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GRUPO I – CLASSE II – 1ª Câmara

TC-019.886/2004-6
Natureza: Tomada de Contas Especial
Unidade: Prefeitura Municipal de Muriaé - MG
Responsável: Paulo de Oliveira Carvalho, ex-Prefeito (CPF nº 003.039.096-68)
Advogado constituído nos autos: não há

Sumário: Tomada de Contas Especial. Irregularidades na aplicação de recursos


transferidos pelo extinto Ministério do Bem-Estar Social ao Município. Citação. Revelia.
Contas julgadas irregulares com débito. Aplicação de multa. Autorização para cobrança
judicial da dívida. Remessa de cópia da documentação pertinente ao Ministério Público da
União.

Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial em nome do Sr. Paulo de Oliveira


Carvalho, ex-Prefeito Municipal, instaurada em decorrência do não-cumprimento do objeto
previsto no Plano de Trabalho aprovado pela Portaria nº 1.115, de 30/12/1992, do extinto
Ministério do Bem-Estar Social, que previa a execução de rede de esgotos na sede do
Município de Muriaé/MG.
A Secretaria Federal de Controle Interno da Controladoria-Geral da União emitiu o
Relatório de Auditoria nº 154503/2004 (fls. 131/134) em face do qual foi certificada a
irregularidade das contas (fl. 135), tendo a autoridade ministerial competente, em
pronunciamento de fl. 141, atestado haver tomado conhecimento das conclusões contidas
nos referidos relatório e certificado, bem como no parecer correspondente (fl. 136).
No âmbito deste Tribunal, por meio do Ofício nº 1.871, de 30/12/2004, da
SECEX/MG, foi o responsável regularmente citado em seu endereço, nos termos do art.
179, inciso II, do Regimento Interno/TCU.
Não obstante isso, o responsável quedou-se silente.
Com efeito, em pareceres uniformes, propugnou a Unidade Técnica, conforme a
instrução fls. 153/154, o que se segue:

“Diante do exposto, proponho, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III,
da alínea “c”, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da
mesma lei, e com os arts, 1º, inciso I, 209, inciso III, 210 e 214, inciso III, do Regimento
Interno:
a) julgar irregulares as presentes contas, e condenar o Sr. Paulo de Oliveira
Carvalho, ao pagamento da quantia de Cr$ 322.840.000,00, atualizada monetariamente e
acrescida dos juros de mora calculados a partir de 05/03/1993, até aquela do efetivo
recolhimento, na forma da legislação em vigor; fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a
contar da notificação, para comprovar perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea
“a” do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro
Nacional;
b) aplicar ao Sr. Paulo de Oliveira Carvalho, a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/92, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que
comprove perante o Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro
Nacional (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), atualizada
monetariamente a partir do dia seguinte ao do término do prazo ora fixado, até a data do
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efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor;
d) seja autorizada, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a
cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação; e
e) com fulcro no art. 16, parágrafo 2º, da Lei nº 8.443/92, e no disposto no art. 209,
parágrafo 6º do Regimento Interno/TCU, remeter cópia da documentação pertinente ao
Ministério Público da União para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis.

O Ministério Público junto ao TCU, representado nos autos pelo Procurador Marinus
Eduardo de Vries Marsico, manifestou-se de acordo com a unidade técnica (fl. 155), nos
seguintes termos:
“À vista dos elementos contidos nos autos, e considerando em especial o silêncio do
responsável em relação à irregularidade a ele atribuída, não obstante as oportunidades
que lhe foram oferecidas, tanto pelo Ofício nº 331/2003/CGCON/DELIQ/SE/MP (fls.
111/112, AR a fls. 115) quanto pelo Ofício de Citação nº 001871/SECEX-MG (fl. 149, AR a
fls. 150), manifestamo-nos de acordo com a proposta de mérito alvitrada pela Unidade
Técnica, em pareceres uniformes, a fls. 153/154.”

É o Relatório.

VOTO

A presente Tomada de Contas Especial é decorrente da constatação da Caixa


Econômica Federal – CEF (fls. 88/91) quanto à não comprovação da aplicação dos recursos
no objeto pactuado, haja vista as divergências nas informações prestadas no Relatório de
Execução Físico-Financeira e na Relação de Pagamentos.
Conforme se depreende dos autos, várias foram as tentativas junto ao responsável no
sentido de sanear a irregularidade apurada, inclusive mediante citação pessoal realizada
pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (fls. 111/115).
Já no âmbito deste Tribunal, consoante o relatório precedente, foi promovida a
citação do Sr. Paulo de Oliveira Carvalho para apresentar suas alegações de defesa ou
recolher aos cofres do Tesouro Nacional a importância decorrente da não-comprovação da
efetiva aplicação dos recursos repassados pelo extinto Ministério do Bem-Estar Social, nos
termos do Plano de Trabalho aprovado pela Portaria n. 1.115, de 30/12/1992. Contudo,
permaneceu silente, configurando-se a sua revelia.
Desse modo, ante a reticência no saneamento da irregularidade apurada na aplicação
dos recursos federais repassados, entendo que o Tribunal deve julgar irregulares as contas
do responsável, imputando-lhe débito e aplicando-lhe a multa prevista no art. 57 da Lei nº
8.443, de 16/7/1992.
Dessa forma, acolhendo, no mérito, os pareceres uniformes da unidade técnica e do
Ministério Público junto ao TCU, VOTO por que seja adotado o Acórdão que ora submeto
à apreciação desta 1ª Câmara.

Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 14 de junho de 2005.

GUILHERME PALMEIRA
Ministro-Relator
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ACÓRDÃO Nº 1.136/2005 - TCU - 1ª CÂMARA

1. Processo nº TC-019.886/2004-6
2. Grupo I – Classe de Assunto II – Tomada de Contas Especial
3. Responsável: Paulo de Oliveira Carvalho, ex-Prefeito (CPF nº 003.039.096-68)
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Muriaé - MG
5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira
6. Representante do Ministério Público: Dr. Marinus Eduardo De Vries Marsico
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais -
SECEX/MG
8. Advogado constituído nos autos: não há

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial em nome
do Sr. Paulo de Oliveira Carvalho, ex-Prefeito Municipal de Muriaé/MG, instaurada em
decorrência de irregularidades na aplicação de recursos no valor original de Cr$
322.840.000,00 (trezentos e vinte e dois milhões, oitocentos e quarenta mil cruzeiros),
transferidos ao referido Município pelo extinto Ministério do Bem-Estar Social, à conta do
Plano de Trabalho aprovado pela Portaria nº 1.115, de 30/12/1992, que visava a execução
de rede de esgotos na sede do Município de Muriaé/MG.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª
Câmara, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “a”, da Lei nº 8.443, de
16 de julho de 1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, alínea “a”, da mesma Lei, em:
9.1. julgar as presentes contas irregulares e condenar o Sr. Paulo de Oliveira
Carvalho, ex-Prefeito Municipal de Muriaé /MG, ao pagamento da quantia de Cr$
322.840.000,00 (trezentos e vinte e dois milhões, oitocentos e quarenta mil cruzeiros),
fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o
Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da
dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida dos encargos
legais, calculados a partir de 5/3/1993 até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista
na legislação em vigor;
9.2. aplicar ao Sr. Paulo de Oliveira Carvalho a multa prevista nos arts. 19, caput, e
57 da Lei nº 8.443/1992, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhe o prazo de
15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214,
inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da referida quantia aos
cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término
do prazo estabelecido até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, a
cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;
9.4. enviar cópia da documentação pertinente ao Ministério Público da União, para
ajuizamento das ações que entender cabíveis (§ 6º do art. 209 do Regimento Interno/TCU).

10. Ata nº 19/2005 – 1ª Câmara


11. Data da Sessão: 14/6/2005 – Ordinária
12. Especificação do quórum:
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12.1. Ministros presentes: Marcos Vinicios Vilaça (Presidente), Valmir Campelo e
Guilherme Palmeira (Relator).
12.2. Auditor convocado: Marcos Bemquerer Costa.

MARCOS VINICIOS VILAÇA


Presidente

GUILHERME PALMEIRA
Ministro-Relator

Fui presente:
MARINUS EDUARDO DE VRIES MARSICO
Procurador

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