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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO
1. Introdução
2.1 Parte 1
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção
de medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Fato
Foto 01: Fachada do local de endereço da Foto 02: Destaque da fachada do local de
empresa. endereço da empresa (nº 372).
Por outro lado, o Sr. *. *. *., representante da empresa E. E. Camargo & Cia Ltda., assina
como sócio/administrador da empresa nos demonstrativos financeiros (Balanço Patrimonial
e Demonstrativo do Resultado do Período de 01/01/2012 a 31/12/2012) apresentados na
licitação para habilitação.
Conforme informações financeiras registradas no Tribunal de Contas do Estado de Mato
Grosso (TCE/MT), relativamente aos exercícios de 2008 a 2014, a empresa EE Camargo &
Cia Ltda. foi favorecida com empenhos por diversas prefeituras do estado de Mato Grosso
que perfez um montante de R$ 4.896.523,50 (quatro milhões, oitocentos e noventa e seis
mil, quinhentos e vinte e três reais e cinquenta centavos), com liquidação de R$ 2.635.784,42
(dois milhões, seiscentos e trinta e cinco mil, setecentos e oitenta e quatro reais e quarenta e
dois centavos) e pagamentos no valor total de R$ 2.631.924,16 (dois milhões, seiscentos e
trinta e um mil, novecentos e vinte e quatro reais e dezesseis centavos).
Já em consulta ao sistema SICONV (sistema de convênios no endereço:
portal.convenios.gov.br), foram identificados pagamentos decorrentes de convênios com o
Governo Federal efetuados pela Prefeitura de Nortelândia/MT no montante de R$
425.962,46 (quatrocentos e vinte e cinco mil, novecentos e sessenta e dois reais e quarenta
e seis centavos) e à Prefeitura de Tesouro/MT no valor de R$ 118.473,72 (cento e dezoito
mil, quatrocentos e setenta e três reais e setenta e dois centavos), relativamente ao exercício
de 2016, à empresa EE Camargo & Cia Ltda.
Com base nos pagamentos registrados no TCE/MT, somente de pagamentos recebidos das
prefeituras do estado, abstrai-se uma média aproximada de faturamento na ordem de R$
440.000,00 (quatrocentos e quarenta mil reais) por ano pela empresa em comento. Ressalta-
se que, apesar da amplitude de atuação da EE Camargo descrita em seu contrato social, a
grande maioria dos pagamentos efetuados pelas prefeituras referem-se a obras de
engenharia.
Em análise aos dados constantes da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), gerido
pelo Ministério do Trabalho, verifica-se que a empresa possuía apenas quatro funcionários
na área administrativa (auxiliar de escritório, de faturamento e de pessoal), no período de
2009 a 2015. Não possuiu em seus quadros trabalhadores da área fim da construção civil,
como profissionais de nível superior (engenheiros civis, eletricistas e arquitetos), mestre de
obras, pedreiros, carpinteiros, serralheiros e serventes, o que é comum para empresas que
atuam no ramo de serviços e obras de engenharia.
Diante do exposto, observa-se que a empresa foi constituída com sócios que demonstram
não possuir capacidade econômico-financeira para figurar como sócios efetivos da sociedade
criada aparentemente para participar de licitações públicas para a execução de obras de
engenharia e fornecimento de serviços, materiais e produtos diversos.
Observa-se, ainda, indicativos de que o representante legal da empresa seja o empreendedor
de fato e que vem utilizando de meios ilícitos para participar de licitações chegando a
adulterar e falsificar documentos para conseguir a habilitação de sua “representada” diante
de comissões de licitações junto a administração pública municipal.
Por fim, vale destacar, que pelas informações da RAIS, esta empresa não possuiu e nem
possui funcionários que atuam na área fim de seu principal objeto social, indicando que atua
como mera intermediária de obras e prestação de serviços entre prefeituras no estado de
Mato Grosso e outras empresas que executam obras por subempreitada.
Sobre as situações apontadas, com efeito, o Tribunal de Contas da União - TCU tem
demonstrado que fraudes em processos licitatórios dificilmente deixam provas cabais e
expressas, devendo ser apurados, em geral, mediante o somatório de indícios, uma vez que,
quando situações desse tipo ocorrem, não se faz, por óbvio, qualquer tipo de registro escrito
(Acórdão TCU nº 888/2011-Plenário). Nesse sentido, vale relembrar que o Supremo
Tribunal Federal já manifestou, no julgamento do RE 68.006-MG, que “indícios são provas,
se vários, convergentes e concordantes”.
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Inicialmente, destaca-se que a resposta do Gestor não aborda o centro da questão apontada
pela equipe de fiscalização da CGU-Regional/MT. Sua justificativa resume-se em afirmar
que a licitação é do tipo menor preço e sob o regime de empreitada por preço global,
concluindo que não era necessário prever critérios de aceitabilidades de preços unitários.
Nesta esteira, o Gestor contorna a impropriedade de não prever no instrumento convocatório
do certame critérios de aceitabilidade de preço unitário, em atenção ao entendimento do TCU
que tem recomendado que nas contratações de obras e serviços de engenharia, a definição
do critério de aceitabilidade dos preços unitários e global, com fixação de preços máximos
para ambos, é obrigação e não faculdade do gestor, conforme registrado na Súmula nº
259/2010.
Por oportuno, cabe destacar que a Advocacia Geral da União – AGU decidiu emitir a
Orientação Normativa nº 05/2009, com a seguinte recomendação: “na contratação de obra
ou serviço de engenharia, o instrumento convocatório deve estabelecer critérios de
aceitabilidade dos preços unitários e global”.
Ademais, como já explicitado, a exigência de se definir critérios de aceitabilidade de preços
unitários visa detectar e evitar a ocorrência de eventuais jogos de planilhas pelas licitantes.
Neste sentido, a equipe de fiscalização da Controladoria-Geral da União – MT mantém a
constatação visto que as justificativas do gestor são insuficientes para elidi-la.
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A análise das medições revelou a ocorrência de jogo de planilha por execução no início da
obra de serviços de plantio de grama esmeralda, e com preços unitários acima do preço de
mercado. O plantio de grama é um serviço de paisagismo e jardinagem que tipicamente é
realizado na etapa final da obra. A inversão de cronograma de execução para itens de serviço
de alto valor relativo é um estratagema irregular utilizado por empreiteiras com objetivo de
angariar maior vantagem para a contratada.
No presente caso, além da antecipação de desembolso financeiro pela administração, a
inversão do cronograma de execução acarretará a necessidade de refazimento da maior parte
dos serviços, pois, na inspeção da obra foi verificado que em função do longo período de
execução da obra, da falta de cuidados e da ausência de manutenção da grama, grande parte
do serviço foi danificado.
Para a execução da obra do Parque Turístico de Pontal do Araguaia o projeto inicial previa
a necessidade de plantio de 15.089,54 m² de grama em rolo, ao preço total de R$ 383.651,57,
(preço unitário de R$ 25,43 e BDI de 25%), data base setembro de 2013. Posteriormente,
após a contratação da obra, a quantidade foi reprogramada para 14.852,25 m².
A Ata de abertura dos envelopes e julgamento das propostas para escolha da empresa para
executar a obra ocorreu em 07/04/2014, e a proposta da empresa vencedora do certame
licitatório para o serviço de plantio de grama esmeralda em rolo foi a mesma do preço
estimado pela Administração, assim como para todos os demais itens da planilha
orçamentária.
A comparação do preço contratado para o serviço de plantio de grama esmeralda em rolo
com o preço do SINAPI, março de 2014, código 85180, revelou que o serviço foi contratado
com um sobrepreço de 79%, ou seja, preço unitário de R$ 14,19 já incluso BDI de 25%.
A análise das medições revelou que a maior parte do serviço de plantio de grama esmeralda
em rolo, ou 65,6%, foi executada até a 2ª medição, e a quase totalidade, ou 98,2%, executada
até a 5ª medição, de 13/10/2014, quando o valor medido acumulado de todos os serviços da
obra era de R$ 707.959,30. Desse montante acumulado até a 5ª medição, o valor de R$
370.935,97 era referente ao total de serviço de plantio de grama esmeralda em rolo, e
representava 52,4% do total dos serviços medidos.
Fica evidente a prática da execução no início da obra de serviços com maior vantagem para
a empresa contratada, característico de jogo de cronograma, ou seja, incremento do valor
dos serviços iniciais em detrimento dos realizados ao final da obra, preservando o valor
global de maneira a propiciar um aporte financeiro pela contratante em montante maior que
o demandado pelos serviços efetivamente executados.
E após a quase totalidade de grama plantada, 98,2%, transcorreu um período de 24 meses,
entre a 5ª Medição e a data da visita in loco, e o valor total de obra executada, R$ 919.039,03,
representa apenas 61,3% do total contratado.
Segue na tabela abaixo os valores referentes ao serviço de plantio de grama esmeralda em
rolo pagos em cada medição da obra:
Pagamento e medição de 14.852,25 m² de serviço de
Valor do restante
PLANTIO DE GRAMA ESMERALDA EM ROLO
dos serviços
Valor do
Data de Percentual medidos e pagos
Medição Serviço
Emissão Medido (R$)
Medido (R$)
1ª 11/06/2014 15,1% 57.028,30 163.477,34
2ª 27/08/2014 50,5% 190.725,00 -
3ª 17/09/2014 16,5% 62.303,50 -
4ª 02/10/2014 9,3% 35.297,35 78.756,74
5ª 13/10/2014 6,8% 25.581,82 94.839,00
6ª 04/08/2015 - - 34.971,30
7ª 28/08/2015 - - 7.013,22
8ª 21/06/2016 - - 24.209,76
9ª 28/07/2016 - - 144.885,45
Total 98,2% 370.935,97 548.152,81
A permissão para o plantio de grama a partir do segundo mês da obra e os subsequentes sem
um devido plano de conservação e manutenção, em que pese a anormalidade de tal permissão
em função da conjuntura do conjunto de serviços da obra, onde está previsto a movimentação
de grande quantidade de terra, se mostrou ineficiente nos aspectos qualitativos, econômicos
e gerenciais.
A Prefeitura, com limitado quadro de funcionários de capacidade adequada para
gerenciamento e acompanhamento de obras, assumiu risco não aceitável na administração
pública ao permitir a antecipação da execução de um serviço de relevante valor financeiro,
sem as devidas garantias. De acordo com as boas práticas do mercado de construção, serviços
de ajardinamento e paisagismo são realizados em etapas finais de obra. Assim, considerando
que essa inversão do cronograma de execução é excepcional, seria exigível que essa prática
incomum fosse devidamente justificada.
Já na notificação à empresa contratada para que fizesse o replantio da grama no local em que
ficou prejudicado, a Prefeitura solicita que seja refeito o plantio da parte da grama danificada,
sob pena de compensação do valor de grama já pago por outros serviços já executados e
ainda não pagos.
A notificação à empresa ocorreu em 18/10/2016, portanto, após as atividades de fiscalização
da CGU no município entre os dias 26 a 28/09/2016.
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Com base na análise das planilhas de medições e na visita in loco foi verificado a execução
de serviços em quantidades menores às quantidades medidas e pagas para os seguintes
serviços:
a) Meio-fio (guia) de concreto pré-moldado, dimensões 12x15x30x100cm (face superior X
face inferior X altura X comprimento), rejuntado c/argamassa 1:4 cimento:areia, incluindo
escavação e reaterro.
A quantidade de meio-fio para o projeto revisado/reprogramado é de 2.621,05 m ao preço
unitário de R$ 27,40. Na quarta 4ª Medição foram pagos 1.420,00 m e na 5ª Medição 286,92
m, totalizando 1.706,92 m.
Na inspeção realizada pela equipe da CGU foi verificada a execução de meio-fio nos três
estacionamentos e no bordo da calçada executada em trechos de ruas não pavimentadas, num
total de 357,90 m.
Assim verifica-se que a quantidade do serviço de meio-fio executado a menos do que o
medido e pago é de 1.349,02 m (1.706,92 – 357,90), o que representa R$ 36.963,15 (1.349,02
x R$ 27,40).
O desenho abaixo representa a área de implantação do Parque Turístico de Pontal do
Araguaia, com a indicação dos locais em que o meio-fio foi executado:
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Após a análise dos projetos e das planilhas de medições foi realizada vistoria da obra em
28/09/2016, onde foram confrontadas as quantidades acumuladas medidas desde a 1ª
Medição até a 9ª Medição, última medição da obra até o momento da inspeção, com a
quantidade dos serviços realizados, bem como, foi verificado a qualidade geral dos serviços.
As 9 medições resultaram no pagamento de R$ 919.039,03, que representa 61,3% do total
de R$ 1.500.000,00 contratado.
A verificação dos quantitativos foi realizada com a utilização de trena métrica e informações
extraídas dos projetos, onde foi verificada a incompatibilidade dos quantitativos pagos e
constantes nas medições. Este fato foi apontado em constatação específica.
Já quanto à qualidade geral dos serviços realizados, a verificação em bases visuais pela
equipe da CGU constatou o que segue:
- calçadas trincadas, quebradas e falta de uniformidade na espessura, indicando falta de
controle de qualidade e utilização inadequada da composição de areia, brita e cimento;
- chapisco em quantidade inadequada em relação à prática usual e fissuras no reboco da
alvenaria dos quiosques;
- grama esmeralda sem manutenção e conservação, com qualidade inadequada ao propósito
a que foi concebida no projeto, situação propiciada pela execução do serviço antes dos
serviços de infraestrutura e de obra civis, indicando inversão do cronograma de execução,
tendo como consequência a necessidade de replantio da maior parte da grama;
- erosão nos taludes da lagoa. A ausência de implementação de solução para contenção dos
taludes da lagoa tem provocado a ocorrência de erosões mesmo em períodos em que a
precipitação pluviométrica é de baixa intensidade. Em 28/09/2016, data da inspeção da obra
em que foi verificado o problema de erosão dos taludes, ainda que em estágio inicial, o
período chuvoso ainda não tinha se iniciado. Soluções de contenção de taludes adotam o
plantio de grama ou outra técnica economicamente viável a ser empregada após avaliação
de profissional da área.
Segue relatório fotográfico dos indicativos de baixa qualidade dos serviços empregados na
execução da obra:
Fotos da obra retratando as condições do serviço de calçada em concreto em
28/09/2016.
Fotos da obra retratando as condições do serviço de reboco da alvenaria dos quiosque
em 28/09/2016.
Fotos da obra retratando as condições do serviço de plantio de grama esmeralda sem
manutenção em 28/09/2016.
Fotos da obra retratando as condições do serviço de erosão nos taludes da lagoa em
28/09/2016.
A Lei nº 8.666/93 em seu Art. 73, §2º dispõem o seguinte: "O recebimento provisório ou
definitivo não exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do serviço,
nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato, dentro dos limites estabelecidos
pela lei ou pelo contrato." De forma semelhante, o Contrato Administrativo nº 016/2014
firmado entre o Município de Pontal do Araguaia e a empresa E. E. Camargo e Cia Ltda.,
assinado em 16/04/2014, dispõe o seguinte:
“CLAUSULA VI – DO RECEBIMENTO
(...)
1. Subcláusula Primeira - A entrega dos serviços em desconformidade com o
especificado obrigará a CONTRATADA:
a) a reparar, corrigir, remover, construir ou substituir, às suas expensas, no total ou
em parte, o objeto do contrato, em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções
resultantes da execução ou do emprego de materiais de baixa qualidade; (original
sem grifo)
b) caso a correção não seja feita sujeitar-se-á a aplicação das sanções legais
cabíveis.
2. Subcláusula Segunda - Ainda que recebidos em caráter definitivo subsistirá, na
forma da lei, a responsabilidade da CONTRATADA pela qualidade, segurança e
solidez das obras executados.”
As falhas demonstradas nos serviços executados indicam baixa qualidade da obra, e revela
falta de comprometimento da empresa contratada em relação ao compromisso assumido
perante à administração, ao executar os serviços em desacordo com as especificações de
projeto, bem como do fiscal da obra ao atestar os serviços.
Registra-se, ainda, que a Lei 4.150/1962, em seu artigo 1º, exige a “aplicação dos requisitos
mínimos de qualidade, utilidade, resistência e segurança usualmente chamadas 'normas
técnicas' e elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas”, nas obras
executadas, dirigidas ou fiscalizadas por quaisquer repartições federais ou órgãos
paraestatais.
Diante do exposto, e considerando que a vigência do contrato é até 07/11/2017, conforme 2º
Termo Aditivo ao Contrato nº 016/2014, firmado em 16/08/2016, verifica-se a necessidade
da atuação dos gestores do contrato, por meio do fiscal do contrato, adotar providências junto
à empresa contratada com vistas a corrigir as falhas de execução da obra e exigir postura
favorável ao comprometimento de cumprir de forma fiel as especificações e premissas do
projeto, bem como de cumprir as cláusulas contratuais, ensejando desta forma o alcance do
objetivo de entregar à população um espaço de convivência adequado às condições
pactuadas no plano de trabalho do convênio.
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2.2.10. Alteração do projeto com relevantes mudanças dos serviços contratados sem a
devida formalização de aditivo contratual.
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A observação da SUDECO de que “(...) não há alteração de objeto, apenas alterações nos
serviços/valores a ser executados (...)”, tem aplicação para o disposto na Portaria
Interministerial 507 de 28/11/2011 para fins de alteração da proposta apresentada no plano
de trabalho que deu origem ao Convênio.
Já as alterações dos serviços da planilha orçamentária, mesmo que não tenham alterado a
síntese do objeto, provocaram a alteração/substituição de 44,2% no valor dos serviços
contratados, o que em razão da legislação específica e de orientação do Tribunal de Contas
da União necessitam de formalização de termo aditivo para registrar as alterações dos
serviços contratados.
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Consta no edital da Tomada de Preços nº 01/2014, na seção 2, que trata das condições de
participação, o item 2.9 que “É vedada a sub-rogação, cessão, transferência de parte ou de
sua totalidade do Contrato, salvo com autorização expressa da contratante.”
Já o item 2, CLAUSULA III – DAS OBRIGAÇÕES, do Contrato nº 016/2014, assevera que
constitui obrigação da contratada “(...) não subcontratar, parcial ou totalmente, o objeto
deste contrato. (...)”
Portanto, em conformidade ao edital da Tomada de Preços nº 01/2014 e ao Contrato nº
016/2014 a contratada não está autorizada a subcontratar parcial ou totalmente o objeto do
contrato.
O art. 72 da Lei 8.666/93 autoriza a subcontratação de partes da obra, serviço ou
fornecimento, até o limite admitido, em cada caso, pela Administração, a estar expresso,
necessariamente, no instrumento convocatório e na minuta do contrato.
Portanto, em consonância à legislação aplicável, corrobora-se a compreensão de que o
instituto da subcontratação não é permitido para o empreendimento em questão.
Não obstante as vedações e condições expostas no edital e no contrato quanto à
subcontratação de serviços, em entrevista realizada pela equipe da CGU com o encarregado
da obra o mesmo informou que seu vínculo empregatício e de toda a equipe de profissionais
presente à obra era com a empresa Matrix Construções Ltda., CNPJ 11.987.065/0001-99.
Informou ainda que assumiu a condução da obra quando parte dos serviços já haviam sido
realizados por outra empresa, e que desconhecia a empresa contratada.
O fiscal do contrato confirmou a assunção dos serviços da obra pela nova empresa, e
justificou o fato devido à falta de boa vontade e de compromisso da empresa contratada em
cumprir com o cronograma de execução, em função da baixa qualidade dos serviços
executados e por conta da dificuldade da empresa em contratar mão-de-obra qualificada no
município. O fiscal informou, ainda, que os pagamentos ocorrem diretamente à empresa
contratada que continua como responsável pela obra, o que pode ser confirmado nos
processos de medições e de pagamentos.
Nos dois relatórios de vistoria da obra, de 29/07/2014 e 28/11/2014, o fiscal do contrato
aponta que as obras estão totalmente paralisadas, inclusive, não havia nenhum tipo de
maquinário e responsável pela execução da obra no local. No segundo relatório o fiscal
aponta, sobre informações dos vizinhos, que o único serviço realizado na obra há mais de
dois meses foi o de capina entre o meio do gramado. Estes relatórios motivaram a emissão
de três notificações à empresa E. E. Camargo & Cia Ltda., de 28/07/2014, 13/08/2014 e
02/12/2014, para que reinicie imediatamente a obra de construção do Parque Turístico de
Pontal do Araguaia.
Conforme as entrevistas ficou evidente a subcontratação dos serviços da obra, com a
realização dos serviços por pessoas não vinculadas à empresa contratada. O fato infringe os
art. 72 e 78 da Lei 8.666/1993, que admite a subcontratação parcial do objeto pela
administração se prevista no ato convocatório e também no contrato, o que não foi observado
na hipótese sob exame.
Cabe destacar a ausência da manutenção do diário de obras/livro de ordem, de uso
obrigatório nas obras e serviços de Engenharia, conforme Resolução Confea n° 1.024/2009,
o que impossibilitou que a equipe de fiscalização tivesse acesso a informações essenciais
para a completa compreensão das condições de execução da obra, entre elas os nomes de
empreiteiras ou subempreiteiras, caracterizando as atividades e seus encargos, com as datas
de início e conclusão, e números das ARTs respectivas. Essas informações são de registro
obrigatório nos termos do § 1º do art. 4º da Resolução Confea.
Em consulta ao sistema do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso para gerenciar
informações de obras executadas por órgãos das esferas Estadual e Municipais foi verificado
que a empresa Matrix foi contratada pela Prefeitura de Pontal do Araguaia para a execução
de 3 obras no município, entre os anos de 2015 e 2016, no valor total de R$ 809.013,18. Já
a empresa E.E. Camargo foi contratada apenas para a construção do Parque Turístico.
Nesse sentido, a jurisprudência do Tribunal é de que somente se admite a subcontratação
parcial quando prevista no edital e no contrato, estando neles estabelecidos os limites
admissíveis e sendo responsabilidade da subcontratante o cumprimento integral do contrato
(Acórdãos 717/2011-TCU-2a Câmara, 748/2011-TCU-Plenário, 4.221/2011-TCU-2a
Câmara, 265/2010-TCU-Plenário, 5.532/2010-TCU-1a Câmara, 475/2009-TCU-Plenário,
1.625/2009-TCU-Plenário, 93/2008-TCU-Plenário, 2.731/2008-TCU-Plenário, 449/2007-
TCU-Plenário, 736/2007-TCU-2a Câmara e 2.367/2006-TCU-Plenário).
Assim, a subcontratação de partes do objeto contratado sem que tenha havido previsão
contratual é irregular, por afrontar os dispositivos legais e a jurisprudência do TCU sobre o
tema.
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Para avaliação dos custos efetuou-se a comparação dos preços unitários da planilha
orçamentária contratada com os preços da tabela do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos
e Índices da Construção Civil - Sinapi, mantido pela Caixa Econômica Federal, referência
março de 2014. O mês de referência de preços é o mês anterior ao da realização da Tomada
de Preços nº 01/2014.
A análise de custos efetuada pela CGU está amparada no Decreto nº 7.983 (da Presidência
da República), de 08/04/2013, que estabelece regras e critérios para elaboração do orçamento
de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos
orçamentos da União. O art. 3º estabelece que o custo global de referência de obras e
serviços de engenharia, exceto os serviços e obras de infraestrutura de transporte, será
obtido a partir das composições dos custos unitários previstas no projeto que integra o edital
de licitação, menores ou iguais à mediana de seus correspondentes nos custos unitários de
referência do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - Sinapi,
excetuados os itens caracterizados como montagem industrial ou que não possam ser
considerados como de construção civil.
Assim, foram selecionados da planilha contratual da obra os serviços mais relevantes por
meio da metodologia conhecida como Curva ABC. Essa metodologia consiste em agrupar
os quantitativos dos itens idênticos e, em seguida, classificar toda a planilha em ordem
decrescente de participação com relação ao valor global da obra. Para a amostra utilizada
mostrar-se representativa, a análise comparativa dos itens de preço das planilhas
orçamentárias com a tabela Sinapi visou alcançar o índice de 80% do valor total da obra.
Na medida em que os serviços forem medidos e pagos o sobrepreço apurado passa a ser
tratado como superfaturamento por serviços executados com preços incompatíveis com os
constantes nas tabelas de referência Sinapi/Sicro.
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De acordo com o Art. 14, do Decreto nº 7.983 (da Presidência da República), de 08/04/2013,
a diferença percentual entre o valor global do contrato e o preço global de referência não
poderá ser reduzida em favor do contratado em decorrência de aditamentos que modifiquem
a planilha orçamentária. Ou seja, o objetivo do referido normativo legal é evitar o “jogo de
planilha”.
O Parágrafo único, Art. 14, do Decreto nº 7.983 permite no caso de adoção dos regimes de
empreitada por preço unitário e tarefa, a diferença a que se refere o caput poderá ser reduzida
para a preservação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato em casos excepcionais e
justificados, desde que os custos unitários dos aditivos contratuais não excedam os custos
unitários do sistema de referência utilizado na forma deste Decreto, assegurada a
manutenção da vantagem da proposta vencedora ante a da segunda colocada na licitação. O
caso em comento não se enquadra nessa situação de excepcionalidade admitida no decreto.
Na medida em que os serviços forem medidos e pagos o sobrepreço apurado passa a ser
tratado como superfaturamento por serviços executados com preços incompatíveis com os
constantes nas tabelas de referência Sinapi/Sicro.
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Manifestação da Unidade Examinada
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1ª MEDIÇÃO
5ª MEDIÇÃO
9ª MEDIÇÃO
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A alegação da Prefeitura de que o valor pago indevidamente foi compensado pela inclusão
do item “1.2.0.7 PISO (CALCADA) EM CONCRETO (CIMENTO/AREIA/SIXO TOLADO)
PREPARO MECÂNICO, E ESPESSURA DE 7CM, COM JUNTA DE DILATAÇÃO EM
MADEIRA” não provém na medida em que consta da planilha da 9ª medição o item 2.2.8
“Concreto não estrutural, consumo 210kg/m3, preparo com betoneira, sem lançamento” com
valor pago de R$ 106.112,91.
O fato é que os pagamentos indevidos por serviços não realizados ocorreram em 09/06/2014
e em 09/10/2014, portanto há mais de dois anos, e até a presente data não houve a devida
compensação, havendo somente a promessa da Prefeitura de nas futuras medições serem
feitas as devidas compensações.
Portanto, a planilha das medições acumulada ainda contém a inconsistência por valores de
serviços pagos e já suprimidos.
orInC
#estA
li/a
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está
adequada e exige providências de regularização por parte dos gestores federais.
Do montante fiscalizado de R$ 1.470.000,00, foi identificado prejuízo de R$ 214.683,75,
referente aos itens 2.2.8, 2.2.13, 2.2.14 e 2.2.15.
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Chefe da Controladoria Regional da União no Estado do Mato Grosso - em exercício