TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Gabinete do Conselheiro Durval Ângelo

Processo: 951.278
Natureza: DENÚNCIA
Procedência: Prefeitura Municipal de Patos de Minas
Exercício: 2015
Denunciante: Freitas e Morais Construtora Ltda.
Procuradores: Geovaniny Fonseca Pimentel (OAB/MG n. 187.253),
Maximiliano Agostini (OAB/MG n. 91.087), Renan Longuinho da
Cunha Mattos (OAB/MG n. 106.147) e Daiane Marcela Silva Souza
(OAB/MG n. 122.272)
MPTC: Marcílio Barenco Corrêa de Mello

RELATOR: CONSELHEIRO DURVAL ÂNGELO

I – RELATÓRIO

Tratam os autos de denúncia apresentada por Freitas e Morais Construtora Ltda. – EPP, pessoa
jurídica de direito privado, referente à Concorrência Pública 014/2014, Processo
Administrativo 352/2014 da Prefeitura Municipal de Patos de Minas – MG, tipo menor preço
global, para “contratação de empresa especializada para prestação de serviços de engenharia
elétrica, visando à manutenção corretiva e preventiva de todo sistema de iluminação pública
(IP) do Município de Patos de Minas, englobando o Perímetro Urbano, Zona Rural e
aglomerados urbanos mais afastados (Comunidades, Povoados e Distritos), conforme
especificações e condições descritas neste termo, e demais documentos relativos ao mesmo,
incluindo o fornecimento de materiais, equipamentos e mão de obra”, com orçamento básico
da administração da ordem de R$148.358,97 (cento e quarenta e oito mil trezentos e cinquenta
e oito reais e noventa e sete centavos) mensais, o equivalente a R$1.780.307,64 (um milhão
setecentos e oitenta mil trezentos e sete reais e sessenta e quatro centavos) anuais, com recursos
oriundos de dotações orçamentárias próprias.
Distribuído o presente processo em 03/03/2015 (peça 01 do SGAP), a então relatora, indeferiu
o pedido de medida cautelar que solicitava a suspensão do certame e do contrato e determinou
o encaminhamento dos autos para análise da Unidade Técnica, que elaborou o relatório, peça
03, e entendeu pela necessidade de realização de inspeção in loco para a verificação completa
dos pontos levantados pela denúncia e pelo recurso apresentado pela segunda colocada no
certame, além de verificação dos preços orçados e contratados e verificação da regularidade da
execução física do contrato tendo como parâmetro o Termo de Referência/Projeto Básico do
objeto contratado.
Encaminhado o presente processo para exame e parecer, nos termos do § 3º do art. 61 da
Resolução n. 12/2008, o Ministério junto ao Tribunal de Contas opinou pela realização de
inspeção extraordinária no Município de Patos de Minas, com arrimo no art. 140, caput e § 1º
c/c art. 282, inciso II, alínea b, todos da Resolução TCE n. 12/2008 (Regimento Interno do
Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais) visando à apuração dos fatos denunciados, bem
como quantificação do dano e a responsabilização dos agentes público (peça 04).

Página 1 de 3

Documento assinado por meio de certificado digital, conforme disposições contidas na Medida Provisória 2200-2/2001, na Resolução n.02/2012 e na Decisão Normativa
n.05/2013. Os normativos mencionados e a validade das assinaturas poderão ser verificados no endereço www.tce.mg.gov.br, código verificador n. 2975678
 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Gabinete do Conselheiro Durval Ângelo

Em razão da manifestação da Unidade Técnica, corroborada pelo Ministério Público junto ao

Tribunal de Contas, nos termos do art. 284, do Regimento Interno, a então conselheira relatora
solicitou, à peça 05, ao Conselheiro-Presidente, Cláudio Couto Terrão, a realização de inspeção
extraordinária na Prefeitura Municipal de Patos de Minas, tendo por objeto a Concorrência
Pública n. 014/2014, Processo Administrativo n. 352/2014, e a execução dos contratos dela
decorrentes, especialmente quanto aos pontos levantados na conclusão do relatório técnico, fls.
113v e 114.
Em 30 de maio de 2017 o então conselheiro-presidente encaminhou os autos à Superintendência
de Controle Externo a fim de apurar a procedência dos fatos narrados na presente denúncia, nos
termos do art. 41, XXXII, do Regimento Interno (peça 10).
O presente processo foi redistribuído à minha relatoria em 01/08/2018 (peça 14).
Em cumprimento à determinação do Conselheiro-Presidente do Tribunal de Contas do Estado
de Minas Gerais – TCEMG, a 1ª Coordenadoria de Fiscalização de Obras e Serviços de
Engenharia – 1ª CFOSE procedeu à inspeção extraordinária no município de Patos de Minas,
no período de 06 a 18/08/2018, apontando as seguintes irregularidades: Quanto aos aspectos
formais: Divulgação insuficiente do aviso contendo o resumo do edital de licitação,
contrariando o inciso III do art. 21 da Lei 8.666/93. Quanto aos aspectos de Engenharia: 1.
Projeto Básico/Termo de referência inconsistente e superestimado; 2. Ausência da
demonstração analítica do item Administração Local e sua inclusão indevida no cálculo do BDI;
3. Sobrepreço nas planilhas elaboradas pela Administração projetando prejuízo ao erário de
R$2.636.880,48 (dois milhões seiscentos e trinta e seis mil oitocentos e oitenta reais e quarenta
e oito centavos) ao final de 3 anos; 4. Contratação com sobrepreço com prejuízo ao erário; 5.
Pagamento dos serviços com prejuízo ao erário no valor de R$692.844,30 (seiscentos e noventa
e dois mil oitocentos e quarenta e quatro reais e trinta centavos) até a data da auditoria.
Encaminhado os autos ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, este opinou pela
citação dos responsáveis para que apresentassem defesa escrita, em observância aos corolários
constitucionais de ampla defesa e do contraditório, nos termos do art. 5º, inciso LV, da
Constituição Federal, c/c art. 307 da Resolução TCE n. 12/2008, Regimento Interno do Tribunal
de Contas do Estado de Minas Gerais (peça 52).
Regularmente citados os responsáveis apresentaram razões de defesa juntamente com os
documentos acostados às fls. 211 a 1248 (peças 64, 65, 66, 67, 68).
Em reexame a Unidade Técnica propôs a aplicação de sanções previstas no art. 83 da Lei
Complementar Estadual n. 102/2008, o ressarcimento de dano causado ao erário, nos termos do
art. 94 da lei Complementar Estadual n. 102/2008, além de solicitar que fossem enviadas as
medições e as notas fiscais do serviço até o término do contrato para atualização do dano
apurado (peça 55).
Conforme manifestação da 1ª Coordenadoria de Fiscalização de Obras e Serviços de
Engenharia à fl. 1272, determinei a intimação e as citações dos responsáveis conforme
elencados no relatório técnico de Engenharia.
Após análise das defesas apresentadas a Unidade técnica se manifestou nos seguintes termos
(peça 70):
Pela improcedência das defesas suplementares quanto ao apontamento:
Em razão do sobrepreço no valor contratado, a administração municipal, durante os
exercícios de 2015, 2016, 2017 e 2018, efetuou pagamentos superfaturados pelos serviços

Página 2 de 3

Documento assinado por meio de certificado digital, conforme disposições contidas na Medida Provisória 2200-2/2001, na Resolução n.02/2012 e na Decisão Normativa
n.05/2013. Os normativos mencionados e a validade das assinaturas poderão ser verificados no endereço www.tce.mg.gov.br, código verificador n. 2975678
 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Gabinete do Conselheiro Durval Ângelo

de manutenção da iluminação pública, atingindo o superfaturamento o montante de R$

692.844,30.
Que o valor do dano de R$137.468,81, estabelecido por esta Unidade Técnica na primeira
análise de defesa, após levar em consideração a execução contratual dos meses de junho a
dezembro de 2018, passa a ser acrescido de R$4.069,35, totalizando R$ 141.538,16.
Em parecer conclusivo o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas opinou
preliminarmente pela prescrição da pretensão punitiva pelos ilícitos administrativos atinentes
ao procedimento licitatório e pela prescrição da pretensão ressarcitória do dano causado ao
erário até o mês de março de 2016. No mérito opinou que seja julgado irregular o sobrepreço
apurado no valor do Contrato n. 018/2015, decorrente da Concorrência Pública n. 014/2014,
deflagrada pela Prefeitura Municipal de Patos de Minas, em relação aos atos praticados pelo Sr.
Carlos Guilherme Naimeg, e pelo Sr. Rogerio Borges Vieira e por consequência seja lhes
aplicado a sanção pecuniária no valor de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais), nos termos do
art. 85, inciso II, da Lei Complementar estadual n. 102/2008 (Lei Orgânica do Tribunal de
Contas do Estado de Minas Gerais), pela prática de infração grave às normas legais, opinou,
ainda, pelo ressarcimento aos cofres públicos municipais da quantia apurada em Inspeção
Extraordinária, (peça 72).

Belo Horizonte, __ de ____________ de ___.

DURVAL ÂNGELO
PAUTA – 1ª Câmara
Conselheiro Relator Sessão do dia
(assinado digitalmente) ___/___/____
__________________
Matrícula:

Página 3 de 3

Documento assinado por meio de certificado digital, conforme disposições contidas na Medida Provisória 2200-2/2001, na Resolução n.02/2012 e na Decisão Normativa
n.05/2013. Os normativos mencionados e a validade das assinaturas poderão ser verificados no endereço www.tce.mg.gov.br, código verificador n. 2975678