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2107)
Proc. nº 27218
necessária participação dos entes integrantes da Região Metropolitana, bem como pela ausência
de estudos técnicos profundos e exaurientes para embasar a decisão de substituição do modal.
Frisa –se que tal entendimento também restou mantido no Despacho em anexo,
que deferiu a medida cautelar pleiteada pelo Município de Cuiabá, no âmbito do Tribunal de
Contas da União. Em referida decisão, o Ministro Relator assim pontuou:
“(...)
13. Como bem anotado no Voto do Exmo. Ministro Jorge Oliveira, não restou
clara, até a prolação do Acórdão 2.809/2021 – Plenário, qual seria a alternativa
de implantação mais vantajosa e compatível com o interesse público.
15. No entanto, os elementos constantes dos autos não permitem concluir que o
Estado de Mato Grosso promoveu certame após escorreita avaliação sistêmica e
integrada, com estudos robustos a possibilitar, cumprida toda a legislação
pertinente, a substituição do modal de VLT para BRT com vistas à
implementação do novo serviço de transporte público.
18. Com efeito, os autos revelam, desde a fase anterior ao presente recurso,
conforme registrado na petição inicial, a inexistência, por exemplo, do Estudo de
Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental – EVTEA, bem como ausente a
comprovação do alinhamento, à Política Nacional de Mobilidade Urbana, da
decisão de substituição do modal, e aos planos diretores urbanos da região.
(...)
(...)”
de 6 anos, com mais de 60% da obra concluída em que já foram gastos recursos públicos em
montante superior a 1 bilhão de reais.
Desta feita, serve a presente manifestação para trazer aos autos a novel medida
cautelar deferida pelo Tribunal de Contas da União e de seus relevantes fundamentos, bem
como para reiterar a necessidade de que também este D. Juízo, coadune com tal entendimento
e expeça determinação em sentido similar, afim de se evitar mais desperdício de recursos
públicos bem como uma implementação de uma política pública que não representa o anseio
da população tampouco a melhor e mais eficiente alternativa no âmbito da mobilidade urbana
da região metropolitana do vale do Rio Cuiabá.
Termos em que,
Pede deferimento.
Cuiabá-MT, 19 de maio de 2022.
Processo: 000.407/2021-6
Natureza: Representação (com pedido de medida
cautelar em sede de pedido de reexame).
Representante: Município de Cuiabá/MT.
Interessados: Estado de Mato Grosso, Município de
Várzea Grande/MT e Ministério do Desenvolvimento
Regional.
Assunto: Alteração no modal de transporte público
coletivo entre os municípios de Cuiabá/MT e de Várzea
Grande/MT, de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para
Bus Rapid Transit (BRT). Projeto de mobilidade
urbana concebido no âmbito dos preparativos para a
Copa do Mundo de 2014, com dispêndio de recursos
federais. Processo licitatório atual conduzido pelo estado
de Mato Grosso. Empreendimento de amplitude
intermunicipal, com necessidade de atendimento às Leis
nº 13.089/2015 (Estatuto da Metrópole), nº 10.257/2001
(Estatuto das Cidades), nº 12.857/2012 (Política
Nacional de Mobilidade Urbana). Pedido de medida
cautelar para suspensão do processo de alteração do
modal. Necessidade de coordenação de ações entre os
entes federativos. Concessão. Suspensão do
procedimento e da contratação. Oitiva. Ciência.
Petição Eletrônica juntada ao processo em 19/05/2022 ?s 17:31:01 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS
DESPACHO
9. Acórdão:
VISTA, relatada e discutida esta representação formulada pelo Município de Cuiabá/MT para
noticiar possíveis irregularidades praticadas pela Secretaria Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento
Regional e Urbano do Ministério do Desenvolvimento Regional e pelo Estado de Mato Grosso na
mudança do modal de transporte público intermunicipal entre aquele Município e o Município de Várzea
Grande/MT, concebido por ocasião dos preparativos para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e cuja
3. Irresignado, o município de Cuiabá interpôs recurso (peça 63, reiterado pelas peças 104
e 108), almejando a reforma da deliberação, em especial a desconstituição da recomendação constante
do item 9.3, bem como renovou o pedido de concessão de medida cautelar suspensiva, sem oitiva da
parte contrária, na presente fase, objetivando “determinar aos representados (Estado e União
Federal), a suspensão de todo e qualquer ato e/ou processo administrativo em trâmite, tendente a
concretizar a alteração do modal de transporte público coletivo intermunicipal na Região
Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá. No mérito do presente recurso requer ainda, a reforma da
decisão para o fim de determinar que seja elaborado o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e
Ambiental – EVTEA suficiente, adequado, robusto e exauriente, que deverá inclusive contar na sua
elaboração com a participação dos municípios afetados pela execução da obra (governança
interfederativa) bem como de toda a população interessada (democracia participativa).
4. Consta dos autos informação relativa ao estado de Mato Grosso, no sentido de que ocorreu
a quitação antecipada da dívida com a Caixa Econômica Federal referente ao financiamento para as
obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) e que o encerramento desse vínculo supostamente
ensejaria a insubsistência do interesse jurídico das entidades de âmbito federal nas demandas do
referido projeto, tendo sido instaurado, ato contínuo, processo licitatório visando à mudança do
modal, em adiantada fase de homologação e de contratação.
5. Ao ter presente o pedido de reexame apresentado pelo município de Cuiabá, proferi
despacho de admissibilidade (peça 91), suspendendo-se os efeitos dos itens 9.1 e 9.4 do Acórdão
2.809/2021 – Plenário, mantendo-se inalterada a recomendação constante do item 9.3, e determinei a
promoção de comunicação aos órgãos e entidades envolvidos, bem assim o encaminhamento dos
entes que serão afetados pela alteração sejam partícipes do processo decisório, para em conjunto
definirem a melhor política pública a ser adotada, sempre tendo como foco o interesse público”, pois,
ainda que se trate de transporte intermunicipal, “cuja exploração e regulamentação é de competência
do Estado de Mato Grosso, não se pode adotar políticas estanques, sem uma avaliação sistêmica e
integrada”. (destaquei)
18. Mesmo que consultas e audiências públicas para debater a alteração de modal já tenham sido
realizadas, é preciso igualmente lembrar que, consoante a jurisprudência desta Corte e as normas
técnicas apontadas pela SeinfraUrbana, é imprescindível que os estudos para fundamentar mudança de
porte similar ao da ora aventada sejam robustos e embasados, especialmente pelo grande volume de
recursos envolvidos, pelo impacto social previsto e pelos significativos e permanentes dispêndios de
operação e de manutenção que serão gerados (Acórdãos do Plenário 2.835/2015, Relator o Ministro-
Substituto André Luís de Carvalho, e 1.079/2019, Relator o Ministro Vital do Rego; bem como a Norma
Técnica ABNT NBR 13.531/1995, a Resolução Confea 361/1991 e o “Guia Geral de Análise
Socioeconômica de Custo-Benefício de Projetos de Investimento em Infraestrutura”, editado pelo
Ministério da Economia).
19. Além disso, conforme as referências jurisprudenciais e técnicas há pouco mencionadas, para
que a decisão acerca de qual seria a melhor alternativa para atender o interesse público seja tomada de
forma fundamentada, é recomendável que os estudos técnicos tenham o mesmo grau de
desenvolvimento, de preferência no nível de projeto executivo.
20. Isso, entretanto, ainda não ocorreu no presente caso, em que o estudo de implantação do VLT
já contemplava o projeto executivo, enquanto a alternativa do BRT ainda está em estudos preliminares,
nos quais estão ausentes, por exemplo, a avaliação ambiental e a aferição da necessidade de novas
desapropriações.
21. Dessa forma, dados os distintos estágios de maturação, não é possível afirmar com precisão e
certeza, conforme anotou a SeinfraUrbana, qual seria a alternativa de implantação mais vantajosa e
compatível com o interesse público. (destaquei)
22. Cabe lembrar, ainda, que, no Acórdão 408/2021 – Plenário (Relator o Ministro Vital do Rego)
– no qual, aliás, o VLT de Cuiabá/MT foi citado como exemplo de empreendimento mal conduzido, em
razão do EVTEA incompleto e da análise deficiente pelo MDR - esta Corte determinou àquela Pasta
que “estabeleça critérios mínimos para a avaliação e manifestação conclusiva sobre a suficiência e
10. Tendo em conta a apreciação anterior desta Corte de Contas, verifico que o quadro fático
foi alterado substancialmente com o adiantamento de ações do Governo Estadual e a possível
irreversibilidade dos procedimentos até então adotados com vistas à contratação integrada de empresa
para a execução dos serviços de elaboração de projetos básicos e executivos de engenharia, projetos
de desapropriação, dentre outros, bem assim execução das obras de infraestrutura para a implantação
do bus rapid tansport (BRT), configurando o requisito autorizador da concessão da medida cautelar
anteriormente ausente na deliberação inicial, qual seja, o periculum in mora.
11. Especificamente quanto ao processamento da licitação, cabe ainda esclarecer que o
certame foi finalizado, com habilitação e declaração do consórcio vencedor, conforme notícia oficial
do Governo do Estado (http://www.sinfra.mt.gov.br/-/21399260-consorcio-e-habilitado-e-declarado-
vencedor-de-licitacao-para-implantacao-do-brt), a saber:
(Assinado eletronicamente)
AROLDO CEDRAZ
Relator
Petição Eletrônica juntada ao processo em 19/05/2022 ?s 17:31:01 pelo usu?rio: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS
Autor do Documento
ALLISON AKERLEY DA SILVA
CPF: 71079106120 OAB: MT008930O
Peticionamento
SEQUENCIAL: 6688405
Processo: MS 27218 (2021/0000008-6)
Tipo de Petição: PETIÇÃO
Parte peticionante: MUNICÍPIO DE CUIABÁ
Os dados contidos na petição podem ser conferidos pela Secretaria Judiciária, que procederá sua
alteração em caso de desconformidade com os documentos apresentados, ficando mantidos os
registros de todos os procedimentos no sistema (Parágrafo único do Art. 12 da Resolução STJ
10/2015 de 6 de outubro de 2015)