

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GABARITO COMENTADO
Questão 1    (2018/CESPE/STM/ANALISTA JUDICIÁRIO) Durante a formatura em

determinada unidade militar, na presença da tropa, um sargento desacatou o coman-

dante da subunidade a qual pertencia. Assertiva: Nessa situação, a pena prevista

para o crime de desacato a superior será agravada em razão da pessoa ofendida.

Errado.

Questão difícil, com uma pegadinha muito esperta baseada na letra do art. 298 do

CPM. Vejamos:

Desacato a superior
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando
deprimir-lhe a autoridade:
Pena – reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Agravação de pena
Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é oficial general ou comandante da
unidade a que pertence o agente.

A conduta praticada, portanto, não estará sujeita a agravação da pena, pois o ofen-

dido é comandante de subunidade, e não de unidade, como rege o parágrafo

único do art. 298 do CPM.

Se você errou, não fique triste. Mesmo lendo o CPM várias vezes essa é uma ques-

tão difícil de acertar!

Questão 2    (CESPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL) O crime de recusa de

obediência (art. 163 do CPM) é espécie do gênero insubordinação.

Certo.

Previsto no art. 163 do Código Penal Militar, o crime de recusa de obediência in-

tegra o Capítulo V (da insubordinação) do Título II (crimes contra a autoridade e

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disciplina militar) – de modo que é, sim, classificado um uma espécie do gênero

insubordinação.

Questão 3    (VUNESP/TJM-SP/ESCREVENTE/ADAPTADA) Desrespeitar um superior

hierárquico diante de um civil caracteriza o crime militar de desrespeito a superior.

Errado.

O crime de desrespeito a superior (art. 160) do CPM se configura quando a conduta

é realizada perante outro militar – e não perante civil – motivo pelo qual a assertiva

está incorreta.

Questão 4    (VUNESP/TJM-SP/ESCREVENTE/ADAPTADA) O despojamento, ape-

nas por menosprezo, de uniforme militar por parte do militar não caracteriza cri-

me militar.

Errado.

Muito pelo contrário, a conduta apresentada se enquadra perfeitamente na previ-

são do art. 162 do CPM:

Despojamento desprezível
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou distintivo, por
menosprezo ou vilipêndio:
Pena – detenção, de seis meses a um ano.

Questão 5    (VUNESP/TJM-SP/ESCREVENTE/ADAPTADA) O militar que critica pu-

blicamente em rede social na internet uma resolução do Governo pratica o crime

militar de publicação ou crítica indevida.

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Certo.

Exatamente! Questão que cobra a literalidade do art. 166 do CPM. Vejamos:

Publicação ou crítica indevida


Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou
criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a
qualquer resolução do Governo:
Pena – detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Questão 6    (VUNESP/TJM-SP/ESCREVENTE/ADAPTADA) O crime militar de des-

respeito a símbolo nacional se caracteriza com base no ato ultrajante praticado pelo

militar ao símbolo nacional independentemente do lugar ou diante de quem o ato

for praticado.

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Errado.

Na verdade, a configuração do delito do art. 161 do CPM depende de que o ato seja

praticado diante de tropa ou em lugar sujeito à administração militar, ao contrário

do que afirma a assertiva.

Questão 7    (CESPE/STM/JUIZ-AUDITOR) Para a tipificação dos crimes de violên-

cia contra superior e contra militar de serviço, exige-se a condição de militar do

sujeito ativo.

Errado.

Muito embora o crime de violência contra superior seja propriamente militar (exige-

-se a condição de militar e de inferior hierárquico), o crime de violência contra mi-

litar de serviço não o é – podendo ser praticado por indivíduo que não seja militar.

Por esse motivo, está incorreta a assertiva.

Questão 8    (CESPE/MPE-ES/PROMOTOR) O crime de violência contra superior so-

mente se caracteriza como delito material com a efetiva lesão ao superior hierár-

quico direto do agente, tendo como bem jurídico tutelado a integridade física do

militar que exerce as funções de comando. Somente o militar em atividade poderá

ser autor desse delito.

Errado.

Questão muito difícil, mas que também vale a pena ser analisada para que possa-

mos aprofundar um pouquinho nos nossos estudos.

Em primeiro lugar, o crime de violência contra superior se caracteriza mesmo sem

a efetiva lesão ao superior hierárquico. E isso fica claro só com a leitura do texto

legal. Vamos relembrar:

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Art. 157. Praticar violência contra superior [...]


§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do
crime contra a pessoa.

Veja que, para o legislador, se há lesão corporal, aplica-se TAMBÉM a pena do crime

contra a pessoal, de modo que fica claro sua intenção de apenar mesmo a violência

que não causa lesão, de forma separada.

Questão 9    (CESPE/STM/ANALISTA JUDICIÁRIO) No CPM, as circunstâncias que

atenuam a pena incluem a prática de crime sob coação a que poderia ter resistido

ou em cumprimento de ordem de autoridade superior.

Errado.

A questão não foi bem-feita, mas serve para revisar o que estudamos.

Na verdade, as circunstâncias que atenuam a pena são a prática de crime sob

coação a que poderia ter resistido e a obediência de ordem não manifesta-

mente ilegal, nos termos do art. 41 do CPM.

É por conta desse último trecho que a assertiva está incorreta!

Questão 10    (CESPE/MPU/ANALISTA) Considere que militares do Exército brasi-

leiro, reunidos em alojamento militar, tenham criado uma coreografia ao som de

uma versão funk do Hino Nacional, além de terem filmado a dança e divulgado o

vídeo na Internet. Nessa situação, segundo entendimento do Superior Tribunal Mi-

litar, a conduta dos militares não constitui crime de desrespeito a símbolo nacional,

devendo ser tratada, na esfera disciplinar, como brincadeira desrespeitosa.

Errado.

O examinador extraiu essa questão de um caso concreto que chegou ao STM para
julgamento, e que foi entendido como prática do art. 161 do CPM (Desrespeito a

símbolo nacional).

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Nesse sentido, a conduta de criar uma coreografia e uma versão diferente da oficial

do Hino Nacional, em conjunto com sua filmagem e posterior divulgação na internet

foi entendida como desrespeitosa.

E é aí que está o X da questão: o CPM prevê o desrespeito a símbolo nacional como

CRIME, e não como infração disciplinar, como afirma a assertiva.

Ademais, note que os demais requisitos do art. 161 estão presentes (a conduta foi

praticada por militares reunidos em alojamento militar). Há sim, portanto, a configu-

ração do crime em questão – também diferentemente do que afirmou o examinador.

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