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DIREITO

PROCESSUAL
PENAL MILITAR
Aplicação da Lei Processual Penal Militar

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
Aplicação da Lei Processual Penal Militar

Sumário
Douglas Araújo

Introdução......................................................................................................................................... 3
Aplicação da Lei Processual Penal Militar. . ................................................................................ 4
1. Aspectos Iniciais. . ......................................................................................................................... 4
2. Regras Básicas – Art. 1º. . ............................................................................................................ 7
3. Suprimento de Casos Omissos – Art. 3º............................................................................... 10
4. Interpretação do CPPM – Art. 2º.............................................................................................12
5. Aplicação do CPPM (Arts. 4º ao 6º, CPPM)............................................................................16
5.1. Tempos de Paz e Tempos de Guerra.....................................................................................16
5.2. Art. 5º - Aplicação Intertemporal. . .......................................................................................21
6. Art. 6º - Justiça Militar Estadual............................................................................................ 22
Resumo............................................................................................................................................. 24
Questões de Concursos................................................................................................................ 33
Gabarito............................................................................................................................................ 39

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Douglas Araújo

Introdução
Saudações, querido(a) aluno(a)!
Na aula de hoje, iremos abordar o tema aplicação da lei processual penal militar.
Trata-se do primeiro capítulo do CPPM, englobando do art. 1º ao art. 6º.
Iremos utilizar uma abordagem bastante simples, voltada para a resolução de questões,
e com muitos exemplos e comparações, para que não só você domine o conteúdo progra-
mático, mas para que também seja capaz de entender as diferenças entre ambas as esferas
processual penal e processual penal militar.
Espero que gostem de nossa abordagem sobre o conteúdo. Se você já tem uma base so-
bre o assunto, ótimo. Se não é o caso, não se preocupe. Esse material também é para você!
Ressalto, por fim, que não iremos focar em questões de uma única organizadora, haja
vista que se trata de tema bastante reduzido em extensão (são apenas seis artigos do CPPM)
e em questões. Mas você verá que a prática será absolutamente importante e eficaz para a
masterização dos temas abordados.
Prof. Douglas Vargas

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APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR


1. Aspectos Iniciais

Justiça Militar da União

Antes de falar dos conceitos básicos do Direito Processual Penal Militar (DPPM) é neces-
sário responder a uma pergunta muito básica:

Como está estruturado o Direito PENAL em nossa legislação?

Só respondendo a essa questão adequadamente é que estaremos preparados para es-


tudar a disciplina em si e compreender a sua razão de ser. E nesse sentido, temos uma pre-
missa básica:
A legislação brasileira, na esfera PENAL, está dividida (de forma básica) em vários códi-
gos: O Código Penal (CP), o Código de Processo Penal (CPP), o Código Penal Militar (CPM) e
o Código de Processo Penal Militar (CPPM).

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É claro que o foco de nosso curso estará no CPPM (afinal de contas, nossa disciplina é o
Direito Processual Penal Militar), mas de todo modo é fundamental entender por qual motivo
a legislação está dividida nesses códigos.
O primeiro passo para isso é entender os conceitos de direito substantivo e direito adjetivo.

Vamos trabalhar de uma forma prática: Provavelmente você concorda que a norma mais
famosa do Direito Penal é, de longe, o art. 121 do Código Penal:

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Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.

Mas o que essa norma faz?


Ela apresenta um determinado comportamento proibido, e informa que uma pena será
aplicada caso o indivíduo o pratique. Se você matar alguém, poderá ser apenado com reclu-
são de seis a vinte anos.
É fácil notar que o art. 121 do Código Penal Brasileiro tem um caráter claramente material
ou substantivo. Afinal de contas, define uma relação concreta, focada no que fazer, e não em
como fazê-lo.
Veja que o legislador define apenas que o autor de um homicídio simples será apenado
com a reclusão de seis a vinte anos... e só!
O texto da norma não explica como se dará a aplicação da pena. Não trata de pontos im-
portantes como o processo de escolha do juiz responsável para julgar o caso, ou se compete
à justiça federal ou estadual julgar os casos de homicídio.
Isso acontece porque o Código Penal tem um caráter fundamentalmente material. Não
cabe a ele tratar de como fazer as coisas: isso é assunto de direito adjetivo!
Dessa forma, as normas formais ou adjetivas do direito penal foram separadas, e via de
regra estão concentradas em um outro Código: O CPP, sendo objeto de estudo de outra disci-
plina: O Direito Processual Penal.

Professor, mas onde entram o Código Penal Militar e o Código de Processo Penal Militar?

Excelente pergunta!
De uma forma muito, muito simplificada, podemos dizer o seguinte:
• O Direito Penal protege os bens jurídicos mais importantes para a sociedade, dos ata-
ques mais graves. Dessa forma, estão protegidos bens essenciais (como a vida, o pa-
trimônio, entre outros) dos ataques mais repulsivos (como o homicídio, o roubo, por
exemplo).
• O Direito Penal Militar protege bens jurídicos INERENTEMENTE MILITARES de ataques
graves. Estão protegidos bens essenciais (como a hierarquia, a disciplina, e as institui-
ções militares) dos ataques mais graves (como a insubmissão, o homicídio praticado
em contexto militar, entre outros).
• Para instrumentalizar e permitir a aplicação do Direito Penal, existe o Direito Processu-
al Penal.
• Para instrumentalizar e permitir a aplicação do Direito Penal Militar existe o Direito Pro-
cessual Penal Militar!

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Resumindo:

Por isso, se você quer saber se uma determinada conduta é crime militar, vai ter que recor-
rer ao Código Penal Militar, pois estaremos tratando efetivamente de Direito Penal Militar. Mas
se você quiser saber quem é o responsável por julgar um determinado crime militar, ou quais
são as regras de um inquérito policial militar, quem irá lhe socorrer é o Código de Processo
Penal Militar, e, é claro, o Direito Processual Penal Militar.
Agora sim podemos começar a falar da nossa disciplina. Em primeiro lugar, temos o se-
guinte conceito básico:

O processo penal militar é organizado pelo Decreto-Lei n. 1.002/69, o chamado Código de Proces-
so Penal Militar, que rege o procedimento criminal em tempo de paz e de guerra, salvo legislação
especial que lhe for estritamente aplicável. – Fabiano Caetano Prestes

Os ensinamentos acima não deixam dúvidas: O Direito Processual Penal tem mesmo um
caráter procedimental, instrumental. É ao estudá-lo que iremos entender como se aplica o di-
reito penal militar (material) ao caso concreto, seja em tempo de paz ou de guerra, entenden-
do quais os passos necessários para concretizar a execução do que está previsto no Código
Penal Militar e em demais leis de natureza penal.

2. Regras Básicas – Art. 1º


Fontes de Direito Judiciário Militar
Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código, assim em tempo
de paz como em tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe for estritamente aplicável.

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O Código de Processo Penal Militar inicia com a apresentação das chamadas fontes de
direito judiciário militar, previstas em seu primeiro artigo.
Já sabemos que o Código Penal Militar é a base substantiva do Direito Militar, apresentan-
do as condutas ilícitas e as penas aplicáveis a cada caso.
Por sua vez, o Código de Processo Penal Militar é a base adjetiva, preocupando-se em
apresentar os procedimentos que devem ser seguidos para a aplicação das leis penais mili-
tares (como o Código Penal Militar) ao caso concreto.
Nesse sentido, é preciso compreender o conceito de fonte, no âmbito jurídico, o qual é
muito bem explicado e apresentado pelo mestre Guilherme Nucci:

Entendida fonte como o lugar de onde algo provém, são fontes do processo penal as que criam o
direito (fontes materiais), cuja origem é a União, e excepcionalmente, o Estado-membro, bem como
as que tornam conhecido o direito (fontes formais), constituídas das leis, dos tratados e das con-
venções internacionais [...]1

Assim sendo, o que o art. 1º faz é nos apresentar quais são as fontes formais do Direito
Processual Penal Militar, ao indicar que o processo penal militar reger-se-á por este Código
(o próprio CPPM), salvo casos de legislação especial aplicável.

É importante verificar, ainda, que o CPPM faz referência às convenções e tratados interna-
cionais também como fontes idôneas, inclusive imputando a prevalência das normas interna-
cionais das quais o Brasil é signatário de forma expressa. Tome nota!
• Se houver divergência entre o CPPM e uma convenção ou tratado internacional do qual
o Brasil é signatário, prevalecem as normas INTERNACIONAIS (§1º):

Divergência de normas
§ 1º Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou tratado
de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.

1
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Militar Comentado. 2019, p. 16.

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Ademais, o CPPM prevê sua própria aplicação subsidiária a processos regulados em leis
especiais:

Aplicação subsidiária
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, as normas deste Código aos processos regulados em leis es-
peciais.

Ou seja: se uma lei especial tratar de matéria processual penal militar, de alguma forma
específica, no que tal lei não for suficiente para solucionar o caso, deve ser aplicado o CPPM
de forma complementar.

É importante, ainda, notar que existe debate na doutrina (e na jurisprudência) sobre a


aplicação das normas internacionais, no ordenamento jurídico brasileiro, caso a legislação
federal seja mais recente do que o tratado ou convenção.
No entanto, este debate é oriundo da legislação comum (não é específico sobre o CPPM),
sendo de difícil aplicabilidade em provas de concursos. O mais provável (e seguro) é que o
examinador se atenha à literalidade do CPPM na elaboração de questões sobre o assunto,
seguindo a doutrina que entende que, no âmbito do CPPM, resolve-se a divergência entre
normas processuais militares e as decorrentes de tratado ou convenção pela especialidade
– e não pela sucessividade, aplicando-se assim a prevalência das normas internacionais em
decorrência da previsão do §1º do CPPM.2

2
Op. cit, p. 20

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3. Suprimento de Casos Omissos – Art. 3º


Em alguns casos, as regras do CPPM não são suficientes para permitir uma adequada
aplicação do CPM (Código Penal Militar). E em nosso ordenamento jurídico, o juiz não tem
como opção dizer que não julgará uma determinada causa (o que a doutrina chama de non li-
quet). O juiz precisa julgar – e precisa se amparar em algum tipo de norma, caso a lei se omita
e não contenha a previsão necessária para um determinado caso concreto.
Com isso, estamos falando da possibilidade de integração do ordenamento jurídico, ou
seja, a busca de normas e soluções para casos em que não há uma norma clara sobre o que
se deve fazer diante de uma situação real.
Nesse ponto, o CPPM é um Código bastante interessante, pois diferentemente do Código
de Processo Penal comum, apresenta, expressamente, o que deve ser feito nos casos que não
encontrarem amparo em seu texto:

Suprimento dos casos omissos


Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:
a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da
índole do processo penal militar;
b) pela jurisprudência;
c) pelos usos e costumes militares;
d) pelos princípios gerais de Direito;
e) pela analogia.

Ou seja: o CPPM permite, expressamente, a utilização da legislação comum, da jurispru-


dência, dos costumes, dos princípios e da analogia para suprir casos duvidosos, em que suas
normas não são suficientes para oferecer uma resposta.
Dessa forma, se o aplicador do Direito se deparar com uma situação para a qual não há
resposta direta no Código de Processo Penal Militar, poderá recorrer à outras normas, como o
próprio Código de Processo Penal, para resolver o conflito.
Essa previsão resulta em duas consequências importantíssimas para o nosso estudo:
• Estudar Direito Processual Penal Militar é mais “rápido” pois há menos conteúdo do
que no Direito Processual Penal comum. O CPPM é mais enxuto, haja vista que inúme-
ras regras ficam sob a tutela do Direito Processual Penal (que é uma disciplina, conse-
quentemente, muito mais extensa).
• Por esse motivo, estudar Direito Processual Penal Militar requer também o estudo com-
plementar do Direito Processual Penal comum, que é muito mais completo e se aplica
de forma subsidiária, aos casos militares!

É por esse motivo que é recomendável que você estude Direito Processual Penal ANTES
ou EM CONJUNTO com o Direito Processual Penal Militar. As matérias estão diretamente re-

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lacionadas haja vista a dependência do Direito Processual Penal Militar das demais normas
gerais do Direito para a sua complementação!
Pensando nisso é que o formato de nossas aulas será um pouco mais interdisciplinar.
Muito embora esse material não seja suficiente para substituir o estudo completo do Direito
Processual Penal (que é bastante extenso), sempre que necessário faremos as devidas refe-
rências e explicações para que você possa entender bem os conceitos apresentados durante
a nossa aula.

É claro que a mera leitura do art. 3º não nos apresenta especificamente o significado dos
termos analogia, princípio, costume e jurisprudência, de modo que é salutar fazer breve resu-
mo sobre os referidos conceitos para atender aos alunos que ainda não estão familiarizados
com esses termos. Vamos lá:

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4. Interpretação do CPPM – Art. 2º


Outro ponto importante e que aparece logo que iniciamos a leitura do CPPM trata da IN-
TERPRETAÇÃO de suas normas. Vejamos:

Interpretação literal
Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões.
Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente em-
pregados com outra significação.

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Interpretação extensiva ou restritiva
§ 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for manifesto, no
primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua
intenção.
Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal
§ 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando:
a) cercear a defesa pessoal do acusado;
b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;
c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

Aqui estamos diante de previsões relativamente diretas, mas bastante confusas (prin-
cipalmente para os estudantes iniciantes das matérias jurídicas). Primeiramente, portanto,
vamos compreender o contexto sobre o qual o art. 2º foi redigido.

Quando surge a necessidade de interpretar a lei, tal interpretação pode ser realizada de diversas
formas.
Para evitar grandes divergências entre casos semelhantes, o legislador se preocupou em orientar o
aplicador da lei quanto ao método de interpretação adequado às normas do CPPM.

A interpretação da lei possui inúmeras categorias, dentre as quais se destacam:

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Agora que já conhecemos algumas (não todas) das modalidades de interpretação da lei,
podemos entender melhor o que prevê o CPPM:

Interpretação literal
Art. 2º A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões.
Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente em-
pregados com outra significação.

Primeiramente, veja que o legislador adotou expressamente a interpretação literal das ex-
pressões contidas no CPPM. Tal decisão tem como objetivo reduzir um pouco a subjetividade
na interpretação da norma. A lei penal tem a possibilidade de cominar sanções graves – de
modo que faz sentido a preocupação em evitar interpretações arbitrárias.

Interpretação extensiva ou restritiva


§ 1º Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for manifesto, no
primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua
intenção.

Apesar da preocupação em utilizar como base a interpretação literal da norma em estudo,


o legislador abre a possibilidade de que seja realizada interpretação extensiva ou restritiva,
nos casos em que for manifesto que a intenção da lei irá necessitar desses recursos para ser
alcançada.
Traduzindo: Em alguns casos, a interpretação literal não será suficiente para alcançar a
vontade da lei (o que o legislador queria quando editou a norma jurídica). Nesses casos, po-
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de-se utilizar da interpretação extensiva ou restritiva, para ampliar ou restringir o alcance da


norma, e permitir que o efeito adequado seja alcançado.
Confuso, certo? Vamos simplificar. Dê só uma olhada nessa norma jurídica, contida em
nossa Constituição Federal:

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial;

No art. 5º da CF/1988, o legislador sacramentou a chamada inviolabilidade de domicílio,


manifestando-se expressamente no sentido de que nossas casas são invioláveis, senão em
flagrante delito, desastre, casos de prestação de socorro ou durante o dia, por determina-
ção judicial.
Eis que faço uma pergunta a você: E quem mora em apartamentos, não está amparado
pela Constituição Federal? Afinal de contas... casa é casa – e apartamento, é apartamento.
A resposta é óbvia: é claro que quem tem domicílio em apartamento também está ampa-
rado pela inviolabilidade de domicílio. Não faria sentido que tal proteção não se estendesse
aos outros diversos tipos de domicílios que existem em nossa sociedade. E pensando dessa
forma, chegamos à conclusão:
É necessário utilizar a interpretação EXTENSIVA para dar ao termo CASA o significado
necessário para que a norma do art. 5º alcance a real intenção da Constituição Federal – pro-
teger aos domicílios dos cidadãos brasileiros!
Viu como ficou mais simples agora? Para que a norma alcance o efeito desejado, devemos
utilizar uma interpretação diferente, pois do contrário, um manifesto absurdo aconteceria:
Alguns estariam amparados pela inviolabilidade de domicílio (quem mora em CASA), e outros
não (quem mora em apartamento).
O mesmo vale para o CPPM. Ele deve ser interpretado de forma literal – salvo nos casos
em que tal interpretação não alcançar a intenção da norma castrense. Nesses casos, pode-se
utilizar a interpretação extensiva ou restritiva, dependendo da situação.
O problema da utilização de uma interpretação não literal, é claro, chama-se subjetivida-
de. Não se pode permitir que seja realizada uma interpretação não literal que prejudique ou
desvirtue a função da norma jurídica. É por esse motivo que o legislador restringiu a utilização
de tal recurso. Vejamos:

Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal


§ 2º Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando:
a) cercear a defesa pessoal do acusado;
b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;
c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

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Não se admite, portanto, uma interpretação extensiva ou restritiva quando tal procedi-
mento cercear a defesa do acusado, prejudicar ou alterar o curso normal do processo ou
desfigurar os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.
Veja que o legislador apenas se preocupou em evitar abusos na utilização da interpreta-
ção extensiva ou restritiva, nos casos mais sérios.

5. Aplicação do CPPM (Arts. 4º ao 6º, CPPM)


Você já sabe que o CPPM é utilizado para permitir a aplicação do Direito Penal Militar ao
caso concreto (pois é um código procedimental). Você também já sabe que o CPM define
alguns dos CRIMES MILITARES e os casos em que crimes comuns irão constituir CRIMES
MILITARES.
Também já sabe sobre as fontes aplicáveis em conjunto com o CPPM, e sabe como este
deve ser interpretado. Aprendeu até mesmo o que deve ser feito caso o CPPM seja omisso em
algum ponto.
Para finalizar o estudo da Aplicação da Lei Processual Penal Militar, no entanto, você ain-
da precisa aprender duas coisas importantíssimas:
• QUANDO posso aplicar o CPPM.
• ONDE posso aplicar o CPPM.

Neste capítulo, veremos que o CPPM apresenta os momentos em que suas normas po-
dem ser utilizadas (aplicação quanto ao tempo) e em quais lugares suas normas poderão ser
aplicadas (aplicação quanto ao espaço).
Este é um trecho do estudo da aplicação da lei que os alunos que já estudaram Direito
Penal e Direito Processual Penal já tem um pouco mais de familiaridade. No entanto, o estudo
do CPPM é um pouquinho mais chato, pois o Código faz uma divisão peculiar, para tempos
de paz e tempos de guerra.
Isso acontece pois existem crimes previstos no Código Penal Militar que só podem ser
praticados em tempo de guerra, de modo que o CPPM também precisa fazer previsões dife-
renciando tais momentos dos chamados tempos de paz.

5.1. Tempos de Paz e Tempos de Guerra


Conforme já explicitamos, a aplicação do CPPM pode ser dividida em duas esferas: em
tempo de paz e em tempo de guerra, haja vista que em casos de guerra a persecução penal por
crimes militares se torna mais severa, existindo inclusive crimes específicos para o período.
Comecemos nosso estudo pelas previsões apresentadas para os tempos de paz (Art.
4º, I, CPPM):

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Aplicação no espaço e no tempo
Art. 4º Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as nor-
mas deste Código:
Tempo de paz
I – em tempo de paz:
a) em todo o território nacional;
b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar de
crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente
processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira;
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força militar bra-
sileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no cumprimento de missão de caráter
internacional ou extraterritorial;
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se encon-
trem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou militarmente
utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente;
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração militar,
e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional;

Conforme podemos verificar ao ler a primeira parte do artigo 4º, o legislador nos apresen-
ta os casos de territorialidade, nos quais a lei processual penal militar brasileira é aplicada
dentro do território nacional (o que, naturalmente, decorre de nossa soberania) e os casos de
extraterritorialidade, nos quais a lei processual penal militar brasileira é aplicada mesmo fora
do território nacional.
Este ponto, embora pareça simples, causa enorme confusão, por uma questão simples: as
hipóteses apresentadas no CPPM não são equivalentes às hipóteses apresentadas no CPM
que tratam da mesma matéria.
Como você deve imaginar, não faz muito sentido que o Código Penal Militar (no qual estão
previstos os crimes) tenha uma aplicabilidade em situações diferentes do Código de Proces-
so Penal Militar (o qual rege os procedimentos a serem seguidos nos casos em que crimes
previstos no CPM são praticados).
A própria doutrina aponta para essa incoerência. Vejamos, por exemplo, o que diz o mes-
tre NUCCI3:

Inexiste exata correspondência (entre o CPPM e o CPM [...] Em suma, não há cabimento em se
aplicar a lei processual penal militar brasileira a situações que não guardam correspondência com
a lei penal. Considerando-se que o Código Penal Militar é o Decreto-lei 1.001/69 e o CPPM é o De-
creto-lei 1.002/69, o mínimo que se poderia esperar é a perfeita harmonia entre eles.[...]
Como mencionado na nota anterior, a lei material não prevê as mesmas hipóteses de extraterrito-
rialidade, e não vislumbramos como se possa ampliar o seu alcance por meio de norma processual
penal.

3
Op. Cit, p. 24.

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Nesse sentido, é preciso sempre relembrar que nosso foco, no âmbito dos concursos pú-
blicos, não é o de realizar discussões sobre o que a disciplina jurídica deveria fazer com a
possível incompatibilidade entre os Códigos apontada pela doutrina. Nosso objetivo é singe-
lo, e se resume a uma preparação que permita a resolução de questões sobre o tema.
Com isso em mente, a orientação será apenas uma: o mais seguro é nos ater ao texto le-
gal, em que pese a incompatibilidade entre os Códigos, e responder questões sobre o CPPM
com base na literalidade do texto legal, fazendo o mesmo com as questões sobre o CPM.
Quando o examinador tratar de Direito Penal Militar, devem ser respeitadas as hipóteses do
referido código, e quando tratar de Direito Processual Penal Militar, devemos respeitar as hi-
póteses aqui apresentadas.
E nesse sentido, nada melhor do que fazer uma breve esquematização das hipóteses que
acabamos de estudar:

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Aqui não há muito como fugir. É necessário se familiarizar com cada uma das hipóteses,
as quais, usualmente, serão cobradas em sua literalidade em questões de concursos públicos.
Quanto às previsões para os tempos de guerra, temos o inciso II do art. 4º, a saber:

Tempo de guerra
II – em tempo de guerra:
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;
b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira, ou estrangeira
que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança nacional, ou ao
bom êxito daquelas operações;
c) em território estrangeiro militarmente ocupado.

As mesmas observações que foram realizadas quanto às hipóteses para o tempo de paz
se fazem relevantes quanto às hipóteses para o tempo de guerra. Cabe destacar, no entanto,
a alínea “a”, a qual prevê que todos os casos previstos para os tempos de paz (rol do inciso
I) também são aplicáveis aos tempos de guerra, surgindo ainda duas novas hipóteses com-
plementares.

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Resumindo:
Resumindo, podemos elaborar o seguinte quadro:

Mais uma vez, aqui não temos como facilitar muito. Recomenda-se a leitura do texto legal,
com um certo espaçamento entre as leituras, de modo que se possa memorizar com clareza
as hipóteses apontadas.

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5.2. Art. 5º - Aplicação Intertemporal


Uma vez que apresentamos as hipóteses de aplicação da lei processual penal militar no
espaço, devemos agora nos ater à previsão do art. 5º, o qual trata de aspectos temporais.
É importante notar que a regra geral em nosso ordenamento jurídico é a aplicação da lei
processual penal (militar ou não) desde logo (assim que entra em vigor). A lei, portanto, passa
a ser aplicável imediatamente (dizemos que o tempo rege o ato – tempus regit actum).

Aplicação intertemporal
Art. 5º As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos processos
pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realiza-
dos sob a vigência da lei anterior.

Assim sendo, podemos imaginar a seguinte situação:

Essa, é claro, é a regra geral apresentada pelo art. 5º em estudo, mas devemos, ainda, re-
alizar algumas observações importantes.
Em primeiro lugar, veja que o art. 5º faz referência ao art. 711, trazendo assim possíveis
exceções à aplicação das normas a partir de sua vigência. Devemos, portanto, fazer a leitura
do referido artigo para conhecer as exceções em questão:

Art. 711. Nos processos pendentes na data da entrada em vigor deste Código, observar-se-á o
seguinte:
a) aplicar-se-ão à prisão provisória as disposições que forem mais favoráveis ao indiciado ou
acusado;
b) o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será regulado pela lei
anterior, se esta não estatuir prazo menor do que o fixado neste Código;
c) se a produção da prova testemunhal tiver sido iniciada, o interrogatório do acusado far-se-á de
acordo com as normas da lei anterior;
d) as perícias já iniciadas, bem como os recursos já interpostos, continuarão a reger-se pela lei
anterior.

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Temos, portanto, quatro hipóteses em que a lei anterior, ainda assim, será aplicada, mes-
mo que uma nova lei seja editada e entre em vigor, excepcionando a regra do art. 5º. Os mo-
tivos para essa decisão do legislador são os seguintes:
• Prisão provisória: as normas de prisão cautelar ou provisória, em que pese eminen-
temente processuais, são classificadas como híbridas, pois possuem fundo material
(afetam, de forma concreta, a liberdade do indivíduo). Por isso, devem ser interpretadas
como se fossem normas efetivamente penais, e nesse sentido, em caso de conflito,
prevalecerá a norma mais favorável entre as duas normas conflitantes.
• Mudança de prazo: Para garantir o bom andamento processual, é salutar que se apli-
que o prazo anterior, evitando-se assim surpresas para a parte que está contando com
aquele prazo. Veja, no entanto, que se o prazo novo é maior, este novo prazo será apli-
cado, pois não prejudica aos que dele dependem;
• Interrogatório: Segundo a doutrina, a ideia de não modificar o procedimento sobre o
interrogatório está em não prejudicar a defesa técnica, a qual pode não estar preparada
adequadamente para a mudança;
• Perícias: Busca-se, ao evitar a modificação para perícias já iniciadas, preservar da me-
lhor forma a produção da prova.

6. Art. 6º - Justiça Militar Estadual


Aplicação à Justiça Militar Estadual
Art. 6º Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem aplicáveis, salvo
quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença, os processos da Justiça
Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças
das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares.

Por fim, é preciso apenas tomar nota que as normas do CPPM se aplicam tanto no âmbito
da Justiça Militar da União quanto no âmbito da Justiça Militar Estadual, em que pese devam
ser respeitadas as peculiaridades e as normas que possam ser aplicáveis tão somente à JMU.
Concluindo:
Nossa aula introdutória sobre o Direito Processual Penal Militar teve um único objetivo:

Demonstrar o motivo pelo qual existem dois Códigos de Processo Penal diferentes em nosso orde-
namento jurídico, e familiarizar você com as disposições básicas sobre a aplicabilidade do CPPM
em nosso ordenamento jurídico.

O objetivo principal era fornecer a base teórica para não apenas acertar questões sobre o
assunto, mas para que você possa efetivamente entender a finalidade de separar a persecu-
ção penal nas esferas COMUM e MILITAR! Você verá, que ao longo de nossas aulas, isso vai
te ajudar muito a não cair em algumas pegadinhas elaboradas pelas bancas.

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É preciso, por fim, apresentar uma dica geral sobre o estudo do tema: Faça a leitura da
aula de hoje, busque compreender as normas em estudo, mas acima de tudo, sempre fique
atento(a) ao texto de lei e principalmente às ressalvas e exceções apresentadas, bem como
às diferentes hipóteses presentes em cada um dos artigos.
A imensa maioria das questões sobre o tema se baseia no texto legal, com a troca de pa-
lavras, inversão de hipóteses e utilização das ressalvas e exceções para invalidar os itens, de
modo que dominar o texto de lei se torna essencial para um bom índice de acerto.
Vamos em frente!

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RESUMO
Direito Penal x Direito Penal Militar:

Direito Adjetivo x Direito Substantivo:

Direito Penal x Direito penal Militar:


• O Direito Penal protege os bens jurídicos mais importantes para a sociedade, dos ata-
ques mais graves
• O Direito Penal Militar protege bens jurídicos INERENTEMENTE MILITARES de ataques
graves.

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Direito Processual Penal x Direito Processual Penal Militar:


• Para instrumentalizar e permitir a aplicação do Direito Penal, existe o Direito Processual
Penal.
• Para instrumentalizar e permitir a aplicação do Direito Penal Militar existe o Direito Pro-
cessual Penal Militar.

Regras Preliminares:

Fontes de Direito Judiciário Militar


Art. 1º O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código, assim em tempo
de paz como em tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe for estritamente aplicável.

• Se houver divergência entre o CPPM e uma convenção ou tratado internacional do qual


o Brasil é signatário, prevalecem as normas INTERNACIONAIS.

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Divergência de normas
§ 1º Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou tratado
de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.
Aplicação subsidiária
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, as normas deste Código aos processos regulados em leis es-
peciais.

Normas Complementares:
• Os casos omissos no CPPM serão supridos:
− pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem
prejuízo da índole do processo penal militar;
− pela jurisprudência;
− pelos usos e costumes militares;
− pelos princípios gerais de Direito;
− pela analogia.

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Interpretação do CPPM:
Possíveis Formas de Interpretação no âmbito jurídico.

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Forma adotada pelo CPPM:


• A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expres-
sões. Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se
evidentemente empregados com outra significação.

Interpretação Extensiva ou Restritiva:


• Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for mani-
festo, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais
ampla, do que sua intenção.
• Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal:
− Quando cercear a defesa pessoal do acusado;
− Quando prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a
natureza;
− Quando desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao
processo.

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Aplicação do CPPM:

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Aplicação Intertemporal:

Aplicação intertemporal
Art. 5º As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive nos processos
pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realiza-
dos sob a vigência da lei anterior.

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Art. 711. Nos processos pendentes na data da entrada em vigor deste Código, observar-se-á o
seguinte:
a) aplicar-se-ão à prisão provisória as disposições que forem mais favoráveis ao indiciado ou acu-
sado;
b) o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será regulado pela lei
anterior, se esta não estatuir prazo menor do que o fixado neste Código;
c) se a produção da prova testemunhal tiver sido iniciada, o interrogatório do acusado far-se-á de
acordo com as normas da lei anterior;
d) as perícias já iniciadas, bem como os recursos já interpostos, continuarão a reger-se pela lei
anterior.

Justiça Militar Estadual:

Aplicação à Justiça Militar Estadual


Art. 6º Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem aplicáveis, salvo
quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença, os processos da Justiça
Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças
das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares.

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QUESTÕES DE CONCURSOS
001. (ESFCEX/OFICIAL – DIREITO/2013) Com base nas normas positivadas no Código de
Processo Penal Militar (CPPM), Decreto Lei 1002/69, analise as afirmativas abaixo, colocando
entre parênteses a letra V, se a afirmativa for verdadeira, e a letra F se a afirmativa for falsa.
Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

 (  ) Em tempo de paz, as normas do Código de Processo Penal Militar não se aplicam fora
do território nacional.
 (  ) Jurisprudência e usos e costumes militares podem suprir casos omissos do CPPM.
 (  ) Quando militares estaduais responderem na justiça militar estadual por crimes pre-
vistos na lei penal militar, os recursos, a execução da sentença e a organização da
justiça serão regulados pelo CPPM.

a) F-F-F.
b) F-V-F.
c) V-F-V.
d) V-V-F.
e) F-V-V.

A primeira hipótese está errada pois o art. 4º, I, prevê situações (alíneas b e c, por exemplo)
nas quais, mesmo em tempos de paz, o CPPM pode ser aplicado fora do território nacional
(extraterritorialidade.
A segunda hipótese está correta, pois a jurisprudência e os usos e costumes integram as
possíveis fontes para suprir omissões, nos termos do art. 3º do CPPM.
Por fim, a terceira hipótese está incorreta pois viola as exceções previstas no art. 6º do CPPM.
Letra b.

002. (FUNRIO/PM-GO/ASPIRANTE/2017) Considerando o disposto pelo Código de Proces-


so Penal Militar acerca da lei processual penal militar e sua aplicação, assinale a alternati-
va CORRETA.
a) Suas normas são aplicáveis, em tempos de paz, em todo o território nacional e em zona,
espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira.
b) Suas normas não são aplicáveis fora do território nacional.
c) Suas normas serão aplicadas a partir da sua vigência, inclusive nos processos pendentes,
ressalvados os casos previstos no art. 711, considerando-se inválidos os atos realizados sob
a vigência da lei anterior.

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d) Os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos pela Lei Penal Militar a que
responderem os oficiais e praças das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares,
obedecerão às suas normas, no que forem aplicáveis, salvo quanto à organização de Justiça,
aos recursos e à execução de sentença.
e) A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido teleológico de suas
expressões.

Vejamos, caso a caso:


a) Errada. Na verdade, a hipótese apresentada é para tempos de guerra (Art. 4º, II, b).
b) Errada. As normas possuem extraterritorialidade em alguns casos, conforme estudamos.
c) Errada. Os atos realizados são válidos (Art. 5º, CPPM).
d) Certa. (Art. 6º, CPPM).
e) Errada. Deve ser interpretada no sentido literal.
Letra d.

003. (IADES/PM-DF/ASPIRANTE/2017) Acerca da aplicação do direito penal processual mili-


tar e considerando o Código de Processo Penal Militar, assinale a alternativa correta.
a) Quando desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo,
de regra, não é admitida a interpretação extensiva ou restritiva.
b) A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido figurado de suas expres-
sões, conforme jargões populares. Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção
especial, salvo se evidentemente empregados com outra significação.
c) Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva quando for manifesto,
no primeiro caso, que a expressão da lei é mais ampla e, no segundo, que é mais restrita do
que sua intenção.
d) Os casos omissos no referido Código serão supridos pela legislação de processo penal co-
mum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar,
pela analogia, pela equidade e pelo bom senso.
e) Nos casos concretos, se houver divergência entre as normas processuais penais militares
e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as normas proces-
suais penais militares.

Vejamos, caso a caso:


a) Certa. É o que rege o art. 2º, §2º, CPPM.
b) Errada. Utiliza-se, via de regra, a interpretação literal.
c) Errada. O examinador inverteu os conceitos (extensiva e restritiva).

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d) Errada. Equidade e bom senso não integram o rol do art. 3º.
e) Errada. Conforme estudamos, prevalecem as normas internacionais.
Letra a.

004. (IOBV/PM-SC/ASPIRANTE/2017) Em relação à aplicação da lei processual penal militar,


assinale a alternativa correta:
a) Nos casos concretos em que houver divergência entre convenção ou tratado de que o Bra-
sil seja signatário e o Código de Processo Penal Militar, este prevalecerá sobre aquelas.
b) Os casos omissos no Código de Processo Penal Militar serão supridos pelo Código de Pro-
cesso Penal, em quaisquer circunstâncias.
c) O Código de Processo Penal Militar é aplicável, subsidiariamente, aos processos regulados
em leis especiais.
d) O Código de Processo Penal Militar admite a interpretação extensiva, ainda que em desfa-
vor do acusado.
e) Ocorrendo crime que atente à segurança nacional ou às instituições militares, fora do terri-
tório nacional, prevalecerão os tratados e convenções de que o Brasil seja signatário.

Vejamos, caso a caso:


a) Errada. Na verdade, prevalecem aquelas (os tratados ou convenções internacionais).
b) Errada. Somente quando aplicável ao caso concreto (conforme rege o art. 3º, a, CPPM).
c) Certa. Exato. É o que prevê o art. 1º, §2º, CPPM.
d) Errada. Em que pese o art. 2º, §1º, do CPPM prever a possibilidade de interpretação exten-
siva ou restritiva, e vedar sua aplicabilidade para “cercear a defesa do acusado”, tal expressão
não pode ser considerada como sinônimo de utilização da expressão “em desfavor do acu-
sado”, a qual tem sentido mais amplo. Item polêmico, em que pese não haver dúvida que a
alternativa “c” está correta.
e) Errada. Não são apenas nos referidos crimes que a aplicação dos tratados prevalecerá.
Mais uma vez, item elaborado com pouca clareza, prejudicando a resolução da questão.
Letra c.

005. (EXÉRCITO/ESFCEX/OFICIAL – DIREITO/2016/ADAPTADA) Segundo positivado em lei, é


vedada a aplicação do Código de Processo Penal Militar fora do Brasil em tempo de paz.

Conforme estudamos, diversas são as hipóteses de aplicação do CPPM fora do território bra-
sileiro (extraterritorialidade), o que invalida o item.
Errado.

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006. (MARINHA/TENENTE/DIREITO/2017) De acordo com as normas de interpretação do Có-


digo de Processo Penal Militar, assinale a opção correta.
a) A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal, sendo vedada, de
forma peremptória, a interpretação extensiva.
b) Não é admissível a interpretação restritiva da lei de processo penal militar quando prejudi-
car ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza.
c) É possível a interpretação extensiva, quando manifesto que a expressão da lei é mais estri-
ta do que sua intenção, ainda que cerceie a defesa do acusado.
d) Ainda que a interpretação extensiva seja vedada peremptoriamente pelo Código de Proces-
so Penal Militar, suas normas poderão ser interpretadas de forma restritiva.
e) Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, ainda que evidente-
mente empregados com outra significação.

Vejamos:
a) Errada. A interpretação extensiva é possível (e não vedada de forma definitiva, como afirma
o item).
b) Certa. Exatamente. As referidas hipóteses são expressamente vedadas pelo CPPM.
c) Errada. O CPPM expressamente veda a referida forma de interpretação no caso de cercea-
mento de defesa.
d) Errada. Não há vedação peremptória (definitiva) como afirma o item.
e) Errada. De fato, os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo
(e não ainda que) evidentemente empregados com outra significação.
Letra b.

007. (AOCP/PM-SC/ASPIRANTE/2018) Acerca da lei de processo penal militar e sua aplica-


ção, assinale a alternativa correta.
a) Nos processos judiciais em curso, as normas de convenção ou tratado de que o Brasil seja
signatário prevalecerão sobre as normas do Código de Processo Penal Militar em caso de
antinomia.
b) Admitir-se-á analogia contra legem na integração normativa, exceto quando cercear a de-
fesa pessoal do acusado.
c) A lei de processo penal militar deve ser interpretada, preferencialmente, no sentido so-
ciológico-teleológico de suas proposições vocabulares, porque é destinada a uma categoria
social apartada.
d) O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas no Código de Processo Penal
Militar apenas em tempo de guerra.
e) O Código de Processo Penal Militar declara como fonte do direito processual penal militar
a jurisprudência das excelsas Cortes Superiores de Justiça.

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Examinador pegou pesado ao utilizar expressões um pouco mais complexas ao elaborar as


assertivas, mas veja que o assunto não foge à letra do CPPM. Vejamos:
a) Certa. Antinomia é um fenômeno que ocorre quando duas normas aparentemente são con-
flitantes (e apresentam previsões contrárias uma à outra). Conforme estudamos, de fato, em
caso de conflito entre tratadas e convenções do qual o Brasil é signatário e o CPPM, prevale-
cerão aquelas, o que torna o item válido.
b) Errada. A analogia é forma de integração (na qual o aplicador da lei busca em outra nor-
ma um fundamento para um caso concreto). Nesse sentido, afirmou que o CPPM admite a
analogia contra legem (contra o que prevê a lei). Essa afirmação está incorreta haja vista que
o CPPM prevê tão somente a possibilidade a aplicação de analogia, de forma geral, e não da
referida espécie.
c) Errada. Não se preocupe com a complexidade das expressões (sentido sociológico-tele-
ológico). A lei de processo penal militar deve ser interpretada, preferencialmente, no sentido
literal.
d) Errada. Nada disso. Também em tempos de paz.
e) Errada. O CPPM prevê como fonte a jurisprudência – mas não limita especificamente às
excelsas Cortes Superiores de Justiça.
Letra a.

008. (IOBV/PM-SC/ASPIRANTE/2015) Assinale a opção correta de acordo com a lei de pro-


cesso penal militar e sua aplicação:
a) Se houver divergência entre a legislação especial militar e as convenções ou tratados de que
o Brasil seja signatário, deverão ser utilizadas as normas do código de processo penal comum.
b) Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for manifesto,
no primeiro caso, que a expressão da lei é mais ampla e, no segundo, que é mais estrita, do
que sua intenção.
c) As normas do Código de Processo Penal Militar terão validade a partir da sua vigência, ex-
ceto nos processos pendentes, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência
da lei anterior.
d) Os casos omissos no Código de Processo Penal Militar serão supridos: pela legislação de
processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo da índole do proces-
so penal militar; pela jurisprudência; pelos usos e costumes militares; pelos princípios gerais
de Direito; pela analogia.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
Aplicação da Lei Processual Penal Militar
Douglas Araújo

Vejamos:
a) Errada. Havendo divergência, prevalecem os tratados e convenções.
b) Errada. Mais uma vez houve a inversão entre a interpretação extensiva e a restritiva.
c) Errada. Também nos processos pendentes (em andamento).
d) Certa. Literalidade da previsão do art. 3º, CPPM.
Letra d.

009. (AERONÁUTICA/CIAAR/TENENTE/2015) Estabelece o Código de Processo Penal Militar


que a lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões.
No entanto, ele ressalva a admissão da interpretação extensiva, que poderá se dar quando:
a) Cercear a defesa pessoal do acusado.
b) Prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou Ihe desvirtuar a natureza.
c) Desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.
d) For manifesto que a expressão da lei e mais estrita do que sua intenção e não houver ve-
dação legal.

Questão elaborada para verificar tão somente se o candidato conhece as exceções em que a
interpretação extensiva não poderá ser aplicada, previstas nas alíneas a, b e c do §2º do art.
2º do CPPM. A única hipótese que não se enquadra no referido rol é a alternativa “d”.
Letra d.

010. (AERONÁUTICA/CIAAR/TENENTE/2016) Quanto ao procedimento de integração quando


da constatação de omissões oriundas da aplicação da Lei de Processo Penal Militar, é possí-
vel afirmar que:
a) o suprimento pode se dar por meio dos usos e costumes militares.
b) fica vedado o uso de jurisprudência gerais e particulares.
c) é aplicável o Código de Processo Civil.
d) fica vedado o uso de analogia.

Se houver omissão, o art. 3º do CPPM nos apresenta os meios de preencher as lacunas na lei,
sendo uma das hipóteses a utilização dos usos e dos costumes militares, o que torna correta
a assertiva “a”.
Letra a.

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Aplicação da Lei Processual Penal Militar
Douglas Araújo

GABARITO
1. b 5. E 9. d
2. d 6. b 10. a
3. a 7. a
4. c 8. d

Douglas Vargas
Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).

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