MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Gabinete do Procurador MARINUS EDUARDO DE VRIES MARSICO

Proc. TC-036.290/2021-1
Tomada de Contas Especial

PARECER

Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pela Empresa Brasileira de

Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) em desfavor de Project Engine Comércio e Serviços de
Informática Ltda, Jânio Mendonça Bastos, Walteuner Bezerra Mendonça, Douglas Sarmento Magalhaes
Júnior, Genilson Maciel Parente Campos, Paulo Roberto Pereira da Costa, Manoel Maria Mendes de
Campos e Luciano Porfirio de Oliveira Segura.

A instauração da TCE decorreu da constatação de indícios de irregularidade na execução

do Contrato TC 24-SF/2011/0162, firmado entre a Infraero e a referida empresa Project Engine Ltda.,
consoante as conclusões da Sindicância 009/DJCR/2015.
No âmbito do TCU, foi promovida a citação dos responsáveis na forma dos ofícios às
peças 72 a 86.
Ao promover o exame do feito, a unidade técnica concluiu ter havido a prescrição
intercorrente, razão por que propôs o arquivamento do presente processo, nos termos dos arts. 1º e 11 da
Resolução TCU 344, de 11/10/2022, do art. 1º da Lei 9.873/99 e do art. 169, inciso III, do RI/TCU.
Eis a análise promovida na instrução no ponto que interessa ao debate neste momento
processual (grifos acrescidos):
15.1. fase interna:
a) Relatório Conclusivo da Sindicância 009/DJCR/2015 (peça 1), de 23/11/2015;
b) Despacho 068/DJCN (CODIC)/2016 (determinou apuração na sindicância do verdadeiro
causador da superestimativa contratual; documento ausente no processo, mas há referência sobre
ele na peça 3, p. 6; peça 33, p. 6; peça 143, p. 1), de 5/5/2016;
c) Relatório Conclusivo Retificador e Complementar da Sindicância 009/DJCR/2015
(peça 143), de 14/6/2016;
d) Decisão do Comitê Disciplinar Recursal (Codir) (decisão no âmbito da sindicância;
documento ausente no processo, mas há referência sobre ele na peça 3, p. 8; peça 33, p. 8), em
16/8/2019;
e) Parecer SEDE-PAR-2020/01042 (peça 3), de 10/12/2020;
f) Parecer SEDE-PAR-2021/00091 (não consta no processo, mas há referência no ato à peça
6), de 29/1/2021;
g) Parecer SEDE-PAR-2021/00480 (peça 33 ou peça 50), de 16/4/2021;
h) Nota Técnica SEDE-NTT-2021/00074 (peça 35), de 26/4/2021;

Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 73786094.

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i) Parecer SEDE-PAR-2021/00524 (peça 37), de 27/4/2021;

j) Nota Técnica SEDE-NTT-2021/00079 (peça 52), de 29/4/2021;
k) Ação judicial processo 1019507- 64.2021.4.01.3900 (peça 164), de 27/5/2021;
15.2. fase externa:
a) autuação do processo no TCU em 20/8/2021;
b) ato de ordenação da citação (peça 63), em 29/10/2021.
(...)
22. Levando-se em consideração a vigente regulamentação do Tribunal, bem como os eventos
processuais interruptivos da prescrição, relacionados acima (item 15.1, alíneas “c” e “d”),
conclui-se que houve o transcurso do prazo de 3 (três) anos entre cada evento processual e o
seguinte, e consequentemente ocorreu a prescrição intercorrente. Entre o relatório de
sindicância e o parecer da auditoria interna, o processo ficou paralisado por mais de três anos, sem
a prática de qualquer ato que evidencie o seu andamento regular e que interfira de modo relevante
no curso das apurações e/ou pendente de despacho, que caracterizaram as ocorrências desta
prescrição.;

Temos por necessário tecer algumas considerações que nos impedem endossar, neste
momento, a proposta do órgão instrutivo.

Conforme visto nas linhas precedentes, na visão da unidade técnica teria ocorrido a
prescrição intercorrente em razão do transcurso de mais de três anos (cerca de três anos e dois meses)
entre o Relatório Conclusivo Retificador e Complementar da Sindicância 009/DJCR/2015, de 14/6/2016,
e a Decisão do Comitê Disciplinar Recursal, de 16/8/2019.

Ocorre que, ao compulsar as peças processuais, constatamos a “Notificação nº 15”, dirigida

a um dos responsáveis, Sr. Manoel Maria Mendes de Campos, para “se manifestar a respeito das provas
produzidas ... materializada nos documentos anexos” (vide peça 146).

A referida notificação é de 17/10/2016. No aludido documento consta o ciente do

responsável em 24/10/2016.

Consoante dispõe o art. 5º da Resolução TCU 344/2022 a prescrição se interrompe pela

notificação, oitiva, citação ou audiência do responsável, inclusive por edital.

Assim, em relação ao mencionado responsável não teria ocorrido a prescrição

intercorrente.

É bem provável que os demais responsáveis também tenham sido notificados, disso sendo
indicativo a própria inscrição “Notificação nº 15” constante do documento dirigido ao Sr. Manoel Maria
Mendes de Campos. Não conseguimos, porém, localizar as demais notificações nos autos.

Um outro elemento que reforça a possibilidade de ter havido a notificação aos demais
responsáveis é a constatação da unidade técnica da existência de outros documentos relevantes que não se
encontram nos autos.

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Este é o caso da Decisão do Comitê Disciplinar Recursal, de 16/8/2019, acerca da qual o

auditor registra “documento ausente no processo, mas há referência sobre ele na peça 3, p. 8; peça 33, p.
8”, bem como do Parecer SEDE-PAR-2021/00091, a propósito do qual o auditor anota que “não consta
no processo, mas há referência ao ato à peça 6, de 29/1/2021”.

Diante deste contexto e da relevância das peças que não figuram no processo, parece-nos
que o mais apropriado por ora é retornar os autos para a unidade técnica a fim de promover as diligências
necessárias para obter os documentos faltantes, permitindo, assim, posição mais segura quanto à
importante questão da prescrição.

É a manifestação deste representante do Ministério Público junto ao TCU.

Ministério Público de Contas, em 13 de junho de 2023.

(assinatura digital)
MARINUS EDUARDO DE VRIES MARSICO
Procurador

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