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DIREITO PENAL

ASPECTOS INTRODUTÓRIOS, HISTÓRIA E


CRIMINOLOGIA

Livro Eletrônico
DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS

Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, apro-


vado em 6º lugar no concurso realizado em
2013. Aprovado em vários concursos, como Po-
lícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agen-
te), PRF (Agente), Ministério da Integração,
Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado –
2012 e Oficial – 2017).

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DIREITO PENAL
Aspectos Introdutórios, História e Criminologia
Prof. Douglas Vargas

Introdução.................................................................................................5
1. Aspectos Introdutórios.............................................................................6
1.1. Direito Penal e Poder Punitivo............................................................... 10
2. Ciência do Direito Penal, Criminologia e Política Criminal............................. 13
2.1. Ciência do Direito Penal....................................................................... 13
2.2. Criminologia....................................................................................... 13
2.3. Política Criminal.................................................................................. 14
2.4. Direito Penal do Autor e demais Classificações........................................ 15
3. Direito Penal do Inimigo......................................................................... 17
3.1. Conceito............................................................................................ 17
4. Garantismo Penal................................................................................... 19
5. Dinâmica Histórica da Legislação Penal Brasileira....................................... 21
5.1. Origem.............................................................................................. 21
5.2. Período Colonial.................................................................................. 22
5.3. Ordenações Afonsinas.......................................................................... 23
5.4. Ordenações Manuelinas....................................................................... 24
5.5. Código Sebastiânico............................................................................ 24
5.6. Ordenações Filipinas............................................................................ 25
5.7. Código Criminal do Império.................................................................. 26
5.8. Código da República Velha (1890)......................................................... 28
5.9. O Impacto da Legislação Extravagante................................................... 28
5.10. O Código Penal Brasileiro.................................................................... 29
5.11. Linha do Tempo................................................................................ 30

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6. Genealogia do Pensamento Penal............................................................. 30


6.1. Alguns Apontamentos.......................................................................... 30
6.2. A Vingança Penal................................................................................ 31
6.3. Da Vingança Divina............................................................................. 31
6.4. Da Vingança Privada............................................................................ 32
6.5. Vingança Pública................................................................................. 32
6.6. Evolução do Direito Penal..................................................................... 33
6.7. Grécia Antiga..................................................................................... 33
6.8. Pitágoras e Protágoras......................................................................... 33
6.9. Aristóteles.......................................................................................... 34
6.10. Roma.............................................................................................. 34
6.11. Primórdios do Direito Penal Germânico................................................. 35
6.12. Iluminismo e Idade Moderna............................................................... 35
Resumo.................................................................................................... 37
Exercícios................................................................................................. 44
Gabarito................................................................................................... 47
Gabarito Comentado.................................................................................. 48

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Introdução
Olá, querido(a) aluno(a) do Gran Cursos Online!

Sou o professor Douglas Vargas e na aula de hoje iremos estudar tópicos in-

trodutórios da disciplina Direito Penal. São tópicos um pouco pesados, de caráter

bastante teórico, mas que são muito importantes para a disciplina como um todo.

Especificamente iremos tratar sobre os seguintes tópicos:

• Aspectos introdutórios do curso;

• Direito Penal, Criminologia e Política Criminal;

• Direito Penal do Autor e do Ato;

• Direito Penal do Inimigo;

• Garantismo penal;

• História do Direito Penal no Brasil;

• Genealogia do Pensamento Penal;

• Tópicos relacionados ao Direito Penal e a Filosofia.

Desde logo é preciso esclarecer o seguinte: Os temas acima são introdutórios e

demonstram uma preocupação em não deixar brechas no conteúdo, mas não tra-

tam de assuntos recorrentes na elaboração de questões.

Por esse motivo, a presente aula irá conter uma lista de questões autorais ao

final (o que não será o padrão das demais aulas em PDF), de forma que possamos

praticar os conceitos apresentados de alguma forma.

De todo modo, não se preocupe. Nosso curso está muito bem estruturado e

você verá que, ao final das aulas, terá estudado todos os temas do edital de forma

cuidadosa e detalhada.

Um abraço e bons estudos!

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1. Aspectos Introdutórios
Prezado(a) aluno(a), para fins de nivelamento da turma, iniciaremos nossa aula

com aspectos introdutórios sobre o Direito Penal. Iremos compreender os conceitos

de Direito, Direito Público e Privado e, finalmente, o de Direito Penal, para então

iniciar a análise de tópicos mais avançados (como o Garantismo Penal e o Direito

Penal do Autor).

Nesse sentido, vamos começar com um fato sensacional publicado na internet

em 04/02/2017:

Uma das melhores tentativas de evitar a prisão já realizadas no Brasil...

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Prezado(a) concurseiro(a), você, com certeza, concorda que o indivíduo da ma-

téria subiu na árvore para evitar a prisão porque sabia que fez algo ilegal. No

caso, beber demais e dirigir.

E é perfeitamente possível que ele tenha feito isso mesmo sem nunca ter estu-

dado Direito e sem sequer conhecer o Código de Trânsito Brasileiro, certo?

E por que isso acontece?

Porque o indivíduo sabe que vive em sociedade e, que para viver dessa forma,

deve respeitar algumas regras que lhe garantem certos direitos e obrigações.

Dessa forma, ao beber demais e dirigir, mesmo o indivíduo que não conhece

bem a lei acaba tentando se evadir de sua aplicação. Se precisar, até mesmo subirá

em uma árvore e se recusará a descer, igualzinho ao rapaz aí da matéria.

E é esse cenário que nos leva ao primeiro conceito do nosso curso: o significado

de Direito, em seu sentido objetivo:

O direito objetivo é o conjunto de normas que o Estado mantém em vigor. Cons-

titui uma entidade objetiva perante os sujeitos de direitos, que se regem segun-

do ele.

Ou seja, o conjunto de normas que o Estado utiliza para reger a vida em so-

ciedade é o Direito Objetivo, que também pode ser chamado de ordenamento

jurídico.

O problema é o seguinte: existem normas demais em nosso ordenamento!

Normas sobre a relação do cidadão com o Estado, sobre contratos de aluguel e de

compra e venda, sobre casamento e divórcio, sobre direitos de imagem ou com-

pensação de cheques, e por aí vai...

Como consequência disso, o Direito acaba sendo dividido em ramos, que fa-

cilitam tanto a sua aplicação quanto o seu estudo. E os dois primeiros ramos do

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Direito Objetivo que você precisa conhecer são os seguintes: o Direito Público e

o Direito Privado.

Direito Público: é um ramo do direito composto por normas de interesse do Esta-

do, relacionadas a objetivos como a paz social, a ordem e segurança, entre outros.

O Direito Público regula as relações entre o Estado e os particulares, buscando

sempre o interesse público. Por isso, dizemos que nele a relação entre as partes é

desigual, pois, quando houver conflito de interesses, prevalecerá a chamada su-

premacia do interesse público.

Direito Privado: o Direito Privado trata das relações existentes entre os particu-

lares e que estão relacionadas às relações patrimoniais e à vida privada. A relação

entre as partes é de igualdade.

Nesse contexto, é importante que você já entenda o seguinte: o Direito Penal

é um ramo do Direito Público, pois rege um tipo de relação entre o Estado e o

indivíduo comum (chamado de particular).

Se o Estado tem o poder, em determinadas circunstâncias, de conduzir o indi-

víduo à prisão, utilizando da força se necessário for, fica clara a imposição da su-

premacia do interesse público sobre o privado. O Estado priva o indivíduo de

sua liberdade em prol de bens coletivos, como a segurança dos demais cidadãos.

Vamos em frente. Além dessa primeira divisão do Direito, temos ainda outra

forma de ramificação: por especialização. Vejamos alguns exemplos:

Direito Administrativo: ramo do Direito Público que se concentra no estudo da

Administração Pública.

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Direito Tributário: ramo do Direito Público que trata do conjunto de leis regula-

doras da arrecadação estatal.

Direito Civil: ramo do Direito Privado que trata de normas reguladoras das rela-

ções jurídicas entre as pessoas.

Perceba que essa é a forma utilizada pelas bancas na hora de elaborar o edital

com o conteúdo programático dos concursos: por especialização!

Mas você já deve estar se perguntando:

Professor, e o Direito Penal? Calma, que finalmente chegamos a ele!

O Direito Penal é um conjunto de normas jurídicas mediante o qual o Estado proíbe


determinadas condutas (ações ou omissões), sob ameaça de sanção penal (penas
e medidas de segurança). (Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo. Direito Penal
– parte geral.)

Parece complicado, mas garanto que é mais simples do que isso. Vejamos!

Você sabe que, como cidadã(o), tem muitos direitos. Tem direito ao seu patri-

mônio, à sua liberdade de ir e vir, à sua vida, entre tantos outros, certo?

Todos esses direitos têm um grau de importância. Uns são mais importantes

do que outros. Sua vida é mais importante que seus direitos de imagem, por

exemplo. E caso você tenha algum direito desrespeitado, pode pedir ao Estado que

atue em seu favor.

Além disso, é importante perceber que existem diversas formas de ter um

direito desrespeitado e que algumas delas são consideradas piores do que as

outras. Vejamos a seguinte comparação:

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Fato 1 Fato 2
Colisão acidental de veículo que causa Indivíduo furta telefone celular, no valor
prejuízo de R$ 500,00. de R$ 500,00.
Bem desrespeitado: patrimônio Bem desrespeitado: patrimônio

Caro(a) aluno(a), você concorda que ambos os fatos resultaram em um dano ao

patrimônio no mesmo valor? Com certeza, certo? Entretanto, perceba que ape-

nas a segunda conduta (o furto) pode causar a prisão do autor. Ninguém vai

preso por bater o carro acidentalmente.

Isso ocorre, pois furtar algo que pertence a um terceiro é uma conduta mais

reprovável aos olhos do nosso legislador. E embora desrespeite o mesmo bem (o

patrimônio da vítima), é uma conduta que deve sofrer uma sanção mais severa.

Como consequência disso, deve ocorrer uma divisão nas sanções (punições)

previstas pelo Estado. Como já falamos, existem alguns bens que são mais precio-

sos para o cidadão. Quanto mais precioso é o bem e quanto mais reprovável é o

ataque a ele, mais pesada pode ser a punição que o Estado irá impor.

E é aí que acaba surgindo um ramo do Direito exclusivo para a proteção dos

bens jurídicos mais importantes, contra as piores condutas que podem ser pratica-

das pelo homem. Esse Direito permite ao Estado impor as piores sanções aceitas

pela sociedade, as quais só podem ser utilizadas em último caso.

E é aqui que finalmente chegamos ao primeiro tópico do nosso edital: Direito

Penal e poder punitivo.

1.1. Direito Penal e Poder Punitivo


O Direito Penal é um conjunto de normas jurídicas mediante o qual o Estado proíbe
determinadas condutas (ações ou omissões), sob ameaça de sanção penal (penas
e medidas de segurança).

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Ou seja, o Direito Penal define o seguinte:

Perceba que vários ramos do Direito possuem o poder de impor sanções ao cida-

dão. Se você não andar na velocidade da via, o Estado pode lançar mão das normas

do Direito Administrativo para te multar. Se você não cumprir um contrato no

prazo combinado, pode sofrer uma multa ou pagar juros de mora.

Todas essas imposições são espécies de sanções. Elas diferem da sanção penal,

pois são muito mais brandas, de uma forma que são consideradas insuficientes

em determinados casos.

Nesses casos mais severos, caberá a aplicação do Direito Penal.

Para entender melhor, vejamos um outro exemplo:

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.

A vida é um bem jurídico que está entre os mais preciosos que devem ser tute-

lados (protegidos) pelo Estado, e este deve recorrer aos meios mais severos para

protegê-la!

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Nesse sentido, imagine se um indivíduo tirasse a vida de outro e sofresse apenas

uma pena de multa? Tal fato iria gerar uma enorme indignação, pois a sanção seria

branda demais quando comparada com o dano que foi causado pelo autor.

Analisando dessa forma, fica clara a necessidade de uma ferramenta mais pode-

rosa, que possa impor sanções graves e que demonstrem ao indivíduo que aquela

conduta é inaceitável aos olhos do Estado. Eis o Direito Penal.

Vamos resumir?

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2. Ciência do Direito Penal, Criminologia e Política Criminal


2.1. Ciência do Direito Penal

Conforme estudamos até o momento, o Direito Penal é um conjunto de nor-

mas que tem por objetivo cominar sanções a determinados indivíduos cujos

comportamentos humanos configuram uma determinada infração penal.

Uma vez que esse conjunto de normas existe, torna-se necessário que exista

uma ciência capaz de organizar métodos de interpretação e aplicação dessas nor-

mas jurídicas. É a essa disciplina que chamamos Ciência do Direito Penal.

Entretanto, é importante perceber que a Ciência do Direito Penal não se limita

à interpretação das normas penais, sendo também aplicável de forma mais

abrangente, para compreensão das manifestações sociais da conduta criminosa,

bem como das condições pessoais do criminoso.

Conforme nos ensina o mestre Rogério Sanches, o que temos é a existência de

um gênero de ciências penais que se preocupa com a delinquência como fato na-

tural. Esse grupo (das ciências penais) é integrado tanto pela Criminologia quanto

pela Política Criminal.

2.2. Criminologia

A criminologia é uma ciência empírica (baseada na observação) que estuda o

crime, a pessoa do criminoso, a vítima e a sociedade. Trata-se de ciência explica-

tiva, de natureza causal, a qual analisa o delito como fato, buscando suas origens

e razões de existência.

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A criminologia, por sua vez, abarca outros ramos da ciência penal, tais como

a Biologia Criminal, a Antropologia Criminal, a Psicologia e Psiquiatria Cri-

minais, bem como a Sociologia Criminal.

2.3. Política Criminal

A política criminal, por sua vez, tem por finalidade a busca de estratégias e

meios de controle social da criminalidade. É, portanto, uma ciência teleológica.

Uma das aplicações práticas da política criminal, por exemplo, é a análise do direito

vigente, sugerindo e orientando o legislador sobre mudanças às normas criminais

positivadas.

E isso conclui a parte introdutória de nossa aula.

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Temos agora a base para entrar nos demais assuntos do edital. De agora em

diante, estudaremos os seguintes tópicos:

• Direito Penal do Autor e do Ato;

• Direito Penal do Inimigo;

• Garantismo Penal;

• História do Direito Penal no Brasil;

• Genealogia do Pensamento Penal;

• Direito Penal e Filosofia.

2.4. Direito Penal do Autor e demais Classificações

Nosso edital apresenta alguns aspectos teóricos interessantes, como os concei-

tos de Direito Penal do Autor e Direito Penal do Fato (ou do ato).

Nesse sentido, iremos apresentar os conceitos de forma bastante direta e sim-

ples, sem floreios. Você verá que, apesar da nomenclatura utilizada pela banca, são

tópicos bastante simples de entender e memorizar.

2.4.1. Direito Penal do Autor

Segundo a doutrina, o Direito Penal do autor é aquele que pune o indivíduo não

pelo que fez, mas pelo seu modo de ser ou por suas características e condições

pessoais.

Veja que o conceito de Direito Penal do Autor é praticamente autoexplicativo.

O Direito Penal do Autor se baseia na criminalização e punição do indivíduo, sem

que tal punição esteja relacionada com alguma conduta ou comportamento.

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Ponto importante: ao aplicarmos o Direito Penal do Autor, estamos punindo o indi-

víduo por seu modo de ser ou por suas características pessoais. Não pelo fato

que este praticou!

2.4.2. Direito Penal do Fato

O Direito Penal do Fato é aquele no qual as leis penais se limitam a punir fatos

causados pelo homem, lesivos a bens jurídicos externos (de terceiros).

Note que a preocupação do Direito Penal do Fato é inversa à que existe no

Direito Penal do Autor: aqui são criminalizadas condutas, manifestações exte-

riores ao indivíduo que pratica o delito. Não se fala, nesse sentido, em punição à

existência, ao pensamento ou modo de ser do autor.

2.4.3. Direito Penal do Fato que Considera o Autor

Embora não tenha sido expressamente citada em nosso edital, existe uma ter-

ceira classificação bastante citada na doutrina e que consideramos de grande im-

portância para seu aprendizado: o Direito Penal do fato que considera o autor.

Essa classificação é uma corrente diferenciada, na qual predomina o Direito

Penal do Fato, mas com alguma consideração pela pessoa do autor do delito.

Alguns autores observam, de forma respeitável, que algumas leis penais no

nosso país exemplificam bem essa terceira classificação.

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No Brasil, a tipificação de condutas proibidas (como o art. 121 do Código Penal,

por exemplo) se limita a fatos, sem considerar aspectos psicológicos ou pessoais

do autor.

No entanto, é possível observar que em alguns momentos nossa legislação

penal observa características do autor, como no caso dos critérios de aplicação da

pena, que podem considerar a personalidade e os antecedentes criminais.

Essa atitude do legislador ao editar a norma penal demonstra ainda alguma preo-

cupação com as características do autor, ainda que não o faça diretamente na

tipificação das condutas criminosas.

Questão 1 (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PE) No direito penal do autor, o de-

lito é visto como um sintoma de um estado do autor, mecânica ou moralmente in-

ferior ao das pessoas consideradas normais.

Certo.

Exatamente como estudamos, o Direito Penal do Autor considera os aspectos do

indivíduo, e não a sua conduta propriamente dita.

3. Direito Penal do Inimigo


3.1. Conceito

O Direito Penal do Inimigo é um conceito cuja compreensão necessita de

uma prévia apresentação de outro conceito: o de Direito Penal de Terceira Ve-

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locidade, que é aquele no qual ocorre a relativização de garantias, regras e

critérios processuais de caráter político-criminal.

A doutrina, nesse sentido, se manifesta caracterizando o Direito Penal do Ini-

migo como Direito Penal de Terceira Velocidade.

Esse conceito (de relativização das garantias) é bastante abstrato, mas não se

preocupe, pois, com a apresentação de uma análise contextualizada do Direito Pe-

nal do Inimigo, tudo se tornará mais fácil de entender.

Ghunther Jakobs (autor do livro Direito Penal do Inimigo: noções e críticas) nos

ensina que existem duas maneiras para que o Estado proceda ante a prática de

condutas criminosas, devendo haver a classificação do delinquente (autor) em

duas categorias: delinquente-cidadão e delinquente-inimigo.

Caso o delinquente seja classificado como “cidadão”, deve o Estado sujeitar o

autor ao Direito Penal do cidadão e, mesmo que a norma penal tenha sido desres-

peitada, seu tratamento será mais brando, buscando equilibrar o dano por meio da

aplicação da pena (tratamento coativo).

Já no caso do delinquente classificado como “inimigo”, o Estado deve atuar com

o fito de impedir a destruição do ordenamento jurídico, mediante coação.

Em outras palavras, o autor deixa de ser visto como cidadão (perde sua condição

de cidadão) haja vista que não atende expectativas normativas mínimas para isso.

É como se o Estado entendesse que o autor do delito deixou de cumprir suas fun-

ções como integrante da sociedade.

Mas quais são as consequências do reconhecimento do autor como de-

linquente-inimigo e, por conseguinte, quais as características da aplicação

do Direito Penal do Inimigo?

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Predomina o entendimento doutrinário de que a aplicação do Direito Penal do

Inimigo tem como características básicas:

1. identificação do inimigo por sua periculosidade e pelo risco que este repre-

senta;

2. perda da qualidade de cidadão por parte do inimigo;

3. relativização de garantias processuais;

4. celeridade do processo visando à aplicação mais rápida da pena;

5. penas desproporcionalmente altas.

Lembre-se: o Direito Penal do Inimigo é reconhecido, por alguns doutrinadores,

como exemplo de Direito Penal de Terceira Velocidade, em razão da característica

de relativização das garantias processuais.

4. Garantismo Penal
O conceito de Garantismo Penal que utilizaremos nesta aula nos é apresentado

pelo autor Luigi Ferrajoli, em sua obra Direito e Razão:

O garantismo penal pode ser visualizado sob dois aspectos: Político e Jurídico. No âmbi-
to político, é técnica para maximização da liberdade e redução da violência. Já na esfera
jurídica, trata-se de forma de limitação do poder punitivo estatal e de garantir
os direitos fundamentais do cidadão.

Sem dúvidas o aspecto que tem mais possibilidade de ser cobrado em sua pro-

va é o aspecto jurídico, na figura da limitação do poder punitivo do Estado.

O garantismo penal visa, nesse sentido, à manutenção e ao respeito aos direitos

fundamentais do cidadão.

Alguns princípios se relacionam diretamente ao garantismo penal e aos direitos

fundamentais do cidadão, sendo dignos de leitura (ainda que de forma superficial).

São eles:

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a) princípio do contraditório (nulla porobatio sine defensione): trata da ne-

cessidade de contraditório e de defesa do acusado. Também chamado de princípio

da falsealibilidade.

b) Princípio do ônus da prova (nulla accusatio sine probatione).

c) Princípio acusatório (nullum judicium sine accusatione): também chamado

de princípio da separação entre juiz e acusação. Aquele responsável por julgar

não pode acumular também a função de acusador.

d) Princípio da jurisdicionariedade (nulla culpa sine judicio).

e) Princípio da culpabilidade (nulla actio sine culpa).

f) Princípio da materialidade (nulla injuria sine actione), segundo o qual,

para que uma conduta possa ser proibida, deve se manifestar na forma de ação ou

omissão prevista em lei.

g) Princípio da lesividade (nulla necessitas sine injuria), segundo o qual os

tipos penais não devem punir meros estados de existência, condutas sem capaci-

dade de gerar sequer risco ao bem jurídico e condutas que não excedam o âmbito

do próprio autor.

h) Princípio da necessidade (nulla lex poenalis sine necessidade), segundo

o qual a lei penal só deverá ser utilizada como meio necessário de proteger bens

jurídicos relevantes.

i) Princípio da legalidade estrita (nullum crimen sine lege).

j) Princípio da retributividade (nulla poena sine crimine), segundo o qual a

pena é consequência da prática de um delito.

Caro(a) aluno(a), aqui estamos apenas apresentando uma lista de princípios

associados, pela doutrina, ao garantismo penal. Ainda iremos tratar sobre os Prin-

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cípios do Direito Penal de forma bastante detalhada em aula separada, específica

para o assunto. Quanto a isso, não se preocupe.

E vamos em frente!

5. Dinâmica Histórica da Legislação Penal Brasileira


Querido(a) aluno(a), deste momento em diante, passaremos a tratar, simulta-

neamente, de dois tópicos do nosso edital:

• dinâmica histórica da legislação penal;

• história da programação criminalizante no Brasil.

O examinador foi maldoso ao elaborar esses itens dessa forma, deixando o as-

sunto muito aberto e tornando o estudo um pouco mais complicado de ser realizado

(haja vista que existem muitas doutrinas tratando sobre o tema).

De todo modo, iremos optar pela rota mais segura e ao mesmo tempo mais efi-

ciente, discorrendo sobre os principais pontos da evolução da Legislação Penal em

nosso país.

5.1. Origem

Em razão de sua condição original de colônia e dos desdobramentos históricos

regulares até meados de 1800, o Sistema Penal Brasileiro acaba tendo sua origem

nos moldes do Direito português.

Nesse sentido, o Direito português exerceu grande influência na formação da

legislação penal brasileira, sendo que apenas em meados de 1830 é que veio a sur-

gir o primeiro conjunto de normas sistematizadas em um único Código (na forma

como estamos habituados em tempos atuais).

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Nesse sentido (e antes mesmo de falar de história e cronologia), tome nota:

Antes do século XIX, não havia ainda a sistematização da legislação penal em um

único Código.

É claro que, até que possamos chegar a essa data, há que se compreender a

evolução do Direito Penal no Brasil, sendo que ao longo da aula faremos uma linha

do tempo que lhe permitirá entender de forma cronológica os eventos que resulta-

ram no Código Penal que temos hoje.

Comecemos, é claro, pelo período colonial.

5.2. Período Colonial

O primeiro momento jurídico-penal brasileiro no período colonial se inicia com

uma verdadeira importação do sistema jurídico português para terras brasilei-

ras. Em outras palavras, o direito penal aplicado naquele momento já estava feito

(em Portugal), sendo apenas importado e aplicado.

A esse fenômeno de transferência das previsões legais para utilização na Colô-

nia o doutrinador chama de bifurcação brasileira – a “transplantação” do orga-

nismo jurídico português para o território nacional.

O fato ocorrido no início do período colonial, na verdade, é bastante lógico: na

qualidade de colônia, era de se esperar que nosso país sofresse diversas imposi-

ções por parte de Portugal, sendo o ordenamento jurídico uma dessas imposições.

Mas, professor, na prática, qual era a lei penal aplicada à época desses fatos?

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Essa é uma excelente pergunta!

E a resposta está nas chamadas Ordenações Afonsinas.

5.3. Ordenações Afonsinas

As Ordenações Afonsinas começaram a vigorar logo após o descobrimento do

Brasil, sob a tutela de D. João I. De forma bastante resumida, trata-se de trabalho

finalizado em meados de 1446, o qual, embora aplicável, era incompleto.

As ordenações afonsinas vigoravam no início da colonização do País.

Era o mesmo regime jurídico vigente em Portugal à época.

• Ordenações Afonsinas:

− primeiro regime a vigorar no início da colonização;

− caráter religioso;

− influência do Direito romano;

− foram revogadas em 1514 pelas chamadas Ordenações Manuelinas.

Como relatamos anteriormente, as Ordenações Afonsinas eram um trabalho

considerado incompleto. Em razão dessa lacuna, D. Manoel incumbiu alguns juris-

tas de finalizar o trabalho até então apenas parcialmente concluído, o que acabou

acontecendo em 1512.

A obra foi impressa e recebeu o nome de Ordenações Manuelinas, passando

a vigorar de 1514 em diante.

É importante ressaltar que uma parcela dos historiadores entende que as Or-

denações Afonsinas acabaram não tendo aplicabilidade prática em nosso país,

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ressalvando-se apenas os trechos e as disposições que foram inseridos no

corpo das Ordenações Manuelinas.

5.4. Ordenações Manuelinas

Em 1514, as Ordenações Manuelinas revogam as Ordenações Afonsinas,

muito embora mantendo a base da legislação precursora.

As Ordenações Manuelinas não definiam tipo ou quantidade de pena – essa ativi-

dade ainda era ato discricionário do Juiz!

O entendimento que prevalece é de que as Ordenações Manuelinas, ao con-

trário das Ordenações Afonsinas, chegaram a possuir aplicabilidade no período

das chamadas capitanias hereditárias, muito embora a praxe da época fosse o

exercício da justiça por parte do donatário das capitanias.

O arbítrio do donatário, nesse sentido, acabava prevalecendo de forma prática.

Entretanto, foi somente ao tempo dos governadores-gerais que se passou a

falar em uma maior centralização do poder e na aplicação de uma justiça mais dis-

ciplinada, possibilitando trazer mais efetividade à legislação do Reino.

5.5. Código Sebastiânico

O regramento penal que sucedeu as Ordenações Manuelinas foi uma compi-

lação de D. Duarte Nunes Leão que ficou conhecida como Código de D. Sebastião

ou Código Sebastiânico. A denominação Código começa a ser utilizada, em vista

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da reunião de leis que até então estavam separadas (o que tornava difícil seu co-

nhecimento pela população).

É nesse momento que, finalmente, se pode falar nas Ordenações Filipinas,

as quais, sob a tutela de Felipe II, foram as ordenações com mais aplicação entre

as que estudamos até agora.

5.6. Ordenações Filipinas

As Ordenações Filipinas são o próximo passo da legislação penal brasileira,

substituindo a compilação de D. Duarte Nunes.

Efetivamente, a lei penal em questão estava contida em 143 títulos do Livro

V das chamadas Ordenações Filipinas, as quais foram promulgadas por Felipe

II em 1603.

O chamado Código Filipino era fundamentado em preceitos religiosos, sendo

que o Direito se confundia com moral e religião.

São características das ordenações em estudo:

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A despeito da severidade de suas previsões, as Ordenações Filipinas regeram a


esfera penal da vida brasileira por mais de dois séculos, só sendo substituídas
em meados de 1830, como veremos a seguir.

5.7. Código Criminal do Império

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Com a proclamação da independência e a promulgação da Constituição

de 1824, tornou-se necessária a elaboração de um Código Criminal que substitu-

ísse as Ordenações Filipinas.

Em 1827 dois projetos de Código Criminal foram apresentados à D. Pedro I,

sendo escolhido aquele apresentado pelo deputado Bernardo Pereira de Vas-

concelos.

O Código Criminal em questão acabou sendo sancionado por D. Pedro I em 1830.

A elaboração do Código em questão finalmente passa a fomentar um direito pe-

nal humanitário, protetivo, criando agravantes e atenuantes, bem como possi-

bilitando a individualização da pena.

Embora apresentasse nítida evolução humanitária em relação aos códigos an-

teriores, cabe ressaltar que o Código ainda previa a pena de morte (aplicável a

crimes praticados pelos escravos) e ainda misturava Direito e religião.

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5.8. Código da República Velha (1890)

Posteriormente, com o advento da República, um novo Código passa a valer – o

Código Penal de 1890, escrito por Baptista Pereira. Tal Código, muito embora te-

nha apresentado alguns avanços (os quais citaremos a seguir), foi alvo de amplas

críticas à época, haja vista o entendimento dos juristas de que o Código vigente se

distanciava muito dos critérios modernos da ciência penal.

Observando as restrições impostas pela Constituição de 1891 (cujo texto veda-

va as penas de caráter perpétuo e a pena de morte), o chamado Código Criminal

da República apresentava alguns avanços, como, por exemplo, a pena de sus-

pensão de direitos.

São características do Código Penal de 1890:

5.9. O Impacto da Legislação Extravagante

Nos anos seguintes à edição do Código Republicano, começam a surgir diversas

leis modificadoras e extravagantes de natureza penal. Com isso, nasce a necessi-

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dade de que as normas penais sejam novamente compiladas e organizadas em um

só Código.

A tarefa em questão acabou ficando sob a responsabilidade do então Desem-

bargador Vicente Piragibe, cujo trabalho resultou, em 1932, na chamada Con-

solidação das Leis Penais ou Consolidação de Piragibe, como é conhecida na

doutrina.

5.10. O Código Penal Brasileiro

Apenas em 1942, entra em vigor o Código Penal, o qual permanece como sis-

tema básico de normas penais de nosso país (vale lembrar que, embora o Código

seja de 1940, passou a valer apenas em 01/02/1942 – Art. 361/CP).

Cabe ressaltar que o Código foi reformulado pela Lei n. 7.209/1984, cujo teor

modificou diversos trechos e artigos da parte geral do Código vigente em nos-

so país.

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5.11. Linha do Tempo

6. Genealogia do Pensamento Penal


6.1. Alguns Apontamentos

Querido(a) aluno(a), no último assunto da aula de hoje, vamos falar sobre a ge-

nealogia do pensamento penal e sobre a relação entre filosofia e Direito Penal.

Mais uma vez, ressalto que tais tópicos previstos em seu edital têm baixíssimo

índice de recorrência em provas. Entretanto, não devem ser negligenciados, pois

não sabemos o tipo de surpresas que podemos esperar na hora da prova.

Ademais, gostaria de adicionar que o examinador foi um tanto quanto “maldo-

so” ao editar esses últimos tópicos. “Direito e Filosofia” é um assunto extenso,

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amplo, impossível de dominar de forma dinâmica (principalmente quando a finali-

dade do estudo é a prestação de provas de concursos públicos).

Nesse sentido, ressalto que iremos nos ater unicamente aos aspectos essenciais

do assunto.

6.2. A Vingança Penal

Em relação aos tempos primitivos, não há que se falar na existência de normas

penais sistematizadas – o homem não apresentava evolução para tanto.

Nesse sentido, o que havia era uma relação entre castigo e vingança – a pu-

nição para revidar contra o comportamento de alguém.

A doutrina chama essa fase de vingança penal, a qual se divide em três cate-

gorias: vingança divina, vingança privada e vingança pública.

6.3. Da Vingança Divina

Haja vista a falta de percepção do homem primitivo, predominavam os misticis-

mos e as crenças sobrenaturais.

Um trovão, por exemplo, não era interpretado como um fenômeno natural, mas

sim como algo provocado por uma divindade.

Com base no medo nutrido pelo homem face a tais divindades é que qualquer

membro do grupo social que descumpria regras era submetido a punições condu-

zidas pelo próprio grupo.

O objetivo primário da punição era evitar a ira das divindades sobre o grupo em

si, restringindo a pena àquele que tinha desrespeitado as normas sociais e causado

a desaprovação divina.

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6.4. Da Vingança Privada

Em um estágio mais avançado de desenvolvimento social, uma vez ocorrida

uma conduta criminosa, a reação passa a emanar da própria vítima ou de seu gru-

po social, sem relação direta com o medo ou respeito a algum tipo de divindade.

Dessa forma, era o próprio ofendido (ou seu grupo) que buscava vingança ante

o fato praticado por terceiro, o que resultava (diante da falta de regulamentação

por órgão adequado) em punições usualmente desproporcionais à ofensa pratica-

da, a qual podia inclusive passar da pessoa do delinquente e atingir outros

integrantes de sua família.

Um exemplo citado pela doutrina como materialização de certa evolução social

quanto à punição do delinquente está no Código de Hamurabi.

O Código de Hamurabi apresenta a famosa regra do talião, segundo a qual a

punição deve ser graduada para se igualar à ofensa praticada.

Assim buscava-se evitar que a punição fosse desproporcional à ofensa praticada,

ainda que o sistema vigente não fosse capaz de evitar penas cruéis e desumanas.

6.5. Vingança Pública

Posteriormente chegamos à fase da chamada vingança pública, a qual de-

monstra um quadro de evolução da sociedade e de fortalecimento do Estado. Aban-

dona-se o caráter individual da punição, passando à autoridade competente a

responsabilidade e a legitimidade de intervir nos conflitos sociais e aplicar a pena

pública.

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6.6. Evolução do Direito Penal

Deste momento em diante, passaremos a analisar de forma bastante resumida

a evolução do Direito Penal em diversos lugares do mundo (Grécia, Roma, Alema-

nha).

Tal abordagem nos permitirá tratar dos principais pontos sobre a genealogia do

Direito Penal, bem como sobre os aspectos filosóficos essenciais do assunto, da

forma mais simples possível.

6.7. Grécia Antiga

Segundo a doutrina, não existem registros que possibilitem uma análise apro-

fundada sobre a legislação penal utilizada na Grécia antiga. No entanto, diversas

passagens filosóficas permitem verificar a transição das vinganças no âmbito do

direito penal grego, apontando para a migração entre a vingança privada, a vin-

gança religiosa e finalmente a vigência de um período político de base

moral.

6.8. Pitágoras e Protágoras

Um ponto que merece destaque, nesse sentido, é a importância da lógica ma-

temática de Pitágoras para o Direito Penal. A lógica matemática, de fato, vem a

alterar as formas de punição, buscando sempre a contraposição do mal produzido

com proporcionalidade.

Ademais, baseando-se nas lições de Platão, Protágoras buscou também o

efeito intimidativo da pena, segundo o qual a pena serviria para intimidar

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tanto o autor quanto à sociedade, corrigindo seus rumos de comportamento de

uma forma geral.

6.9. Aristóteles

Aristóteles, por sua vez, enumerava como causas da delinquência as necessi-

dades econômicas, a intenção de aumento da riqueza e a avareza. Segundo

ele, a educação era a base para evitar que tais pensamentos levassem à prática

delituosa.

Ademais, cabe apontar também para o pensamento de Aristóteles de que a

sensação de impunidade também conduz a pessoa à prática criminal.

6.10. Roma

Assim como a Grécia, Roma também passou pela transição entre vingança pri-

vada, divina, até chegar à vingança pública e também, a exemplo dos Gregos,

buscava a separação entre Direito e Religião.

Roma, no entanto, apresenta algumas peculiaridades interessantes:

• divisão dos delitos em públicos (cujas condutas violam interesses coletivos)

e privados (cujas condutas violam interesses particulares);

• originariamente, o direito romano contava com uma forma peculiar que per-

mitia ao pai de família (pater famílias) ter amplos poderes sobre seus fami-

liares e escravos.

É tão somente após 80 a.C. que a estrutura da justiça romana se altera para

não admitir mais a vingança privada, embora a acusação ainda não fosse papel

do Estado.

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É só no século III d.C. que ocorre a alteração significativa na forma do Direito

Penal romano, introduzindo-se a acusação estatal como substituição da acusação

privada.

6.11. Primórdios do Direito Penal Germânico

Por fim, é necessário ainda verificar alguns aspectos sobre o Direito Penal Ger-

mânico, o qual influenciou imensamente a evolução do Direito Penal em si.

Originalmente, o Direito Penal Germânico trazia a figura da chamada Frieldlo-

sigkeit, pena extremamente singular segundo a qual o delinquente perdia seu

direito à vida caso praticasse infração que atingisse os interesses da sua

comunidade.

Com isso, numa situação concreta, o Direito Penal germânico (à época) autoriza-

va a qualquer cidadão matar aquele que praticasse infração penal desse gênero.

Ademais, caso a infração penal atingisse apenas uma pessoa ou família, existia

ainda a figura da chamada faida, a “vingança de sangue”.

Com o tempo, o Direito germânico modificou-se, com o fim da faida e um au-

mento do poder estatal, substituindo-se a vingança privada pelas condições fixadas

pelo Juiz Soberano.

6.12. Iluminismo e Idade Moderna

Por fim, precisamos fazer um breve esquema com alguns aspectos filosóficos

interessantes e que influenciaram a evolução do Direito Penal em si:

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“Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência não é um ato, é um

hábito.” (Aristóteles)

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RESUMO
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de nossa primeira aula. Mas, antes que pos-

samos nos despedir, vamos revisar os conceitos estudados com um breve resumo!

Conceitos

• Direito Objetivo: conjunto de normas jurídicas que regem a vida em socie-

dade. Constitui uma entidade objetiva frente aos sujeitos de direitos, que se

regem segundo ele.

• Direito Penal: conjunto de normas jurídicas por meio das quais o Estado

proíbe determinadas condutas e comina sanções penais.

− É um ramo do Direito Público.

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Direito Penal do Autor

• Segundo a doutrina, o Direito Penal do autor é aquele pune o indivíduo não

pelo que fez, mas pelo seu modo de ser ou por suas características e condi-

ções pessoais.

Direito Penal do Fato

• O Direito Penal do Fato é aquele no qual as leis penais se limitam a punir fatos

causados pelo homem, lesivos a bens jurídicos externos (de terceiros).

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Direito Penal do Fato que Considera o Autor

• O Direito Penal do Fato que considera o Autor é uma corrente diferenciada na

qual predomina o Direito Penal do fato, mas com alguma consideração pela

pessoa do autor do delito.

Direito Penal do Inimigo

• É aquele no qual ocorre a relativização de garantias, regras e critérios proces-

suais de caráter político-criminal.

• O Direito Penal do Inimigo é reconhecido, por alguns doutrinadores como

exemplo de Direito Penal de Terceira Velocidade, em razão da característica

de relativização das garantias processuais.

Garantismo Penal

• O garantismo penal pode ser visualizado sob dois aspectos: político e jurídico.

No âmbito político, é técnica para maximização da liberdade e redução da vio-

lência. Já na esfera jurídica, trata-se de forma de limitação do poder punitivo

estatal e de garantir os direitos fundamentais do cidadão.

Dinâmica Histórica da Legislação Penal Brasileira

• Antes do século XIX, não havia ainda a sistematização da legislação penal em

um único Código.

Período Colonial

• O primeiro momento jurídico-penal brasileiro no período colonial se inicia com

uma verdadeira importação do sistema jurídico português para terras brasi-

leiras.

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Ordenações Afonsinas

• Primeiro regime a vigorar no início da colonização.

• Caráter religioso.

• Influência do Direito romano.

• Foram revogadas em 1514 pelas chamadas Ordenações Manuelinas.

Ordenações Manuelinas

• As Ordenações Manuelinas revogam as Ordenações Afonsinas, muito embora

mantendo a base da legislação precursora.

Código Sebastiânico

• Compilação de D. Duarte Nunes Leão que ficou conhecida como Código de D.

Sebastião ou Código Sebastiânico. A denominação Código começa a ser utili-

zada, em vista da reunião de leis que até então estavam separadas.

Ordenações Filipinas

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Código Criminal do Império

Código da República Velha (1890)

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O Código Penal Brasileiro

• Apenas em 1942, entra em vigor o Código Penal, o qual permanece como

sistema básico de normas penais de nosso país.

Linha do Tempo

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Iluminismo e Idade Moderna

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EXERCÍCIOS
Questão 1 O direito público é o ramo do direito composto por normas de interesse

do Estado, relacionadas a objetivos como a paz social, a ordem e segurança, bem

como relacionadas à esfera da vida privada dos cidadãos.

Questão 2 O direito penal pode ser classificado como um conjunto de normas jurí-

dicas mediante o qual o Estado proíbe determinadas condutas (ações ou omissões),

sob ameaça de sanção penal (penas e medidas de segurança).

Questão 3 A criminologia é uma ciência empírica (baseada na observação) que

estuda o crime, a pessoa do criminoso, a vítima e a sociedade. Trata-se de ciência

explicativa, de natureza causal, a qual analisa o delito como fato, buscando suas

origens e razões de existência.

Questão 4 A política criminal, por sua vez, tem por finalidade a busca de estraté-

gias e meios de controle social da criminalidade. Assim sendo, não pode ser consi-

derada como uma ciência teleológica.

Questão 5 Segundo a doutrina, o Direito Penal do autor é aquele pune o indivíduo

não pelo que fez, mas pelo seu modo de ser ou por suas características e condições

pessoais.

Questão 6 O Direito Penal do Fato é aquele no qual as leis penais se limitam a

punir fatos causados pelo homem, lesivos a bens jurídicos externos (de terceiros).

Nessa esteira, pode ser considerado como uma vertente perfeitamente alinhada ao

Direito Penal do autor.

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Questão 7 O de Direito Penal de Terceira Velocidade, de forma geral, é aquele no

qual ocorre a relativização de garantias, regras, e critérios processuais de caráter

político criminal.

Questão 8 A aplicação do Direito Penal do Inimigo tem como características bá-

sicas, dentre outras, a identificação do inimigo por sua periculosidade e pelo risco

que este representa, a perda da qualidade de cidadão por parte do inimigo e a re-

lativização de garantias processuais.

Questão 9 O garantismo penal, no âmbito político, pode ser classificado como

uma técnica para maximização da liberdade e redução da violência.

Questão 10 Antes do século XIX já havia ainda a sistematização da legislação pe-

nal em um único Código, tradição esta que é adotada no Brasil desde os primórdios

do Brasil colônia.

Questão 11 Sobre a história do direito no Brasil, é correto afirmar que as ordena-

ções afonsinas vigoravam no início da colonização do país, sendo o mesmo regime

jurídico vigente em Portugal à época.

Questão 12 Foram as Ordenações Manuelinas que revogam as Ordenações Afonsi-

nas, sem guardar qualquer semelhança ou utilizar a base da legislação precursora.

Questão 13 No que diz respeito às Ordenações Manuelinas, merece destaque o

fato de que as referidas normas definiam com clareza as penas e os tipos penais,

já em perfeita observância ao princípio da legalidade.

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Questão 14 O regramento penal que sucedeu as Ordenações Manuelinas foi uma

compilação de D. Duarte Nunes Leão, a qual ficou conhecida como Código de D.

Sebastião ou Código Sebastiânico.

Questão 15 No que diz respeito às Ordenações Filipinas, são caraterísticas, dentre

outras, a ampla e generalizada criminalização, bem como a utilização de penas se-

veras, incluindo até mesmo a pena de morte, açoite e amputação.

Questão 16 Historicamente, o chamado Código Criminal do Império fixou a regra

geral de que nenhum crime seria punido com penas não previstas em LEI. Trata-se,

dessa forma, de uma das primeiras manifestações do princípio da legalidade penal

em nosso ordenamento jurídico.

Questão 17 O Código Penal Brasileiro foi editado e finalmente passou a viger em

1940, sem dispor de período de vacatio legis.

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GABARITO
1. E 7. C 13. E

2. C 8. C 14. C

3. C 9. C 15. E

4. E 10. E 16. C

5. C 11. C 17. E

6. E 12. E

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 O direito público é o ramo do direito composto por normas de interesse
do Estado, relacionadas a objetivos como a paz social, a ordem e segurança, bem
como relacionadas à esfera da vida privada dos cidadãos.

Errado.
A regulamentação da esfera da vida privada dos cidadãos não compõe a estrutura
do Direito Público, mas sim a seara do Direito Privado.

Questão 2 O direito penal pode ser classificado como um conjunto de normas jurí-
dicas mediante o qual o Estado proíbe determinadas condutas (ações ou omissões),
sob ameaça de sanção penal (penas e medidas de segurança).

Certo.
Exatamente. Trata-se de conceito de Direito Penal perfeitamente alinhado à doutri-
na de referência.

Questão 3 A criminologia é uma ciência empírica (baseada na observação) que


estuda o crime, a pessoa do criminoso, a vítima e a sociedade. Trata-se de ciência
explicativa, de natureza causal, a qual analisa o delito como fato, buscando suas
origens e razões de existência.

Certo.
Perfeitamente! A criminologia de fato se baseia na observação, e estuda não ape-
nas o crime (ao contrário do que muitos pensam), mas também a pessoa do crimi-
noso, a vítima, e a própria sociedade.

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Questão 4 A política criminal, por sua vez, tem por finalidade a busca de estraté-

gias e meios de controle social da criminalidade. Assim sendo, não pode ser consi-

derada como uma ciência teleológica.

Errado.

Na verdade, a política criminal pode sim ter sua natureza classificada como teleo-

lógica (que busca relacionar um fato com sua causa).

Questão 5 Segundo a doutrina, o Direito Penal do autor é aquele pune o indivíduo

não pelo que fez, mas pelo seu modo de ser ou por suas características e condições

pessoais.

Certo.

Exato. Diametralmente oposto ao direito penal do fato, o direito penal do autor

pune o indivíduo por ser quem é, e não pelo que fez, sendo arduamente combatido

pela doutrina penalista moderna.

Questão 6 O Direito Penal do Fato é aquele no qual as leis penais se limitam a

punir fatos causados pelo homem, lesivos a bens jurídicos externos (de terceiros).

Nessa esteira, pode ser considerado como uma vertente perfeitamente alinhada ao

Direito Penal do autor.

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Errado.

Na verdade, o direito penal do fato se opõe ao direito penal do autor, na medida em

que se preocupa com os fatos ilícitos, e não com a pessoa e seu estado existencial.

Questão 7 O de Direito Penal de Terceira Velocidade, de forma geral, é aquele no

qual ocorre a relativização de garantias, regras, e critérios processuais de caráter

político criminal.

Certo.

Exatamente. Tal conceito, inclusive, é comumente utilizado em correlação ao con-

ceito de direito penal do inimigo.

Questão 8 A aplicação do Direito Penal do Inimigo tem como características bá-

sicas, dentre outras, a identificação do inimigo por sua periculosidade e pelo risco

que este representa, a perda da qualidade de cidadão por parte do inimigo e a re-

lativização de garantias processuais.

Certo.

São, ainda, outras características do direito penal do inimigo a celeridade do pro-

cesso visando rápida aplicação da pena, e a utilização de penas desproporcionais.

Questão 9 O garantismo penal, no âmbito político, pode ser classificado como

uma técnica para maximização da liberdade e redução da violência.

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Certo.

De fato, o garantismo penal pode ser visualizado sob dois aspectos: Político e Ju-

rídico. No âmbito político, é técnica para maximização da liberdade e redução da

violência. Já na esfera jurídica, trata-se de forma de limitação do poder punitivo

estatal e de garantir os direitos fundamentais do cidadão.

Questão 10 Antes do século XIX já havia ainda a sistematização da legislação pe-

nal em um único Código, tradição esta que é adotada no Brasil desde os primórdios

do Brasil colônia.

Errado.

A sistematização de um Código Penal, conforme estudamos na aula de hoje, só veio

mais tarde, não havendo falar em um códex penal no Brasil antes do século XIX.

Questão 11 Sobre a história do direito no Brasil, é correto afirmar que as ordena-

ções afonsinas vigoravam no início da colonização do país, sendo o mesmo regime

jurídico vigente em Portugal à época.

Certo.

As referidas ordenações foram revogadas pelas ordenações manuelinas, as quais

vieram em seguida.

Questão 12 Foram as Ordenações Manuelinas que revogam as Ordenações Afonsi-

nas, sem guardar qualquer semelhança ou utilizar a base da legislação precursora.

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Errado.

Embora as ordenações manuelinas tenham de fato revogado as ordenações afon-

sinas, acabaram por manter a base da legislação precursora em seu novo texto, o

que torna incorreto o item em questão.

Questão 13 No que diz respeito às Ordenações Manuelinas, merece destaque o

fato de que as referidas normas definiam com clareza as penas e os tipos penais,

já em perfeita observância ao princípio da legalidade.

Errado.

Na verdade, as Ordenações Manuelinas não definiam tipo ou quantidade de pena,

atividade que ainda era ato discricionário do magistrado.

Questão 14 O regramento penal que sucedeu as Ordenações Manuelinas foi uma

compilação de D. Duarte Nunes Leão, a qual ficou conhecida como Código de D.

Sebastião ou Código Sebastiânico.

Certo.

Exatamente. Não há o que adicionar.

Questão 15 No que diz respeito às Ordenações Filipinas, são caraterísticas, dentre

outras, a ampla e generalizada criminalização, bem como a utilização de penas se-

veras, incluindo até mesmo a pena de morte, açoite e amputação.

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Errado.

Muito embora pareça assustador quando analisamos em um prisma de moderni-

dade, de fato penas cruéis como a pena de açoite e de amputação integravam as

previsões das ordenações filipinas.

Questão 16 Historicamente, o chamado Código Criminal do Império fixou a regra

geral de que nenhum crime seria punido com penas não previstas em LEI. Trata-se,

dessa forma, de uma das primeiras manifestações do princípio da legalidade penal

em nosso ordenamento jurídico.

Certo.

Isso mesmo! Segundo a doutrina, o Código Criminal do Império fixou a previsão de

penas em LEI, sendo uma das primeiras redações com referência à legalidade penal

tão discutida em tempos modernos.

Questão 17 O Código Penal Brasileiro foi editado e finalmente passou a viger em

1940, sem dispor de período de vacatio legis.

Errado.

Embora datado de 1940, o art. 361 do CP apresenta que sua vigência iniciou-se

apenas em 1942, e não em 1940, como afirma o item.

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