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Presidenta da República
DILMA VANA ROUSSEF
Secretário Executivo
CARLOS ANTONIO VIEIRA FERNANDES
Coordenação da Publicação
MARTHA MARTORELLI
Equipe Técnica
AGUIAR GONZAGA VIEIRA DA COSTA
BRUNO MEDINA PEGORARO
FERNANDO ARALDI
GLÁUCIA MAIA DE OLIVEIRA
MARTHA MARTORELLI
PAULA COELHO DA NÓBREGA
A Lei 12.587/12, conhecida como Lei da Mobilidade Urbana, determina aos municípios a
tarefa de planejar e executar a política de mobilidade urbana. O planejamento urbano, já
estabelecido como diretriz pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), é instrumento
fundamental necessário para o crescimento sustentável das cidades brasileiras.
A Política Nacional de Mobilidade Urbana passou a exigir que os municípios com população
acima de 20 mil habitantes, além de outros, elaborem e apresentem plano de mobilidade
urbana, com a intenção de planejar o crescimento das cidades de forma ordenada. A Lei
determina que estes planos priorizem o modo de transporte não motorizado e os serviços
de transporte público coletivo.
Além disso, a legislação determina à União prestar assistência técnica e financeira aos entes
federados e contribuir para a capacitação de pessoas para atender a esta política pública.
Aguinaldo Ribeiro
Ministro das Cidades
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SUMÁRIO
■4■
Mobilidade Urbana e Desenvolvimento Urbano
Importante observar que os princípios, diretrizes e objetivos estabelecidos pela Lei devem
orientar a elaboração de normas municipais, além de procedimentos para que os municípios
implementem suas políticas e planejamentos em consonância com a União e com os Estados
Federados e Distrito Federal.
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Foto: Ampla calçada para a circulação de pedestres com infraestrutura para bicicletas. Crédito: SeMob
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Princípios, diretrizes e objetivos da Política Nacional de Mobilidade Urbana
A promulgação desta Lei fornece segurança jurídica para que os municípios adotem medidas
para, por exemplo, priorizar os modos não motorizados e coletivos de transporte em
detrimento do transporte individual motorizado. Pela mesma lógica, os projetos e
investimentos nos municípios podem ser contestados judicialmente se não se adequarem
aos princípios, diretrizes e objetivos previstos em Lei.
Acessibilidade universal;
Desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e
ambientais;
Equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo;
Eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano;
Gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da Política
Nacional de Mobilidade Urbana;
Segurança nos deslocamentos das pessoas;
Justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes
modos e serviços;
Equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros; e
Eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana.
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As diretrizes, por sua vez, são orientações sobre os caminhos a seguir para que sejam
atingidos os objetivos desta Lei. As diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana
destacam a necessidade de integração com as demais políticas urbanas e a priorização dos
modos não motorizados e do transporte público coletivo.
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Os objetivos da Política Nacional de Mobilidade Urbana definem a visão de futuro para o
país. A partir do comprometimento dos governos e sociedade para a implementação desta
política será possível reduzir as desigualdades sociais e melhorar as condições urbanas de
mobilidade e acessibilidade.
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Política Tarifária no Transporte Público Coletivo
Uma das principais inovações da Lei é dada pelo artigo 8º, que trata da política tarifária,
tema que tem adquirido grande relevância nas discussões da sociedade.
A Lei inova ao trazer a discussão sobre o ônus que os benefícios a alguns grupos geram aos
usuários pagantes e à sociedade. Até então, os questionamentos sobre quem era penalizado
pela contrapartida das concessões de desconto ou gratuidades previstas ficavam, em geral,
sem respostas. A partir de agora os municípios estão obrigados a divulgar, de forma
sistemática e periódica, os impactos dos benefícios concedidos.
O ideal é que os custos dos serviços de transporte público sejam compartilhados por
beneficiários diretos e indiretos e não onerem exclusivamente os usuários.
Quando o poder público, em função de déficit, optar por subsídio tarifário, a Lei prevê que a
compensação seja feita por outras receitas instituídas pelo poder público delegante, quais
sejam, extratarifárias, alternativas, subsídios orçamentários, subsídios cruzados
intrassetoriais e intersetoriais, provenientes de beneficiários indiretos do sistema.
Por outro lado, caso haja superávit tarifário, é compulsório que a receita adicional seja
aplicada no próprio Sistema de Mobilidade Urbana para promover a melhoria do sistema.
A Lei inova, mais uma vez, quando trata da regulação econômica, pois prevê que a tarifa de
remuneração da prestação de serviço decorra do processo licitatório. Desta forma, a tarifa
de remuneração será resultado da concorrência entre as empresas. No modelo previsto na
Lei, a licitação não é mais definida por meio da planilha de custos.
■ 10 ■
Com a previsão legal, para ser competitiva, a empresa operadora deve propor tarifa menor
que seus concorrentes e o reajuste é previsto por contrato.
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Serviços de Transporte Público
Qualquer subsídio tarifário ao custeio da operação deve ser definido em contrato. A Lei, ao
exigir critérios de transparência, produtividade e eficiência, busca maior clareza na alocação
dos recursos financeiros, evitando seu uso indevido.
Por sua vez, os serviços de transporte público individual de passageiros, “táxis”, devem ser
regulamentados e fiscalizados pelo poder público municipal, com base nos requisitos de
segurança, conforto, higiene, qualidade e fixação de tarifa máxima na prestação do serviço,
bem como nas exigências do Código de Trânsito Brasileiro.
Com a nova redação dada pelo Art. 27 da Lei 12.865/13 é permitida a transferência da
outorga a terceiros que atendam as exigências do poder público local. No caso de
falecimento do outorgado, o direito da exploração do serviço será transferido a seus
sucessores legítimos.
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Direitos dos Usuários
A Lei dedica um artigo completo para descrever direitos essenciais dos usuários do Sistema
Nacional de Mobilidade Urbana, como receber o serviço de forma adequada ou ter um
ambiente seguro e acessível.
Foto: BRS Rio de Janeiro: ponto de embarque e desembarque com informações para os
usuários – Crédito: Fetranspor.
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São, ainda, instrumentos que garantem o controle social descritos na Lei, a presença de
ouvidorias nas instituições responsáveis pela gestão do Sistema Nacional de Mobilidade
Urbana e a realização de audiências e consultas públicas.
Importante ressaltar que a participação da sociedade não deve ocorrer apenas no final do
processo, mas em todas as etapas do planejamento das políticas públicas, inclusive nas fases
iniciais de identificação das necessidades dos cidadãos.
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O que compete à União
A União tem sua atuação especificada pela Lei. Além de fomentar a implantação de projetos
de mobilidade urbana, é sua obrigação oferecer prestação de assistência técnica e financeira
aos demais entes federados. Não é exatamente uma inovação, mas pela primeira vez é
detalhada sua atribuição, já que a competência constitucional pela gestão do transporte
municipal é local.
Além disso, deve prover os municípios de capacitação contínua, apoiar ações coordenadas
entre Estados e Municípios, além de disponibilizar um sistema nacional de informações
sobre mobilidade urbana. Esses mecanismos denotam o interesse em fortalecer a gestão da
mobilidade urbana segundo as competências de cada esfera de governo e de forma a
propiciar plena integração entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Os Estados, segundo a Lei, são responsáveis por gerir e integrar os aglomerados urbanos e as
regiões metropolitanas, além de prestar serviços de transporte coletivo intermunicipal
urbano.
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O que compete aos Municípios
Apesar de cada ente possuir atribuições específicas, é importante que União, Estados e
Municípios trabalhem de forma conjunta e integrada para alcançar os objetivos da
Política Nacional de Mobilidade Urbana.
Os municípios devem planejar e executar a política de mobilidade urbana. Nos locais em que
os serviços têm caráter metropolitano, os Estados ou um consórcio de municípios devem
planejar a integração dos modos de transporte e serviços. Para isso, devem elaborar
conjuntamente estudos e planos integrados de mobilidade urbana.
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Mobilidade Urbana Sustentável
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O artigo 23 da Lei elenca alguns dispositivos que podem ser usados pelo poder público local:
Adoção
. de padrões para controle de poluentes, em locais e
horários determinados, com a possibilidade de condicionamento
da circulação e do acesso ao atingimento da meta estipulada.
■ 19 ■
Definição de faixas exclusivas para o transporte coletivo e para
os modos não motorizados, como forma de distribuir de forma
mais justa o uso do espaço físico das vias e privilegiar pedestres
e ciclistas.
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Controle de áreas de estacionamento de uso público e privado.
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Plano de Mobilidade Urbana
Além dos princípios, objetivos e diretrizes da lei, o Plano de Mobilidade deve contemplar:
I - os serviços de transporte público coletivo;
II - a circulação viária;
III - as infraestruturas do sistema de mobilidade urbana;
IV - a acessibilidade para pessoas com deficiência e restrição de mobilidade;
V - a integração dos modos de transporte público e destes com os privados e os não
motorizados;
VI - a operação e o disciplinamento do transporte de carga na infraestrutura viária;
VII - os polos geradores de viagens;
VIII - as áreas de estacionamentos públicos e privados, gratuitos ou onerosos;
IX - as áreas e horários de acesso e circulação restrita ou controlada;
X - os mecanismos e instrumentos de financiamento do transporte público coletivo
e da infraestrutura de mobilidade urbana; e
XI - a sistemática de avaliação, revisão e atualização periódica do Plano de ■ 22 ■
Mobilidade Urbana em prazo não superior a 10 (dez) anos.
Os municípios têm o prazo de até 2015 (três anos a partir da vigência da Lei) para elaborar
os seus planos de mobilidade, sob pena de não receberem recursos orçamentários federais
destinados à mobilidade urbana.
Ressalta-se que a Lei 12.587/12 prevê que os planos devem ser avaliados, revisados e
atualizados no prazo máximo de 10 (dez) anos. Isso não significa que esse deva ser o
horizonte a ser projetado na sua elaboração, pois a cidade deve ser planejada por um prazo
maior e os ajustes devem ser periódicos e definidos no próprio plano.
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ANEXO
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. A Política Nacional a que se refere o caput deve atender ao previsto
no inciso VII do art. 2o e no § 2o do art. 40 da Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto
da Cidade).
Art. 2o A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir para o
acesso universal à cidade, o fomento e a concretização das condições que contribuam para a
efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política de desenvolvimento urbano, por
meio do planejamento e da gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana.
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I - motorizados; e
II - não motorizados.
I - quanto ao objeto:
a) de passageiros;
b) de cargas;
a) coletivo;
b) individual;
a) público;
b) privado.
II - estacionamentos;
VI - equipamentos e instalações; e
Seção I
Das Definições
■ 25 ■
I - transporte urbano: conjunto dos modos e serviços de transporte público e privado
utilizados para o deslocamento de pessoas e cargas nas cidades integrantes da Política
Nacional de Mobilidade Urbana;
Seção II
I - acessibilidade universal;
VII - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos
e serviços;
VII - integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira com outros
países sobre a linha divisória internacional.
CAPÍTULO II
VII - integração física, tarifária e operacional dos diferentes modos e das redes de
transporte público e privado nas cidades;
VIII - articulação interinstitucional dos órgãos gestores dos entes federativos por meio
de consórcios públicos; e
§ 1o (VETADO).
§ 5o Caso o poder público opte pela adoção de subsídio tarifário, o deficit originado
deverá ser coberto por receitas extratarifárias, receitas alternativas, subsídios
orçamentários, subsídios cruzados intrassetoriais e intersetoriais provenientes de outras
categorias de beneficiários dos serviços de transporte, dentre outras fontes, instituídos pelo
poder público delegante.
■ 29 ■
II - incorporar índice de transferência de parcela dos ganhos de eficiência e
produtividade das empresas aos usuários; e
§ 11. O operador do serviço, por sua conta e risco e sob anuência do poder público,
poderá realizar descontos nas tarifas ao usuário, inclusive de caráter sazonal, sem que isso
possa gerar qualquer direito à solicitação de revisão da tarifa de remuneração.
Art. 10. A contratação dos serviços de transporte público coletivo será precedida de
licitação e deverá observar as seguintes diretrizes:
Art. 11. Os serviços de transporte privado coletivo, prestados entre pessoas físicas ou
jurídicas, deverão ser autorizados, disciplinados e fiscalizados pelo poder público
competente, com base nos princípios e diretrizes desta Lei.
Art. 12-B. Na outorga de exploração de serviço de táxi, reservar-se-ão 10% (dez por
cento) das vagas para condutores com deficiência.
CAPÍTULO III
Art. 14. São direitos dos usuários do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana, sem
prejuízo dos previstos nas Leis nos 8.078, de 11 de setembro de 1990, e 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995:
■ 31 ■
III - os padrões preestabelecidos de qualidade e quantidade dos serviços ofertados,
bem como os meios para reclamações e respectivos prazos de resposta.
CAPÍTULO IV
DAS ATRIBUIÇÕES
V – (VETADO);
■ 32 ■
gêmeas localizadas em regiões de fronteira com outros países, observado o art. 178 da
Constituição Federal.
III - garantir o apoio e promover a integração dos serviços nas áreas que ultrapassem
os limites de um Município, em conformidade com o § 3º do art. 25 da Constituição Federal.
IV – (VETADO).
Art. 19. Aplicam-se ao Distrito Federal, no que couber, as atribuições previstas para os
Estados e os Municípios, nos termos dos arts. 17 e 18.
Art. 20. O exercício das atribuições previstas neste Capítulo subordinar-se-á, em cada
ente federativo, às normas fixadas pelas respectivas leis de diretrizes orçamentárias, às
efetivas disponibilidades asseguradas pelas suas leis orçamentárias anuais e aos imperativos
da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000.
CAPÍTULO V
Art. 22. Consideram-se atribuições mínimas dos órgãos gestores dos entes federativos
incumbidos respectivamente do planejamento e gestão do sistema de mobilidade urbana:
Art. 23. Os entes federativos poderão utilizar, dentre outros instrumentos de gestão
do sistema de transporte e da mobilidade urbana, os seguintes:
III - aplicação de tributos sobre modos e serviços de transporte urbano pela utilização
da infraestrutura urbana, visando a desestimular o uso de determinados modos e serviços
de mobilidade, vinculando-se a receita à aplicação exclusiva em infraestrutura urbana
destinada ao transporte público coletivo e ao transporte não motorizado e no financiamento
do subsídio público da tarifa de transporte público, na forma da lei;
■ 34 ■
IV - dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte
público coletivo e modos de transporte não motorizados;
VII - monitoramento e controle das emissões dos gases de efeito local e de efeito
estufa dos modos de transporte motorizado, facultando a restrição de acesso a
determinadas vias em razão da criticidade dos índices de emissões de poluição;
II - a circulação viária;
■ 35 ■
§ 1o Em Municípios acima de 20.000 (vinte mil) habitantes e em todos os demais
obrigados, na forma da lei, à elaboração do plano diretor, deverá ser elaborado o Plano de
Mobilidade Urbana, integrado e compatível com os respectivos planos diretores ou neles
inserido.
CAPÍTULO VI
Art. 25. O Poder Executivo da União, o dos Estados, o do Distrito Federal e o dos
Municípios, segundo suas possibilidades orçamentárias e financeiras e observados os
princípios e diretrizes desta Lei, farão constar dos respectivos projetos de planos plurianuais
e de leis de diretrizes orçamentárias as ações programáticas e instrumentos de apoio que
serão utilizados, em cada período, para o aprimoramento dos sistemas de mobilidade
urbana e melhoria da qualidade dos serviços.
Parágrafo único. A indicação das ações e dos instrumentos de apoio a que se refere o
caput será acompanhada, sempre que possível, da fixação de critérios e condições para o
acesso aos recursos financeiros e às outras formas de benefícios que sejam estabelecidos.
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 26. Esta Lei se aplica, no que couber, ao planejamento, controle, fiscalização e
operação dos serviços de transporte público coletivo intermunicipal, interestadual e
internacional de caráter urbano.
Art. 28. Esta Lei entra em vigor 100 (cem) dias após a data de sua publicação.
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DILMA ROUSSEFF
Nelson Henrique Barbosa Filho
Paulo Sérgio Oliveira Passos
Paulo Roberto dos Santos Pinto
Eva Maria Cella Dal Chiavon
Cezar Santos Alvarez
Roberto de Oliveira Muniz
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