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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 002.

022/2008-2

GRUPO II – CLASSE II – 2ª Câmara


TC 002.022-2008-2
Natureza: Tomada de Contas Especial
Entidade: Prefeitura Municipal de Muriaé - MG
Responsável: Odilon Paiva Carvalho (236.842.406-72);
Interessado: Ministério do Meio Ambiente
Advogados constituídos nos autos: Guilherme Pupe da Nóbrega (OAB/DF
29.237); Ricardo Luiz Rodrigues da Fonseca Passos (OAB/DF 15.523);
Jorge Amaury Maia Nenes (OAB/DF 32.521); Ademar Cypriano Barbosa
(OAB/DF 23.151); Cecília Maria Lapetina Chiaratto (OAB/DF 20.120) e
Annebele Ferreira Borges (OAB/DF 9.118-E).

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL.


MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.
IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO DOS
RECURSOS. CITAÇÃO DO EX-PREFEITO.
ALEGAÇÕES DE DEFESA INSUFICIENTES
PARA AFASTAR A INTEGRALIDADE DO
DÉBITO. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO.
MULTA.
- Julgam-se irregulares as contas, com condenação
em débito e aplicação de multa ao responsável, em
face da não-comprovação da aplicação da
integralidade dos recursos repassados no objeto
pactuado.

RELATÓRIO

Trata-se de tomada de contas especial instaurada pela Subsecretaria de Planejamento,


Orçamento e Administração – SPOA, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), contra o Sr. Odilon
Paiva Carvalho, em decorrência da não-aprovação da prestação de contas dos recursos repassados por
aquele Ministério à Prefeitura Municipal de Muriaé/MG, por conta do Convênio MMA/SBF
n.º 2001CV000065 (fls. 53/61), cujo objeto era “apoiar o Projeto para Estruturação e Consolidação do
Parque Municipal Marliére e Recomposição da Cobertura Vegetal da área de entorno do Parque”.
2. Celebrado em 22/10/2001, o ajuste previa que seriam necessários para a consecução do objeto
R$ 253.897,00 (duzentos e cinquenta e três mil oitocentos e noventa e sete reais), sendo R$ 197.557,00
(cento e noventa e sete mil quinhentos e cinquenta e sete reais) à conta da concedente e R$ 56.340,00
(cinquenta e seis mil trezentos e quarenta reais) à conta da convenente.
3. Terminada a vigência do convênio, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA
promoveu vistoria in loco no objeto pactuado e concluiu que ele fora parcialmente alcançado (fls.
101/123). Na sequencia, tendo o ex-prefeito sido instado a sanear as irregularidades identificadas, foram
apresentadas pelo ex-gestor novas informações, as quais foram rejeitadas pelo Ministério por intermédio
da Nota Informativa n.º 53/2004 (fls. 129/130) e dos Pareceres n.º 421 e 34, respectivamente datados de
10/1/2005 e 8/6/2005. Concluiu-se, naquela ocasião, que aproximadamente 70% do objeto pactuado
havia sido cumprido.
4. Submetidos os autos à Secretaria Federal de Controle Interno, foi certificada (fl. 172) a
irregularidade das contas, tendo a autoridade ministerial atestado haver tomado conhecimento das
irregularidades identificadas (fl. 174).

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5. No âmbito deste Tribunal, a Secex/MG elaborou a instrução exordial de fls. 183/184, por
meio da qual verificou ser recomendável a imediata citação do senhor Odilon Paiva Carvalho, ex-prefeito,
em razão da não-comprovação da aplicação da integralidade dos recursos no objeto pactuado.
6. Promovida a comunicação processual pertinente, mediante Ofício/SECEX/MG 678/2008
(fl. 186), o responsável, após solicitar, com êxito, dilação do prazo para apresentar suas alegações de
defesa, compareceu aos autos e apresentou as informações de fls. 142/284.
7. Restituídos os autos ao Auditor Federal de Controle Externo – AUFC incumbido da análise
do feito, foi promovido o exame de fls. 285/286 que deu ensejo à seguinte proposta:
“Considerando a especificidade das questões trazidas pelo responsável, cabe propor, com fulcro
no art. 10, §1º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 201, §º, do RI/TCU, o encaminhamento de cópia destas
autos processuais à Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, para
que, em 15 (quinze) dias, realize as medidas necessárias para averiguar a consecução dos objetivos
do Convênio MMA/SBF n.º 2001CV000065 e informe ao TCU sobre a sua regularidade.”
8. Tendo o corpo diretivo da Secex/MG anuído ao proposto, foram os autos submetidos ao
Ministério do Meio Ambiente que, por meio da Nota Informativa 5/2009/DAP/SBF/MMA (fls. 291/296),
datada de 26/2/2009, promoveu a análise demandada por este Tribunal.
9. Ato contínuo, após o Sr. Odilon apresentar novas alegações de defesa (fls. 297/337), o AUFC
incumbido do feito promoveu a derradeira instrução de fls. 340/350, cujos principais excertos, com os
ajustes de forma que julgo pertinentes, transcrevo a seguir:
“14. Sendo assim, cumpre re-examinar as questões impugnadas à luz da defesa apresentada,
das informações encaminhadas pela SBF/MMA e da tréplica trazida pelo responsável.
CARACTERÍSTICAS DO PROJETO E DO CONVÊNIO
15. Antes de analisar as questões impugnadas e respectivas respostas do responsável, uma a
uma, cabe prestar informação geral sobre a impugnação do convênio.
16. O Plano de Trabalho preliminar contém o documento “Projeto para Estruturação e
Consolidação do Parque Municipal Marliére e Recomposição da Cobertura Vegetal do Município de
Muriaé”, com a discriminação das metas que compõem o objeto do convênio e respectivos valores
(fls. 11), conforme reproduzido a seguir:

Metas Concedente Convenente Total


1. Levantamento Plani-Altimétrico - 760,00 760,00
2. Plano de Manejo - - -
3. Formação do Conselho Consultivo - - -
4. Construção Centro de Educação Ambiental 60.733,10 20.827,89 81.561,00
5. Aparelhamento e Informatização do Centro 10.080,00 - 10.080,00
6. Construção Galpão do Viveiro de Mudas 10.084,15 4.570,33 14.654,48
7. Construção e Operacionalização do Viveiro 3.021,50 22.550,00 25.571,50
8. Construção de Aceiros - 396,00 396,00
9. Manutenção de Cercas 4.848,10 1.650,00 6.498,10
10. Sinalização da Vias Internas e Externas 300,00 - 300,00
11. Implantação da Coleta Seletiva de Lixo 1.400,00 - 1.400,00
12. Manutenção das Trilhas Ecológicas - 210,00 210,00
13. Reflorestamento com Árvores Nativas 32.927,10 - 32.927,10
14. Reflorestamento com Eucalipto 32.574,00 - 32.574,00
15. Capacitação de Agentes Educadores 408,00 136,00 544,00
16. Capacitação de Pequenos e Médios Produtores 822,00 272,00 1.094,00
Rurais
17. Palestra para Produtores Rurais - 1.660,00 1.660,00
18. Capacitação de Viveiristas e Funcionários do 310,00 432,00 742,00
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Parque
19. Treinamento de Equipe de Combate a Incêndio 350,00 - 350,00
20. Aquisição de Automóvel 17.200,00 2.875,00 20.075,00
21. Contratação de Serviços de Terceiros 22.800,00 - 22.800,00
Total 197.857,95 56.339,22 254.197,18

17. Importa notar que tais valores são muito próximos daqueles constantes do Plano de
Trabalho final, de forma resumida, sob o título Plano de Aplicação (fls. 63), integrante do Convênio
MMA/SBF n.º 2001CV000065. Ou seja, os valores para concedente, convenente e total, são,
respectivamente, pelo projeto, R$ 197.857,95, R$ 56.339,22 e R$ 254.197,18; e pelo plano de
aplicação, R$ 197.557,00, R$ 56.340,00 e R$ 253.897,00.
18. A Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, após analisar
a defesa do responsável, conclui (Nota Informativa de 26/02/2009 - fls. 291/296) que, do ponto de
vista técnico, pode-se considerar que cerca de 70% dos objetivos do convênio com a Prefeitura de
Muriaé tenham sido cumpridos, considerando peso idêntico para as diferentes metas. Ao final,
recomenda ao Tribunal: a) proceder ao levantamento e cálculos de quanto representam os objetivos
do convênio não cumpridos, em valores atuais; b) verificar a veracidade da data de elaboração do
Plano de Manejo e respectivo Zoneamento do Parque Municipal, providenciando as medidas legais
cabíveis, em caso de fraude (fls. 296).
19. A conclusão do MMA, que arbitra aleatoriamente um percentual para cumprimento do
objeto do convênio, não pode prosperar, por contrariar o art. 1º da IN/TCU n.º 56, de 15/12/2007, o
qual estipula a necessidade de precisa quantificação do dano para a instauração de TCE.
20. O Ministério do Meio Ambiente deverá receber determinação para que elabore suas
propostas de débito aos responsáveis, por descumprimento quanto à consecução do objeto do
convênio, com base em precisa quantificação do dano, conforme dispõe o art. 1º da IN/TCU n.º 56, de
15/12/2007, evitando transferir ao TCU a responsabilidade pelo levantamento e cálculos de quanto
representam os objetivos do convênio não cumpridos.
21. Em face da omissão do MMA, esta instrução processual apresenta o levantamento e
cálculos necessários para o débito ao responsável para os itens descumpridos do convênio, segundo
normativos do TCU.
ALEGAÇÕES DE DEFESA, PARECER DO ÓRGÃO CONCEDENTE, TRÉPLICA DO
RESPONSÁVEL
22. Em sua defesa (fls. 192/204), o responsável ressalta a não-constatação de qualquer
improbidade administrativa e o alcance dos objetivos do convênio (fls. 192); considera como ato
arbitrário a impugnação de 30% do objeto do convênio, por não haver indicação de qualquer
metodologia capaz de lhe dar sustentação (fls. 193); argumenta sobre os atos impugnados
(fls. 193/204), anexa cópia do plano de manejo do Parque Guido Marliere (fls. 205/256), das atas das
reuniões do Conselho Consultivo do Parque Guido Marliere (fls. 257/265), das portarias de
nomeação e exoneração dos membros do Conselho Consultivo do Parque Guido Marliere
(fls. 266/267), dos certificados sobre cursos realizados no parque Guido Marliere (269/275), dos
atestados de atividades realizadas no Parque Guido Marliere (fls. 276/283).
23. Já em sua tréplica (fls. 297/328), o responsável, inicialmente, discorre sobre a Lei
n.º 9.784/1999, referente ao processo administrativo, e sobre a função do TCU; alega que o Tribunal
não assegura a ampla defesa em processo de representação, apenas a garantindo na tomada de
contas especial; desqualifica a conclusão do Ministério do Meio Ambiente; por fim, apresenta sua
defesa quanto aos atos impugnados.
24. Apresentam-se, a seguir, os atos impugnados acompanhados das alegações de defesa, do
parecer conclusivo da Secretaria de Biodiversidade e Florestas –SBF/MMA e da tréplica do
responsável para cada um deles.

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a) elaboração do plano de manejo do parque


Alegações de defesa (fls. 193)
25. O plano de manejo foi minuciosamente elaborado, dele constando planos de incentivo à
pesquisa científica, à flora e à fauna e outros, com total respeito ao meio ambiente, conforme cópia
que anexa ao processo.
Parecer conclusivo do SBF/MMA (fls. 292/293)
26. Os documentos apresentados, a saber, Plano de Manejo – Encarte 1 – Caracterização e
Diagnóstico do Parque Municipal Marliére, e Plano de Manejo – Encarte 2 – Proposta Zoneamento
do Parque Municipal Marliére, foram assinados por um único técnico, sendo que devem envolver uma
equipe multidisciplinar. Ademais, como apenas um documento foi datado (junho/2001), supõe-se que
tenham sido elaborados na mesma data, ou seja, anteriormente à assinatura do convênio. Ressalte-se
que somente agora tais documentos foram apresentados e que, à época da vistoria técnica, o próprio
coordenador do projeto admitiu que o Parque não possuía plano de manejo. Se a data dos
documentos é verídica, o Plano de Manejo foi elaborado antes da celebração do convênio; parece-
nos, entretanto, que o documento foi elaborado recentemente, o que, além do descumprimento do
objeto do convênio, implicaria em fraude técnica.
Tréplica do responsável (315/316)
27. “...o plano de manejo existe, foi devidamente elaborado, está catalogado e disponível na
Prefeitura de Muriaé e nestes autos, pronto para ser utilizado por quaisquer estudos ou estudiosos,
inclusive pelo respeitável órgão do MMA e a ser-lhe dado a continuidade face a sua existência.”
Análise
28. Não há valores alocados a tais metas por parte do concedente, ou do convenente,
conforme depreende-se do projeto (fls. 11 e 35/43). Sendo assim, não há motivos para a imputação de
débito ao responsável.
b) não-implementação do Conselho Consultivo
Alegações de defesa (fls. 193)
29. O Conselho Consultivo do Parque Guido Marliere foi nomeado e empossado, conforme
portaria n.º 30, de 27/12/2001, sendo certo que os respectivos mandatos foram prorrogados pela
Portaria n.º 20, de 20/12/2003. Ademais, o Conselho teve atuação destacada na implementação do
projeto, conforme se comprova pelas atas de suas reuniões (documento anexo).
Parecer conclusivo do SBF/MMA (fls. 293/294)
30. Não podemos considerar como devidamente implementado o conselho consultivo do
Parque Municipal sem a apresentação de documentos que comprovem a sua consonância com o
estabelecido na legislação, especificamente na Lei n.º 9.985/2000, que trata do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação, e no Decreto n.º 4.320/2002, que a regulamenta.
Tréplica do responsável (316)
31. “O Conselho Consultivo foi devidamente criado, inclusive por ato público oficial, cuja
criação foi feita por decreto do Executivo, publicado em jornal oficial e ainda foram feitas várias
reuniões, cujas atas foram lavradas e juntadas na prestação de contas.”
Análise
32. Não há valores alocados a tais metas por parte do concedente, ou do convenente,
conforme depreende-se do projeto (fls. 11 e 35/43). Sendo assim, não há motivos para a imputação de
débito ao responsável.

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c) construção do galpão para o viveiro de mudas


Alegações de defesa (fls. 194/195)
33. Tal galpão foi edificado com recursos do projeto, conforme fotos constantes no processo e
documentos de prestação de contas, servindo para armazenamento de insumos, ferramentas,
equipamentos e possibilitando o sucesso da construção do viveiro e a produção de mudas.
Parecer conclusivo do SBF/MMA (fls. 294)
34. “O Plano de Manejo do Parque, datado de junho/2001, citava como infra-estrutura
existente à época a sede do viveiro de mudas (fls. 243), da mesma forma que o centro de educação
ambiental. O documento cita, ainda, que ambos possuíam „plenas condições de funcionamento e
atendimento de suas finalidades‟. Reitera-se, pois, a afirmação do Parecer n.º 034/2005/SBF/MMA
(fls. 145), que pressupõe que a Prefeitura de Muriaé não executou a referida meta com recursos do
convênio, visto que o galpão já se encontrava no local anteriormente à celebração do convênio.
Novamente, destaca-se o indício de fraude na datação do Plano de Manejo apresentado, cabendo,
inclusive, responsabilização do técnico que o assina, em se comprovando os fatos.”
Tréplica do responsável (316/317)
35. “... equivocada, data venia, a conclusão do respeitável assessor técnico, já que o parecer
técnico 015/2004 MMA/SBF/DAP, constante inclusive de menção às fls. 152, que disse ter feito
vistoria in loco, é claro ao aduzir que constatou a situação: “o galpão do viveiro de mudas foi
efetivamente construído”.
Análise
36. O responsável não consegue comprovar a construção de tal galpão, sendo que o próprio
Plano de Manejo do Parque, datado de junho/2001, afirma a sua existência prévia ao convênio,
conforme apontado pelo Parecer conclusivo do MMA (fls. 294).
d) sinalização das vias internas do parque
Alegações de defesa (fls. 195/197)
37. Não falta sinalização nas essências nativas contidas no parque, de modo que o visitante
tivesse todas as informações básicas sobre o seu acervo.
Parecer conclusivo do SBF/MMA (fls. 294/295)
38. Houve, de fato, a sinalização nas essências nativas contidas no parque. “Entretanto, a
defesa não apresenta nenhum argumento para a falta de sinalização interna do Parque, concordando,
pois, que a meta não foi realizada, como já admitido pelo próprio ex-Prefeito de Muriaé nas
prestações de contas anteriores do convênio (fls. 145).”
Tréplica do responsável (317/318)
39. “Conforme se vê, além das placas implementadas no projeto objeto do convênio, de se
destacar que foram implementadas placas de sinalização, com o nome das trilhas e identificações das
espécies das árvores, sendo que somente não foram colocadas mais porque já possuíam sinalizações
internas, consoante as fotografias em anexo”.
Análise
40. O Ministério do Meio Ambiente considera que houve a sinalização externa e parte da
interna, correspondente à sinalização nas essências nativas contidas no parque (fls. 294/295). Sendo
assim, e considerando o pequeno valor envolvido (R$300,00), cabe considerar tal meta como atingida.
e) implantação de coleta seletiva do parque
Alegações de defesa (fls. 197/198)

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41. A coleta seletiva de lixo foi integralmente implantada com o apoio da autarquia municipal
de limpeza pública. Com o passar do tempo, novos containeres foram instalados em todas as praças e
jardins do município, em face da aceitação da população quanto à importância da coleta seletiva.
Parecer conclusivo do SBF/MMA (fls. 295)
42. A Prefeitura Municipal de Muriaé realmente instalou coleta seletiva e reciclagem de lixo
na área urbana do município, fato que foi constatado na vistoria e que pode ser comprovado pelas
fotos apresentadas pela defesa (fls. 198). “Entretanto, tal ação não tem nenhuma relação com o
convênio celebrado, uma vez que não foi constatada, na vistoria, a existência de container ou de
qualquer outro tipo de lixeira que procedesse à coleta seletiva de lixo no interior do Parque Municipal
Guido Marliére. A defesa, também, não apresenta nenhum fato novo que possa contrariar tal
afirmação. Portanto, tal meta do convênio não foi alcançada.”
Tréplica do responsável (318/319)
43. “Cumpre destacar que, na verdade, a coleta seletiva foi implementada no Parque
Municipal Guido Marliere, na forma do convênio, bem como em toda a cidade de Muriaé, inclusive no
parque, repita-se. Na praça que antecede o parque (inclusive, pode-se ver, pelas fotos anexas, o
parque ao fundo) foram incluídos os recipientes de coleta seletiva, sendo que a do parque foi retirada,
após ter sido colocado fogo no recipiente. Assim, não se pode considerar que não foi implementada a
meta; pelo contrário, foi colocado, e por conveniência e preservação do patrimônio público, foi
retirado.”
Análise
44. Conforme assinala, apropriadamente, o Ministério do Meio Ambiente, em seu parecer de
fls. 295, a meta do convênio não foi alcançada, pois a coleta seletiva de lixo realizada pela Prefeitura
Municipal de Muriaé foi instalada na área urbana do município, e não no parque.
f) palestra para produtores rurais
Alegações de defesa (fls. 198/200)
45. Foram realizadas muitas palestras e cursos, em parceria com outros órgãos e entidades
do Poder Público, sobre medidas preventivas contra incêndio e educação voltada para o meio
ambiente, atingindo público superior a todas as expectativas e resultando no cumprimento da meta.
Parecer conclusivo do SBF/MMA (fls. 295)
46. “Como fato novo, além dos documentos já citados no Parecer n.º 034/2005/SBF/MMA
(fls. 146), a defesa apresenta uma declaração da Emater/MG, citando que participou e elaborou
eventos onde proferiu palestras sobre a preservação do meio ambiente e proteção das nascentes. De
toda forma, novamente nenhuma menção é feita à Unidade de Conservação ou ao Parque Municipal
Guido Marliére, objeto do convênio, fato que nos motivou a considerar a meta apenas parcialmente
cumprida, conclusão que ainda mantemos.”
Tréplica do responsável (319/320)
47. “A questão das palestras foi amplamente demonstrada, através de documentos
comprobatórios para tanto, não procedendo, portanto, as assertivas do MMA”.
Análise
48. O responsável apresentou documentos a fls. 269/283 relativos a cursos e palestras
realizados em parceria com outros órgãos e entidades do Poder Público; já o parecer conclusivo do
SBF/MMA mantém sua posição original de considerar a meta apenas parcialmente cumprida. Tendo
em vista os documentos produzidos pela defesa e sua demonstração quanto ao teor dos cursos (fl.s
198/200) e, ainda, a afirmativa do SBF/MMA de que a meta foi parcialmente cumprida, sem
quantificar o que faltou para sê-lo completamente, cabe considerar esta questão como elidida.

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g) capacitação de viveiristas e funcionários do parque


Alegações de defesa (fls. 200/203)
49. Os servidores do parque foram capacitados mediante cursos ministrados por técnicos da
prefeitura e de outros órgãos ou entidades estatais; a capacitação de viveiristas estendeu-se por toda
a zona rural do município.
Parecer conclusivo do SBF/MMA (fls. 295/296)
50. “A defesa refere-se à realização de diversos cursos de capacitação para os servidores
lotados no Parque Municipal Guido Marliére, que foram ministrados pelos técnicos da Prefeitura,
Emater-MG, Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, entre outros. Entretanto, não foi
apresentada qualquer prova de ter sido realizado o curso proposto no projeto do convênio
denominado de “Unidades de Conservação”. Desta forma, ratificamos que a Meta 17 do Projeto
(Capacitação de viveiristas e funcionários do parque) foi apenas parcialmente cumprida (fls. 146).
Destaca-se que o problema reside no conteúdo programático dos cursos, não havendo comprovação
de que o tema específico de unidades de conservação da natureza foi abordado neles, não atendendo
ao proposto no convênio.”
Tréplica do responsável (320)
51. “Vale destacar que somente havia dois cursos nesta meta, os quais foram ministrados,
sendo que o tema de Unidade de Conservação foi abordado, repita-se, em face do conteúdo
intimamente ligado.”
Análise
52. O Parecer conclusivo do SBF/MMA assinala que a meta foi apenas parcialmente
cumprida, por não ter sido apresentada qualquer prova de realização do curso proposto no projeto do
convênio denominado de “Unidades de Conservação”. Considerando que tal meta contempla a
realização de dois cursos, no valor total de R$ 742,00 (fls. 30), o valor histórico do débito
corresponde a R$ 371,00.
h) contratação de um técnico agrícola em rubrica incorreta
Alegações de defesa (203/204)
53. “Como o próprio parecer noticia, não houve qualquer prejuízo com o pagamento em
rubrica diversa do convênio. De notar, que nenhum dos encargos previdenciários, trabalhistas, estes
incluindo o décimo terceiro salário e as férias mais um terço, entre outros, foram integralmente
suportados e pagos pelo município de Muriaé. Quando muito, pode-se afirmar que houve erro formal,
contábil, sem prejuízo para a concretização de qualquer dos objetivos do convênio. Não houve,
portanto, qualquer prejuízo para a concretização dos objetivos do convênio em face da notória
capacidade do profissional contratado, com graduação em engenharia florestal.”
Parecer conclusivo do SBF/MMA (fls. 296)
54. “...destacamos mais uma vez que o projeto previa a contratação de um técnico agrícola,
além de um engenheiro florestal (fls. 43). Como somente o engenheiro florestal foi contratado,
reiteramos que tal meta foi concretizada apenas parcialmente.”
Tréplica do responsável (320/321)
55. “Neste particular, impõe destacar que houve a contratação de dois engenheiros para dar
o perfeito e integral cumprimento das metas do presente projeto e convênio. Portanto, restaram
contratados dois profissionais para a implementação dos objetos do convênio – Sr. Fernando Antônio
e Sr, Ivoline de Souza, inclusive tendo sido coordenado o projeto pelo Engenheiro Sérgio Vilhena,
conforme se verifica do plano de trabalho de fls. 13, que era funcionário da prefeitura. A habilitação
do engenheiro, por ser mais ampla que a do técnico, proporcionou melhores condições e melhores
resultados na objetividade das metas que conduziu e coordenou.
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Análise
56. O responsável afirma, mas não comprova que houve dois engenheiros alocados ao
projeto. Sendo assim, assiste razão ao Ministério do Meio Ambiente, ao impugnar as contas do
responsável, relativamente a esta questão.
OUTRAS QUESTÕES
57. O Parecer n.º 34/2005 da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio
Ambiente considerou que “os objetivos do convênio foram parcialmente alcançados, visto que
algumas das metas estipuladas no projeto especial da Prefeitura apresentado ao MMA e constantes do
plano de trabalho não foram cumpridas.” A partir do descumprimento conclui: “Considerando peso
idêntico a cada uma das metas estipuladas no plano de trabalho, pode-se inferir que cerca de 70% dos
objetivos do convênio com a Prefeitura de Muriaé foram efetivamente cumpridos” (fls. 147).
O Relatório do Tomador de Contas Especial do Ministério do Meio Ambiente ratificou o parecer
daquela secretaria e estimou o dano ao Erário em R$ 59.267,10.
58. Tal metodologia para a quantificação do débito não pode prosperar, tendo em vista o
disposto no art. 1º da IN/TCU n.º 56, de 15/12/2007, que estipula a precisa quantificação do dano
para a imputação de débito aos responsáveis. Sendo assim, cabe propor ao TCU que determine ao
Ministério do Meio Ambiente a adoção das medidas necessárias para a correção de tais
irregularidades.
59. Outro fato digno de realce refere-se à questão apontada pelo Ministério do Meio
Ambiente, quanto à possibilidade de fraude na data de elaboração do plano de manejo do Parque
Municipal Marliére, nos seguintes termos (fls. 292/293): “Há indício de fraude na data de elaboração
do Plano de Manejo e Zoneamento, visto apresentar o Centro de Educação Ambiental como
construído, no item 10.5 e na figura 43 (fls. 243 e 244 do processo de tomada de contas especial –
TCU-SECEX-MG), sendo que o mesmo foi efetivado somente com recursos do convênio e inaugurado
somente em 31 de agosto de 2002 (foto da placa de inauguração – fls. 107 do processo). Se a data dos
documentos é verídica, infere-se que o Plano de Manejo, que certamente implicou estudos e
campanhas de campo ainda anteriores, foi elaborado antes da celebração do convênio. Parece-nos,
entretanto, que o documento foi recém elaborado, fato que implicaria em fraude técnica, além do não
cumprimento do objeto do convênio.”
60. Tendo se configurado débito e havendo indícios de fraude, cabe propor ao TCU que
autorize à SECEX-MG a imediata remessa de cópia da documentação pertinente a este processo ao
Ministério Público da União, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, em cumprimento ao
§ 3º do art. 16 da Lei n.º 8.443/1992.
CONCLUSÃO
61. O ex-Prefeito de Muriaé/MG, Sr. Odilon Paiva Carvalho, conseguiu elidir apenas
parcialmente o débito que lhe fora imputado pelo Ministério do Meio Ambiente e ratificado pela
Controladoria-Geral da União, relativamente ao Convênio MMA/SBF n.º 2001CV000065, tendo por
objeto apoiar o Projeto para Estruturação e Consolidação do Parque Municipal Marliére e
Recomposição da Cobertura Vegetal da área de entorno do Parque, no referido município.
62. A imputação do débito decorre da falta de comprovação dos recursos repassados pela
União nas metas descritas a seguir:

Metas Valor total Débito


Construção do galpão para o viveiro de mudas 10.084,15 10.084,15
Implantação de coleta seletiva do parque 1.400,00 1.400,00
Capacitação de viveiristas e funcionários do parque 742,00 371,00
Contratação de serviços de terceiros 22.800,00 8.400,00
Total 35.026,15 20.255,15

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 002.022/2008-2

63. Importa destacar que a defesa apresentada mais recentemente pelo responsável
(fls. 297/337) não acrescentou nada em relação às alegações proferidas anteriormente (fls. 192/283).
Enfim, ele não conseguiu comprovar a aplicação dos recursos que lhe foram repassados pela União
por conta do convênio supracitado.
64. O ônus da prova, vale lembrar, cabe, exclusivamente, a quem tem o dever de prestar
contas, a teor do que estipulam o art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal, o art. 93 do
Decreto-lei 200/67, o art. 8º da Lei n.º 8.443/92 e os arts. 66 e 145 do Decreto n.º 93.872/86.
65. Não compete ao órgão concedente do convênio, à CGU ou ao TCU laborar na produção
de provas em favor do alegado pelo responsável em sua defesa.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
66. Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
66.1 julgar as presentes contas irregulares, nos termos dos arts. 1º, inc. I, 16, inc. III, b, 19,
caput, 23, inc. III, e 25 da Lei n.º 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inc. I, 209, inc. II, 210, 214, inc. III, e 216
do RI/TCU, condenando-se o Sr. Odilon Paiva Carvalho, ex-Prefeito de Muriaé/MG, a comprovar
perante este Tribunal (art. 214, inc. III, alínea a, do Regimento Interno), no prazo de 15 (quinze) dias,
a contar da notificação, o recolhimento ao Tesouro Nacional da importância de R$ 20.255,15,
atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora, calculada a partir de 21/11/2001 até a data
do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, por não ter cumprido integralmente o
objeto do Convênio MMA/SBF n.º 2001CV000065 (apoiar o Projeto para Estruturação e
Consolidação do Parque Municipal Marliére e Recomposição da Cobertura Vegetal da área de
entorno do Parque, no citado município), com relação às seguintes metas:

Metas Valor total Débito


Construção do galpão para o viveiro de mudas 10.084,15 10.084,15
Implantação de coleta seletiva do parque 1.400,00 1.400,00
Capacitação de viveiristas e funcionários do parque 742,00 371,00
Contratação de serviços de terceiros 22.800,00 8.400,00
Total 35.026,15 20.255,15

66.2 determinar ao Ministério do Meio Ambiente, com fulcro no art. 12, inc. IV, da Lei
n.º 8.443/1992, que tome as medidas necessárias para elaborar suas propostas de débito aos
responsáveis com base em precisa quantificação do dano, atendendo ao disposto no art. 1º da IN/TCU
n.º 56, de 15/12/2007.
66.3 autorizar à SECEX/MG a adoção das seguintes medidas:
a) efetuar a imediata remessa de cópia da documentação pertinente a este processo ao
Ministério Público da União, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, por se ter
configurado débito e haver indícios de fraude na data de elaboração do Plano de Manejo, em
cumprimento ao § 3º do art. 16 da Lei n.º 8.443/92;
b) proceder à cobrança judicial da dívida, caso as notificações não sejam atendidas, nos termos
do art. 28, inc. II, da Lei n.º 8.443/92.
66.4 arquivar o presente processo.” (grifos do original)
10. Tendo o corpo diretivo da Secex/MG anuído ao proposto, foram os autos submetidos ao
MP/TCU que, por intermédio da cota de fl. 354, da lavra do Subprocuradora-Geral Maria Alzira Ferreira,
manifestou-se, no essencial, de acordo. Sugeriu, no entanto, o que se segue:
“a) inclusão da alínea c do inciso III do art. 16 da Lei 8.443/1992 como base legal para julgar
irregulares as presentes contas, ante a presença de dano ao erário decorrente de ato de gestão
antieconômico;

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b) a aplicação de multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 ao ex-prefeito, vez que esse é o
tratamento dado pela jurisprudência do TCU em casos análogos ao que ora se examina.”
É o relatório.

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VOTO

Trata-se de tomada de contas especial instaurada pela Subsecretaria de Planejamento,


Orçamento e Administração – SPOA, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), contra o Sr. Odilon
Paiva Carvalho, em decorrência da não-aprovação da prestação de contas dos recursos repassados por
aquele Ministério à Prefeitura Municipal de Muriaé/MG, por conta do Convênio MMA/SBF
n.º 2001CV000065 (fls. 53/61), cujo objeto era “apoiar o Projeto para Estruturação e Consolidação do
Parque Municipal Marliére e Recomposição da Cobertura Vegetal da área de entorno do Parque”.
2. Antecipo que, no mérito, comungo, no essencial, da análise realizada pela Secex/MG, com os
ajustes propostos pelo Ministério Público junto a este Tribunal, no sentido de que as alegações de defesa
apresentadas pelo responsável não conseguiram elidir, integralmente, o débito apurado pelo órgão
concedente.
3. Com efeito, as evidências contidas nos autos, as quais decorrem de vistoria in loco promovida
pelo ente concedente e da análise dos documentos até então acostados, fornecem os elementos necessários
para se concluir que parte dos recursos não foi aplicada na forma constante no plano de trabalho do
convênio. Pode-se concluir, também, que parte das atividades previstas não foram realizadas a contento,
motivando assim a aposição de multa ao gestor.
4. Nesse sentido, memoro que as falhas identificadas neste convênio decorrem, em síntese, do
plano de manejo do parque municipal, da não-implementação do conselho consultivo, da não-construção
de galpão previsto no plano de trabalho, da não-sinalização interna do parque, da não-implantação de
coleta seletiva no parque, da capacitação de viveiristas e, por fim, da não-contratação de um técnico
agrícola.
5. Quanto aos problemas acima enumerados, ressalto que alguns serviços não podem ser aceitos
como cumpridos em razão de não haver comprovação de que foram efetuados às custas do convênio.
Cito, nesse sentido, a existência de robustos indícios de que o galpão destinado a abrigar mudas já existia
ao tempo da assinatura do convênio, conforme disposto no próprio plano de manejo acostado aos autos.
6. Passando ao exame de alguns problemas específicos, ressalto, quanto à sinalização interna do
parque, que a Secex/MG incorretamente propugnou que o pequeno valor envolvido nesta tarefa –
R$ 300,00 (trezentos reais) – não basta para que a meta relativa à sinalização seja considerada não-
cumprida. Ora, mesmo com a baixa materialidade em questão, este problema não deve ser analisado
isoladamente, mas em conjunto com as demais falhas que maculam as presentes contas, haja vista que no
processo em testilha há diversas irregularidades que, somadas à presente, montam vultosos recursos que
devem retornar aos cofres públicos.
7. Desse modo, discordo da análise empreendida pela Secex/MG e julgo que os valores previstos
para essa atividade devem ser somados ao débito constante destes autos.
8. Dissinto, também, da análise relativa aos problemas da elaboração do plano de manejo do
parque e da não-implementação de conselho consultivo, pois o exame daquela unidade técnica se limitou
ao fato de que não haviam recursos previstos para tais atividades e que, dessa maneira, não seria imputado
qualquer débito em face do descumprimento das metas pactuadas.
9. Faltou, na realidade, um exame mais amplo, mediante o qual se buscaria, em um primeiro
momento, identificar se as ações empreendidas pelo ex-gestor municipal se alinhavam com o previsto no
plano de trabalho e, na sequencia, ponderar sobre os efeitos que adviriam de um suposto descumprimento.
10. Assim, ao compulsar as informações apresentadas pelo ex-prefeito, concluo que não afastam
as impropriedades inicialmente verificadas pelo tomador de contas, haja vista que não foram apresentados
elementos aptos a afastar a cognição de que o plano de manejo não foi efetuado à época própria em razão
de o convênio ter sido firmado em outubro de 2001 e o plano de manejo (fls. 207/251), apresentado em
sede de alegações de defesa, datar de junho de 2001.
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11. De igual modo, no pertinente à criação de um conselho consultivo, vejo que a singela análise
da Secex/MG não abordou o mérito da questão. Não obstante, a documentação apresentada pelo
ex-Prefeito (fls. 257/268), composta de atas das reuniões realizadas e pelos atos de nomeação dos
conselheiros, conduz à conclusão de que o referido conselho, mesmo que com falhas, foi constituído.
12. No que toca às demais impropriedades verificadas nestes autos, anuo ao exame empreendido
pela unidade técnica, o qual incorporo às minhas razões de decidir, com os ajustes sugeridos pelo
Ministério Público junto ao TCU.
Isso posto, discordando, em parte, do exame empreendido pela unidade técnica, VOTO por
que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à apreciação da 2ª Câmara.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 23 de fevereiro de 2010.

JOSÉ JORGE
Relator

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ACÓRDÃO N.º 602/2010 – TCU – 2ª Câmara

1. Processo n.º TC 002.022/2008-2


2. Grupo II – Classe II – Assunto: Tomada de Contas Especial.
3. Responsável: Odilon Paiva Carvalho (236.842.406-72).
3.1. Interessado: Ministério do Meio Ambiente
4. Entidade: Prefeitura Municipal de Muriaé - MG.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Maria Alzira Ferreira.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - MG (SECEX-MG).
8. Advogados constituídos nos autos: Guilherme Pupe da Nóbrega, OAB/DF 29.237; Ricardo Luiz
Rodrigues da Fonseca Passos, OAB/DF 15.523; Jorge Amaury Maia Nenes, OAB/DF 32.521; Ademar
Cypriano Barbosa, OAB/DF 23.151; Cecília Maria Lapetina Chiaratto, OAB/DF 20.120 e Annebele
Ferreira Borges, OAB/DF 9.118-E.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pela
Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração – SPOA, do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), contra o Sr. Odilon Paiva Carvalho, em decorrência da não-aprovação da prestação de contas
dos recursos repassados por aquele Ministério à Prefeitura Municipal de Muriaé/MG, por conta do
Convênio MMA/SBF n.º 2001CV000065, cujo objeto era “apoiar o Projeto para Estruturação e
Consolidação do Parque Municipal Marliére e Recomposição da Cobertura Vegetal da área de entorno do
Parque”.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da Segunda


Câmara, em:
9.1. com fundamento nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “c”, da Lei 8.443, de
16 de julho de 1992, c/c os arts. 19 e 23 da mesma Lei, e com os arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e III, 210
e 214, inciso III, do Regimento Interno, julgar irregulares as contas do Sr. Odilon Paiva Carvalho
(236.842.406-72);
9.2. condenar o Sr. Odilon Paiva Carvalho (236.842.406-72) ao pagamento do débito abaixo
identificado, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove, perante
o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida à conta da
Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora devidos, calculados a partir
de 21/11/2001 até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor:

Metas não adimplidas Débito


Construção do galpão para o viveiro de mudas 10.084,15
Implantação de coleta seletiva do parque 1.400,00
Sinalização do parque 300,00
Capacitação de viveiristas e funcionários do parque 371,00
Contratação de serviços de terceiros 8.400,00
Total 20.555,15

9.3. aplicar ao Sr. Odilon Paiva Carvalho (236.842.406-72) a multa prevista no art. 57, da Lei
n.º 8.443, de 16 de julho de 1992, no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), com a fixação do prazo de
quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”,
do Regimento Interno), o recolhimento da(s) dívida(s) ao Tesouro Nacional, atualizada(s)
monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do(s) efetivo(s) recolhimento(s), se for(em)
paga(s) após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443, de 1992, a
cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas às notificações; e

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9.5. Remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado de Minas Gerais, para as providências que
entender cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, do Regimento Interno/TCU.

10. Ata n° 4/2010 – 2ª Câmara.


11. Data da Sessão: 23/2/2010 – Extraordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0602-04/10-2.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro e José Jorge
(Relator).
13.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de Carvalho.

BENJAMIN ZYMLER JOSÉ JORGE


Presidente Relator

Fui presente:

CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA


Procuradora

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